segunda-feira, 18 de abril de 2016

Estudo explica como o LSD atua no cérebro





IG - Saúde
(Getty Images)
Pesquisa publicada em revista científica utilizou combinação de técnicas de escaneamento cerebral de última geração para visualizar como substância altera o funcionamento do cérebro

Um novo estudo realizado por cientistas britânicos mostra pela primeira vez como o LSD (dietilamida do ácido lisérgico) afeta a atividade do cérebro ao provocar complexas alucinações visuais. Segundo os autores da pesquisa, publicada na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), seus resultados abrem caminho para a aplicação de drogas psicodélicas no tratamento de doenças psiquiátricas.

O estudo também revelou o que acontece no cérebro das pessoas quando elas relatam uma mudança fundamental na qualidade de sua consciência quando estão sob o efeito de LSD: a "dissolução do ego".

As pesquisas sobre os efeitos do LSD no cérebro humano ficaram estagnadas depois que a substância foi banida nos Estados Unidos no fim da década de 1960, mas, nos últimos anos, cresce cada vez mais o interesse da comunidade científica internacional pelo estudo de drogas psicodélicas para fins terapêuticos e para o estudo de doenças mentais.

Uma equipe de pesquisadores liderada por Robin Carhart-Harris, do Imperial College London (Reino Unido), administrou LSD em 20 voluntários saudáveis e utilizou uma combinação de diversas técnicas de escaneamento cerebral de última geração para visualizar como a substância altera o funcionamento do cérebro. Metade dos voluntários recebeu uma dose de 75 microgramas de LSD e a outra metade recebeu placebo.

Uma das principais descobertas da pesquisa foi o que acontece no cérebro quando uma pessoa tem complexas e oníricas alucinações visuais sob o efeito de LSD. Em condições normais, a informação captada pelos olhos é processada em uma área do cérebro que fica na parte de trás da cabeça, conhecida como córtex visual. No entanto, quando os voluntários ingeriram LSD, várias áreas adicionais – e não apenas o córtex visual – contribuíram para o processamento da visão.

"Observamos alterações cerebrais sob o efeito do LSD que sugerem que os voluntários estavam ´vendo com os olhos fechados` – embora eles estivessem vendo coisas que faziam parte de sua imaginação e não do mundo exterior", disse Carhart-Harris.

Segundo ele, sob o efeito do LSD, os voluntários tinham muito mais áreas do cérebro que o normal contribuindo para o processamento visual – ainda que eles estivessem de olhos fechados. "Além disso, descobrimos que a intensidade desse efeito está correlacionada com a intensidade de visões complexas e oníricas relatadas pelos pacientes", declarou.

De acordo com Carhart-Harris, normalmente o cérebro consiste em redes independentes que operam funções distintas e especializadas, como a visão, o movimento e a audição – além de funções mais complexas como a atenção. No entanto, sob o efeito de LSD, a separação entre essas redes entra em colapso e o cérebro do indivíduo se torna mais "integrado", ou "unificado".

"Nossos resultados sugerem que esse efeito é a base da profunda alteração do estado de consciência descrito pelas pessoas que usam LSD. O efeito também está relacionado com o que as pessoas às vezes chamam de ´dissolução do ego´, que é uma perda do sentido normal do ´eu`, que é substituído por uma noção de reconexão consigo mesmo, com os outros e com a natureza. Essa experiência às vezes é vista de um ponto de vista religioso, ou espiritual - e parece estar associada a melhoras no bem estar quando os efeitos da droga passam", explicou o cientista.

O cérebro de uma pessoa se torna cada vez mais compartimentalizado à medida que ela se desenvolve, segundo Carhart-Harris, fazendo com que elas se tornem mais focadas e rígidas em seus pensamentos à medida que amadurecem.
"De várias formas, o cérebro sob o efeito do LSD lembra o estado de nossos cérebro quando somos crianças: livre e sem barreiras. Isso também faz sentido quando consideramos a natureza hiperemotiva e imaginativa da mente infantil", afirmou.

Música e LSD

Em um estudo anterior, publicado na revista científica European Neuropsychopharmacology, os cientistas já haviam descrito alterações na atividade do córtex visual sob o efeito da droga e demonstraram que a combinação de LSD e música fazia com que essa região do cérebro se comunicasse mais com a área conhecida como parahipocampo.

O parahipocampo é associado à capacidade de formar imagens na mente e à memória pessoal. Quanto maior sua comunicação com o córtex cerebral, mais os indivíduos relatavam visões complexas como assistir cenas de suas próprias vidas.

"Essa foi a primeira vez que testemunhamos a interação entre um composto psicodélico e a música com a biologia do cérebro", disse o estudante de doutorado Mendel Kaelen, do Imperial College London, um dos autores do estudo sobre a música.

Os autores dos estudos acreditam que as descobertas podem abrir caminho para que as drogas psicodélicas possam ser usadas no tratamento de distúrbios psiquiátricos. Segundo eles, o LSD poderia ser especialmente útil para doenças que aprisionam os pacientes em padrões negativos de pensamento, como a depressão e a dependência de drogas.

"Um dos focos principais das nossas próximas pesquisas é descobrir como podemos usar esse conhecimento para desenvolver abordagens terapêuticas mais efetivas para o tratamento de problemas como depressão. A associação de música e LSD pode ser uma ferramenta terapêutica poderosa, se for fornecida da maneira certa", afirmou Kaelen.

David Nutt, autor principal do estudo sobre a música e o LSD, afirmou que a nova pesquisa é uma das mais importantes das últimas décadas. "Os cientistas esperaram 50 anos por esse momento, em que seria revelado como o LSD altera a biologia do nosso cérebro. Pela primeira vez podemos realmente ver o que está acontecendo no cérebro em um estado psicodélico", disse Nutt.

"Agora podemos entender melhor por que o LSD tem um impacto tão grande na consciência de si dos usuários, na música e na arte. Esses resultados podem ter grandes impactos para a psiquiatria e deverá ajudar pacientes a superar condições como a depressão. Ela também nos ajudará a aprofundar nossa compreensão sobre a própria consciência", afirmou.
Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas 

Fumantes têm mais dificuldade de achar emprego, aponta estudo...



 


DA DEUTSCHE WELLE
Quem fuma pode ter mais dificuldade de ser contratado e pode ganhar menos que quem não fuma, aponta um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de Stanford, publicado nesta segunda-feira (11).

Para tentar estabelecer a relação entre fumar e não conseguir emprego, Judith Prochaska, professora adjunta de Stanford, e sua equipe acompanharam 251 desempregados da região de San Francisco, na Califórnia, sendo cerca de metade deles fumantes.

Foram feitas avaliações seis e 12 meses após o início do estudo, para verificar como estava a busca por emprego.

"Descobrimos que fumantes têm muito mais dificuldade de encontrar trabalho que os não fumantes", afirma Prochaska.

Depois de um ano, 56% dos que não fumam estavam empregados. Entre os fumantes, eram apenas 27%. E entre os que haviam conseguido trabalho, os dependentes da nicotina ganhavam em média US$ 5 a menos por hora que os outros.

"Os danos do cigarro à saúde foram estabelecidos há décadas, e nosso estudo fornece uma visão sobre os danos financeiros de fumar, tanto em termos de menor sucesso na busca de emprego quanto de salários mais baixos", ressalta Prochaska.

A pesquisadora e sua equipe já haviam verificado em um estudo anterior que a probabilidade de desempregados na Califórnia serem fumantes era muito maior que a das pessoas empregadas.
No entanto, não se sabia "se fumantes têm mais dificuldade para encontrar trabalho ou mais chance de perder o emprego; ou se, quando não fumantes perdem o emprego, eles ficam mais estressados e começam a fumar", pondera a pesquisadora.

Os participantes do novo estudo incluíram brancos, afro-americanos, hispânicos, asiáticos e outras etnias, além de diferentes níveis de escolaridade.

A pesquisa pode ter limitações por ter sido realizada no norte da Califórnia, onde a consciência sobre a saúde é grande. Outro problema é que os fumantes analisados tendiam a ser mais jovens, com menor nível de escolaridade e em piores condições de saúde.

Os pesquisadores pedem que as agências de emprego usem os dados para conscientizar sobre os custos relacionados ao cigarro, perdas salariais, danos à saúde e menor sucesso na busca de emprego, além de ajudar os fumantes a abandonar o vício.
Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas