quarta-feira, 9 de dezembro de 2015
Contribuir para clima social favorável ao uso de maconha pode ser tão danoso quanto vender a droga
Todos sabemos que a percepção das massas sobre determinado produto influencia muito no seu consumo. Este é o princípio do marketing: criar um produto com um diferencial a partir do qual se construa uma fama que sustente a marca. Parece lógico: quanto mais se reforça a fama, melhor é a percepção das pessoas sobre o produto, maior a procura e maior o consumo.
Com a maconha não é diferente. Alguns estudos demonstram que a onde de legalização se assenta num caldo social de aceitação ao uso que antecede a lei. É um processo de convencimento que vai se construindo lentamente e por meio de vários mecanismos, apresentando-se a cada um de nós por recortes de estudos, casos e evidências de que o risco do uso é baixo, de que o uso é comum, de que o efeito colateral da proibição é maior do que o de usar, de que a regulação do uso é fácil, e por aí vai.
Não são estratégias necessariamente premeditadas e conspiradas por um único grupo organizado favorável ao uso da maconha, mas uma sequência de fatos que naturalmente se seguem uma vez que o processo se iniciou, com alguns oportunistas entrando aqui, outros ali, como andar de bicicleta – depois das primeiras pedaladas, inevitavelmente consegue-se ir longe. E, assim como com a bicicleta – quando você menos percebe, já está andando –, com a maconha acontece o mesmo: quando você menos percebe, sua atitude sobre o uso mudou e você está mais condescendente, menos assustado, achando normal e que nem é tão arriscado assim. Essa mudança faz parte do processo social e de convencimento que antecede a legalização.
Isso é o que mostram alguns estudos. Um deles, chamado “Monitorando o futuro” e conduzido pela Universidade de Michigan (Estados Unidos) desde 1975, entrevista jovens estudantes do 8º, do 10º e do 12º ano Anualmente, são entrevistadas amostras dos cerca de 41.600 estudantes secundaristas. Eles são avaliados sobre o seu consumo de drogas, entre elas a maconha, e sobre a percepção de risco que têm em relação ao uso daquela droga, bem como sobre quanto eles aprovam ou desaprovam o consumo. O resultado levou a uma série histórica de 40 anos de pesquisa. Durante esse período, principalmente na década de 1980, houve uma diminuição acentuada da percepção de risco e aumento da aprovação do consumo. Nessa década, o consumo aumentou bastante. Depois, houve um aumento da percepção de risco e da desaprovação do consumo, resultando na diminuição do uso da droga.
No âmbito individual, parece bastante óbvio: se você acha que alguma coisa vai lhe causar dano, sua tendência é evitá-la. No social, por analogia, a atitude permissiva leva à diminuição da percepção de risco e ao aumento do consumo.
As questões que se impõem são as seguintes: com base em quais dados e evidências estamos construindo a percepção social atual sobre o risco do uso da maconha? Estamos informados sobre todos os aspectos de saúde? E sobre os riscos que a nossa própria atitude social exercerá sobre os adolescentes, por exemplo? Não estamos trabalhando em cima de dados de recortes que interessam a grupos de usuários eventuais, mas não a adolescentes predispostos à esquizofrenia, por exemplo? Não deveríamos proteger os mais vulneráveis? Não é esse o papel das políticas públicas de saúde?
São inúmeras as outras questões, mas que fogem ao escopo desta discussão. O que interessa aqui é que a atitude social que se constrói é de tamanha seriedade que no debate não se pode omitir nenhum detalhe. Não é um assunto banal. Não se trata de resolver um único problema, como o tráfico, ou de um único grupo, como o de usuários eventuais. Trata-se de administrar todos os fatores envolvidos na questão, incluindo o de saúde pública. Todos sabemos os riscos potenciais para a saúde, exatamente? Não só para a sua saúde, mas para a saúde de todos – dos mais vulneráveis, inclusive. É preciso pensar em uma política para o bem comum.
Por isso devemos ter cuidado: contribuir para um clima social favorável a uma atitude positiva sobre a maconha aumenta o uso e pode ser tão danoso quanto vender a droga.
Referência: Lloyd D. Johnston; Patrick M. O´Malley; Jerald G. Bachman; John E. Schulenberg. MONITORING THE FUTURE – NATIONAL SURVEY RESULTS ON DRUG USE, 1975-2014. The National Institute on Drug Abuse at National Institutes of Health.
Conad divulga resultado de contribuições da sociedade para UNGASS 2016
Brasília, 4/12/15 – Após consulta e audiência pública conselho avalia as contribuições da sociedade para compor a posição do Conselho a respeito da Sessão Especial das Nações Unidas sobre o Problema Mundial das Drogas - UNGASS 2016. Clique e confira o material na íntegra.
Entre as principais contribuições feitas pela sociedade por meio de uma consulta e uma audiência públicas, temos o aprimoramento das políticas de prevenção em matéria de drogas, por meio do desenvolvimento de programas transversais, multidisciplinares e integrados; ampliação e fortalecimento de redes públicas de saúde e de assistência social; promoção de diretrizes internacionais para prevenção do consumo de drogas entre crianças, adolescentes e adultos jovens; estímulo à realização de pesquisas científicas; fortalecimento da formação de profissionais para prevenção ao uso prejudicial e cuidado; aumento do controle e da regulamentação da produção, da comercialização e da propaganda de bebidas alcoólicas, com destaque às medidas de restrição de acesso. O documento tem ainda sugestões na área criminal, direitos humanos, desenvolvimento alternativo e novos enfoques para a questão das drogas.
O secretário nacional de Políticas sobre Drogas do Ministério da Justiça, Luiz Guilherme Mendes de Paiva, acredita que a UNGASS 2016 será "um importante evento para o debate dos atuais desafios que se apresentam ao sistema internacional de controle de drogas".
UNGASS 2016
Realizada pela Assembleia Geral das Nações Unidas, a UNGASS 2016 vai possibilitar a discussão das principais diretrizes globais sobre a questão das drogas a serem seguidas pelos Estados membros da ONU.
Quem participou da Consulta Pública teve a oportunidade de preencher este Guia e enviá-lo ao Conad. Para saber mais sobre a sessão, prazos e procedimentos, visite o sítio oficial do evento.
A UNGASS 2016 será um importante evento para discutir os atuais desafios que se apresentam ao sistema internacional de controle de drogas. Para saber mais sobre a sessão, prazos e procedimentos, visite o sítio oficial do evento.
Ministério da Justiça
domingo, 6 de dezembro de 2015
Liberação da maconha no Uruguai não acabou com o tráfico
site deputado Osmar Terra
Quando o Parlamento do Uruguai aprovou, no dia 10 de dezembro de 2013, a lei 19.172 - que deu ao governo o controle sobre produção, consumo e distribuição de maconha, o objetivo era derrubar tráfico de drogas, por intermédio de uma política de mercado. A ideia da liberação foi do então presidente Pepe Mujica. O texto entrou em vigor em 6 de maio de de 2014 e lá para cá o resultado não foi exatamente o programado.
Dados oficiais do Instituto Técnico Forense (ITF), onde chegam as drogas apreendidas por ordem judicial, apontam que a policia duplicou o recolhimento de plantas de maconha em cultivos ilegais. Ao mesmo tempo em que continuou a entrada livre de maconha vinda do Paraguai, aumentou o consumo de pasta base de cocaína – que o mesmo Mujica acreditava que cairia com a liberação da maconha.
No Brasil, o deputado federal Osmar Terra (PMDB-RS) que acompanhou o processo de legalização da droga no Uruguai, comentou:
- O mesmo ITF constatou um crescimento no consumo de cocaína e extasis. É a prova que a liberação da maconha fracassou, não deu o resultado esperado. É bom lembrar que durante a campanha eleitoral, seu sucessor, Tabaré Vazquez, da mesma Frente Ampla, disse ser contra a liberação, mas que seria obrigado a cumprir a lei aprovada no Parlamento.
Vazquez tenta segurar a venda livre de maconha nas farmácias – a associação dos químicos-farmacêuticos já se manifestou contra o negócio - e controla de perto os clubes de plantação e consumo da erva. Autoridades ainda debatem a regulamentação da lei, como controlar o tráfico – que não parou e cresceu -, como evitar seu uso no ambiente de trabalho.
Osmar Terra apontou dados preocupantes:
- Em 2013, a polícia uruguaia apreendeu 261pés de maconha, em 2014, foram 621; e nos primeiros dez meses de 2015, 1.058. Isto prova que, mesmo com a legalização do plantio, a plantação ilegal cresceu muito.
Na esteira da liberação da maconha, o êxtasis ganha espaço. Se em 2014, a polícia recolheu 140 comprimidos (40 gramas), de janeiro a outubro de 2015 foram 17 quilos – uma verdadeira invasão da droga.
A questão da maconha liberada não está resolvida no Uruguai. Há grandes resistências, até mesmo no governo eleito pela Frente Ampla:
- Já se sabia que o presidente eleito Tabaré Vázquez é contra a lei. A novidade é que seu irmão Jorge, subsecretario do Ministério do Interior que lidera a luta contra o crime organizado também desaprova a lei. Durante entrevista à TV Ciudad, de Montevidéu, revelou ter ido contra a regulação, mas teve que aceitar o resultado.
Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas
Lição de felicidade
Mas as portas não se abriam. A indiferença lhes atirava ao rosto expressões rudes, em que palavras como moleque, trabalho e filhos de ninguém se misturavam.
Finalmente, em uma casa singela, uma senhora atenta lhes disse: Vou ver se tenho alguma coisa para lhes dar. Coitadinhos.
E voltou com uma caixinha de leite. Que alegria!
Os garotos se sentaram na calçada. O menor disse para o irmão: Você é mais velho, tome primeiro...
Estendeu a caixa e ficou olhando-o, com a boca semiaberta, mexendo a ponta da língua, parecendo sentir o gosto do líquido entre seus dentes brancos.
O menino de dez anos levou a caixa à boca, no gesto de beber. Mas, apertou fortemente os lábios para que nenhuma gota do leite penetrasse. Depois, devolveu a caixinha ao irmãozinho: Agora é a sua vez. Só um pouco, recomendou.
O pequeno deu um grande gole e exclamou: Como está gostoso.
Agora eu, disse o mais velho. Tornou a levar a caixinha, já meio vazia, à boca e repetiu o gesto de beber, sem beber nada.
Agora você. Agora eu. Agora você.
Depois de quatro ou cinco goles, talvez seis, o menorzinho, de cabelo encaracolado, barrigudinho, esgotou o leite todo. Sozinho.
Foi nesse momento que o extraordinário aconteceu. O menino maior começou a cantar e a jogar futebol com a caixinha. Estava radiante, todo felicidade. De estômago vazio. De coração transbordando de alegria.
Pulava com a naturalidade de quem está habituado a fazer coisas grandiosas sem dar importância.
Observando aqueles dois irmãos e o Agora você, Agora eu, nossos olhos se encheram de lágrimas.
Que lição de felicidade! Que demonstração de altruísmo! O maior, em verdade, demonstrou, pelo seu gesto, que é sempre mais feliz aquele que dá do que aquele que recebe.
Este é o segredo do amor. Sacrificar-se a criatura com tal naturalidade, de forma tão discreta, que o amado nem possa agradecer pelo que está recebendo.
Enquanto os dois irmãos desciam a rua, cantarolando, abraçados, em nossa mente vários ensinos de Jesus foram sendo recordados.
Fazer ao outro o que gostaria que lhe fosse feito.
O óbolo da viúva.
Amai-vos uns aos outros...
* * *
Coloca, nas janelas da tua alma, o amor, a bondade, a compaixão, a ternura para que alcances a felicidade.
Amando, ampliarás o círculo dos teus afetos e serás, para os teus amigos, uma bênção.
Faze o bem, sempre que possas. E, se a ocasião não aparecer, cria a oportunidade de servir. Deste modo, a felicidade estará esperando por ti.
Fonte: (www.momento.com.br)
Prevenção de recaídas
O tratamento para pessoas com transtornos por uso de álcool é um processo delicado e contínuo e, muitas vezes acontecem recaídas, especialmente no primeiro ano de tratamento. Para garantir melhores resultados, é necessário trabalhar para que o paciente se mantenha motivado, com persistência, determinação, que tenha incentivo e apoio por parte da família e de amigos para então enfrentar o momento de recaída e se reestabelecer no tratamento o mais rápido possível.
Quando a recaída acontece, o paciente não deve se sentir envergonhado ou fracassado; é preciso compreender que ela será contemplada pelo tratamento, e que quanto mais curta e menos intensa ela for, menores os danos.
Nesse sentido, é importante compreender a dependência do álcool como doença crônica, assim como diabetes, hipertensão ou asma, doenças que acompanham o indivíduo durante muitos anos, com momentos de melhora e piora dos sintomas, para as quais existem tratamentos efetivos quando feitos de forma continuada. Assim, é essencial perceber as recaídas como parte do curso natural do transtorno por uso de álcool, para que sejam vistas como momentos de aprender sobre as dificuldades do indivíduo, avaliar a presença de fatores estressores e reavaliar as estratégias terapêuticas.
Para transtornos por uso de álcool, indica-se acompanhamento psicológico e psiquiátrico, e muitas vezes o uso de medicamentos poderá colaborar na prevenção de recaídas. Terapias comportamentais, como a técnica de Mindfulness (para saber mais, clique aqui), podem ser ferramentas úteis especialmente no monitoramento e enfrentamento do desconforto associado à fissura e a sensações subjetivas desagradáveis, como estresse, angústia ou ansiedade.
Outro ponto importante na prevenção é auxiliar na recuperação de forma integrada, buscando uma vida equilibrada, com a criação de hábitos saudáveis, estruturação familiar, psicológica, boas condições de moradia e emprego, construção de sólido círculo social para apoio, estabelecimento de metas alcançáveis e aprendizado para evitar situações que sejam motivos para recaídas em cada caso particular. Datas festivas, como Carnaval, Natal e Ano Novo, também merecem avaliação cuidadosa para instrumentalizar o indivíduo para lidar com as pressões sociais ao consumo de álcool, além de serem datas potencialmente difíceis para quem tem situações de conflito familiar. As chances de recaídas são maiores nestes períodos, quando o uso do álcool é cultural e socialmente mais aceito e há maior oferta de bebidas. Portanto, quem sofre de dependência alcoólica, ou está sob tratamento para esse transtorno, deve ter cuidado redobrado e não sentir vergonha em recusar quando alguém oferecer alguma bebida alcoólica, nem que seja somente para brindar.
Sabemos que o paciente é, em última instância, o responsável pelo seu tratamento. Entretanto, é necessário reconhecer a relevância que o apoio de amigos e familiares pode exercer na motivação do indivíduo para superar seus anseios e conseguir aderir a um tratamento a longo prazo. Pode ser útil para os envolvidos com o indivíduo, buscar ajuda profissional, considerando as dificuldades que comumente acontecem para lidar com a doença crônica chamada alcoolismo.
Fonte:CISA - Centro de Informações Sobre Saúde e Álcool
sexta-feira, 4 de dezembro de 2015
CONHEÇA MAIS SOBRE O CRACK E SEUS DEVASTADORES MALES...
Crack
Leva 10 segundos para fazer o efeito, gerando euforia e excitação; respiração e batimentos cardíacos acelerados, seguido de depressão, delírio e "fissura" por novas doses. "Crack" refere-se à forma não salgada da cocaína isolada numa solução de água, depois de um tratamento de sal dissolvido em água com bicarbonato de sódio. Os pedaços grossos secos têm algumas impurezas e também contêm bicarbonato. Os últimos estouram ou racham (crack) como diz o nome.
Cinco a sete vezes mais potente do que a cocaína, o crack é também mais cruel e mortífero do que ela. Possui um poder avassalador para desestruturar a personalidade, agindo em prazo muito curto e criando enorme dependência psicológica. Assim como a cocaína, não causa dependência física, o corpo não sinaliza a carência da droga.
As primeiras sensações são de euforia, brilho e bem-estar, descritas como o estalo, um relâmpago, o "tuim", na linguagem dos usuários. Na segunda vez, elas já não aparecem. Logo os neurônios são lesados e o coração entra em descompasso (de 180 a 240 batimentos por minuto). Há risco de hemorragia cerebral, fissura, alucinações, delírios, convulsão, infarto agudo e morte.
O pulmão se fragmenta. Problemas respiratórios como congestão nasal, tosse insistente e expectoração de mucos negros indicam os danos sofridos.
Dores de cabeça, tonturas e desmaios, tremores, magreza, transpiração, palidez e nervosismo atormentam o craqueiro. Outros sinais importantes são euforia, desinibição, agitação psicomotora, taquicardia, dilatação das pupilas, aumento de pressão arterial e transpiração intensa. São comuns queimaduras nos lábios, na língua e no rosto pela proximidade da chama do isqueiro no cachimbo, no qual a pedra é fumada.
O crack induz a abortos e nascimentos prematuros. Os bebês sobreviventes apresentam cérebro menor e choram de dor quando tocados ou expostos à luz. Demoram mais para falar, andar e ir ao banheiro sozinhos e têm imensa dificuldade de aprendizado.
O caminho da droga no organismo
Do cachimbo ao cérebro
1. O crack é queimado e sua fumaça aspirada passa pelos alvéolos pulmonares
2. Via alvéolos o crack cai na circulação e atinge o cérebro
3. No sistema nervoso central, a droga age diretamente sobre os neurônios. O crack bloqueia a recaptura do neurotransmissor dopamina, mantendo a substância química por mais tempo nos espaços sinápticos. Com isso as atividades motoras e sensoriais são superestimuladas. A droga aumenta a pressão arterial e a frequência cardíaca. Há risco de convulsão, infarto e derrame cerebral
4. O crack é distribuído pelo organismo por meio da circulação sanguínea
5. No fígado, ele é metabolizado
6. A droga é eliminada pela urina
Ação no sistema nervoso
Em uma pessoa normal, os impulsos nervosos são convertidos em neurotransmissores, como a dopamina (1), e liberados nos espaços sinápticos. Uma vez passada a informação, a substância é recapturada (2). Nos usuários de crack, esse mecanismo encontra-se alterado.
A droga (3) subverte o mecanismo natural de recaptação da substância nas fendas sinápticas. Bloqueado esse processo, ocorre uma concentração anormal de dopamina na fenda (4), superestimulando os receptores musculares - daí a sensação de euforia e poder provocada pela droga. A alegria, entretanto, dura pouco. Os receptores ajustam-se às necessidades do sistema nervoso. Ao perceber que existem demasiados receptores na sinapse, eles são reduzidos. Com isso as sinapses tornam-se lentas, comprometendo as atividades cerebrais e corporais
O crack nasceu nos guetos pobres das metrópoles, levando crianças de rua ao vício fácil e a morte rápida. Agora chega à classe média, aumentando seu rastro de destruição
Fonte: Anjos Caídos, Içami Tiba. Editora Gente, 6ª edição
Fonte: Globo Ciência/1996 Ano 5 nº 58
Cinco a sete vezes mais potente do que a cocaína, o crack é também mais cruel e mortífero do que ela. Possui um poder avassalador para desestruturar a personalidade, agindo em prazo muito curto e criando enorme dependência psicológica. Assim como a cocaína, não causa dependência física, o corpo não sinaliza a carência da droga.
As primeiras sensações são de euforia, brilho e bem-estar, descritas como o estalo, um relâmpago, o "tuim", na linguagem dos usuários. Na segunda vez, elas já não aparecem. Logo os neurônios são lesados e o coração entra em descompasso (de 180 a 240 batimentos por minuto). Há risco de hemorragia cerebral, fissura, alucinações, delírios, convulsão, infarto agudo e morte.
O pulmão se fragmenta. Problemas respiratórios como congestão nasal, tosse insistente e expectoração de mucos negros indicam os danos sofridos.
Dores de cabeça, tonturas e desmaios, tremores, magreza, transpiração, palidez e nervosismo atormentam o craqueiro. Outros sinais importantes são euforia, desinibição, agitação psicomotora, taquicardia, dilatação das pupilas, aumento de pressão arterial e transpiração intensa. São comuns queimaduras nos lábios, na língua e no rosto pela proximidade da chama do isqueiro no cachimbo, no qual a pedra é fumada.
O crack induz a abortos e nascimentos prematuros. Os bebês sobreviventes apresentam cérebro menor e choram de dor quando tocados ou expostos à luz. Demoram mais para falar, andar e ir ao banheiro sozinhos e têm imensa dificuldade de aprendizado.
Do cachimbo ao cérebro
1. O crack é queimado e sua fumaça aspirada passa pelos alvéolos pulmonares
2. Via alvéolos o crack cai na circulação e atinge o cérebro
3. No sistema nervoso central, a droga age diretamente sobre os neurônios. O crack bloqueia a recaptura do neurotransmissor dopamina, mantendo a substância química por mais tempo nos espaços sinápticos. Com isso as atividades motoras e sensoriais são superestimuladas. A droga aumenta a pressão arterial e a frequência cardíaca. Há risco de convulsão, infarto e derrame cerebral
4. O crack é distribuído pelo organismo por meio da circulação sanguínea
5. No fígado, ele é metabolizado
6. A droga é eliminada pela urina
Em uma pessoa normal, os impulsos nervosos são convertidos em neurotransmissores, como a dopamina (1), e liberados nos espaços sinápticos. Uma vez passada a informação, a substância é recapturada (2). Nos usuários de crack, esse mecanismo encontra-se alterado.
A droga (3) subverte o mecanismo natural de recaptação da substância nas fendas sinápticas. Bloqueado esse processo, ocorre uma concentração anormal de dopamina na fenda (4), superestimulando os receptores musculares - daí a sensação de euforia e poder provocada pela droga. A alegria, entretanto, dura pouco. Os receptores ajustam-se às necessidades do sistema nervoso. Ao perceber que existem demasiados receptores na sinapse, eles são reduzidos. Com isso as sinapses tornam-se lentas, comprometendo as atividades cerebrais e corporais
Fonte: Anjos Caídos, Içami Tiba. Editora Gente, 6ª edição
Fonte: Globo Ciência/1996 Ano 5 nº 58
Status do consumo de álcool nas Américas
A Organização Panamericana de Saúde (OPAS, o escritório regional da Organização Mundial da Saúde – OMS, para as Américas) divulgou em julho de 2015 o relatório “Status do consumo de álcool nas Américas”, que examinou os padrões e consequências do uso de álcool nos 36 países da região.
Com dados de 2010 a 2012, corresponde a um primeiro desdobramento do relatório lançado em 2014 pela OMS, que reforça a meta voluntária de redução do consumo nocivo* em 10% até o ano de 2025 (para saber mais, clique aqui). Destacou-se a necessidade de novas e mais amplas pesquisas epidemiológicas nacionais consistentes, tendo em vista que a falta de dados oficiais de qualidade é o principal fator limitante do levantamento adequado da questão.
Perfil de consumo
O consumo de álcool na região das Américas é maior do que a média mundial. A frequência do Beber Pesado Episódico** (BPE, também chamado neste relatório de “episódios de consumo excessivo”) nas Américas é de 1 em cada 5 bebedores (22%), enquanto a média mundial é de 16%. Em especial, nos últimos cinco anos houve aumento expressivo do BPE: as mulheres aumentaram de 4,6 a 13% e homens de 17,9 para 29,4%.
Notam-se ainda grandes diferenças entre os gêneros nos países americanos em termos de consumo de álcool. Por exemplo, as mulheres chilenas praticamente não incorrem em episódios de consumo excessivo (0,1%), enquanto entre homens a frequência é de 13,5%. Na Guatemala, por exemplo, homens bebem até 15 vezes mais que mulheres, enquanto no Brasil essa diferença é de 3 vezes.
Com relação aos tipos de bebida, a cerveja é a bebida de preferência nas Américas, ainda que em alguns países caribenhos predomine destilados e em países como Argentina, Chile e Uruguai predomine o vinho.
Álcool e saúde
O uso nocivo de álcool contribui para desenvolvimento de mais de 200 doenças, incluindo lesões, alguns tipos de câncer, infecções - como HIV - e transtornos mentais. É ainda o principal fator associado aos índices de incapacidade e morte entre pessoas de 15 a 49 anos no mundo. Nas Américas, complicações ligadas ao consumo de álcool foram responsáveis por cerca de 300 mil mortes em 2012, das quais 80 mil podem ser diretamente atribuíveis ao uso nocivo de tal substância. Ainda que muitas condições estejam relacionadas ao uso pesado e prolongado, até 35% das mortes e incapacidades têm relação com efeitos agudos do uso excessivo, principalmente acidentes e lesões.
Em 2010, as três principais causas de adoecimento relacionadas ao álcool foram cirrose hepática, transtornos por uso de álcool (TUA) (para saber mais, clique aqui) e violência interpessoal. A cirrose foi a principal complicação para ambos os gêneros e os homens tendem a sofrer mais lesões e acidentes. A frequência de TUA nas Américas é relativamente alta quando comparada às demais regiões, sendo equivalente a 9% para homens (atrás apenas dos europeus) e 3,2% para as mulheres (maior que nas demais regiões do mundo).
O Brasil está em 3º lugar no índice de mortalidade atribuível ao álcool entre homens (74 por 100 mil habitantes) e em 11º lugar entre mulheres (12 por 100 mil habitantes). Quando comparados os resultados de 1990 e 2010, nota-se diminuição do índice de mortalidade para mulheres, de aproximadamente 6%, e aumento de aproximadamente 23% para homens. O relatório destaca que, embora tenha ocorrido redução na mortalidade relacionada ao álcool em quase todos os países que compõem a região das Américas, a maior parte das mortes acontece na faixa dos 30 a 59 anos, período em que é esperada maior produtividade pessoal e profissional dos indivíduos.
Juventude
Sabe-se que o consumo de álcool por adolescentes, além de prejudicar a formação do cérebro, aumenta o risco de consequências negativas como gravidez precoce e indesejada, violência, e acidentes. Quanto mais cedo ocorre o primeiro contato com uso de álcool, maiores os riscos de problemas. Por exemplo, consumir a primeira dose antes dos 15 anos aumenta em cinco vezes o risco de desenvolvimento de dependência e em sete vezes o risco de se envolver em acidentes de trânsito ou luta física. Preocupa o fato de que em muitos países americanos a maior parte dos jovens consome a primeira dose aos 14 anos.
Em 2010, cerca de 14 mil mortes de jovens com menos de 19 anos foram atribuídas ao álcool. O Brasil apresenta, entre os países das Américas, o maior índice de mortes relacionadas ao consumo de álcool por adolescentes com idade entre 15 e 19 anos, seguido por Guatemala e Venezuela. Constatou-se que os jovens das Américas costumam ingerir uma ou duas doses a mais por ocasião quando comparado aos adultos. Mais de 60% dos adolescentes homens em sete países (inclusive o Brasil) apresentaram perfil de BPE. Já para adolescentes mulheres os valores são menores; porém ainda elevados em alguns países, chegando ao máximo de 40% no Canadá. A frequência de BPE entre adolescentes na região das Américas só fica atrás da Europa, tanto para mulheres (7,1% versus 22%) como para homens (29,3% versus 40%).
Mulheres
O consumo de álcool pelas mulheres tem crescido em vários países e vem se aproximando ao dos homens, que historicamente sempre foi maior. Sabe-se que as mulheres tendem a apresentar problemas sociais e de saúde ligados ao consumo de álcool com doses menores, pois fisiologicamente são mais vulneráveis, fato que levanta uma série de preocupações tendo em vista esta mudança no perfil das consumidoras de álcool. Como mencionado no tópico Álcool e Saúde, o índice de TUA entre mulheres americanas é maior que no resto do mundo.
Perfil socioeconômico
O perfil socioeconômico da região das Américas é bastante heterogêneo, o que dificulta estudos comparativos entre os países. Apesar disso, constatou-se que em países de menor renda o álcool tem maior impacto negativo na saúde, mesmo se em intensidade semelhante a outros países mais ricos, diferença atribuída ao menor acesso aos serviços de saúde e a estratégias de prevenção com grupos de maior risco.
Povos indígenas
Povos indígenas são muito presentes nos países americanos, representando 13% da população, e são mais vulneráveis às consequências negativas do álcool por questões socioeconômico-culturais. Apesar de escassos, os dados referentes a essa população mostram maior risco para desenvolvimento de TUA, depressão, suicidalidade e outras complicações relacionadas ao álcool.
Álcool e direção
A combinação de álcool e direção é uma das principais causas de morte em jovens no mundo. A criação de limites de concentração sanguínea de álcool máxima permitida é considerada outra medida efetiva para redução do número de acidentes no trânsito.
No Brasil, a mudança da legislação relacionada ao beber e dirigir vem ocorrendo desde 1998 (para saber mais, clique aqui). Atualmente, nosso país é um dos 25 do mundo que estabeleceram a tolerância zero para o consumo de álcool por motoristas e um dos 130 que usam o etilômetro (teste do “bafômetro”) como forma de monitoramento do cumprimento da lei. Alguns países da América ainda não têm limites estabelecidos (Bolivia, Paraguai e alguns caribenhos) e 5 possuem limite acima de 0,04 g/dL, o que é considerado alto por já ser capaz de impactar o risco de acidente.
Apesar das blitz policiais aleatórias serem consideradas custo-efetivas e colaborarem na diminuição de acidentes relacionados ao álcool, sua frequência e formas de execução são fatores essenciais para exercerem tal papel protetor. Assim sendo, o que se observa é que quando não há continuidade nas medidas fiscalizadoras, o impacto na redução de mortes viárias tende a desaparecer, apesar da existência de leis. Segundo este relatório da OPAS, o Brasil ainda apresenta altos índices de morte no trânsito, a despeito da implementação das medidas restritivas ao consumo de álcool por condutores (para saber mais, clique aqui).
*Consumo nocivo é definido pela OMS como aquele capaz de gerar algum problema social e/ou de saúde ao indivíduo e/ou a terceiros.
**O beber pesado episódico (BPE) é definido pela OMS como a ingestão de 60 g ou mais de álcool (cerca de 5-6 doses) em uma única ocasião nos últimos 30 dias. É um padrão de consumo que expõe o indivíduo a um maior risco para danos sociais e de saúde, como prejuízos nas atividades acadêmicas e laborais, envolvimento em relações sexuais desprotegidas ou não consensuais, brigas e violência, acidentes automotivos, entre outros.
Fonte:CISA - Centro de Informações Sobre Saúde e Álcool
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