terça-feira, 14 de maio de 2013

Consequências do Consumo de Álcool

Consequências do Consumo de Álcool

Revista Saúde
Mesmo quem bebe um pouquinho por dia ou apenas socialmente, aos finais de semana, está suscetível às consequências devastadoras do álcool. O assunto é muito mais sério do que parece

Segundo dados da Associação Brasileira de Estudos de Álcool e Outras Drogas (ABEAD), no Brasil existem cerca de 19 milhões de alcoólatras. Acontecem, por ano, 32 mil mortes em decorrência do uso da bebida, 11 mil delas por cirrose. O álcool também está por trás de 60% das mortes no trânsito e 72% dos homicídios.

Apesar desses dados e do contato com as experiências desastrosas de celebridades e anônimos — afinal todos conhecemos alguém que destruiu sua vida por causa do álcool —, a bebida ainda é socialmente aceita, os pais permitem que seus filhos jovens bebam, e o hábito vai se cristalizando ao longo da vida.

Porém, se você é um dos que bebem com frequência, ainda que em pequenas doses ou só nos dias de folga, é bom começar a olhar aquele “inofensivo” aperitivo com outros olhos, deixando o senso crítico apurado vencer o senso comum, aquele que nos diz que “beber é um hábito característico da nossa cultura” ou que “beber é normal”. Pode até ser. Mas estamos falando de um hábito que mata. Cada vez mais. E cada vez mais cedo.

Muito além da cirrose

O álcool é um depressor do sistema nervoso central e age diretamente em diversos órgãos, como o fígado, o coração e o estômago. “Não há qualquer órgão que seja poupado pelo uso de álcool: desde o cérebro, até os nervos longos dos membros inferiores, passando pelo trato digestivo, incluindo boca, esôfago, estômago, intestino e fígado, tudo é agredido pela bebida”, alerta o psiquiatra Carlos Salgado, da ABEAD. Entre eles, o fígado é, sem dúvida, o mais afetado. “Já foi comprovado, sem possibilidades de refutação, que o álcool é o agente causal de dano nas células hepáticas, que se inicia com um simples depósito de gordura, mas vai evoluindo, passando por inflamação e fibrose, até chegar no estágio da cirrose”, explica a hepatologista Edna Strauss, membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Hepatologia (SBH). O processo todo pode acontecer muito rapidamente, dependendo da quantidade e da frequência com que se bebe, e também de características genéticas, que regulam a predisposição à doença. Em três anos, o uso constante de álcool pode promover consequências clínicas importantes, afetando o funcionamento do órgão. “O grande problema é que a doença hepática é silenciosa e frequentemente não provoca qualquer sintoma, mesmo na fase de cirrose. Quando aparecem os primeiros sinais, como retenção hídrica, inchaços e acúmulo de água no abdômen, amarelo dos olhos ou perda de sangue pela boca ou pelas fezes, a saúde do paciente já está muito debilitada”, adverte Edna.

O corpo todo sofre

Veja abaixo tudo o que o álcool pode provocar em seu organismo e o que muda do primeiro gole ao consumo regular e prolongado:

As regiões mais afetadas: O álcool aumenta o risco de câncer nas regiões de maior contato com as substâncias tóxicas: boca, laringe, faringe e esôfago.

Cabeça: o consumo regular leva a perdas de memória, que vão se aprofundando cada vez mais. Ao longo dos anos, as lesões nos neurônios podem levar a comprometimentos de ordem motora, chegando a dificultar a fala. Quadros de amnésia e alterações de personalidade também são comuns em dependentes de longa data.

Cérebro: Entre os jovens, o consumo do álcool afeta áreas cerebrais encarregadas do raciocínio e da capacidade de tomar decisões.

Sistema digestório: as substâncias tóxicas do álcool comprometem todo o sistema digestório, aumentando as chances de câncer de boca, laringe, esôfago, estômago e fígado.

Coração: o álcool contribui para o aumento da pressão e ainda agride as células do coração, aumentando o risco de arritmias e insuficiência cardíaca, dois eventos que podem ser fatais.

Estômago: o álcool provoca erosões no estômago, e pode levar a gastrites, e chegar a uma fase mais aguda, com dores insuportáveis e até sangramentos. Além disso, o fígado poderá perder a sua função. Após as constantes agressões dos aditivos químicos das bebidas, o órgão tenta se proteger e cria cicatrizes fibrosas ao seu redor. Ao longo dos anos, elas atrapalham a circulação no local. Aparecem, então, as hemorragias digestivas.

Pernas: muitas lesões neuronais ocasionadas pelo álcool afetam a locomoção. Na síndrome de Wernicke-Korsakoff, uma das doenças mais comuns em alcoólatras, há uma progressiva dificuldade de andar. Na polineuropatia periférica, pés e mãos podem perder completamente a sensibilidade.
Fonte:ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)

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