segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Efeitos do beber pesado no sistema imunológico


 

O uso de álcool, especificamente quando leva ao estado de embriaguez, foi associado a mais de 30% dos casos de traumas físicos, e entre tais vítimas atendidas nas unidades de emergência, há maior risco para complicações, como doenças infecciosas e resposta inflamatória grave, o que implica maior mortalidade. Estudos em humanos e modelos animais já demonstraram que a intoxicação alcoólica exerce efeitos imunomoduladores com início em algumas horas a dias após a ingestão, quando o álcool no sangue já não é mais detectável. Entretanto, os efeitos imunomoduladores precoces do álcool no sangue ainda não são bem compreendidos.

Com o objetivo de elucidar esta questão, foram recrutados 15 voluntários saudáveis, sem história de problemas por uso de álcool, que mantiveram abstinência de álcool, cafeína e nicotina por ao menos 72 horas antes do teste. No teste, foi consumido álcool em quantidade necessária para atingir concentração alveolar igual ou superior a 0,1% (medido por bafômetro), com repetições dessa medição a cada 30 minutos. Ainda, para verificar a correlação da medida alveolar com a concentração de álcool no sangue, foram coletadas amostras sanguíneas após 20 minutos, 2 e 5 horas a partir do momento em que a concentração alveolar atingiu 0,1%. Todos os participantes atingiram pico de concentração de álcool no sangue entre 20 min e 2 horas, em valor superior a 100 mg/dL (suficiente para haver embriaguez).

A partir do sangue, foram analisadas células do sistema imunológico (monócitos, leucócitos e linfócitos), quantitativa e qualitativamente, e também a responsividade de citocinas (moléculas envolvidas na modulação das respostas imunológicas), isto é, se a produção de citocinas, diante de estímulos previamente estipulados, foi alterada ou não. Os resultados indicaram a ocorrência de estado pró-inflamatório precoce, aos 20 minutos, caracterizado por aumento no número de leucócitos circulantes e resposta inflamátória na produção de citocinas. Já nos tempos de 2 e 5 horas após a ingestão ocorreu estado anti-inflamatório, com diminuição e alteração dos tipos de leucócitos circulantes e resposta anti-inflamatória na produção de citocinas.

Como conclusão, os autores alertam que mesmo um único episódio de intoxicação alcoólica exerce efeitos sobre o sistema imunológico, causando alteração bifásica, isto é, inicialmente estado pró-inflamatório, seguido de estado anti-inflamatório. Os impactos clínicos dessas alterações não são totalmente conhecidos, mas para o caso de vítimas de traumas e acidentes com elevada concentração de álcool no sangue, é importante conhecer que haverá maior exposição aos ativadores de inflamação do próprio organismo e aos agentes infecciosos, o que poderia representar risco adicional à saúde.
Fonte:CISA - Centro de Informações Sobre Saúde e Álcool

Maus hábitos são responsáveis por 80% dos casos de câncer

   
 


Revista Veja
De acordo com um novo estudo, fumar, beber, expor-se ao sol e à poluição estão entre as principais causas da maioria dos tumores malignos

Câncer: apenas entre 10% e 30% dos tumores seriam causados por mutações celulares inevitáveis. Os cânceres mais comuns são desencadeados por fatores externos e, portanto, poderiam ser evitados com mudanças de comportamento e no ambiente(Thinkstock/VEJA)

Fumar, beber, exposição ao sol e poluição do ar, são responsáveis por até nove em cada dez casos de câncer. É o que diz um estudo publicado nesta quinta-feira, na revista científica Nature.

A descoberta contraria uma pesquisa anterior, segundo a qual 65% dos tumores seriam causados por erros aleatórios na divisão celular, o que estaria fora de nosso controle. De acordo com o novo trabalho, realizado por pesquisadores da Universidade Stony Brook, em Nova York, nos Estados Unidos, estas mutações seriam responsáveis por, no máximo, 30% dos tumores. Dessa forma, muitos casos seriam evitáveis se "eliminássemos" todos os fatores externos de risco.

Os pesquisadores utilizaram diversas abordagens, incluindo modelos de computação, dados populacionais e genéticos. "Fatores externos desempenham um papel importante e as pessoas não podem mais utilizar a ´má sorte` como desculpa [para o câncer]", disse Yusuf Hannun, um dos autores, à rede britânica BBC.

Outras evidências utilizadas pelos cientistas vieram de estudos anteriores que mostraram que imigrantes provenientes de locais de baixa incidência de câncer, ao se mudarem para países com alta incidência da doença, acabavam desenvolvendo as mesmas taxas de ocorrência de tumores da população local. Isso salienta o fator ambiental, em detrimento do biológico ou genético.

Os pesquisadores ressaltaram que alguns cânceres são de fato desencadeados por mutações genéticas, mas isso é raro. Os mais prevalentes são causadas por fatores ambientais. Por isso, eles ressaltaram a importância de considerá-los na prevenção e diagnóstico.
(Da redação)
Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas


quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Reflexão do dia 16 de Dezembro


PARCEIROS NA RECUPERAÇÃO
... não há nada melhor, para assegurar nossa imunidade contra a bebida, do que o trabalho intensivo com outros alcoólicos... Ambos, você e o novo homem, devem andar passo a passo no caminho de um Poder Superior e brevemente estará vivendo num novo e maravilhoso mundo, não importa qual seja sua situação atual.
ALCOÓLICOS ANÔNIMOS PG. 118 119


Fazer as coisas certas pelas razões certas - esta é a minha maneira de controlar meu egoísmo e meu auto-centrismo. Percebo que minha dependência de um Poder Superior limpa o caminho para a paz de espírito, a felicidade e a sobriedade.
Rezo todo o dia para evitar minhas antigas ações, a fim de que eu seja de utilidade para os outros.

Pesquisa foi realizada com mais de 8,8 mil alunos e 500 pais de instituições públicas da cidade

  
 


A Notícia - Joinville - Leandro S. Junges

O acesso às drogas nas escolas públicas de Joinville é uma realidade que começa antes dos 12 anos de idade. Essa é uma das conclusões de uma pesquisa sobre o uso de drogas realizada com mais de 8,8 mil alunos e quase 500 pais da rede pública de educação da cidade.

Mais de 36% dos alunos que responderam ao questionário disseram que já viram “ao vivo” drogas ilegais e tiveram esse contato antes dos 12 anos. Mais da metade (53%) deles teve esse contato antes dos 15 anos.

Entre os pais, esses valores se invertem: mais de 32% dos que já viram drogas ao vivo só tiveram acesso depois dos 15 anos. A maioria dos alunos, porém, diz que nunca usou drogas, nem tem vontade (86%).

O estudo é um dos mais abrangentes do País em relação ao percentual de estudantes ouvidos, já que quase 20% de todo o universo de alunos da rede pública foi consultado. Dos 8,8 mil jovens que responderam à pesquisa, a grande maioria (82%) tem entre 10 e 15 anos.

— É o maior estudo sobre uso de drogas já realizado em âmbito municipal no País. Para se ter uma ideia, a maior pesquisa é a nacional, que ouviu 50 mil estudantes num universo de 39 milhões — diz Roberto Freitas, idealizador do estudo dentro do Rotary Club Colon, de Joinville.

O estudo completo foi entregue nesta quarta-feira ao prefeito Udo Döhler. O álcool, o cigarro, a maconha, o LSD e o ecstasy são as drogas mais consumidas pelos estudantes das escolas públicas de Joinville.

Quase 80% dos que já experimentaram algum tipo de droga consumiram álcool. Em segundo lugar, aparece o cigarro, com 31,63%, e, em terceiro, a maconha, com 29,18%.

O levantamento é uma reedição do que foi feito no ano passado em sete dos maiores colégios particulares da cidade: Bom Jesus Ielusc, Elias Moreira, Exathum, Positivo, Santos Anjos, Sociesc e Univille.

Entre os alunos das escolas particulares, o cigarro não aparece entre as drogas mais consumidas, e a maconha aparece em segundo lugar, atrás do álcool. A pesquisa foi realizada pelo Rotary e teve a participação da Secretaria de Proteção Civil da Prefeitura. Alunos e pais de todas as regiões de Joinville participaram do estudo.

Outros números

O levantamento também indica algumas considerações sobre a relação familiar e o papel da escola. Mais de 60% dos alunos raramente ou nunca fala sobre drogas em casa com os pais. Essa conclusão também estava presenta na pesquisa feita com os alunos de escolas particulares.

De uma maneira geral, os pais dos estudantes joinvilenses não estão vendo – ou não querem ver – o quanto as drogas estão próximas de seus filhos. Os estudantes também informaram que, se quisessem, conseguiriam comprar drogas na escola, entre familiares, no bairro, com amigos e até em redes sociais.


Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas

Tratamento da dependência de drogas: da coerção à coesão


 

Por Gilberto Gerra, Chefe do Departamento de Prevenção às Drogas e Saúde do UNODC

Pensar políticas públicas relacionadas ao uso problemático de drogas é um dos grandes desafios globais da atualidade. Respostas eficazes e balanceadas também devem focar na necessidades de saúde dos dependentes sem estigma nem discriminação.

Yuri Fedotov, Diretor Executivo do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), afirmou na abertura da 56ª Sessão da Comissão de Narcóticos em março que "considerações a respeito de direitos humanos e saúde pública precisam estar no centro da resposta internacional ao uso de drogas e ao HIV".
Como um dos objetivos das convenções sobre drogas é a proteção da saúde dos indivíduos e da sociedade dos efeitos adversos associados ao consumo, fica evidente a importância de ações que promovam o deslocamento de uma lógica da penalidade para uma do cuidado em saúde.

Recentemente o Brasil recebeu duas importantes missões da ONU: o Relator Especial sobre Tortura, Juan E. Méndez; e o Grupo de Trabalho sobre Detenção Arbitrária. Ambas evidenciaram o quanto o tratamento do usuário de drogas no país está se confundindo com a penalização no campo da justiça criminal. As duas missões alertaram para o risco de que a internação involuntária de usuários de drogas atravesse o "limiar de maus-tratos, equivalentes à tortura, ou a tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes", como colocou Méndez.

O Grupo de Trabalho sobre Detenção Arbitrária mostrou preocupação com o confinamento involuntário de usuários de crack, especialmente de crianças e adolescentes em situação de rua, cujos familiares teriam relatado dificuldades no acesso à informação sobre o local de internação. Vladimir Tochilovsky, membro do Grupo, destacou: "Durante a visita nos apresentaram casos de pessoas que moram nas ruas e são dependentes de drogas, e que são apreendidos, detidos e aprisionados pela polícia, não por crimes cometidos, mas por uma questão de saúde."

O tratamento para a dependência química deve ser baseado em evidências, voluntário, confidencial e com consentimento informado, além de ser realizado na comunidade através de intervenções clínicas e sociais no âmbito do sistema de saúde, com uma abordagem que siga os princípios da ética do cuidado em saúde. Ações de apoio social que atendam às necessidades básicas de acolhimento e alimentação também são essenciais, assim como o acesso a programas de educação, geração de renda, micro-crédito e orientação vocacional para promover a reintegração social dos indivíduos.

O confinamento involuntário de usuários de drogas em prisões ou em centros de tratamento deve ser somente uma medida emergencial por alguns dias e com base em laudos de pelo menos dois profissionais de saúde, para proteger o indivíduo e a comunidade em situações de intoxicação aguda, ou caso o indivíduo possa colocar em risco a sua própria segurança ou a de outros. Vários estudos mostram que não há evidências da eficácia dessas medidas, que pelo contrário, fortalecem o estigma, contribuem para o processo de exclusão, fragilizam vínculos sociais e aumentam o risco de infeçcões pelo HIV.

O UNODC e a Organização Mundial de Saúde destacam a disponibilidade e a acessibilidade como princípios necessários para o tratamento efetivo da dependência química. Serviços mais acessíveis, com maior capacidade de acolhimento, qualificados e com menos estigma podem ajudar a reduzir o uso de medidas legais para fazer com que as pessoas que necessitam de tratamento o iniciem.

Engajamento pessoal e envolvimento emocional são essenciais para desenvolver um projeto conjunto de tratamento humanizado que motive pacientes, familiares e comunidades, apresentando assim um caminho para transformar espaços de tratamento involuntário em espaços comunitários de coesão.
Fonte:UNODC - Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Reflexão do dia 9 de Dezembro


AMOR QUE NÃO TEM PREÇO
Quando conseguimos ver o Décimo Segundo Passo no conjunto de todas as suas implicações, estamos na verdade falando de um tipo de amor que não tem preço.
OS DOZE PASSOS E AS DOZE TRADIÇÕES. PG. 94


Para começar a praticar o Décimo Segundo Passo, precisei trabalhar em minha sinceridade e honestidade e aprender a agir com humildade. Transmitir a mensagem é uma dádiva de mim mesmo, não importa quantos anos de sobriedade tenha acumulado. Meus sonhos podem tornar-se realidade.
Reforço minha sobriedade compartilhando o que recebi de graça. Quando olho para trás naquele tempo em que comecei minha recuperação, já havia uma semente de esperança de que poderia ajudar outro alcoólico a sair de seu lamaçal. Meu desejo de ajudar outro alcoólico é a chave para minha saúde espiritual. Mas nunca esqueço que Deus age através de mim. Sou somente Seu instrumento.
Mesmo quando a outra pessoa não está pronta, existe sucesso, porque meu esforço em seu benefício ajuda-me a ficar sóbrio e a me tornar mais forte. Agir, nunca ficar cansado no trabalho do Décimo Segundo Passo, é a chave. Se sou capaz de rir hoje, não posso esquecer aqueles dias em que chorava. Deus me lembra que posso sentir compaixão?

A surpreendentes formas de se levar drogas para os Estados Unidos

A surpreendentes formas de se levar drogas para os Estados Unidos   


BBC Brasil - Da BBC Mundo

Submersíveis com motores e tripulação de até quatro pessoas são usados por traficantes

Túneis de 600 metros com iluminação e sistema de ventilação, submarinos camuflados para uma navegação mais discreta.

Estas são apenas algumas das formas mais inovadoras que as organizações criminosas encontraram para inundar os Estados Unidos com drogas.

A situação é tão grave que a Administração Para o Controle de Drogas (DEA, na sigla em inglês) confirmou que, por ano, morrem no país mais pessoas devido a overdose - de drogas ou medicamentos com receita - do que por acidentes nas estradas ou por armas de fogo.

Por isso, a BBC consultou quatro especialistas na luta contra a entrada de drogas nos Estados Unidos para conhecer as novas formas de tráfico e como as autoridades combatem este contrabando.

O contra-almirante Christopher Tonmey é o diretor do Comando Conjunto Interinstitucional Sul para a Guarda Costeira dos Estados Unidos e cobre mais de 100 milhões de quilômetros quadrados em sua área de vigilância, entrando "no profundo Atlântico desde o norte até o centro e sul dos Estados Unidos, passando até a zona leste do Pacífico".

"A droga que mais circula por esta zona é a cocaína. No ano passado conseguimos detectar em um tubo 191 toneladas desta substância", disse.

Tonmey afirma que os cartéis inovam muito para contrabandear a droga e, graças aos lucros com o tráfico, conseguem investir em inovação tecnológica.

"Neste monento 95% da droga é transportada por vias aquáticas, através de cargueiros, embarcações particulares, iates, veleiros e barcos pequenos. Também têm lanchas rápidas, projetadas para deixar para trás as embarcações da autoridades", afirmou.

"Recentemente observamos o uso mais frequente de embarcações semissubmersíveis feitas de madeira compensada e fibra de vidro, com motores comerciais. Os contrabandistas gastam até US$ 1 milhão para construir uma destas embarcações que, em geral, usam uma vez", acrescentou.


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Atualmente 95% da droga é transportada por via aquática

Tonmey afirma que seu departamento está sendo eficaz com os recursos que tem, mas admite que seria melhor ter mais barcos e aeronaves.

"Apenas por não sermos capazes de deter todos os envios de drogas, temos que pensar que estamos perdendo esta batalha. (...) Temos que derrubar estes cartéis. Até que não o façamos, teremos muito trabalho pela frente", acrescentou.

Tons de azul

O tenente comandante Devon Brennan é o supervisor de políticas contra narcóticos para a Guarda Costeira dos Estados Unidos. Em setembro ele monitorou a operação que conseguiu fazer a maior apreensão de drogas em um submersível.


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Imagem feita pela Guarda Costeira dos Estados Unidos interceptando um semissubmersível de madeira e fibra de vidro

Em um trabalho coordenado com aeronaves, a Guarda Costeira conseguiu detectar uma embarcação perto da costa da Guatemala.

"Assim que você escuta estas palavras, sua pressão sanguínea começa a se elevar", disse.

Eles usaram um helicóptero e pequenos botes que se colocaram atrás da embarcação para surpreendê-la.

"Apreendemos 6,8 mil quilos de cocaína nesta embarcação. Também havia um adicional de 1,2 mil quilos que deixamos dentro da embarcação pois, quando retira toda a carga, estes submersíveis ficam instáveis. Quando estávamos rebocando-o, entrou água e ele afundou."

"Se você analisa a embarcação, ela está apenas com um pé acima da superfície da água e está pintada com várias tonalidades de azul para que se misture com a cor do mar, o que faz com que seja muito difícil detectá-la até a uns 30 metros de distância", afirmou.

Brennan afirmou que a embarcação foi projetada para levar drogas pois a maioria do espaço é para carga e a tripulação é para quatro pessoas, que viajam amontoadas na cabine, uma área do tamanho de uma cama.

O risco de esta embarcação afundar é alto e, de acordo com ele, pilotá-la é uma atividade muito perigosa.


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De acordo com as autoridades estas embarcações custam em torno de US$ 1 milhão

"Não há falta de criatividade nas organizações criminosas que traficam drogas. Obviamente estão tentando desenvolver uma nave que fique totalmente submersa, o que será um desafio totalmente novo para nós", disse.

Rede de túneis

Eric Feldman é um agente especial do departamento de Investigações de Segurança Nacional e líder da Força Especial de combate aos túneis.

Ele afirma que os cartéis sempre buscam formas novas de entrar com a droga nos Esados Unidos e um túnel sofisticado permite o transporte de grandes quantidades.

"No mês passado foi detectado em San Diego um túnel onde foram apreendidas mais de 10 toneladas de maconha", disse.


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Este túnel tinha 600 metros de extensão e cruzava a fronteira entre México e EUA

"Este túnel em particular tinha 600 metros e se encontrava a 12 metros da superfície. Estava iluminado, com mecanismos de ventilação e um sistema de transporte de mercadoria que permitia carregar o produto no México e levá-lo através de trilhos até o ponto de saída nos Estados Unidos, onde havia um sistema de roldanas para levar a droga até um armazém."

E as formas que Feldman descobriu que eram usadas para disfarçar entradas de túneis também são criativas: mesas de sinuca, painel elétrico, banheiras, elevadores.

"Descobrimos uma saída de túneis nos Estados Unidos onde, depois da saída de cada carregamento, vinha uma equipe que fechava o acesso com cimento, fazia a pintura e colocava um tapete."

A equipe de Feldman obteve um sucesso relativo encontrando estes túneis. Mas ele lembra que, desde 2006, els só encontraram 11 destes.

Sofisticação

Para Rodrigo Canales, professor associado da Escola de Administração da Universidade de Yale, é preciso mudar a forma como pensamos nos traficantes.

"Nossas referências tradicionais é que os narcotraficantes são loucos, criminosos cruéis. Mas acredito que eles estão praticando um esporte muito mais sofisticado", afirmou.

Canales afirma que os traficantes querem controlar o território por onde transportam a droga, para garantir que ela seja entregue.

"A forma de neutralizar seus competidores é por meio da violência. Para controlar as autoridades se utiliza o que no México chamam de ´lei do dinheiro e do chumbo`: se você é uma autoridade local você quer ganhar muito dinheiro ou quer ser morto?"

Além disso, eles também querem a confiança dos moradores do território que operam e do que querem controlar.

"Ajudam a controlar outro tipo de crime. Investem na comunidade e desenvolvem estratégias elaboradas de comunicação para explicar às pessoas a razão de fazerem o que fazem."


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Os cartéis estão cada vez mais sofisticados com organização que copia estruturas militares e de empresas

"As organizações que são eficientes têm uma estrutura bem definida, uma cultura organizacional e valores. Têm canais no YouTube. Usam as redes sociais para recrutar e para se comunicar", afirmou o professor.

Ele afirma que a Federação de Sinaloa, geralmente citada como a organização criminosa mexicana mais poderosa, tem muita disciplina quanto ao envolvimento em outras atividade que não seja o tráfico, o que permite boas relações com moradores locais.

"Querem se posicionar como uma organização multinacional dedicada à droga."

Os membros dos Los Zetas estão em outro extremo e mantém uma estrutura militar.

"Desenvolveram sua própria marca para serem percebidos como os mais cruéis e violentos. Se criou no México um ambiente onde apenas a organização mais sanguinária, violenta e sofisticada sobrevive."

Canales afirma que o problema tem que ser abordado com um "enfoque estrutural e integral" senão esta organizações sempre estarão um passo à frente das autoridades.
Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas