Segundo o Censo da Educação Superior, do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), no Brasil, os chamados “calouros” entram na faculdade por volta dos 18 anos. Com o ingresso e o regresso às aulas, o Centro de Informações sobre Saúde e Álcool – CISA, uma das principais fontes no país em relação ao binômio saúde e álcool, alerta para a necessidade de prevenção ao uso excessivo de álcool por universitários.
Para os jovens, a entrada na universidade simboliza o início de uma nova fase repleta de mudanças e curiosidades e de expectativas nos âmbitos pessoal e profissional. “Naturalmente, o aluno tende a procurar ser socialmente aceito e viver intensamente as ocasiões para aproveitar esta etapa tão promissora. Entre outros desafios, existe o de reconhecer seus próprios limites – inclusive o de consumo de bebidas alcoólicas, para que não se exponha ao risco de uma trajetória de abuso de álcool”, afirma Dr. Arthur Guerra, Presidente Executivo do CISA.
Nesse contexto, não são raras as festas universitárias nas quais o consumo de bebidas alcoólicas é realizado entre alunos, e deve-se considerar sua exposição às chamadas pressões de grupos, quando o comportamento dos pares é capaz de influenciar o jovem. Por exemplo, após as primeiras doses, se o coletivo continuar bebendo, o jovem pode tender a fazer o mesmo, perdendo sua capacidade de controle e apreciação do momento. Este quadro merece especial atenção quando há envolvimento de calouros menores de 18 anos, uma vez que a oferta de álcool para este público é proibida em todo Brasil.
“As consequências do consumo excessivo de álcool abrangem desde queda no desempenho acadêmico, perda de vivências sociais e cognitivas apropriadas, relações sexuais sem proteção ou ainda indesejadas, até a morte, seja por acidentes, lesões ou mesmo coma alcoólico – grau tão severo de intoxicação que afeta de forma fatal o funcionamento de todo o corpo e do cérebro”, alerta Guerra.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), os padrões de consumo de álcool mais nocivos, como o “beber para se embriagar” e o beber pesado episódico (correspondente ao consumo de 4/5 ou mais doses* em uma ocasião), estão fortemente associados aos comportamentos de risco, como dirigir alcoolizado, violência, sexo desprotegido, entre outros. Estes são padrões de consumo frequentes entre os jovens, o que merece atenção. Dados do I Levantamento Nacional sobre o Uso de Álcool, Tabaco e Outras Drogas entre Universitários das 27 Capitais Brasileiras revelam que 25% dos estudantes relataram o padrão de beber pesado episódico em pelo menos uma ocasião no mês anterior à entrevista, ou seja, um em cada quatro estudantes está frequentemente exposto a comportamentos de risco e outros prejuízos.
Dessa forma, o CISA ressalta a importância do papel de todos na sociedade junto aos estudantes, especialmente com uma maior orientação e supervisão nas festas; através do exemplo, por meio de atitudes responsáveis; e a implementação de programas sérios de prevenção, acolhimento e atendimento clínico dentro das universidades.
* A OMS estabelece que uma dose padrão contém aproximadamente de 10 g a 12 g de álcool puro, o equivalente a uma lata de cerveja (330 ml) ou uma dose de destilados (30 ml) ou uma taça de vinho (100 ml).
Fonte:CISA - Centro de Informações Sobre Saúde e Álcool