terça-feira, 24 de maio de 2016

Legalização da maconha dobrou acidentes

   

 


Jornal o Estado de S. Paulo / Jornal do Carro
Fundação AAA para Segurança no Trânsito, dos EUA, aponta que acidentes fatais aumentaram após legalização
Reprodução

Maconha é apontada com causa dos acidentes

A Fundação AAA para Segurança no Trânsito, dos Estados Unidos, divulgou um relatório que informa que os acidentes fatais envolvendo motoristas que usaram maconha antes de dirigir dobraram em Washington desde que o estado legalizou a droga.

De acordo com a fundação, a porcentagem destes acidentes aumentou de 8% para 17% entre 2013 e 1014. O relatório prossegue dizendo que um em cada seis motoristas envolvidos em acidentes fatais em 2014 fez uso de maconha antes de pegar o volante.

Em um comunicado, o presidente da Fundação de AAA, Peter Kissinger, disse que "o aumento significativo dos acidentes fatais envolvendo a maconha é alarmante. Washington serve como um estudo de caso de abrir os olhos para o que outros estados podem ter de experiência com a segurança rodoviária após a legalização da droga".

Alguns estados americanos criaram limites legais que especificam a quantidade máxima de THC (princípio ativo da maconha) que os motoristas podem ter em seu organismo. No entanto, a fundação observa que esses limites são problemáticos, porque a maconha pode afetar as pessoas de formas diferentes, o que torna difícil de criar diretrizes consistentes e justas.
Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas

Como a maconha afeta o cérebro adolescente



 


Revista Época
Estudo sueco sugere que uso abusivo durante a adolescência aumenta riscos de morrer antes dos 60 anos
*JAIRO BOUER

O uso pesado de maconha na adolescência pode estar relacionado a maior risco de morte antes dos 60 anos, sugere um novo estudo. A pesquisa reforça a tese de que o impacto da droga na saúde e no comportamento depende diretamente da idade de contato inicial e do padrão de uso. O trabalho, realizado pelo Instituto Karolinska, da Suécia, avaliou 45 mil homens que fizeram o serviço militar obrigatório no país entre 1969 e 1970. Eles foram acompanhados até 2011. Os pesquisadores registraram 4 mil mortes em 42 anos. Aqueles que haviam feito uso pesado de maconha (definido como ter consumido a droga mais que 50 vezes na adolescência) apresentaram um risco 40% maior de morrer precocemente do que aqueles que nunca a fumaram.

Os especialistas arriscam as razões para essa associação: usuários pesados de maconha tenderiam a fumar tabaco com maior frequência, ter um pior padrão alimentar, apresentar saúde mais precária e, ainda, maior incidência de câncer de pulmão e de problemas cardíacos. Os dados, publicados no periódico American Journal of Psychiatry, mostram também que o risco de morte por suicídio e acidentes é diretamente proporcional à quantidade de droga usada na adolescência.

O cérebro do adolescente, ainda em franco desenvolvimento, pode ser mais sensível (tanto do ponto de vista biológico como emocional) aos efeitos de qualquer tipo de droga. Assim, há um risco maior de consequências do abuso de substâncias em um momento potencialmente mais crítico de formação de redes e circuitos neuronais.

Estudos anteriores já davam uma dimensão desses riscos. Alguns dos mais frequentes são piora cognitiva (padrões mais pobres de Q.I., por exemplo), maior chance de quadros psicóticos, impulsividade, falta de motivação, dificuldades persistentes de memória e desenvolvimento inadequado do córtex pré-frontal (área do cérebro ligada a julgamento, pensamento complexo e tomada de decisões). Outros trabalhos também já elencam possíveis impactos econômicos e sociais, de longo prazo, com esse padrão de uso mais precoce e mais frequente de maconha, como dificuldades nos relacionamentos interpessoais, menor qualificação no trabalho, salários mais baixos e problemas financeiros.

Esses achados reforçam a ideia de que a dose e o momento do contato com a maconha podem ter impacto de forma distinta na saúde e no comportamento das pessoas. Com leis mais flexíveis de consumo em boa parte do mundo, é importante que esses pontos sejam levados em consideração na formulação de políticas públicas.

*Jairo Bouer é Colunista de ÉPOCA - É médico formado pela USP, com residência em psiquiatria. Trabalha com comunicação e saúde.
Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas