REFLEXÃO DIÁRIA - 5 DE ABRIL
IRMANDADE VERDADEIRA
Em
nenhuma ocasião procuramos ser um membro da família, um amigo entre amigos, um
trabalhador a mais em nossa empresa, ou um membro útil da sociedade. Sempre nos
esforçamos para chegar até o topo do morro, ou então para nos escondermos à
sombra dele. Este comportamento egoísta impedia uma relação de companheirismo
com nossos semelhantes. Da verdadeira fraternidade pouco conhecíamos.
OS
DOZE PASSOS E AS DOZE TRADIÇÕES, p. 46
Esta mensagem contida no
Quarto Passo foi a primeira que ouvi alta e clara; antes disso eu não havia
visto descrito em letras de impressa! Antes de chegar em A.A. não conhecia
nenhum lugar que pudesse me ensinar a ser uma pessoa entre as pessoas. Desde a
minha primeira reunião vi pessoas fazendo isto e eu desejava o que elas tinham.
Uma das razões pelas quais hoje sou um alcoólico sóbrio e feliz, é que estou
aprendendo a mais importante lição.
Força, fé e esperança,
Clayton Bernardes
sexta-feira, 5 de abril de 2013
O Mestre e o Escorpião
O Mestre e o Escorpião
Um mestre oriental viu um escorpião que se afogava e decidiu tirá-lo da água, mas quando o fez, o escorpião lhe picou. Como reação à dor, o mestre soltou-o e o animal caiu na água e, de novo, estava se afogando.
O mestre tentou tirá-lo outra vez, e novamente o escorpião o picou.
Alguém que tinha observado tudo, aproximou-se do mestre e disse:
- Perdão, mas você é muito teimoso! Não entende que cada vez que tentar tirá-lo da água, ele o picará?
O mestre respondeu:
- A natureza do escorpião é picar e isso não muda a minha natureza, que é ajudar. Então, com a ajuda de um ramo,o mestre retirou o escorpião da água e salvou-lhe a vida.
Não mude a sua natureza se alguém lhe magoar. Apenas tome as devidas precauções.
"O tempo é algo que não volta atrás; portanto, plante seu jardim ao invés de esperar que alguém lhe mande flores".
(William Shakespeare)
Força, fé e esperança,
Clayton Bernardes
Um mestre oriental viu um escorpião que se afogava e decidiu tirá-lo da água, mas quando o fez, o escorpião lhe picou. Como reação à dor, o mestre soltou-o e o animal caiu na água e, de novo, estava se afogando.
O mestre tentou tirá-lo outra vez, e novamente o escorpião o picou.
Alguém que tinha observado tudo, aproximou-se do mestre e disse:
- Perdão, mas você é muito teimoso! Não entende que cada vez que tentar tirá-lo da água, ele o picará?
O mestre respondeu:
- A natureza do escorpião é picar e isso não muda a minha natureza, que é ajudar. Então, com a ajuda de um ramo,o mestre retirou o escorpião da água e salvou-lhe a vida.
Não mude a sua natureza se alguém lhe magoar. Apenas tome as devidas precauções.
"O tempo é algo que não volta atrás; portanto, plante seu jardim ao invés de esperar que alguém lhe mande flores".
(William Shakespeare)
Força, fé e esperança,
Clayton Bernardes
Dobra o número de empresas que exigem antidoping aos funcionários
Dobra o número de empresas que exigem antidoping aos funcionários
Siqueira News
A exigência por exames toxicológicos está cada vez mais comum entre empresas brasileiras. Levantamento feito com dados do Laboratório de Análises Toxicológicas da USP e do Maxilabor -os únicos que realizam todo o procedimento em território nacional, inclusive para outros laboratórios- aponta que o número de empresas que monitoram o consumo de drogas entre funcionários e candidatos a vagas de emprego mais que dobrou em 2012 em relação a 2011.
Consequentemente, também cresceu o número de testes realizados e positivos flagrados em 2012.
O aumento na procura dos exames motivou o Conselho Federal de Medicina a emitir, no mês passado, um parecer sobre o tema. "Não é eticamente aceitável", diz Hermann von Tiesenhausen, conselheiro e relator do parecer 26/12, que considera o exame "invasão de privacidade". O argumento também é defendido por juristas contrários ao antidoping corporativo.
Realizado por uma empresa brasileira pela primeira vez em 1992, o exame toxicológico é capaz de detectar a ingestão ou a exposição a substâncias tóxicas ou drogas, por meio de análise com fluidos corporais ou amostras biológicas. No país, os testes com urina, saliva e pelos são os mais usados. O consumo de até dez drogas pode ser verificado.
Até novembro, cerca de 500 empresas haviam contratado os serviços do Maxilabor e da USP. Em 2011, foram 230. Pelas contas de Maurício Yonamine, diretor do laboratório da USP, o Estado de São Paulo responde por 40% da demanda. "Principalmente as empresas de transporte rodoviário."
Além delas, a indústria e os setores de segurança e aviação são os que mais monitoram os empregados. Concursos públicos como o da Polícia Federal e o do Corpo de Bombeiros também exigem o antidoping.
Uma resolução de 2011 da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) prevê exames antidoping para pilotos, mecânicos e outros profissionais do setor. As empresas têm até o segundo semestre de 2013 para iniciar os testes.
FLAGRANTE
Neste ano, 53.400 exames toxicológicos foram feitos no Brasil. Quantidade expressiva se comparada aos cerca de 20 mil feitos em 2011, mas pouco significativa em relação ao 1,5 milhão de exames anuais dos EUA, segundo o Instituto Brasileiro de Estudo e Avaliação Toxicológica. Como no caso do piloto e do engenheiro entrevistados, "cerca de 40% dos testes são feitos na admissão", afirma Anthony Wong, toxicologista e diretor do Maxilabor.
Apesar de não responderem pela maioria dos exames, os aspirantes a uma vaga são os mais flagrados --até 27% dos candidatos são descartados pelo uso de ilícitos. A incidência é bem inferior entre os funcionários submetidos ao antidoping rotineiro, 4,3%.
A cocaína e seus derivados (crack e oxi) lideram as ocorrências de flagrante. Entre os candidatos a uma vaga, 71% daqueles cujo resultado deu positivo são pegos com uma ou mais dessas substâncias. Já entre os contratados, a média é de 25%. "A maconha vem em segundo", diz Wong.
Para o presidente da Associação dos Advogados Trabalhistas de São Paulo, Claudio Peron Ferraz, o exame, para seleção, fere o direito do indivíduo. "Viola o direito à intimidade de cada um." No entendimento do jurista e de Estevão Mallet, professor de direito trabalhista da USP, esse antidoping quebra o sigilo médico do paciente.
Para Mallet, caso alguém seja flagrado, a informação pode ser repassada para profissionais não médicos. "Não há problema na comunicação entre médicos, mas outros profissionais podem saber [do resultado]", explica ele, que admite que a discussão sobre os exames é controversa.
Os laboratórios garantem o sigilo dos pacientes, já que a pessoa é identificada por um código de barras.
"O exame não é antiético, porque não há uso seguro de droga. O impacto do uso individual reflete na coletividade", rebate Ana Cecília Marques, psiquiatra da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas.
Parte da polêmica pode ser atribuída à falta de leis. "Nossa legislação trabalhista é um tanto defasada", diz Mallet. A lacuna jurídica também cria situações "delicadas".
Um empregado em uma metalúrgica de Piracicaba (SP) afirma que "mesmo não consumindo drogas" sente-se coagido. "Não posso negar. O que a empresa vai pensar caso não faça o teste?", diz ele, 43, que faz exames de urina rotineiramente.
Evitar a "coação" é outra justificativa do Conselho Federal de Medicina contra o exame. E, apesar da falta de amparo jurídico, o conselho diz que a exigência dos exames por médicos das empresas é passível de punição. "São cinco penas que podem ser aplicadas ao médico: advertência confidencial, censura confidencial, censura pública, suspensão do exercício profissional até 30 dias e a cassação do médico", explica Von Tiesenhausen.
O laboratório da USP, há 20 anos no mercado, e o Maxilabor, há 13 anos, contam que nunca foram acionados na Justiça por um flagrante. Ao contrário da atitude dos americanos, no Brasil o positivo não costuma resultar em demissão. Só uma pessoa, diz Wong, foi demitida após exame no Maxilabor.
Fonte:ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)
Força, fé e esperança
Clayton Bernardes
Siqueira News
A exigência por exames toxicológicos está cada vez mais comum entre empresas brasileiras. Levantamento feito com dados do Laboratório de Análises Toxicológicas da USP e do Maxilabor -os únicos que realizam todo o procedimento em território nacional, inclusive para outros laboratórios- aponta que o número de empresas que monitoram o consumo de drogas entre funcionários e candidatos a vagas de emprego mais que dobrou em 2012 em relação a 2011.
Consequentemente, também cresceu o número de testes realizados e positivos flagrados em 2012.
O aumento na procura dos exames motivou o Conselho Federal de Medicina a emitir, no mês passado, um parecer sobre o tema. "Não é eticamente aceitável", diz Hermann von Tiesenhausen, conselheiro e relator do parecer 26/12, que considera o exame "invasão de privacidade". O argumento também é defendido por juristas contrários ao antidoping corporativo.
Realizado por uma empresa brasileira pela primeira vez em 1992, o exame toxicológico é capaz de detectar a ingestão ou a exposição a substâncias tóxicas ou drogas, por meio de análise com fluidos corporais ou amostras biológicas. No país, os testes com urina, saliva e pelos são os mais usados. O consumo de até dez drogas pode ser verificado.
Até novembro, cerca de 500 empresas haviam contratado os serviços do Maxilabor e da USP. Em 2011, foram 230. Pelas contas de Maurício Yonamine, diretor do laboratório da USP, o Estado de São Paulo responde por 40% da demanda. "Principalmente as empresas de transporte rodoviário."
Além delas, a indústria e os setores de segurança e aviação são os que mais monitoram os empregados. Concursos públicos como o da Polícia Federal e o do Corpo de Bombeiros também exigem o antidoping.
Uma resolução de 2011 da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) prevê exames antidoping para pilotos, mecânicos e outros profissionais do setor. As empresas têm até o segundo semestre de 2013 para iniciar os testes.
FLAGRANTE
Neste ano, 53.400 exames toxicológicos foram feitos no Brasil. Quantidade expressiva se comparada aos cerca de 20 mil feitos em 2011, mas pouco significativa em relação ao 1,5 milhão de exames anuais dos EUA, segundo o Instituto Brasileiro de Estudo e Avaliação Toxicológica. Como no caso do piloto e do engenheiro entrevistados, "cerca de 40% dos testes são feitos na admissão", afirma Anthony Wong, toxicologista e diretor do Maxilabor.
Apesar de não responderem pela maioria dos exames, os aspirantes a uma vaga são os mais flagrados --até 27% dos candidatos são descartados pelo uso de ilícitos. A incidência é bem inferior entre os funcionários submetidos ao antidoping rotineiro, 4,3%.
A cocaína e seus derivados (crack e oxi) lideram as ocorrências de flagrante. Entre os candidatos a uma vaga, 71% daqueles cujo resultado deu positivo são pegos com uma ou mais dessas substâncias. Já entre os contratados, a média é de 25%. "A maconha vem em segundo", diz Wong.
Para o presidente da Associação dos Advogados Trabalhistas de São Paulo, Claudio Peron Ferraz, o exame, para seleção, fere o direito do indivíduo. "Viola o direito à intimidade de cada um." No entendimento do jurista e de Estevão Mallet, professor de direito trabalhista da USP, esse antidoping quebra o sigilo médico do paciente.
Para Mallet, caso alguém seja flagrado, a informação pode ser repassada para profissionais não médicos. "Não há problema na comunicação entre médicos, mas outros profissionais podem saber [do resultado]", explica ele, que admite que a discussão sobre os exames é controversa.
Os laboratórios garantem o sigilo dos pacientes, já que a pessoa é identificada por um código de barras.
"O exame não é antiético, porque não há uso seguro de droga. O impacto do uso individual reflete na coletividade", rebate Ana Cecília Marques, psiquiatra da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas.
Parte da polêmica pode ser atribuída à falta de leis. "Nossa legislação trabalhista é um tanto defasada", diz Mallet. A lacuna jurídica também cria situações "delicadas".
Um empregado em uma metalúrgica de Piracicaba (SP) afirma que "mesmo não consumindo drogas" sente-se coagido. "Não posso negar. O que a empresa vai pensar caso não faça o teste?", diz ele, 43, que faz exames de urina rotineiramente.
Evitar a "coação" é outra justificativa do Conselho Federal de Medicina contra o exame. E, apesar da falta de amparo jurídico, o conselho diz que a exigência dos exames por médicos das empresas é passível de punição. "São cinco penas que podem ser aplicadas ao médico: advertência confidencial, censura confidencial, censura pública, suspensão do exercício profissional até 30 dias e a cassação do médico", explica Von Tiesenhausen.
O laboratório da USP, há 20 anos no mercado, e o Maxilabor, há 13 anos, contam que nunca foram acionados na Justiça por um flagrante. Ao contrário da atitude dos americanos, no Brasil o positivo não costuma resultar em demissão. Só uma pessoa, diz Wong, foi demitida após exame no Maxilabor.
Fonte:ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)
Força, fé e esperança
Clayton Bernardes
Só por hoje 05-04...
Meditação do Dia
Sexta, 05 de Abril de 2013
Identificação
"Alguém, finalmente, conhecia os pensamentos loucos que tive e as coisas loucas que fiz." II Basic Text, p. 175
Um adicto sente-se por vezes completamente único. Temos a certeza de que mais ninguém usou drogas como nós, ou teve de fazer as coisas que nós fizemos para arranjá-las. Se acharmos que mais ninguém nos compreende realmente, estaremos a colocar obstáculos que nos impedirão de recuperar durante muitos anos. Mas uma vez chegados às salas de Narcóticos Anónimos, começamos a perder aquela sensação de sermos "os piores" ou "os mais loucos". Ouvimos outros membros partilharem as suas experiências. Descobrimos que os outros já caminharam o mesmo percurso tortuoso que nós, e mesmo assim conseguiram entrar em recuperação. Começamos a acreditar que a recuperação também está ao nosso alcance. À medida que progredimos na nossa própria recuperação, o nosso pensamento por vezes ainda é insano. Mas descobrimos que quando partilhamos os tempos difíceis que possamos estar a atravessar, há outros que se identificam, partilhando a forma como lidaram com essas dificuldades. Não importa quão distorcidos possam parecer os nossos pensamentos, encontramos esperança quando os outros se identificam connosco, sugerindo-nos as soluções que eles próprios encontraram. Começamos a acreditar que podemos sobreviver àquilo que estivermos a atravessar, a fim de prosseguirmos na nossa recuperação. A dádiva de Narcóticos Anónimos é a de aprendermos que não estamos sós. Podemos largar as drogas e manter-nos limpos partilhando com outros membros a nossa experiência, a nossa força, e mesmo os nossos pensamentos loucos. Quando o fazemos, abrimo-nos às soluções que os outros encontraram para os mesmos desafios que nós enfrentamos.
Só por hoje: Sinto-me grato por poder identificar-me com outros. Hoje vou escutar quando alguém partilhar a sua experiência, e vou partilhar também a minha.
Só por hoje: Sinto-me grato por poder identificar-me com outros. Hoje vou escutar quando alguém partilhar a sua experiência, e vou partilhar também a minha.
Força, fé e esperança,
Clayton Bernardes
quinta-feira, 4 de abril de 2013
REFLEXÃO DIÁRIA - 4 DE ABRIL
REFLEXÃO DIÁRIA - 4 DE ABRIL
GRITANDO PARA A LUA
Este verdadeiro e real sentimento de inferioridade é aumentado pela sua sensibilidade infantil e é este estado de coisas que gera nele essa insaciável e anormal ânsia por aprovação e sucesso aos olhos do mundo. Criança ainda, grita para a lua. E a lua, ao que parece, não quer saber dele.
*LINGUAGEM DO CORAÇÃO, p. 102
Enquanto eu bebia, parecia vacilar entre sentir-me totalmente invisível e acreditar que eu era o centro do universo. A procura por este equilíbrio ilusório entre os dois tornou-se a maior parte de minha recuperação. A lua por quem eu gritava, na sobriedade, raramente estava cheia; ao invés disto mostrou-me muitas outras faces e existem lições em todas elas. Uma verdadeira lição muitas vezes seguiu-se a um eclipse, momentos de escuridão; porém, em cada ciclo de minha recuperação, a luz fica mais forte e minha visão é mais clara.
Força, fé e esperança,
Clayton Bernardes
GRITANDO PARA A LUA
Este verdadeiro e real sentimento de inferioridade é aumentado pela sua sensibilidade infantil e é este estado de coisas que gera nele essa insaciável e anormal ânsia por aprovação e sucesso aos olhos do mundo. Criança ainda, grita para a lua. E a lua, ao que parece, não quer saber dele.
*LINGUAGEM DO CORAÇÃO, p. 102
Enquanto eu bebia, parecia vacilar entre sentir-me totalmente invisível e acreditar que eu era o centro do universo. A procura por este equilíbrio ilusório entre os dois tornou-se a maior parte de minha recuperação. A lua por quem eu gritava, na sobriedade, raramente estava cheia; ao invés disto mostrou-me muitas outras faces e existem lições em todas elas. Uma verdadeira lição muitas vezes seguiu-se a um eclipse, momentos de escuridão; porém, em cada ciclo de minha recuperação, a luz fica mais forte e minha visão é mais clara.
Força, fé e esperança,
Clayton Bernardes
Frases para seu dia!!!
A mudança mais significante na vida de uma pessoa é uma mudança de atitude. Atitudes corretas produzem ações corretas." (William J. Johnson)
... "Entre as drogas que alteram o pensamento, a melhor é a verdade." (Lily Tolim)
... "Não existe nada de completamente errado no mundo; mesmo um relógio parado, consegue estar certo duas vezes por dia" (Paulo Coelho)
... "Cada lágrima nos ensina uma verdade." (Ugo Foscolo)
... "É fácil amar os que estão longe. Mas nem sempre é fácil amar os que vivem ao nosso lado." (Madre Teresa de Calcutá)
... "Pequenas batidas derrubam grandes carvalhos." (Ditado americano)
Força, fé e esperança,
Clayton Bernardes
Combate à Drogas
Combate à Drogas
Drauzio Varella
Por Drauzio Varella
No combate às drogas ilícitas, vamos de mal a bem pior. Até quando insistiremos nesse autoengano policialesco-repressivo-ridículo que corrompe a sociedade e abarrota as cadeias do País?
Faço essa observação, leitor, porque será votado na Câmara um projeto de lei que endurece ainda mais as penas impostas a usuários e traficantes.
Em primeiro lugar, não sejamos ingênuos; a linha que separa essas duas categorias é para lá de nebulosa: quem usa, trafica. O universitário de família privilegiada compra droga só para ele? O menino da periferia resiste à tentação de vender uma parcela da encomenda para diminuir o custo de sua parte? Como amealha recursos o craqueiro da sarjeta, que tem por princípio não roubar nem pedir esmola?
Nas ruas, quem decide como enquadrar o portador de droga apanhado em flagrante é o policial. Entre o universitário branco de boas posses e o mulato do Capão Redondo, você consegue adivinhar quem irá preso como traficante?
Embora considerada tolerante, a legislação vigente desde 2006 agravou a situação das cadeias. Naquele ano, foram presas, por tráfico, 47 mil pessoas que correspondiam a 14% do total de presos no país. Em 2010, esse número saltou para 106 mil, ou 21% do total.
O projeto a ser votado propõe várias ações controversas, para dizer o mínimo.
Entre elas, a ênfase descabida na internação compulsória, enquanto os estudos mostram que o acompanhamento ambulatorial é a estratégia mais importante para a reinserção familiar e social dos dependentes. Isolá-los só se justifica nos casos extremos em que existe risco de morte.
O projeto propõe uma classificação surrealista das drogas de acordo com sua capacidade de causar dependência, segundo a qual alguém surpreendido com crack seria condenado à pena mais longa do que se carregasse maconha. No passado, os americanos adotaram lei semelhante, que condenava o vendedor de crack a passar mais tempo na cadeia do que o traficante de cocaína em pó. As contestações judiciais e os problemas práticos foram de tal ordem que a lei foi revogada, há mais de dez anos.
O projeto reserva atenção especial à criação de um incrível “cadastro nacional de usuários”. No artigo 16, afirma que “instituições de ensino deverão preencher ficha de notificação, suspeita ou confirmação de uso e dependência de drogas e substâncias entorpecentes para fins de registro, estudo de caso e adoção de medidas legais”.
Nossos professores serão recrutados como delatores dos alunos para os quais deveriam servir de exemplo? Os colégios mais caros entregarão os meninos que fumam maconha para inclusão no cadastro nacional e “adoção de medidas legais”?
O mais grave, entretanto, é o endurecimento das penas. Segundo a lei atual, a pena mínima para o fornecedor clássico é de cinco anos; o novo projeto propõe oito anos. Os que forem apanhados com equipamento utilizado no preparo de drogas, apenados com três a dez anos na legislação de hoje, passariam a cumprir 8 a 20 anos. As penas atuais de dois a seis anos dos informantes, que trabalham para grupos de traficantes, seriam ampliadas para seis a dez anos. E por aí vai.
Enquanto um assassino covarde responde o processo em liberdade, quem é preso com droga o faz em regime fechado.
Não quero entrar na discussão de quanto tempo um traficante merece passar na cadeia, estou interessado em saber quanto vamos gastar para enjaulá-los.
Vejam o exemplo do Estado de São Paulo, que conta com 150 penitenciárias e 171 cadeias públicas. Apenas para reduzir a absurda superlotação atual, deveríamos construir mais 93 penitenciárias.
Se levarmos em conta que são efetuadas cerca de 120 prisões por dia, enquanto o número de libertações diárias é de apenas 100, concluímos que é necessário construir dois presídios novos a cada três meses.
Nos padrões atuais, a construção de uma cadeia para 768 presos consome R$ 37 milhões, o que dá perto de R$ 48 mil por vaga, mais da metade do custo de uma casa popular com dois quartos, sala e cozinha, com a qual é possível retirar uma família da favela. O que vai na construção é dinheiro de pinga, perto dos custos para mantê-la funcionando 365 dias por ano.
O projeto que suas excelências votarão pode estar repleto de boas intenções, mas, como dizia minha avó, o inferno anda cheio delas.
Fonte:ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)
força, fé e esperança,
Clayton Bernardes
Drauzio Varella
Por Drauzio Varella
No combate às drogas ilícitas, vamos de mal a bem pior. Até quando insistiremos nesse autoengano policialesco-repressivo-ridículo que corrompe a sociedade e abarrota as cadeias do País?
Faço essa observação, leitor, porque será votado na Câmara um projeto de lei que endurece ainda mais as penas impostas a usuários e traficantes.
Em primeiro lugar, não sejamos ingênuos; a linha que separa essas duas categorias é para lá de nebulosa: quem usa, trafica. O universitário de família privilegiada compra droga só para ele? O menino da periferia resiste à tentação de vender uma parcela da encomenda para diminuir o custo de sua parte? Como amealha recursos o craqueiro da sarjeta, que tem por princípio não roubar nem pedir esmola?
Nas ruas, quem decide como enquadrar o portador de droga apanhado em flagrante é o policial. Entre o universitário branco de boas posses e o mulato do Capão Redondo, você consegue adivinhar quem irá preso como traficante?
Embora considerada tolerante, a legislação vigente desde 2006 agravou a situação das cadeias. Naquele ano, foram presas, por tráfico, 47 mil pessoas que correspondiam a 14% do total de presos no país. Em 2010, esse número saltou para 106 mil, ou 21% do total.
O projeto a ser votado propõe várias ações controversas, para dizer o mínimo.
Entre elas, a ênfase descabida na internação compulsória, enquanto os estudos mostram que o acompanhamento ambulatorial é a estratégia mais importante para a reinserção familiar e social dos dependentes. Isolá-los só se justifica nos casos extremos em que existe risco de morte.
O projeto propõe uma classificação surrealista das drogas de acordo com sua capacidade de causar dependência, segundo a qual alguém surpreendido com crack seria condenado à pena mais longa do que se carregasse maconha. No passado, os americanos adotaram lei semelhante, que condenava o vendedor de crack a passar mais tempo na cadeia do que o traficante de cocaína em pó. As contestações judiciais e os problemas práticos foram de tal ordem que a lei foi revogada, há mais de dez anos.
O projeto reserva atenção especial à criação de um incrível “cadastro nacional de usuários”. No artigo 16, afirma que “instituições de ensino deverão preencher ficha de notificação, suspeita ou confirmação de uso e dependência de drogas e substâncias entorpecentes para fins de registro, estudo de caso e adoção de medidas legais”.
Nossos professores serão recrutados como delatores dos alunos para os quais deveriam servir de exemplo? Os colégios mais caros entregarão os meninos que fumam maconha para inclusão no cadastro nacional e “adoção de medidas legais”?
O mais grave, entretanto, é o endurecimento das penas. Segundo a lei atual, a pena mínima para o fornecedor clássico é de cinco anos; o novo projeto propõe oito anos. Os que forem apanhados com equipamento utilizado no preparo de drogas, apenados com três a dez anos na legislação de hoje, passariam a cumprir 8 a 20 anos. As penas atuais de dois a seis anos dos informantes, que trabalham para grupos de traficantes, seriam ampliadas para seis a dez anos. E por aí vai.
Enquanto um assassino covarde responde o processo em liberdade, quem é preso com droga o faz em regime fechado.
Não quero entrar na discussão de quanto tempo um traficante merece passar na cadeia, estou interessado em saber quanto vamos gastar para enjaulá-los.
Vejam o exemplo do Estado de São Paulo, que conta com 150 penitenciárias e 171 cadeias públicas. Apenas para reduzir a absurda superlotação atual, deveríamos construir mais 93 penitenciárias.
Se levarmos em conta que são efetuadas cerca de 120 prisões por dia, enquanto o número de libertações diárias é de apenas 100, concluímos que é necessário construir dois presídios novos a cada três meses.
Nos padrões atuais, a construção de uma cadeia para 768 presos consome R$ 37 milhões, o que dá perto de R$ 48 mil por vaga, mais da metade do custo de uma casa popular com dois quartos, sala e cozinha, com a qual é possível retirar uma família da favela. O que vai na construção é dinheiro de pinga, perto dos custos para mantê-la funcionando 365 dias por ano.
O projeto que suas excelências votarão pode estar repleto de boas intenções, mas, como dizia minha avó, o inferno anda cheio delas.
Fonte:ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)
força, fé e esperança,
Clayton Bernardes
Assinar:
Postagens (Atom)