quinta-feira, 30 de junho de 2016

29 milhões de adultos dependem de drogas, aponta relatório do UNODC


 

Relatório do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) calcula que cerca de 5% da população adulta, ou 250 milhões de pessoas entre 15 e 64 anos, usou pelo menos algum tipo de droga em 2014. Transtornos relacionados ao consumo registraram crescimento preocupante.

Cerca de 5% da população adulta, ou 250 milhões de pessoas entre 15 e 64 anos, usou pelo menos uma droga em 2014, de acordo com o último Relatório Mundial sobre Drogas divulgado nesta quinta-feira (23) pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC).

Embora substancial, esse número não sofreu elevação, ao longo dos últimos quatro anos, na mesma proporção da população mundial. O relatório, contudo, sugere que o número de pessoas que apresentam transtornos relacionados ao consumo de drogas aumentou desproporcionalmente pela primeira vez em seis anos.

A publicação do Relatório Mundial sobre Drogas acontece em um momento marcante, após uma Sessão Especial da Assembléia Geral da ONU sobre o problema mundial das drogas e a primeira após a adoção dos novos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas.

Neste ano, a Assembléia Geral da ONU adotou um conjunto abrangente de recomendações para lidar com a questão das drogas. Este relatório resultou em uma série de recomendações operacionais concretas. Coletivamente, esse olhar promove políticas e programas de controle de drogas sustentáveis, equilibradas e orientadas para o desenvolvimento.

Como observa o diretor-executivo do UNODC, Yury Fedotov, é fundamental que a comunidade internacional se una para garantir que os compromissos assumidos na Sessão Especial da Assembleia Geral sejam atingidos — e o Relatório Mundial sobre Drogas oferece uma ferramenta importante para ajudar nessa tarefa.

“Ao fornecer uma visão abrangente dos principais desenvolvimentos nos mercados de drogas, rotas de tráfico e o impacto do uso de drogas na saúde, o Relatório Mundial sobre Drogas de 2016 realça o suporte às abordagens abrangentes, balanceadas e baseadas nos direitos, como refletido no documento final preparado pela Sessão Especial da Assembleia Geral.”

Uso de drogas e suas consequências para a saúde

De acordo com os dados apresentados no relatório, uma a cada 20 pessoas entre 15 e 64 anos fez uso de pelo menos algum tipo de droga no mundo em 2014. Embora substancial, esse número não sofreu elevação ao longo dos últimos quatro anos, na mesma proporção da população mundial.

O relatório, contudo, sugere que o número de pessoas que apresentam transtornos relacionados ao consumo de drogas aumentou desproporcionalmente pela primeira vez em seis anos. Existem hoje mais de 29 milhões de pessoas dentro dessa categoria — em comparação aos 27 milhões divulgados anteriormente.

Além disso, cerca de 12 milhões de pessoas usam drogas injetáveis e 14% destes vivem com HIV. Esses dados revelam que o impacto do uso de drogas na saúde continua preocupante.

Enquanto a mortalidade relacionada ao uso de drogas manteve-se estável em todo o mundo, em 2014 ainda havia cerca de 207 mil mortes relatadas: um número inaceitavelmente elevado de mortes que teriam sido evitadas se intervenções adequadas fossem tomadas.

Cerca de um terço destas mortes ocorreram por overdose. A taxa de mortalidade por overdose é bem mais alta entre egressos que recentemente saíram do sistema prisional, se comparada com a população em geral.

O sistema prisional continua representando um grande desafio em relação às políticas de drogas e agravos associados ao uso de drogas. Em grande parte dos países, as prisões representam ambientes de grande vulnerabilidade para doenças infecciosas. O uso de drogas no sistema prisional continua elevado, assim como a prevalência de HIV, hepatites e tuberculose, principalmente se comparado com a população em geral. Mesmo com esses dados alarmantes, serviços de prevenção e tratamento continuam escassos e de difícil acesso nas prisões ao redor do mundo.



O consumo de heroína — e as mortes por overdose relacionadas — parece ter aumentado drasticamente nos últimos dois anos em alguns países da América do Norte e Europa Ocidental e Central.

Fedotov observou que, embora os desafios colocados pelas novas substâncias psicoativas continuem sendo uma séria preocupação, “a heroína permanece como a droga que mata mais pessoas e esse ressurgimento deve ser abordado com urgência”.

No geral, os opióides continuam a apresentar os maiores riscos de danos à saúde entre as principais drogas.

A maconha, por sua vez, continua a ser a droga mais usada ao redor do mundo. Dados de 2014 mostram que cerca de 183 milhões de pessoas fizeram uso da droga nesse ano, enquanto anfetaminas ocupam o segundo lugar.

Os efeitos de opioides e o aumento do uso de heroína, entretanto, mostram que essas duas drogas continuam preocupantes para os serviços de saúde. Ao se analisar as tendências ao longo de vários anos, o relatório mostra que, com a mudança das normas sociais no tocante à cannabis — predominantemente no Ocidente — ,seu consumo subiu em paralelo à maior aceitabilidade em relação à droga. Em muitas regiões, mais pessoas iniciaram tratamentos para transtornos relacionados ao uso de cannabis, ao longo da última década.

O acesso a serviços de tratamento, com base em evidência, representa outro grande desafio apontado pelo relatório, pois somente uma em cada seis pessoas que necessitam de atendimento tem acesso aos serviços.



O relatório também destaca a associação entre o uso de drogas e uma maior vulnerabilidade às doenças sexualmente transmissíveis. Por exemplo, a ligação entre o uso de estimulantes —entre eles, as novas substâncias psicoativas que não estão sob controle internacional — por via injetável e não injetável e sexo desprotegido, o que pode resultar em uma maior vulnerabilidade à infecção pelo HIV.

Estima-se que 29 milhões de pessoas que fazem uso de drogas sofram de algum transtorno relacionado a esse uso. Entre elas, 12 milhões usam drogas injetáveis. Destas, 1,6 milhão vivem com HIV e 6 milhões vivem com hepatite C. Esses dados revelam que o impacto do uso de drogas na saúde continua preocupante.

Na América do Sul, é importante destacar que, após um período de estabilidade em relação ao uso da cocaína, desde 2010 houve um aumento no uso droga. O consumo de anfetaminas se mostra estável. O relatório chama a atenção para o fato de que pessoas que fazem o uso de drogas, de forma regular ou ocasional, têm feito o uso de mais de um tipo de substância ao mesmo tempo, de forma combinada ou sequencial, dificultando a distinção entre os tipos de droga utilizados.

Em geral, homens são três vezes mais propensos a usar maconha, cocaína ou anfetaminas, enquanto mulheres estão mais inclinadas a fazer uso de opioides e tranquilizantes não receitados. Diferenças de gênero no uso de drogas são mais atribuídas a oportunidades sociais de uso e menos a homens ou mulheres serem mais ou menos suscetíveis ou vulneráveis ao seu uso. Apesar de mais homens usarem drogas do que mulheres, o impacto do uso é maior nas mulheres do que nos homens, porque as mulheres tendem à falta de acesso à prestação de cuidados continuados na dependência do uso de drogas.

No contexto familiar, parceiras e filhos de usuários de drogas são também mais propensos a serem vítimas de violência relacionada ao uso de droga. Ainda que muitos estudos mostrem uma maior prevalência do uso de drogas entre pessoas jovens do que em adultos, a divisão de gênero não se mostra mais tão presente.

O problema mundial de drogas e o desenvolvimento sustentável

Por ser 2016 o primeiro ano de adoção dos novos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), o relatório foca em especial no problema mundial da droga dentro deste contexto. Ao analisar essas ligações, os ODS foram divididos em cinco grandes áreas: Desenvolvimento Social; Desenvolvimento Econômico; Sustentabilidade Ambiental; Sociedades Pacíficas, Justas e Inclusivas; e Parcerias.

O relatório destaca uma forte ligação entre pobreza e vários aspectos do problema de drogas. Na verdade, o impacto do problema do uso de drogas é corroborado por pessoas que são pobres em relação às sociedades em que vivem, como pode ser visto em termos austeros nos países mais ricos.

A forte associação entre desvantagem social e econômica e transtornos devido ao uso de drogas, pode ser vista quando se analisam diferentes aspectos da marginalização e exclusão social, como desemprego e baixo nível educacional.

O relatório também esclarece um pouco as diferentes formas em que o problema mundial de drogas resulta em diferentes manifestações de violência. Embora a intensidade da violência relacionada ao uso de droga seja maior quando associada ao tráfico e à produção, estes não produzem necessariamente violência, como ilustram os baixos níveis de homicídio em países de trânsito afetados pelas rotas de tráfico de opiáceos na Ásia.

O tráfico de drogas geralmente prospera onde a presença do Estado é fraca, onde o Estado de direito é desigualmente aplicado e onde existem oportunidades de corrupção.

O relatório analisa a influência do sistema de justiça criminal nos mercados de tráfico de drogas e medicamentos, bem como no uso de drogas e nas pessoas que usam drogas. Por exemplo, ele observa que, globalmente, 30% da população prisional é composta de prisioneiros não-condenados ou em pré-julgamento. Entre os presos condenados, 18% estão na prisão por delitos relacionados à droga.

O uso excessivo da pena de prisão por crimes relacionados às drogas de natureza menor é ineficaz na redução da reincidência e sobrecarrega os sistemas de justiça penal, impedindo-os de lidar de forma eficiente com crimes mais graves. Prestação de serviços de tratamento e cuidados baseados em evidências para os infratores consumidores de drogas, como alternativa ao encarceramento, demonstrou aumentar consideravelmente a recuperação e reduzir a reincidência.

Sobre o Relatório Mundial de Drogas 2016

O Relatório Mundial de Drogas 2016 fornece uma visão global sobre a oferta e a demanda de opioides, cocaína, cannabis, estimulantes do tipo anfetamina e novas substâncias psicoativas, bem como sobre o seu impacto na saúde. Ele também analisa as evidências científicas sobre o consumo múltiplo de drogas, sobre a demanda por tratamento por uso de cannabis e sobre outras tendências , como a legalização da cannabis para uso recreativo em algumas partes do mundo.

Além disso, as relações entre o problema mundial das drogas e todos os aspectos do desenvolvimento sustentável tendo em vista os ODS são levantados e analisados de maneira aprofundada.

Para o relatório completo e conteúdo de mídia, acesse: www.unodc.org/wdr2016
Para mais informações, por favor entre em contato: comunicacao@unodc.org
Fonte:UNODC - Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime

segunda-feira, 27 de junho de 2016

Portos brasileiros são principal caminho da cocaína para Europa


 


Jornal O Estado de S. Paulo
JAMIL CHADE - CORRESPONDENTE DE O ESTADO DE S. PAULO
5% da população adulta mundial - 250 milhões de pessoas - consumiu alguma droga ilegal em 2014; maconha é a mais popular

De acordo com o estudo anual, a quantidade de cocaína confiscada pelas autoridades mais do que dobrou na América do Sul entre 1998 e 2014, quando atingiu 392 toneladas

GENEBRA - Traficantes e organizações criminosas transformaram o Brasil no maior porto de trânsito da cocaína que abastece o mercado europeu e africano. Os dados fazem parte de um estudo publicado nesta quinta-feira, 23, pelo Escritório da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Drogas e Crimes, que também aponta que o País é o principal local de saída de drogas da América Latina para a Ásia.

Os dados apontam que a produção vem de Colômbia, Equador, Peru ou Bolívia. Mas são os portos brasileiros que servem de trampolim para o mercado europeu.

Segundo o levantamento anual da ONU, cerca de 5% da população adulta do mundo - 250 milhões de pessoas - consumiram pelo menos uma vez drogas em 2014. O volume tem se mantido estável nos últimos quatro anos. Mas a entidade aponta que o número de pessoas sofrendo com "desordens relacionadas ao consumo de droga" aumentou pela primeira vez em seis anos. Hoje, são 29 milhões de pessoas nessa situação, contra 27 milhões um ano antes.

De acordo com o estudo anual, a quantidade de cocaína confiscada pelas autoridades mais do que dobrou na América do Sul entre 1998 e 2014, quando atingiu 392 toneladas. Esse volume teria se estabilizado.

Entre 2009 e 2014, a Colômbia representou 56% de todo o confisco na região e mais de um terço do mundo. No segundo lugar, vem o Equador, com 10%, contra 7% para o Brasil e Bolívia.

"No Brasil, o aumento da quantidade confiscada é atribuída à combinação de maiores esforços da polícia, de um mercado doméstico em expansão para a cocaína e o aumento de carregamentos para mercados estrangeiros", indicou a ONU.

De acordo com o informe, o Brasil de fato se transformou no principal ponto de partida da cocaína que chega até o mercado europeu. A referência não aponta o País como maior produtor. Mas, entre 2009 e 2014, os portos nacionais teriam sido os principais pontos de trânsito, seguido pela Colômbia, pela Equador e pela República Dominicana.

Outra constatação da ONU é de que o Brasil é citado como o principal ponto de partida da cocaína que vai para a África, com mais de 51% dos casos e bem acima de todos os demais mercados. No caso africano, entre 2014 e 2016, pelo menos 22 toneladas de cocaína foram confiscadas na rota entre a América do Sul e a Europa, passando pelo oeste africano.

O Brasil também aparece como o maior local de trânsito da droga na América Latina, que chega até a Ásia.

Mortes

De acordo com a ONU, cerca de 270 mil pessoas morreram por algum tipo de complicação no consumo de drogas, um volume considerado como "inaceitável" e que pode ser evitado se medidas forem aplicadas. Pelo mundo, existiriam 12 milhões de usuários de drogas injetáveis, dos quais 14% vivem com HIV.

"O impacto geral do uso de drogas em termos de saúde continua sendo devastador", alertou a ONU. Na Europa e na América do Norte, o número de overdoses por conta da heroína registrou um "forte aumento" nos últimos dois anos.

Já a maconha é a droga mais popular do mundo, com cerca de 183 milhões de pessoas que tenham consumido em 2014. O informe da ONU ainda apontou que a mudança de normas sociais com relação à maconha gerou um aumento de seu consumo, em paralelo à maior aceitação social de seu uso.
Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas

Cerca de 250 milhões de pessoas já usaram drogas no mundo




Cerca de 29 milhões de vítimas sofrem transtornos associados ao consumo; droga mais usada é a canábis, com 182,5 milhões de consumidores; documento menciona casos de Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau e Moçambique.


Usuário de drogas no Afeganistão. Foto: Unodc/A.Scotti
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.*

As Nações Unidas revelaram que cerca de 5% das pessoas com idade entre 15 e 64 anos usaram pelo menos uma droga em 2014. São cerca de 250 milhões de pessoas, segundo o Relatório Mundial Sobre Drogas 2016.

O estudo destaca que mais de 29 milhões de pessoas sofrem de transtornos relacionados ao uso de drogas. O documento publicado esta quinta-feira, em Genebra, revela haver mais 2 milhões de casos em relação há um ano.

Consumo

O Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, Unodc, indica que uma das razões é o aumento do consumo de heroína na América do Norte e em algumas partes da Europa ocidental e central.

Falando à Rádio ONU, na cidade suíça, a chefe da Divisão de Prevenção, Vulnerabilidade e Direitos do Programa Conjunto das Nações Unidas para o HIV/Sida, Mariângela Simão, disse haver dados essenciais para países lusófonos.

“Alguns dados são bastante importantes para vários países entre os quais os de língua portuguesa nos quais a via da droga injetável não é tão importante mas o aumento substantivo no uso de anfetaminas e estimulantes que está sendo observada em todos os países. É um tipo de comportamento no uso de drogas que inclui a adoção de comportamentos de risco como relações sexuais não protegidas e muitas vezes casos de violência.”

Moçambique

O documento revela que a canábis continua a ser a droga mais usada em todo o mundo com 182,5 milhões de consumidores. O Brasil destruiu mais de 1,3 milhão de plantas em 2014 e Moçambique mais de 1 mil.

Cerca de 207 mil mortes relacionadas às drogas foram relatadas em 2014. O Unodc defende que, apesar de estável, o número é “inaceitável” porque estas podiam ser evitadas se fossem tomadas as medidas adequadas.

Brasil

Entre 1998 e 2014, duplicou a quantidade de cocaína apreendida na América do Sul. No Brasil foram capturados 7% das 392 toneladas em toda a região em 2014.

Mas o país é o ponto de origem mais citado entre as nações latino-americanas que exportam cocaína para mercados não-europeus. O destaque vai para os continentes africano e asiático.

O documento menciona um estudo sobre o uso do crack no Brasil que revela que mais de um terço dos usuários passou mais tempo nas ruas. Menos de um quarto deles tinha ido à escola secundária, embora mais de 95% tenha estudado em algum momento da vida.

Além disso, a prevalência do HIV entre esses usuários foi de 5%, oito vezes maior comparado à população geral do Brasil, estimada em 0,6%.

Lusófonos Africanos

A Guiné-Bissau é citada no relatório pelo aumento das reservas cambiais de US$ 33 milhões em 2003 para US$ 174 milhões em 2008. O aumento foi reflexo de lavagem de dinheiro que teve origem nas drogas.

Cabo Verde teve o maior número de apreensões de cocaína na África Ocidental entre 2009 e 2014. Mas a Itália e a França registaram as maiores apreensões, no que sinaliza o aumento do transporte da droga para a Europa.

Derivados do ópio

Apesar da queda de 38% na produção mundial de ópio, a heroína continua bastante disponível porque os seus traficantes armazenaram grandes stocks das colheitas abundantes dos últimos anos.

Cerca de 17 milhões de usuários de drogas são viciados em opiáceos, que incluem a heroína, ópio e morfina. As substâncias derivadas do ópio continuam a representar a maior ameaça para a saúde dentre as drogas principais.

A Ásia manteve-se o maior mercado de opiáceos do mundo, com cerca de dois terços dos utilizadores que vivem na região.
A continuação do baixo consumo da cocaína nos Estados Unidos e na Europa reduzem o mercado global da droga, enquanto a produção aumenta na Colômbia, o maior produtor mundial da coca.
*Apresentação: Michelle Alves de Lima.
Fonte: Noticias e Mídia Radio ONU

Jaú registra 4 afastamentos por álcool e drogas por mês


 


Comércio de Jaú
Dependência química é entrave para vida profissional dos trabalhadores
MATHEUS ORLANDO

O uso abusivo de álcool e drogas traz consequências graves para a vida das pessoas nos âmbitos pessoal, familiar e afetivo – e não é diferente com a vida profissional do trabalhador. A dependência química dificulta e até inviabiliza o prosseguimento regular da carreira, e retornar ao mercado de trabalho pode não ser tarefa das mais fáceis.

A agência da Previdência Social em Jaú concedeu, em 2015, 45 auxílios-doença motivados por uso de álcool, fumo e drogas. Nos quatro primeiros meses deste ano, foram 18 benefícios. Nesse período, portanto, a média mensal foi de 3,93 auxílios. Os dados foram informados à reportagem pela assessoria de imprensa do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Em nível nacional, o ano de 2014 teve média de 125 pessoas afastadas do trabalho por dia por problemas de saúde relacionados a álcool e drogas. Em que pese provável subnotificação, pois os dados não contemplam trabalhadores informais, abre-se margem para essencial discussão acerca do assunto.

O próprio empregado pode solicitar o benefício pelo telefone 135 ou pelo site www.mtps.gov.br. A empresa faz o requerimento quando tem convênio com o INSS para este fim. Na data agendada, o trabalhador vai a uma unidade do INSS para ser avaliado pela perícia médica, que define se o segurado está incapacitado para o trabalho e qual o período de afastamento.

Paralelamente, é fundamental que a pessoa busque ajuda. Em Jaú, o Centro de Atendimento Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD) oferece apoio e tratamento gratuitos. A unidade funciona na Avenida Zezinho Magalhães, 1.660, e interessados podem procurar os serviços de forma espontânea, sem necessidade de encaminhamento. O horário de funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 7h às 17h. A psicóloga Margareth Camargo, do Caps, enfatiza que dependentes têm grandes dificuldade em manter seus empregos (leia texto).

Preconceito

A adicção em álcool e drogas é realidade em grande parte das famílias brasileiras, mas quando se trata de mercado de trabalho o preconceito em relação a usuários e ex-usuários é notável, tanto que trabalhadores recuperados precisam esconder o passado para obter recolocação.

O especialista em recursos humanos Carlos Augusto de Oliveira preocupa-se com esse tabu no ambiente profissional. Ele diz que o preconceito em relação a contratar ex-dependentes químicos existe em grandes centros urbanos e é ainda mais acentuado no interior.
“Algumas vezes, o profissional que recruta não tem o preparo ou equilíbrio para ver que a pessoa está apta a trabalhar”, pondera o especialista. “Nossa sociedade precisa abrir a cabeça, todos merecemos uma segunda chance”, finaliza.






Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas

quarta-feira, 22 de junho de 2016

Tráfico de drogas na cracolândia vende ao menos 100 kg por mês



 


Joel Silva/Folhapress
Jornal Folha de S. Paulo
EMILIO SANT´ANNA DE SÃO PAULO

Atrás de uma das tantas lonas estendidas na alameda Dino Bueno, uma mulher corta pedras de crack e as coloca em um prato sobre uma mesa, ao lado de uma vela. É uma parte ínfima dos cerca de 100 quilos da droga que irrigam todos os meses a região da cracolândia, na Luz, centro de São Paulo, de acordo com o que a Folha apurou com a segurança pública.

Isso pode render aos traficantes cerca de R$ 1 milhão por mês, arrecadados no bairro e no "fluxo" —quarteirão onde está a jovem, fechado por 250 usuários e traficantes durante o dia e até 500 à noite. Três vezes por dia a via é liberada para ser limpa.

As lonas tentam impedir que se registre a venda da droga. Apesar das ações da prefeitura e do Estado no local, que já chegou a reunir até 1.500 pessoas, a "cena de uso" permanece.

O Denarc (departamento de narcóticos), da Polícia Civil, mapeou a ação do tráfico na Luz. O Estado, porém, não divulga os resultados obtidos "por motivos estratégicos".

À Folha, em janeiro, o diretor do departamento, Ruy Ferraz Fontes, afirmou que precisaria de mais dois anos, "no mínimo", para conseguir desmontar a rede de tráfico local, onde ao menos 40 grupos atuam simultaneamente.

Em 2015, foi preso um traficante responsável por fornecer ao menos 90 kg da droga, que lucrava cerca de R$ 1 milhão bruto por mês.

As pedras de crack têm peso variado —de 0,25 g a mais de 1 grama. A quantidade que entra todos os meses na região é capaz de produzir mais de cem mil unidades. O preço da pedra: R$ 10. Um trago no cachimbo alheio vale R$ 1.

Para o secretário municipal da Segurança Pública, Benedito Domingos Mariano, apesar de ser esta a parte mais evidente da cracolândia, o combate ao tráfico —atribuição do Estado— deve ser feito, prioritariamente, em toda a região da Luz, onde estão os "peixes grandes". "Qualquer ação dentro do fluxo só tem um nome: fracasso", diz.

Ações da polícia no local costumam terminar em confronto com os usuários.



Nesse universo do fluxo, 220 pessoas estão cadastradas pela prefeitura para fazer parte do De Braços Abertos. Criado em 2014 pela gestão Haddad (PT), o programa é baseado na redução de danos, em que o dependente é incentivado a diminuir gradativamente o uso, sem internação e com oferta de emprego e renda.

A gestão do governador Geraldo Alckmin (PSDB) tem visão e projeto diferentes. O Recomeço recorre a tratamentos que incluem internações.

PESQUISA

O perfil dos beneficiários do De Braços Abertos foi traçado pela Plataforma Brasileira de Políticas de Drogas. São pessoas com fragilidades sociais que as levaram até ali, diz o antropólogo e consultor do levantamento, Maurício Fiore, que afirma que o programa tem bons resultados.

A maior parte não terminou o ensino fundamental, já fez algum tratamento para o vício e diminuiu o uso de crack após ingressar no programa.

Os problemas: 19% têm tuberculose, 18%, hepatite e 12%, HIV. Além disso, 66% já passaram pela prisão e 25% pelo sistema socioeducativo.

O contato com regras da prisão é útil. Apesar de a droga não ser distribuída pelo crime organizado, ele está presente no fluxo com os "disciplinas", que mantêm a ordem.

Na noite de quarta-feira (8), fazia 13º C, mas o frio não espanta os usuários. Ali, a jovem, bem vestida, cabelos negros compridos, se destaca entre maltrapilhos. Mesmo assim, a situação dela não é tão diferente. Vende e usa. Assim é para boa parte deles. Vendem, usam, compram mais, voltam a usar. Ciclo sem fim.

Essa dinâmica é vista, em tempo real, em uma televisão na parede do gabinete de Mariano. "Passamos mensalmente as imagens mais importantes para o Denarc", diz.

A Secretaria da Segurança Pública afirma que o "patrulhamento e a investigação são ininterruptos e que foram 140 flagrantes de tráfico neste ano na região da rua Helvétia e das alamedas Dino Bueno, Cleveland, Barão de Piracicaba e Glete. Em 2015, foram presos 58 traficantes.
Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas 
Criminosos adicionam adrenalina à cocaína e deixam droga mais perigosa  Artigos sobre drogas e alcool - Site Antidrogas 
 


Polícia do Rio apreendeu 2 mil ampolas de adrenalina nos últimos dois meses.
Substância induz o usuário a consumir ainda mais a droga.
G1

A polícia do Rio descobriu uma estratégia dos traficantes para aumentar o lucro na venda de cocaína. Como mostrou o Bom Dia Brasil, eles estão adicionando adrenalina que potencializa os efeitos da droga e pode levar à morte quem usa.

O titular da Delegacia de Combate às Drogas disse que o fenômeno é recente, mas não só no Brasil. Felipe Curi afirmou que nos últimos dois meses, já foram apreendidas duas mil ampolas de adrenalina, provavelmente roubadas de caminhões que transportam medicamentos.

“Um quilo de cocaína após trabalhado dessa forma ele vira na verdade sete, oito quilos lá no final e isso gera uma grande margem de lucro para o traficante”, contou o delegado Felipe Curi.

A adrenalina é um hormônio produzido pelas glândulas suprarrenais — ela aumenta os batimentos cardíacos, a frequência respiratória e coloca o corpo em sinal de alerta. Normalmente é liberada em situações de risco, em atividades esportivas ou sob forte estresse.

Sem ela, a cocaína inalada ou injetada já desperta euforia, desinibição, perda de apetite e insônia. Mas pode também provocar arritmia, infarto e derrame.

A mistura de adrenalina na cocaína potencializa os efeitos e torna a droga muito mais perigosa e mortal, mais até do que a cocaína com alto teor de pureza.

O chefe de laboratório de química biológica do Inmetro, Rodrigo Borges, explicou que a adrenalina induz o usuário a consumir mais. “Quando se adiciona adrenalina, você só vai ter aquele efeitos aumentados de excitabilidade e isso é perigoso, porque o usuário vai sentir falta desse efeito e vai acabar buscando mais droga”, afirmou.

Para o psiquiatra Jorge Jaber, a mistura é ainda mais perigosa para quem não usa regularmente a cocaína. “Ele pode ser alguém que esteja experimentando, esses são os mais perigosos porque eles ainda não sabem o efeito que essa droga, a cocaína ainda mais adicionada com adrenalina, pode causar no seu organismo”.
Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas


Jovens usam combustível com refrigerante para se embriagar

Jovens usam combustível com refrigerante para se embriagar   




De acordo com o CDC, a ingestão de metanol combustível pode causar náusea, vômito, diarreia, visão embaçada, danos na retina, cegueira, convulsão, coma e até morte – dependendo da quantidade ingerida.

VEJA
Autoridades americanas alertam para os perigos da ingestão da mistura após a morte de dois estudantes
Por Da redação

De acordo com o CDC, a ingestão de metanol combustível pode causar náusea, vômito, diarreia, visão embaçada, danos na retina, cegueira, convulsão, coma e até morte – dependendo da quantidade ingerida.

Jovens americanos estão bebendo uma mistura de combustível com refrigerante em busca do efeito da embriaguez. O hábito pode ser fatal. Em janeiro, dois estudantes morreram após ingerir a combinação e outros dois foram hospitalizados com intoxicação.

O caso mais emblemático aconteceu em janeiro, no estado americano do Tennessee. Dois adolescentes, ambos com 16 anos, morreram após ingerir a combinação de refrigerante e metanol (combustível utilizado em corridas de arrancada) durante uma festa. Outros dois jovens foram hospitalizados com sintomas de intoxicação, mas sobreviveram.

Segundo as autoridades locais, a mistura fatal, que recebeu o nome de “Dewshine” (uma alusão ao refrigerante Mountain Dew, utilizado no composto), é comumente consumida pelos jovens da cidade. Os adolescentes em questão teriam comprado um galão (1,9 litros) de combustível de corrida e misturado a dois litros do refrigerante. Os jovens que tiveram intoxicação relataram terem bebido cerca de 60 ml da mistura. Não se sabe a quantidade ingerida pelos adolescentes que faleceram.

Agora, autoridades de saúde do Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC) estão alertando sobre os perigos dessa mistura. De acordo com o CDC, o combustível de corrida é composto 100% por metanol – um solvente orgânico comumente encontrado em laboratórios, produtos residenciais e em indústrias e a ingestão de uma colher de sopa (15 ml) da substância já seria fatal. Ainda segundo o órgão, a mistura pode causar náusea, vômito, diarreia, visão embaçada, danos na retina, cegueira, convulsão, coma e até morte – dependendo da quantidade ingerida.

“Ao ser ingerido, o metanol é metabolizado em um ácido muito forte. O mecanismo faz com que o PH do sangue fique muito baixo, o que leva a morte. Um dos efeitos imediatos é a cegueira”, explicou Donna Seger, diretora do Centro de Envenenamento do Tennessee, em entrevista a um noticiário local.

A prática parece não ter chegado ao Brasil ainda, embora existam relatos de jovens que foram obrigados a beber álcool combustível (etanol) durante trote de faculdades.
Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas