sexta-feira, 21 de julho de 2017

Maconha livre, a falsa noção do certo


 

Jornal do Comércio - Porto Alegre
César Augusto Trinta Weber
O artigo US Adult Illicit Cannabis Use, Cannabis Use Discorder, and Medical Marijuana Laws, recentemente publicado no JAMA Psychiatry, um dos mais respeitados periódicos científicos do mundo em psiquiatria reacende o polêmico tema da legalização da maconha. De acordo com o estudo, a liberação da maconha em alguns estados americanos colocou no mercado, para a alegria dos traficantes, mais de 1 milhão de usuários com base na comparação entre as prevalências de consumo de maconha e portadores de transtornos mentais devido a ela, em estados onde foram aprovadas leis autorizando o "uso medicinal" da maconha com os outros estados em que esta lei não existe.

Os argumentos contrários à legalização da maconha ganham força à medida que sustentam a tese de que, regularizada na forma da lei, poderia ter um efeito estimulador ao uso deliberado. A circunstância da legalização associado ao fato de que, em nosso meio, o uso da maconha vem se mostrando culturalmente aceito, representaria um efeito catalisador para o primeiro uso ou o uso esporádico. Amparado por lei, o usuário desfrutaria livremente dessa experiência, aumentando as chances do uso se tornar abuso, podendo-se ter consequências mais nefastas, entre elas o caminho para drogas mais pesadas ou ainda a indesejável dependência.

A maconha usada hoje possui cerca de 20 vezes maior teor de tetraidrocanabidiol (THC) se comparada com a maconha consumida nos anos 1960, fato que confere a esta droga neste século um potencial aditivo significativamente maior. O uso medicinal do canabidiol - substância química encontrada na maconha - ainda que se mostre promissor pelos resultados de estudos científicos que revelavam a boa resposta terapêutica quando em doses adequadas e para determinados quadros clínicos, especialmente, quadros neurológicos, como justificativa para a sua liberação merece cautela. A maconha alçada à condição de "remédio" adquire o status, no inconsciente coletivo, de fazer bem, pela falsa noção de que seja um produto inócuo.
Médico, professor e escritor 

Álcool pode ser mais prejudicial para as mulheres


 


Bebidas alcoólicas: segundo a OMS, deve-se evitar ingerir mais de 30 gramas de álcool por dia (Marcos Santos/USP Imagens/Agência USP)

Estudo sugere que, especificamente no sexo feminino, as bebidas alcoólicas estão associadas a maiores níveis de açúcar no sangue, indicativo do diabetes
Por Vand Vieira, da Saúde

O abuso de cerveja, vinho e afins não faz bem para ninguém — mas, pelo menos quando o assunto é diabetes, parece que a ala feminina sofre ainda mais.

O alerta veio da Universidade de Umeå, na Suécia, onde pesquisadores acompanharam 897 pessoas dos 16 aos 43 anos.

Ao final desse período, os voluntários tiveram a glicemia (açúcar circulante no sangue) medida e preencheram um questionário sobre a quantidade de álcool que costumavam tomar.

As mesmas perguntas foram respondidas aos 18, 21 e 30 anos.

De modo geral, constatou-se que os homens ingeriam mais bebidas alcoólicas e apresentaram uma glicemia maior em comparação às mulheres.

No entanto, foi somente nelas que os cientistas notaram a relação entre um consumo alto e uma quantidade maior de açúcar no sangue após os 40 anos.

Aqui, cabe lembrar que taxas dessa substância cronicamente elevadas definem a presença do diabetes.

Ainda não se sabe por que o organismo feminino reage de maneira diferente aos drinques.

“O etanol, porém, já foi ligado à resistência insulínica em outros trabalhos por favorecer o acúmulo de gordura no fígado”, destaca o endocrinologista João Eduardo Salles, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).

Nesse sentido, tão importante quanto a moderação nas doses é adotar bons hábitos, como seguir uma dieta saudável e praticar atividade física regularmente.

Uma noitada por mês regada a quatro ou mais latinhas de cerveja com 5 a 6% de teor alcoólico já extrapolaria o limite mensal observado, que fica na casa dos 48 gramas de etanol segundo o experimento em questão.

Mas, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), as pessoas deveriam evitar ingerir mais de 30 gramas de álcool por dia.
Este conteúdo foi publicado originalmente no site da Saúde.

quarta-feira, 5 de julho de 2017

Estatísticas mundiais de saúde - 2017


 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou recentemente o relatório World Health Statistcs 2017. O documento faz parte de uma série de publicações anuais de estatísticas de saúde dos 194 Estados-Membros da OMS. A edição de 2017 centra-se nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que reúne dados sobre uma vasta gama de indicadores relevantes e está organizado em três partes.

Na primeira parte, são descritas as 6 linhas de ação promovidas pela OMS para ajudar a construir melhores sistemas para a saúde e alcançar os ODSs relacionados à saúde. Na segunda, os status de alguns indicadores de ODS relacionados à saúde são resumidos, tanto no nível global como regional. Por fim, a última parte traz uma seleção de casos que destacam os recentes esforços bem-sucedidos para melhorar e proteger a saúde de suas populações através de uma ou mais das seis linhas de ação.

Status dos ODSs relacionados à saúde - Doenças não transmissíveis e saúde mental:

O consumo mundial de álcool em 2016 foi de 6,4 L de álcool puro por pessoa com 15 anos ou mais, com variação considerável entre as regiões da OMS. Os dados disponíveis indicam que a cobertura do tratamento para os transtornos do álcool e do uso de drogas é inadequada, embora sejam necessários mais trabalhos para melhorar a medição dessa cobertura.


Casos de sucesso

Na última parte do relatório foram apresentados casos de sucesso para ilustrar a ampla gama de ações adotadas por diferentes países para alcançar as metas relacionadas à saúde propostas na Agenda para o Desenvolvimento Sustentável de 2030. São citados exemplos de ações intersetoriais que contribuíram com o fortalecimento do Regulamento Sanitário Internacional (RSI) e reduziram a mortalidade por doenças não-transmissíveis, suicídios, uso nocivo do álcool e consumo de tabaco, respectivamente.


A Federação Russa se destacou na prevenção de mortes precoces devido ao consumo de álcool. O país, que viveu uma escalada de problemas relacionados com o álcool, devido à desregulamentação do mercado nos anos 90, reformulou políticas de saúde pública para controlar o problema. Muitas das políticas implementadas foram baseadas em evidências, de acordo com a Estratégia Global da OMS para reduzir o uso nocivo do álcool e o Plano de Ação Global da OMS para a prevenção e controle de doenças não-transmissíveis 2013-2020. Algumas das medidas adotadas:

• Fortalecimento do sistema de controle de produção, distribuição e venda de álcool; não vender em determinados locais públicos;
• Restrições de venda de bebidas com mais de 15% de teor alcoólico e preço mínimo para bebidas com teor alcoólico acima de 28%;
• Proibição de propagandas em toda infraestrutura dos meios de transporte público, internet e mídias eletrônicas e impressas;
• Aumento de impostos sobre as bebidas alcoólicas;
• Adoção de um programa nacional para reduzir danos relacionados ao álcool e prevenção do alcoolismo entre 2010-2020;
• Alcoolemia zero para direção de veículos automotores;
• Maior fiscalização e punição administrativa para a venda de bebidas alcoólicas para menores de idade; responsabilidade criminal para reincidentes;
• Implementação de iniciativa para aprimorar o sistema de tratamento para transtornos relacionados ao uso de álcool e drogas;

Os resultados das mudanças foram bastante positivos: entre 2007 e 2016 houve a redução do consumo total em 3,5 L de álcool puro por pessoa, queda de novos casos de psicose alcoólica (de 52,3 para 20,5 por 100.000 habitantes) e queda da taxa de mortalidade de homens. Padrões semelhantes foram observados para pacientes com dependência e outras doenças relacionadas ao álcool. O consumo de álcool ilegal não parece ter aumentado em resposta às novas limitações no mercado formal.



FONTE:WWW.ANTIDROGAS.COM.BR

Efeitos analgésicos podem levar a uso impróprio do álcool


 


Foto: Gilmar de Souza / Agencia RBS
Pesquisadores alertam que a redução na sensação da dor só acontece com ingestão de bebidas alcoólicas em níveis considerados perigosos

A ingestão de álcool não é mais recomendada do que o uso de paracetamol para o alívio da dor. O estudo que avaliou essa tese apontou que tal percepção pode levar ao uso impróprio de bebidas alcoólicas como analgésicos.

Um estudo internacional destinado a avaliar as propriedades analgésicas do álcool apontou que essa percepção pode levar ao mau uso da substância em pacientes com dor. Publicada no periódico americano Journal of Pain, a pesquisa mostrou que o efeito analgésico da bebida alcoólica é mais forte em doses altas (a partir de três a quatro drinques), que representam níveis considerados perigosos.

Com isso, os pesquisadores destacaram que é preciso sensibilizar a população em relação a intervenções que proponham usar o álcool no tratamento da dor. O objetivo da meta-análise — um estudo feito a partir de 18 experimentos controlados, com voluntários em que a dor e o uso do álcool foram induzidos — é mostrar que esse efeito analgésico das bebidas alcoólicas em altas doses pode levar ao uso impróprio da substância em pacientes com dor.

— Não faz qualquer sentido indicar álcool para pessoas com dor, pois aumenta o risco de uso impróprio do álcool em si, ou da combinação com medicação para dor, potencializando seus efeitos — pondera o psiquiatra Flávio Pechansky, diretor do Centro de Pesquisa em Álcool e Drogas do Hospital de Clínicas em Porto Alegre.

— Álcool faz mal para a saúde em qualquer dose, para qualquer pessoa — completa o médico Sérgio de Paula Ramos, ex-presidente da Associação Brasileira de Álcool e outras Drogas (Abead).

Os estudos de laboratório envolveram a indução de dor a pacientes e posterior medição em escalas de sensação de dor e alívio, comparando medicação e álcool. Os pesquisadores alertaram, ainda, que é preciso avançar em mais análises para atestar essas descobertas.
Fonte: ZH Vida, ClicRBS