quinta-feira, 28 de julho de 2016

Maioria das usuárias de crack não consegue largar vício




Jornal Meio Norte
Efrém Ribeiro
(foto: reporter10.com)

Pesquisa feita com usuárias de crack no Piauí mostra que 84,2% das mulheres pesquisadas afirmaram que precisaram de quantidades maiores da droga para obter efeito desejado e 84,2% tentaram parar, mas não conseguiram.

Os dados constam no estudo “Estratégias de enfrentamento do craving (desejo) por crack entre mulheres usuárias”, realizado pela enfermeira Larissa Alves de Araújo Lima, integrante do Grupo de Estudos Enfermagem, Violência e Saúde Mental; pelo mestre e doutor em Enfermagem pela Universidade Federal do Piauí e especialista em Saúde da Família, Fernando José Guedes da Silva Júnior; e Claudete Ferreira de Souza Monteiro, doutora em Enfermagem e professora do curso de Mestrado em Enfermagem pela Universidade Federal do Piauí (Ufpi).

Os pesquisadores usaram uma amostra constituída por 38 mulheres usuárias de crack cadastradas nos quadros do Centros de Atenção Psicossocial para Dependentes de Álcool e outros Drogas (CAPS AD) em Teresina e nos municípios de Picos e Parnaíba.

Os pesquisadores usaram o termo “craving” como a vontade de usar crack em três situações que lhes façam lembrar da substância; quando se quer obter as sensações novamente e livrar-se do desconforto da abstinência; ou, ainda na vigência do uso do crack, quando a fissura se configura como um dos seus efeitos.

“Desse modo, é comum que os dependentes passem dias sem se alimentar, restritos ao uso do crack, associado ou não a outras substâncias, como álcool e tabaco, até chegarem ao esgotamento físico e psíquico”, aponta estudo.

Segundo os pesquisadores, o uso compulsivo desenvolvido devido ao craving faz com que o usuário de crack esgote seus recursos financeiros, perca a capacidade de escolha e discernimento e foque somente da substância.

“A urgência em consumir o crack altera os valores que conduzem a vida em sociedade, assim, é comum o envolvimento com práticas delituosas que desonram sua integridade física e moral. Entre essas, destacam-se a troca de pertences, prostituição, roubo e manipulação de pessoas.

O ´craving` pode ocorrer independentemente da consciência do usuário, cujas ações, como a busca pela droga e seu consumo, expressões faciais, comportamento agressivo, são medidas que não dependem da vontade do dependente. Por isso, são importantes para avaliar o processo”, explica.

Pesquisa revela perfil das usuárias de crack

A pesquisa foi constituída por usuárias de crack de 18 a 60 anos, sendo que 84,2% eram procedentes de Teresina. Quanto à raça, 57,9% das entrevistadas declararam-se pardas; e 57,8% declararam-se solteiras. Quanto à religião, 63,2% são católicas, segundo de 26,3% de evangélicas.

A renda mensal individual das usuárias de crack variou de R$ 50,00 a R$ 1 mil, embora 71% referiram que não possuem nenhum tipo de fonte financeira.

De acordo com a pesquisa feita por Larissa Alves de Araújo Lima, Fernando José Guedes da Silva Júnior e Claudete Ferreira de Souza Monteiro, das usuárias entrevistadas, 42% experimentaram crack pela primeira vez antes entre 21 e 35 anos de idade. A idade média de experimentação foi de 22,71 anos.

Quando questionadas sobre se o seu consumo de crack estava fora do controle, 13,2% das mulheres usuárias da droga afirmaram que estavam; 15,8% sentem-se ansiosas ou preocupadas quando pensam em não ter a substância para o consumo; e 34,3¨% consideram muito difícil ficar sem crack.

Em relação ao grau de craving das usuárias de crack, 55,26% apresentaram craving de forma grave; 26,32% craving moderado; e apenas 13,16% craving mínimo; seguido de 5,26% de craving leve.

Para enfrentarem o craving por crack pelas mulheres usuárias dessa droga, 46,7% utilizam outra droga; 43,4% vão trabalhar; 31,8% vão dormir; 23,8% vão alimentar-se; 19,6% rezam; 13,2% praticam esportes; e 10,4% praticam sexo.

Para enfrentar o craving de crack, as mulheres piauienses pesquisadas usam maconha (84% delas); ecstasy (79%), tranquilizantes (71%) e álcool (68,4%). (E.R.)
Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas


Misturar álcool e energético aumenta risco de intoxicação


 


Revista Veja
Segundo novo estudo, jovens que consomem vodca com energético tendem a querer beber mais - o que aumenta o risco de intoxicação
Por Giulia Vidale

Um experimento mostrou que ingerir a bebida alcoólica pura já aumenta o desejo por mais bebida, mas quando ela é misturada a um energético, essa vontade é ainda maior. Já a mistura de álcool com algum refrigerante (descafeinado) não tem esse efeito. (Getty Images)

Misturar bebidas alcoólicas com energéticas aumenta o desejo por álcool. De acordo com um estudo publicado recentemente no periódico científico Alcoholism: Clinical and Experimental Research, o consumo simultâneo de bebidas com cafeína e álcool pode levar a um aumento do que os especialistas chamam de beber em binge.

A prática, comum principalmente entre jovens, consiste em ingerir pelo menos cinco doses de bebida alcoólica, no caso dos homens, ou quatro doses, no caso das mulheres, em um período de duas horas. Esse comportamento é particularmente nocivo pois, além de aumentar a probabilidade de intoxicação, também está associado a um aumento do comportamento de risco, como dirigir embrigado, ter relação sexual sem preservativo e utilizar outras drogas.

No novo estudo, pesquisadores da Universidade Northern Kentucky, nos Estados Unidos, realizaram um experimento com 26 adultos (13 homens e 13 mulheres), da mesma idade e que tinham o hábito de beber socialmente. Ao longo de seis sessões, os participantes receberam uma das seis misturas seguintes: vodca com refrigerante descafeinado, vodca e uma bebida energética média, vodca e uma bebida energética grande, um refrigerante descafeinado, uma bebida energética média ou uma bebida energética grande.

Ao final de cada sessão os participantes precisavam classificar o seu desejo por álcool e realizavam um teste do bafômetro que media a concentração de álcool no organismo. Os resultados mostraram que ingerir a bebida alcoólica pura já aumenta o desejo por mais bebida. Quando ela é misturada a um energético, contudo, essa vontade fica ainda maior. Já a mistura de vodca com refrigerante descafeinado não obteve esse efeito.

De acordo com os autores, esse estudo fornece evidência de que a mistura de vodca (ou qualquer outra bebida alcoólica) com energético leva a um maior desejo de beber álcool, em comparação com a mesma quantidade de álcool consumida sozinha. Os resultados também são consistentes com estudos em animais que mostraram que a cafeína incrementa as propriedades de recompensa do álcool.

Efeitos no organismo

Pesquisas anteriores já haviam advertido que a cafeína mascara os efeitos intoxicantes do álcool, o que pode levar a comportamentos mais arriscados, como o beber em binge. Isso ocorre principalmente porque as pessoas não percebem o próprio nível de embriaguez.

Inicialmente, o álcool age no sistema dopaminérgico do cérebro, causando euforia e desinibição. Com a ingestão de mais doses, a bebida passa a comprometer o sistema gabaérgico, responsável por funções vitais do corpo: controle da temperatura, respiração e batimentos cardíacos.

No início da intoxicação, os sintomas são tontura, dificuldade de ficar acordado, fala enrolada e confusão mental, que começam a se manifestar em média 20 minutos após a ingestão de álcool. Depois, ocorrem os sintomas mais graves: pulso fraco e rápido, pele fria e pálida, cheiro forte de álcool saindo da pele, respiração irregular, vômito, desmaio e coma. Beber em binge pode retardar o aparecimento dos primeiros sinais de embriaguez. Assim, sem a pessoa se dar conta, aparecem os sintomas mais graves e ela precisa ser encaminhada para o hospital com urgência.

Segundo Zila van der Meer Sanchez, professora do Departamento de Medicina Preventiva da Unifesp, a mistura de alguma bebida alcoólica, em geral vodca, com energético, aumenta a chance da necessidade de atendimento em urgências hospitalares por efeitos agudos intoxicação alcoólica.

Mensagem contraditória

“A cafeína e a taurina, estimulantes presentes nos energéticos, disfarçam os efeitos do álcool. Ou seja, eles ocultam a sensação depressiva do álcool. Esse efeito aumenta o risco de intoxicação e inclusive de morte por excesso de álcool, já que a pessoa não tem noção do quanto já bebeu.”, explica Zila van der Meer Sanchez, professora do Departamento de Medicina Preventiva da Unifesp.

Ainda não se sabe de que forma a cafeína aumenta a fissura pelo álcool, mas a especialista, que também é coordenadora do projeto Balada com Ciência da Unifesp e pesquisadora do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), acredita que pode ser um mecanismo comportamental. “O álcool, inicialmente, deixa a pessoa mais descontraída, e o energético mais alerta. Como o energético mascara o efeito depressivo do álcool, a pessoa só sente a parte positiva. Com isso, a sensação de bem-estar estimula o consumo excessivo”, explica.
Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas

Álcool está diretamente relacionado a sete tipos de câncer, diz estudo




O consumo de álcool está diretamente relacionado à ocorrência de sete tipos de câncer, segundo uma revisão de estudos publicada nesta quinta-feira (21) pela revista científica "Addiction". Feita por uma pesquisadora da Universidade de Otago, na Nova Zelândia, a revisão avaliou dados de pesquisas sobre álcool e câncer publicadas nos últimos 10 anos.

Os cânceres que podem ser diretamente provocados pelo consumo de álcool, segundo o estudo, são o de orofaringe, laringe, esôfago, fígado, cólon, reto e mama feminina.

Já havia um entendimento de que o álcool era um fator de risco para a ocorrência de câncer. Este estudo, porém, comprova uma relação mais direta entre as duas coisas.

A revisão concluiu que o álcool causou cerca de 500 mil mortes por câncer em 2012, 5,8% do total de mortes por câncer no mundo. Enquanto o problema maior está relacionado ao consumo excessivo de bebidas, mesmo o consumo baixo e moderado pode representar um risco.
Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas

sábado, 23 de julho de 2016

Exame toxicológico em caminhoneiros volta a ser obrigatório em SP


 


Jornal Folha de S. Paulo

O exame toxicológico para motoristas de ônibus e caminhões voltou a ser obrigatório no Estado de São Paulo. A liminar que autorizava o Detran (departamento de trânsito) a não obedecer a medida foi derrubada na última sexta-feira (15).

A Procuradoria Geral do Estado tenta reverter a decisão. Enquanto isso, o sistema federal de habilitação vai impedir a emissão de CNHs nas categorias C, D e E (para caminhão, ônibus e carreta, respectivamente) no Estado, caso não conste a aprovação no exame, feito na rede credenciada pelo Denatran (Departamento Nacional de Trânsito).

Vigente em todo o território nacional desde o início de 2016, a obrigatoriedade estava suspensa em ao menos 12 Estados, incluindo São Paulo, a pedido dos departamentos de trânsito estaduais.

Segundo o Detran de SP, existem no Estado aproximadamente 5,2 milhões de carteiras de habilitação nas categorias afetadas. A exigência do exame é válida apenas para renovar ou obter a CNH nessas categorias –quem já possui carteira válida não precisa fazer o teste.

EXAME TOXICOLÓGICO

​Lei dos Caminhoneiros, que tornou o teste obrigatório, está suspensa em pelo menos 11 Estados

O QUE É?

O exame toxicológico detecta maconha, cocaína, opiáceos (como heroína) e anfetaminas consumidos até 90 dias antes do teste

PARA QUEM?

Motoristas profissionais, com carteira das categorias C (transporte de cargas, como caminhão), D (transporte de passageiros, como ônibus) e E (veículos com reboque, como carro com trailer)

PARA QUÊ?

Com a lei, exame se torna obrigatório para obtenção e renovação da carteira de habilitação, além de admissão e desligamento

QUANTO CUSTA?

Entre R$ 250 e R$ 350. Para renovação da CNH, o próprio motorista paga. Em casos de contratação e desligamento, o custo é do empregador

COMO FUNCIONA?

Fios de cabelo, barba ou pelo são recolhidos e analisados em laboratórios. Eles têm que ter no mínimo 4 cm para que o teste alcance os 90 dias anteriores

A relação da rede de coleta credenciada por ser encontrada no site do Denatran e o custo do exame varia entre R$ 295 e R$ 380. O laudo, que demora em média 15 dias úteis para ficar pronto, deve ser apresentado no Detran, no momento de renovação da habilitação e também na avaliação médica.

Motoristas que forem reprovados no exame terão que aguardar três meses para fazer uma nova tentativa.

DISCORDÂNCIA

Entre os argumentos para a exigência está a alta incidência do uso de drogas em profissionais desses setores, que procuram se manter acordados para trabalharem por mais horas, já que ganham por produtividade. Essa prática é vista como temerária, pois pode causar acidentes em estradas.

Em abril, a então delegada responsável pelo Detran em Minas Gerais, Rafaela Gigliotti, questionou esse argumento. "Não existe comprovação científica de que [essa medida] reduz acidentes, porque o exame detecta o uso de drogas nos 90 dias que o antecedem e, para a fiscalização, o que é importa é o momento da condução do veículo." Minas é um dos Estados em que a exigência foi barrada.

COMO É FEITO O TESTE

Seis laboratórios fazem o exame no Brasil; três deles enviam as amostras aos EUA​

PREPARAÇÃO

Sangue irriga o fio, e as substâncias decorrentes do uso de drogas se acumulam nele. O cabelo é lavado, para remover impurezas externas

DETECÇÃO

Adiciona-se um reagente, que vai determinar se há alguma das substâncias procuradas

RESULTADO NEGATIVO

Caso o reagente não detecte nada, é emitido um laudo atestando que o motorista não consumiu nenhuma das drogas nos últimos 90 dias

RESULTADO POSITIVO

Se houver reação, o material passa por um espectrômetro que mostra quais substâncias estão presentes no pelo. Então é produzido o laudo

O Denatran sustenta o exame, mas o diretor à época, Alberto Angerami, fez a ressalva de que "o exame deveria ser feito no momento da fiscalização nas estradas, porque seria mais eficaz para reduzir acidentes".

O teste é obrigatório em setores como a aviação civil e em concursos públicos para policiais militares, civis e federais.
Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas 

Esclarecendo a Dicotomia entre ´Adicção` x ´Dependência Química`


 

Existem muitas discussões sobre esta questão. A princípio, abordando de forma superficial, poderia se dizer que a Classe Médica acredita em Dependência Química e a Filosofia acredita em Adicção. Para esclarecer esta dicotomia, vamos oferecer aqui, um texto não técnico que elucida estas questões, mais uma vez quebrando mitos e tabus.

Adicção, ou Adicto, é uma palavra, um termo oriundo do Latim Clássico adictus – escravo por dívidas; entregue; dedicado. Particípio passado de addicĕre – dedicar; entregar!!! E a Infopédia portuguesa, assim define:

Adjetivo…

Que se apega, inclina, quem se dedica;
Que “depende” de algo, dependente;
Escravizado, impotente

Observando o significado terminológico desta palavra, em nenhum momento notamos a presença de Drogas ou Substâncias. A palavra na sua origem etimológica nos remete a uma situação COMPORTAMENTAL.

Acredita-se, baseado nestas informações, que o doente da ADICÇÃO, já nasce com esta predisposição. Fala-se muito que as Drogas (ou Álcool) são nada mais do que a cereja do bolo.

O Adicto é aquele indivíduo que, desde a infância, apresenta comportamentos adoecidos por aspectos compulsivos e obsessivos. A inveja, o isolamento, o egocentrismo, características de arrogância e prepotência, dificuldade em lidar com crenças, dificuldade em verdadeiramente interagir com a transcendência e com o Divino. Hiperatividade exacerbada, Déficit de Atenção (TDAH), independência social precoce também são características pueris que podem se relacionar diretamente com comportamentos ditos adictivos.

Sob este prisma, fica uma questão, que nem a Medicina, nem a Psicologia, nem as Irmandades Anônimas conseguem definir com exatidão. Ou seja, COMO o indivíduo (ainda criança ou adolescente) desenvolve a ADICÇÃO. Supostamente existem três respostas bastante possíveis e até evidentes. A primeira delas seria um fator genético desencadeado por relações cromossômicas disfuncionais. A segunda delas, e mais simplista, é que seria um fator hereditário. A terceira, mais profunda e carente de mais estudos analíticos, sugere que a ADICÇÃO se desenvolve em meio às relações do indivíduo com o meio e com o outro. Em miúdos, uma sociopatia! Uma doença de cunho social.

Até porque, por amostragem, uma farta maioria dos adictos são frutos de lares desestruturados, não somente sob o ponto de vista econômico. Mas egressos de lares cujas relações de afeto são comprometidas em algum ponto: pais separados, casos de violência doméstica, superlotação residencial, abandono. Crê-se então, que a Adicção é uma patologia (doença) adquirida no cérebro em formação e desenvolvida paralelamente à evolução e crescimento do indivíduo.

É como se uma série de “crashs” (rupturas) formassem no cognitivo do indivíduo um álbum de retratos de pequenos e cotidianos traumas. Fazendo dele um sujeito infantiloide, inseguro e demasiadamente carente (de afeto, aceitação, identidade e até, em casos mais extremos, da própria personalidade). Com isso, o caráter vai se formando fragmentado, vulnerável e sem princípios éticos ou ainda sem uma noção correta do juízo de valores sobre questões simples como “O Bem e o Mal”, “O Certo e o Errado”, “Causa e Consequências”, etc. Estes crashs, ou um deles especificamente, um episódio ou mais de um, que comprometem a formação saudável do indivíduo, podem fazer com que ele estacione o próprio cognitivo, no que tange a auto-compreensão, ainda em tenra idade. É a formação do que chamamos de “Rei Bebê”. Um adulto inseguro e egocentrado que só funciona se o mundo o “servir”.

Na verdade, este processo todo, não é fruto de pesquisa científica, mas de amostragens, observação de campo, análise filosófica e experiência pessoal. Eu sou um Adicto e passe por toda esta situação.

Este adulto fragilizado, vulnerável e inseguro não consegue tomar para si as rédeas da própria vida. Fica refém sempre dos outros, de “colo”, de “chamego” e claro, de vícios.

Ao experimentar uma substância que lhe dê prazer e que lhe construa uma pseudo-realidade mais agradável e colorida, é fato que, em pouco tempo de uso, instala-se então a Dependência Química. É um cérebro deficitário nas questões sociais e afetivas que recebe descargas monstruosas de DOPAMINA e de NORADRENALINA, ficando assim APEGADO, INCLINADO, DEDICADO e DEPENDENTE.

Esta é a visão filosófica da doença. Ainda em campo empírico e totalmente aberta a qualquer tipo de discussão, retorno ou reavaliação.

Fica evidente então que ADICÇÃO nada tem a ver com Dependência Química. São coisas distintas, que, no máximo, se fundem num determinado momento da vida. Não é mister que o adicto se torne dependente, e também vale o contrário, nem todo dependente é adicto.

Face ao apresentado, evidencia-se que o tratamento da Dependência Química pura e simplesmente, pode e deve ser feito em ambiente ambulatorial ou clínico, com auxílio de medicamentos entre outras terapias. Já a adicção exige uma conversão radical de comportamentos. Uma mudança que tange todas as questões existenciais do doente. É a chamada NOVA MANEIRA DE VIVER. O adicto precisa ser RECONDICIONADO e passar por um novo processo de APRENDIZAGEM/APRENDIZADO para voltar a viver BEM em sociedade. Não basta parar de usar drogas. É uma reconstrução do EU, a aplicação de limites que em outrora deveriam ter sido assimilados, é a busca incessante da prática de novos valores e de nova (e correta) ética.

A prática da RECUPERAÇÃO de um adicto é muito mais exigente (e difícil) do que a do dependente químico. Uma vez diagnosticada a real presença da Adicção, é sugerido que, para uma mudança (conversão) total de comportamentos, valores, ética e até moral, faz-se necessária um exaustiva atitude terapêutica. Grupos de Ajuda Mútua, onde por identificação, atinge-se “insights”, e com eles a consciência, são muito indicados. Freqüência regular nestas reuniões são uma exigência (não é apenas sugerido). A busca por uma espiritualidade na sua práxis, ou seja, retomar hábitos que religuem ao Divino é uma ferramenta muito eficaz. Evitar “fisicamente” velhas pessoas e velhos lugares também ajudam muito. Remédios podem ser eficazes, desde que muito bem equilibrados.

Encerrando, por experiência, sabemos de casos em que o indivíduo desenvolve a Dependência Química isoladamente. É uma questão biológica, patológica e também comportamental, porém, nem sempre com origem na infância e na maioria das vezes, sem o comprometimento total do ambiente cognitivo, da identidade, do caráter e da personalidade. Sabemos que milhares de substâncias viciam, geram tolerância e dependência. Muita gente cai nessa involuntariamente, sem exatamente estar buscando fuga ou conforto. No fim, tudo dá na mesma. São ambas doenças terríveis, incuráveis, progressivas e fatais. Carecem de intervenção rápida, ações positivas, coragem e dedicação.

Por fim, temos muito ainda para fazer no que diz respeito à prevenção e à recuperação de ADICTOS e DEPENDENTES. Temos uma luta sem fim para destronar o preconceito, os mitos e os tabus que envolvem estas doenças. Convido a todos a acreditarem que HÁ VIDA DEPOIS DAS DROGAS, seja de uma maneira ou de outra. Basta que o doente queira e que haja aderência aos infinitos tipos de tratamento.
Conto com todos!
Juntos somos mais fortes!
Autor: Professor Especialista Rodrigo Augusto Fiedler do Prado

quarta-feira, 20 de julho de 2016

O STF, a Constituição e o tráfico de drogas


 



Opinião Estadão
Nas três últimas décadas a criminalidade cresceu e se organizou no País com a prática de crimes de extrema gravidade, dentre eles o tráfico de drogas. O tratamento rígido, exigido pelo legislador constituinte ao equiparar esse crime aos hediondos, justifica-se pelo malefício que traz à sociedade, em especial aos jovens e crianças.

Em 1995, quando estive em programa de cooperação técnica no Departamento de Justiça dos EUA, o Brasil foi apresentado como importante rota de tráfico para aquele país e a Europa, e palco de lavagem de dinheiro desse comércio ilícito, sem lei que a combatesse. Apesar das novas leis que a partir daí surgiram para ampliar a repressão ao crime, interpretações benéficas persistem.

Em recente julgamento o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), por maioria, reconheceu como não equiparado a hediondo o tráfico de drogas praticado por primário, sem antecedentes, não integrante de organização criminosa e sem dedicação ao crime. Com isso permitiu benefícios para esse traficante, além de pena reduzida prevista na Lei de Drogas. O fato de a lei ter privilegiado com pena menor esse tipo de traficante, contudo, não leva à conclusão de que tenha criado uma conduta criminosa privilegiada, não equiparada à hedionda. Como bem salientou o ministro Luiz Fux, que divergiu da maioria, o “tráfico privilegiado” é figura doutrinária, e não criação do legislador. Entendimento contrário exigiria do STF declarar inconstitucional a Lei de Drogas nesse ponto, jamais tentar adequá-la à Carta Magna, como o fez.

O legislador constituinte equiparou o tráfico de drogas aos crimes hediondos sem fazer essa distinção (artigo 5.º, XLIII). Se não distinguiu, não cabia ao intérprete fazê-lo: trata-se de regra fundamental de hermenêutica do Direito.

A equiparação do tráfico aos delitos hediondos se dá pela natureza repugnante da conduta, não pelo perfil da pessoa que o pratica. Bem demonstra isso o emblemático caso objeto da decisão do STF, ao entender que o transporte de 772 kg de maconha, pelo perfil do traficante, é tráfico despido de hediondez equiparada. Para um comparsa não primário que agisse em concurso, a mesma conduta seria equiparada a hedionda, o que mostra a contradição e a incoerência da decisão. Quem vende, por exemplo, 80 g de maconha na rua (caso típico de seguidas prisões por tráfico neste Estado), pela condição de não primário, pratica tráfico equiparado a hediondo, mais grave do que aquele que transportava 772 kg de droga (suficiente para abastecer inúmeros pontos de venda). A decisão, proferida em caso alarmante, além de contrariar a Constituição, configura grave injustiça.

O Brasil abriga a quarta maior população carcerária do mundo, residindo aí umas das razões de o STF retirar o tratamento gravoso a parte do tráfico de drogas: o esvaziamento de presídios, em parte povoado por mulheres traficantes, as “mulas” – o que sensibilizou parte da Alta Corte a ponto de esquecer a justa luta das mulheres pela igualdade com os homens. A solução da superlotação de presídios cabe ao Poder Executivo. Aquele que, pelo voto, busca administrar a coisa pública deve exibir competência e vontade política para a defesa intransigente da sociedade. É claro o desinteresse do Executivo na construção de presídios: a obra não dá votos, chega até a tirá-los, porque a ninguém agrada morar próximo a estabelecimento prisional. A razão maior da superlotação decorre da falta de planejamento para reprimir o crime, em especial o tráfico de drogas, que exige, em razão de suas peculiaridades, investigação diferenciada de forma rotineira.

Neste Estado o maior número de prisões por tráfico é de varejistas, grande parte em flagrante, e pela Polícia Militar, responsável pelo policiamento ostensivo. O elevado número desses traficantes presos demonstra claro equívoco no combate a esse crime, levando a Justiça Criminal a um trabalho crescente, desalentador e sem resultados expressivos – salvo o de lotar presídios com esse tipo de traficante, que logo é posto na rua. As organizações das polícias, do Ministério Público e do Judiciário são muito caras para o Estado para fazerem o que será desfeito ou desfazer o que foi feito. Apenas investigações estratégicas de grandes traficantes reduzirão o tráfico e, em consequência, os varejistas, que ficarão desabastecidos. Só assim a população carcerária poderá sofrer, de forma correta e justa, notável redução.

As mulheres “mulas” – retratadas em julgamento como frágeis e de percepção reduzida por estabelecerem com facilidade vínculos com organizações criminosas e pela dependência econômica e psicoafetiva dos traficantes – têm papel decisivo no tráfico internacional, que sem elas estaria em parte comprometido. Se desejarem benefícios legais, como outros traficantes, que façam por merecer em delação premiada, para que se chegue aos que lhes entregaram a droga e aos que a receberiam. Penas ínfimas e vários benefícios para traficantes tornam a delação premiada, importante técnica de investigação, não atrativa.

Voltando ao caso julgado, quem seria o dono e o destinatário de 772 kg de droga, transportada em caminhão escoltado por batedores, senão organizações criminosas? Quem, não enfronhado na vida criminosa, conseguiria aproximação e a necessária confiança para ser recrutado para o transporte de quase uma tonelada de droga? A tentativa do STF de resolver, com os melhores propósitos, o problema da alçada de outro Poder e a situação das mulheres traficantes põe em risco a correta aplicação da lei penal e a desejável segurança jurídica. Por sua vez, as organizações criminosas que fincaram raízes em solo brasileiro terão a certeza de que suas árvores, já frondosas, continuarão cada vez mais a produzir frutos.
* MARCIA DE HOLANDA MONTENEGRO É PROCURADORA DE JUSTIÇA, COORDENOU A CÂMARA ESPECIALIZADA EM CRIMES PRATICADOS POR PREFEITOS E O GRUPO DE CONTROLE EXTERNO DA ATIVIDADE POLICIAL, DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO

Desigualdades sociais podem marginalizar usuários de drogas, alerta UNODC em seminário no Acre



Semana Estadual sobre Drogas reuniu Escritório da ONU sobre Drogas e Crime (UNODC), profissionais de saúde, gestores, representantes de movimentos sociais e pessoas vivendo com HIV/Aids e hepatites virais para debater direitos humanos de usuários de drogas.



Realizada ao final de junho no Acre, a Semana Estadual sobre Drogas reuniu profissionais da área de saúde, gestores, representantes de movimentos sociais e pessoas vivendo com HIV/Aids e hepatites virais para debater a promoção dos direitos humanos dos usuários de drogas e o combate à discriminação.

O evento contou com a participação do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), que esteve presente no Seminário de Articulação em Saúde e Direitos Humanos da Região Norte e do VII Encontro Norte de Redução de Danos (ENORD).

O objetivo do encontro — que levou para o Acre 110 participantes de diferentes regiões do Brasil — era discutir a política de drogas do Brasil sem limitar os debates apenas ao problema do tráfico.

Para o UNODC, a proposta vai ao encontro das mais recentes recomendações aprovadas pela Assembleia Geral da ONU para lidar com o consumo de substâncias ilícitas.

Entre as sugestões do organismo deliberativo, está o desenvolvimento de estratégias que colocam os usuários, suas famílias e comunidades no centro das políticas de drogas, tendo em visto a promoção da sua saúde, segurança e bem-estar.

Durante a Semana Estadual sobre Drogas, a oficial de programa do UNODC, Nara Santos, destacou como o problema das drogas está associado a uma série de outros desafios que a comunidade internacional se comprometeu a enfrentar até 2030.

A exclusão social e desigualdades econômicas, por exemplo, podem dificultar o entendimento da dependência química como uma condição de saúde, contribuindo para a marginalização do consumo de drogas e sua estigmatização.

Diferenças entre homens e mulheres — que apresentam padrões distinto de uso de drogas — também devem ser contempladas por políticas públicas que podem ser mais eficazes se levarem em conta especificidades de gênero, de acordo com a representante do UNODC.

Santos alertou ainda para a relação das drogas com os índices de violência, uma vez que os efeitos psicoativos das substâncias podem desencadear comportamentos agressivos — que exigem respostas adequadas dos sistemas de justiça.
Fonte:UNODC - Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime

Combinado de drogas e álcool pode ser fatal para o coração


 


Jornal Hoje
Cardiologistas estudaram casos de infartos em pessoas com menos de 40.

Eles descobriram que 25% deles estão ligados ao consumo de cocaína.

César Menezes São Paulo
Estudo do Instituto Dante Pazanezze, em São Paulo, referência no tratamento de doenças cardíacas, mostrou que o uso combinado de drogas e álcool pode ser fatal para o coração, principalmente de pessoas jovens. Cardiologistas estudaram os casos de infartos em pessoas com menos de 40 anos e descobriram que 25% deles estão ligados ao consumo de cocaína.

Hoje o vendedor Anderson Lima malha, prefere comidas saudáveis, bebe pouco. Tudo ao contrário do que fazia há quatro anos: “Eu fazia bastante combinação com vodca, com uísque, com bebida destilada, cocaína. Eu cheguei, em alguns momentos, a usar lança-perfume também e tive alguns episódios de arritmia cardíaca, problema com pressão arterial”.

Ele foi ao médico e ouviu que, se não mudasse de vida, ia acabar morrendo cedo. “O médico me encaminhou para o cardiologista, mediu minha pressão e deu 19 por 8”, relata.
Anderson provavelmente foi salvo pela informação do médico. Se ele não tivesse ido àquela consulta e não tivesse mudado o estilo de vida, a chance de ele ter um infarto fulminante seria muito grande.

Os médicos do Instituto Dante Pazanezze analisaram mais de 400 casos de pacientes com menos de 40 anos, que deram entrada no hospital com infarto, nos últimos cinco anos. Um em cada quatro usava cocaína.

As coronárias levam sangue para o músculo do coração funcionar. Um infarto provocado pelo acúmulo de gordura na parede da artéria é um processo que leva décadas. Mas em quem usa cocaína, pode acontecer em meses. A droga provoca uma inflamação na parede da coronária. Ela incha e estrangula a passagem do sangue.

O perigo aumenta quando cocaína e álcool são usados ao mesmo tempo. A combinação gera uma substância chamada de cocaetileno, que acelera o processo de inflamação. O jovem não imagina que possa ter um problema no coração e, normalmente, a crise acontece logo depois de usar a droga.

“Ele não está alerta para os sinais que o organismo manda e que está sofrendo um infarto. E esse atraso pode ser fatal”, explica Ibraim Masciarelli, presidente da Sociedade de Cardiologia de São Paulo.

“Eu tinha visão turva, arritmia cardíaca, tontura, problema com pressão arterial, muita dor de cabeça, pressão alta e às vezes uma queda de pressão, sensação de desmaio, náusea”, conta Anderson.

Ibraim faz um aleta: “É importante que, diante da suspeita ou de sintomas que possam sugerir problemas cardíacos, esse jovem procure uma assistência médica o mais rapidamente possível para tentar evitar a progressão do infarto”.
Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas


domingo, 17 de julho de 2016

Ficando por dentro do Amor Exigente



Surgido em Campinas, através da iniciativa concomitante de Pe. Haroldo Rahm e familiares de Dependentes, em 18 de novembro de 1984, o Amor Exigente é um grupo de Ajuda Mútua que desenvolve preceitos para a organização da família, que são praticados por meio dos 12 Princípios Básicos e Éticos, da espiritualidade e dos grupos que através de seus voluntários, sensibilizam as pessoas, levando-as a perceberem a necessidade de mudar o rumo de suas vidas e do mundo, a partir de si mesmas.

O Programa eficaz estendeu-se também ao trabalho com Prevenção ao uso de drogas e outras substâncias, passando a atuar como um movimento de proteção social já que Amor-Exigente desestimula a experimentação, o uso ou abuso de tabaco, do álcool e de outras drogas, assim como luta contra tudo o que torna os jovens vulneráveis, expostos à violência, ao crime, aos acidentes de trânsito e à corrupção em todas as suas formas; são também propostas do Amor-Exigente.

As Reuniões geralmente são semanais e atendem tanto a família como os dependentes, em ambientes distintos e separados. Amor Exigente, diferente das outras irmandades, principalmente as anônimas, conta com um corpo de serviço hierárquico e uma estrutura verticalizada, tendo no seu topo a presença de um Presidente e Vice que administram a entidade em âmbito nacional e internacional.

De início, o Amor Exigente tinha o objetivo específico de acolher e ajudar famílias vitimadas pela codependência, mas o raio de ação da entidade foi, com o passar dos anos, tomando vulto de forma vertiginosa. Hoje, além dos codependentes, os próprios Dependentes têm acolhimento em reuniões específicas de AE destinada para eles e mais que isso, qualquer família que visa uma melhora substancial na sua estrutura, no seu funcionamento e no seu crescimento espiritual e comportamental pode, sem reservas, procurar os Grupos de AE disponíveis. AE não discrimina nem aparta. É uma entidade bastante democrática e solidária.

Atualmente, o movimento conta com 11 mil voluntários, que realizam, aproximadamente, 100 mil atendimentos mensais por meio de reuniões, cursos e palestras. São mais de mil grupos no Brasil, 1 na Argentina, e 14 no Uruguai, além de cerca de 259 Subgrupos de frutos de Amor-Exigente.

A Filosofia de Amor Exigente se baseia no seguimento de Doze Princípios. Estes princípios são de ordem espiritual e comportamental, funcionam como a espinha dorsal da entidade e é por meio deles que se dá a Recuperação e a retomada da Qualidade de Vida de seus membros. Embora o AE tenha sido fundado e visionado pelo Pe. Haroldo, evidentemente um sacerdote Católico Romano, o Amor Exigente está disponível para pessoas de todas as crenças e religiões. Não que seja ecumênico na sua origem, mas o é na sua prática cotidiana.

São os Doze Princípios:

Identificador, Humanizador, Protetor, Valorizador, Libertador, Influenciador, Praparador, Esperançador, Apoiador, Cooperador, Organizador e Compensador!

São valores aos quais os membros se remetem para lidar consigo mesmos e com seus filhos, ou entes queridos adoecidos pela adicção, alcoolismo ou desestruturas comportamentais.

Para saber mais (e detalhadamente) sobre cada um dos Princípios acima citados, convido a todos para acessar o site oficial de Amor Exigente, no endereço eletrônico abaixo:
http://amorexigente.com.br/principios/

Além dos Doze princípios Básicos, que são estes dos quais falamos acima, existem também Doze Princípios Éticos, que margeiam e “controlam” de certa forma as ações dos membros de AE. São, além da prática do programa, a estrutura filosófica que o AMPARA. Eles falam de Respeito, Sigilo, Fidelidade, Respeito Estatutário, Multiplicar a Mensagem, Fraternidade, Voluntariado, Respeito Hierárquico à FEAE, Espiritualidade, Humildade e por fim, evitar as Divergências.

Maiores informações, assim como os textos completos de todos os princípios são encontrados no site acima. É interessante salientar que atualmente a entidade é gerida e administrada pela FEAE, Federação de Amor Exigente, hoje presidida pelo Senhor Luiz Fernando Cauduro e tendo como presidente de honra o próprio Padre Haroldo Rahm!

Agora que você já conhece um pouco mais sobre o Amor Exigente, não hesite em procurar ajuda. Os Grupos e Voluntários estão esperando a sua visita. Tenha certeza, você será muito bem vindo(a). Familiar ou adicto!
Juntos somos mais fortes!
Autor: Prof. Esp. Rodrigo Augusto Fiedler (Filósofo e Educador)

Uso de maconha altera sistema de recompensa




Revista Veja
Um novo estudo mostrou que uso prolongado da droga é capaz de alterar a forma como as pessoas lidam com as conquistas
Por Da redação

O estudo mostrou que a quantidade de dopamina produzida pela parte do cérebro responsável pelas recompensas foi diminuindo ao longo do tempo nos usuários de maconha. (David Bebber/Reuters/VEJA/VEJA)

Fumar maconha pode afetar o modo como as pessoas lidam com as conquistas. De acordo com um estudo publicado recentemente na revista científica JAMA Psychiatry, a droga amortece a capacidade do cérebro reagir positivamente a recompensas em dinheiro, por exemplo.

Pesquisadores da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, analisaram os efeitos do uso prolongado da maconha no centro de recompensa do cérebro de 108 jovens com cerca de 20 anos. Ao longo de quatro anos, os participantes foram submetidos três vezes a um experimento enquanto tinham suas respostas cerebrais monitoradas por ressonância magnética.

O experimento consistia em um jogo associado a uma recompensa monetária. Os participantes precisavam apertar um botão cada vez que um alvo aparecesse na tela à sua frente. Antes de cada partida, os pesquisadores diziam aos voluntários que, dependendo de sua performance, haveria as seguintes possibilidades: ganhar 20 centavos de dólar ou cinco dólares, perder as mesmas quantias anteriores ou não ter perda nem ganho.

Os resultados mostraram que a quantidade de dopamina, conhecida como a substância do prazer, diminuiu de forma gradativa ao longo do tempo nos usuários de maconha. Além disso, quanto maior o uso da droga, menor a resposta.

“Isso significa que algo que seria gratificante para a maioria das pessoas não era mais gratificante para os usuários de maconha. O estudo sugere que o sistema de recompensa foi ‘sequestrado’ pela droga. Ou seja, eles precisam da droga para se sentir recompensados.”, afirmou Mary Heitzeg, principal autora do estudo.

A nova pesquisa sugere também que quanto mais cedo uma pessoa começa a usar maconha, mais rápida será a possibilidade de ela se tornar dependente desta ou de outras substâncias. Outras pesquisas também já sugeriram uma associação entre o uso de maconha e problemas para lidar com as emoções, desempenho acadêmico e até mesmo mudanças na estrutura do cérebro.

Francesca Filbey, professora da Universidade do Texas em Dallas, escreveu um editorial acompanhando o estudo no qual ela sugere que existam fatores genéticos subjacentes que tornam as pessoas mais propensas a começar a usar maconha. Estes mesmos fatores, por sua vez, podem torná-las mais suscetíveis a certas alterações cerebrais.

“Algumas pessoas podem acreditar que a maconha não é viciante ou que é ‘mais leve’ que outras drogas. Mas este estudo fornece evidências de que ela altera o funcionamento do cérebro, impactando no comportamento e o senso de recompensa”, acrescentou Mary.
Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas

A relação perigosa do brasileiro com o álcool e o volante


 


Revista Exame
Valéria Bretas, de EXAME.com

São Paulo – Desde 2012, quando o governo aplicou uma política de tolerância zero para quem insistir em dirigir depois do consumo de bebidas alcoólicas, a proporção de adultos que admitem manter tal hábito nas capitais brasileiras caiu em 22%.

De acordo com a pesquisa Vigilância de Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), em 2015, 5,5% dos moradores das capitais admitiram que pegavam no volante depois de ingerir qualquer quantidade de álcool.

A mistura de álcool e volante é mais comum entre os homens: 9,8% afirmaram cometer a infração, enquanto que apenas 1,8% da população feminina abusava da combinação.

O endurecimento da Lei 11.705/2008, também conhecida como Lei Seca, veio em dezembro de 2012. Com a decisão, o valor da multa para o motorista que bebe antes de dirigir passou de R$ 957,65 para R$ 1.915,30 – no caso de reincidência dentro de 12 meses, o valor é dobrado.

Além disso, a regra anterior livrava o condutor da multa caso o nível alcoólico detectado pelo bafômetro fosse de até 0,1 miligrama de álcool por litro de ar. A política de tolerância zero reduziu o limite para 0,05 mg/l de ar expelido.

Entre as capitais, Fortaleza é a que apresentou o maior percentual (13%) de entrevistados com mais de 18 anos que declararam assumir a direção após o consumo de álcool. Em contrapartida, Recife (2,6%), Maceió (2,9%) e Vitória (3,2%) são as que menos arriscam.
Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Consumo de tabaco e álcool é um dos principais fatores de risco para câncer de boca


 


(imagem reprodução)
Jornal do Brasil
Dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (SBCCP) revelam que o hábito de beber e fumar aumenta em até 20 vezes a chance de uma pessoa desenvolver algum tipo de câncer de cabeça e pescoço. Tumores nessa região correspondem a 3% de todos os tipos de câncer. Os de cavidade oral, que incluem lábios, língua, assoalho de boca, céu da boca, orofaringe como amígdalas, e de laringe são os tumores mais comuns. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), no Brasil, as estimativas de 2016 apontam a ocorrência de 15.490 novos casos de câncer bucal, sendo 11.140 em homens e 4.350 em mulheres.

Além do tabagismo e o álcool, outros fatores estão associados mais fortemente ao aparecimento do câncer de boca, como a exposição solar (para o câncer no lábio) e a infecção por HPV (subtipo 16 principal). De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço, 14 milhões de brasileiros podem desenvolver a doença. Há também os fatores de baixo risco, dentre os quais estão a dieta pobre em frutas e vegetais, má higiene oral, próteses mal ajustadas ou adaptadas, genéticos e outros aspectos em associação que determinam uma queda na imunidade do hospedeiro, levando ao aparecimento do tumor.Os sintomas do câncer de boca, às vezes, são nítidos, como feridas com ardor na boca, e às vezes não, sendo indolores no início, como uma ferida que não cicatriza e não dói.

De acordo com o Dr. Giulianno Molina de Melo, Cirurgião de Cabeça e Pescoço da Beneficência Portuguesa de São Paulo, entre as lesões suspeitas estão a ferida na boca que não cicatriza em duas semanas; os nódulos persistentes no pescoço e em mucosa da bochecha, lábio, assoalho de boca e língua; as manchas esbranquiçadas ou avermelhadas, indolores ou com leve ardor local em mucosa da boca; os dentes que apresentam amolecimento sem causa aparente; o inchaço na gengiva que dificulta uso de prótese; a dificuldade para engolir, falar, mastigar; mau hálito e perda de peso. “Apesar de quase 90% das lesões malignas de boca estarem localizadas na língua, assoalho, mucosa jugal e palato, ou seja, de fácil suspeita e reconhecimento, ainda diagnosticamos pacientes, em sua maioria, em estádios avançados, o que dificulta muito o tratamento, levando a cirurgias complexas, prolongadas, envolvendo reconstruções para a reabilitação mais adequada e invariavelmente seguidas de radioterapia e quimioterapia, apresentando-se até o momento com índices mais baixos de sobrevida”, explica Dr. Giulianno Molina.

No Brasil, cerca de 70% dos casos ainda apresentam-se em estádios avançados: III e IV, onde as chances de cura ou controle são menores, porém podem ser atingíveis. Já os casos iniciais I e II possuem alta chance de cura/controle.Os dados demográficos preocupam e se este ritmo continuar, a incidência do câncer de boca, no Brasil, tende a aumentar, ultrapassando outras doenças. Com isto os gastos em saúde como um todo também aumentarão. Hoje ocupa a quinta posição entre os homens e a sexta entre as mulheres. Segundo o cirurgião, a prevenção de fatores de risco ainda é a medida mais simples e eficaz para evitar o aparecimento desses tumores.

“A recomendação médica, portanto, é a de cessar o consumo de tabaco e álcool, pois associados e com a presença dos outros fatores já descritos aumenta-se muito a possibilidade de desenvolver esta doença”, conclui o Dr. Giulianno Molina.
Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas

A (des)Qualidade das Internações


 


Na última década, por conta do advento do crack, ainda nos anos 90, surgiu uma enxurrada de Clínicas e Comunidades Terapêuticas por todo Brasil oferecendo tratamento a Dependentes Químicos em estado crônico. A questão que abordamos neste artigo é justamente a qualidade e a eficiência destas internações e quiçá dos tratamentos por elas oferecidos.

Nos anos 70, em Campinas, o Padre Haroldo Hanz trouxe da Europa um modelo de internação que vinha funcionando na Alemanha para dependentes de heroína. Um tratamento baseado na tríade – Trabalho, Oração, Desintoxicação. Aos poucos foram agregados os Doze Passos dos Alcoólicos Anônimos e outras filosofias. Este modelo foi o único por muito tempo e teve, no início de suas atividades, uma alta taxa de aderência. Lembrando que em meados dos anos 70 e 80, a droga que mais levava dependentes às clínicas e comunidades era o álcool, em raros casos a cocaína.

Cabe lembrar, que Nelson Giovanelli (evangelista voluntário) e Frei Hans Stapel (pároco de Guaratinguetá), ainda nos anos 80, fundaram a Fazenda da Esperança, que funcionava em moldes semelhantes à Fazenda de Campinas. Foi aí que tudo realmente começou.

Daí para frente, com um modelo pronto e funcional, muitas pessoas seguiram o exemplo e montaram diversas Comunidades Brasil a fora. Espiritualidade, Trabalho e Terapias alternativas eram, a princípio, a “fórmula mágica” da Recuperação. O que não se podia prever ou contar é que o número de dependentes carentes de internação fosse subir desproporcionalmente ao número de vagas oferecidas em Comunidades. Nisto, fundou-se a FEBRACT, Federação Brasileira de Comunidades Terapêuticas e, com ela, surgiram parâmetros para que a qualidade das internações fosse de alguma forma equilibrada e equitativa. Paralelamente, surgiu a FEAE, Federação Brasileira de Amor Exigente, dando às famílias dos dependentes internados, um modelo de suporte também trazido da Europa onde havia logrado muito êxito.

Entretanto com a onda do crack e com o crescimento latente de dependentes em cocaína – duas drogas cujo tratamento é muito mais delicado e trabalhoso – foram surgindo diversas propostas distantes daquilo que a FEBRACT julgava correto, e, com isso, instalaram-se muitas clínicas e comunidades ditas fantasmas, irregulares ou clandestinas. Muitas sequer sem autorização da ANVISA e do Ministério da Saúde.

Com a dificuldade de tratar os dependentes destas drogas químicas, falta de preparo entre outros fatores, situações de violência física, moral e espiritual começaram a ser vislumbradas numa grande fração de instituições. Espancamentos, cárceres, humilhações tornaram-se “lugar comum” na grande maioria destas comunidades. Na realidade, o dependente se internava buscando tratamento e encontrava agruras para manter-se limpo e em tratamento. E não se resume apenas nisso. Alimentações pouco nutritivas (muitas comunidades oferecem sopas com pé de frango todos os dias, salsicha de baixa qualidade no almoço, ´por exemplo), falta de atendimento médico, psicológico e terapêutico e acomodações extremamente desconfortáveis engrossam o caldo de desventuras encontradas na grande maioria das clínicas e comunidades espalhadas pelos 27 estados brasileiros.

Muitas destas comunidades foram denunciadas e, de certa forma, estes atos acenderam uma luz junto ao Poder Público, à ANVISA, OnG’s e lideranças religiosas. Nos primeiros anos da década de 2000, mais de mil comunidades foram fechadas e seus responsáveis foram punidos na forma da lei.

Hoje, 2016, nem só os padrões FEBRACT são levados em conta. É sabido que as drogas químicas e até mesmo o álcool e a maconha causam o que a medicina chama de co-morbidades, ou seja, transtornos mentais gerados pelo uso abusivo de drogas. Para tanto, o Ministério da Saúde e a ANVISA criaram uma série de prerrogativas para o bom funcionamento de clínicas e comunidades especializadas em dependência química. Exige-se a presença de Auxiliares de Enfermagem, Psicólogos, Terapeutas Ocupacionais, Psiquiatras e Conselheiros da Dependência Química. Exige-se um número mínimo de refeições diárias – 4 – todas elas acompanhadas por nutricionistas e, recentemente, estuda-se a possibilidade de tornar laicas (independentes de religiões) as formas de tratamento oferecidas. Isto porque, ainda há um número excessivo de tratamentos religiosos que apelam exclusivamente para a fé como forma de “cura”.

Orientamos então, que em caso de necessidade de internação, todos estes quesitos sejam analisados: Registros na ANVISA em dia, possível filiação à FEBRACT, profissionais oferecidos e condições de acomodação. Se a comunidade tentar desviar o assunto, justificando qualquer uma destas premissas, tenha a certeza de que não se trata de um tratamento qualificado.

Aposte em tratamento! Não interne seu ente querido em situação de ímpeto ou imediatismo. Você pode colocar o dependente em uma situação de risco. Há tratamento e a escolha quem faz é você. Saiba escolher!
Autor: Prof. Esp. Rodrigo Augusto Fiedler (Filósofo e Educador)


Fumar causa danos ao esperma


 


Revista Veja
Um estudo brasileiro sugere que o tabagismo gera alterações no esperma que podem reduzir a chance de fecundação e até causar problemas de saúde no bebê
Por Da redação

Os pesquisadores da Unifesp encontraram diversas alterações, como fragmentação de DNA, e ausência ou excesso de determinadas proteínas, no sêmen de fumantes associadas a problemas de fecundação e até mesmo de saúde no bebê. (Thinkstock/VEJA)

Não é novidade que mulheres que planejam engravidar devem parar de fumar. Agora, um estudo publicado recentemente no periódico científico BJU International sugere que o futuro pai também largue o vício.

No estudo, pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) analisaram o esperma de 20 fumantes e 20 não fumantes. Os resultados mostraram que o sêmen dos fumantes foi danificado de maneiras que podem reduzir a chance de fecundação ou levar ao desenvolvimento de problemas de saúde no bebê.

As análises mostraram que o DNA no esperma dos fumantes estava fragmentado, o que está relacionado a um aumento do risco de problemas genéticos no feto e ao desenvolvimento de câncer infantil. Os pesquisadores acreditam que essa fragmentação seja resultado de um stress oxidativo ocasionado pelo cádmio e pela nicotina presentes no cigarro. Além disso, as mitocôndrias, que são o centro de energia das células, também estavam menos ativas no esperma desses voluntários.

Os fumantes apresentaram também uma porcentagem maior de acrossomos (parte da cabeça do espermatozoide que libera enzimas que permitem sua penetração no escudo do óvulo) alterados. Os autores ainda encontraram outras alterações nas proteínas do plasma seminal que podem prejudicar a fertilização. Das 422 proteínas analisadas, nos fumantes, uma estava faltando, outras 27 estavam sub representadas e seis super representadas.

“Mais e mais estudos estão demonstrando um efeito nocivo do tabaco sobre a fertilidade masculina. Nossos resultados apontam na direção de alterações importantes no sêmen. O esperma dos fumantes apresenta uma natureza inflamatória associada à diminuição da capacidade de fertilização e de uma gravidez saudável.”, disse Ricardo Pimenta Bertolla, um dos autores do estudo.

A mensagem, segundo ele, é simples: fumar altera a capacidade de um homem produzir espermatozoides que podem fecundar um óvulo com sucesso.
Veja Aqui o Estudo
Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas