sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Um em cada três presos do país responde por tráfico de drogas


 


Percentual de presos por tráfico no país (Foto: Editoria de Arte/G1)

Um em cada três presos no país responde hoje por tráfico de drogas. Os dados inéditos, obtidos pelo G1 junto aos governos estaduais e tribunais de Justiça e referentes a este ano, mostram uma mudança drástica no perfil dos presos brasileiros em pouco mais de uma década. Se antes as cadeias estavam lotadas de condenados por crimes contra o patrimônio, como roubo e furto, agora elas abrigam milhares de pessoas que respondem pelo crime de tráfico – parte delas ainda sem julgamento.

Levantamento divulgado pelo G1 em 2015 revelou que o aumento no número de presos por esse tipo de crime foi de 339% de 2005 a 2013, fruto de uma alteração na Lei de Drogas, em vigor desde 2006. A lei endureceu as penas para os traficantes, mas teve um efeito perverso para os usuários e pequenos traficantes. Nos últimos quatro anos, a situação só se agravou. Agora, o aumento chega a 480% em 12 anos – isso sem contar 5 dos 27 estados, que dizem não ter dados disponíveis.

O boom de presos por tráfico ajuda a explicar a superlotação dos presídios no país. Há hoje 668,2 mil presos para 394,8 mil vagas, como mostra outro levantamento do G1. Nesta quarta (1), o ministro do STF Luís Roberto Barroso defendeu a legalização das drogas como forma de frear o aumento da população carcerária.

“A crise no sistema penitenciário coloca agudamente na agenda brasileira a discussão da questão das drogas. Ela deve ser pensada de uma maneira mais profunda e abrangente do que a simples descriminalização do consumo pessoal, porque isso não resolve o problema. Um dos grandes problemas que as drogas têm gerado no Brasil é a prisão de milhares de jovens, com frequência primários e de bons antecedentes, que são jogados no sistema penitenciário. Pessoas que não são perigosas quando entram, mas que se tornam perigosas quando saem. Portanto, nós temos uma política de drogas que é contraproducente. Ela faz mal ao país”, afirmou Barroso.

O levantamento feito agora pelo G1 leva em conta os dados mais atualizados dos governos estaduais e dos tribunais de Justiça. São números exclusivos. Os últimos dados oficiais divulgados em 2016 pelo Ministério da Justiça são relativos apenas a dezembro de 2014. O órgão deve divulgar um novo balanço completo em breve – ainda assim, com dados defasados, de 2015.

Comparando o último levantamento, que tem dados de 2013, com o de agora, é possível perceber que:

* O percentual de presos por tráfico subiu de 23,7% para 32,6% em 4 anos

* O aumento no nº de presos pelo crime desde a Lei de Drogas passou para 480%

* Nenhum estado tem menos de 15% de presos por tráfico

Em São Paulo, o aumento no percentual de presos por tráfico de drogas foi de 26,4%, em 2013, para 35,8% agora. Em Santa Catarina, 42% dos presos respondem por tráfico atualmente.

No Paraná, o percentual de presos por tráfico passou de 16,8% em 2013 para 59,3% neste ano. O estado possui o maior percentual do Brasil. O aumento, no entanto, não pode ser considerado “real”, segundo a Secretaria de Estado de Segurança Pública e Administração Penitenciária. O órgão argumenta que havia dificuldade na alimentação dos dados, por causa da burocracia, mas que hoje “os sistemas estão sendo interligados e as informações são alimentadas de maneira mais ágil e precisa”.

A vice-presidente institucional da AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros), Renata Gil, diz que os números precisam ser avaliados de acordo com as características prisionais de cada estado, "com a implantação do crime no território". "No Rio, por exemplo, antes de 2007, havia cerca de 38 mil policiais. Em 2016, eram 50 mil. Com mais policiamento ostensivo, conclui-se que há mais prisões."


Presos por tráfico ao longo dos anos (Foto: Arte/G1)

Dados

A equipe de reportagem do G1 teve dificuldade para obter os dados em boa parte dos estados. Sete governos (Alagoas, Bahia, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro) não forneceram a estatística. Alguns alegaram falta de pessoal para fazer o levantamento e outros disseram simplesmente não possuir os números. Em Pernambuco, o governo alegou "questão de segurança" para não fornecer o contingente. No caso da Paraíba, o G1 conseguiu obter o dado apenas com o Tribunal de Justiça. O TJ do RN também forneceu dados, mas parciais. O órgão passou os dados de presos provisórios respondendo por tráfico, mas não conseguiu as informações sobre os condenados. Procurados, os outros cinco tribunais de Justiça também não conseguiram o dado.

No Tocantins, assessores da Secretaria de Justiça tiveram de pedir o número por meio de um memorando e/ou ligando para cada uma das 41 penitenciárias do estado, que, por sua vez, fizeram uma consulta a ofícios em papel. Parte dos estados demorou três semanas para conseguir enviar o dado, caso de São Paulo, que também teve de fazer um levantamento em cada coordenadoria regional. São cinco no estado.


Perfil dos presos tem mudado após a Lei de Drogas, em vigor desde 2006 (Foto: Wilson Dias/Abr/Arquivo)

Aumento após a Lei de Drogas

Em 2006, quando a lei 11.343 começou a valer, eram 31.520 presos por tráfico nos presídios brasileiros. Em 2013, esse número passou para 138.366. Agora, são ao menos 182.779.

O padre Valdir João Silveira, coordenador nacional da Pastoral Carcerária, afirma que a mudança no perfil dos presidiários do país é bastante perceptível. “O perfil mudou e vem mudando cada vez mais. São usuários de drogas [sendo que a lei não prevê a reclusão de usuários] e pequenos traficantes, ou mesmo pessoas que foram presas por pequenos delitos, mas que a causa é droga. Além disso, por causa das questões sociais, os presos são cada vez mais pobres e mais jovens”, diz.

Como consequência da Lei de Drogas, o padre afirma que não só aumentou a superlotação nos presídios, mas também o desespero. “É bem comum que os presos já cheguem com crise de abstinência, o que causa tumultos, pois eles ficam muito agitados. Já presenciei tentativas de suicídio”, diz.

O defensor público Vitore André Zílio Maximiano, que já foi secretário Nacional de Políticas sobre Drogas, afirma que alguns fatores contribuíram para o aumento vertiginoso dos presos por tráfico. Segundo ele, os casos não são investigados como deviam ser. E, na falta de um critério objetivo para definir quem é usuário e quem é traficante, fica a cargo do policial que fez a ocorrência e do juiz esse papel, diz.

O defensor, que atua no Centro de Detenção Provisória de Pinheiros cotidianamente, diz que hoje é notória a grande quantidade de presos por tráfico nas cadeias. “Estamos falando de um jovem, pobre, facilmente preso pela polícia. Às vezes um jovem chega perto de mim no presídio, eu vejo o perfil e ele nem precisa dizer do que é acusado.”

Maximiano afirma que o Supremo Tribunal Federal já entendeu que, no caso do tráfico em pequenas quantidades, quando a pessoa é “primária” (sem antecedentes), sem envolvimento com facção, é possível a redução e substituição por penas alternativas. “Mas, infelizmente, o Judiciário brasileiro não está seguindo essa decisão. Essa é a principal causa do aumento de prisões, colocando esses jovens como uma presa fácil das organizações criminosas”, diz.

“O Brasil, de Norte a Sul, tem prendido mal, de forma excessiva e, sobretudo, pessoas primárias, que estão envolvidas com um delito que não envolve violência. Elas são o elo mais frágil dessa cadeia”, afirma. “As pessoas precisam entender que a prisão não é a única resposta. Tem um rol de medidas cautelares que significam a existência de um processo justo. Assistindo às cenas dantescas de rebeliões, de decapitações, estamos descobrindo, um pouco tarde, que esse excesso de pessoas presas tem contribuído para aumentar ainda mais a violência.”

A vice-presidente institucional da AMB, Renata Gil, também credita à Lei de Drogas o aumento de presos no país, mas discorda que o Judiciário seja um dos responsáveis por superlotar as cadeias. "A rigidez não é do juiz nem do policial. A rigidez é da lei. A lei diz que qualquer pessoa presa em condição de traficante é traficante, não importa a quantidade. E há a questão de analisar como o tráfico está implantado nos territórios. No Rio, com as UPPs, o traficante passou a vender em pequenas quantidades, com um papelote, dois. Aí ele busca na fonte e fica nesse trabalho de formiguinha. Então não é porque ele porta uma pequena quantidade que ele é um usuário apenas. E uma outra coisa que as pastorais não consideram é que, em geral, pelas características de pobreza do país, quase todo usuário trafica para manter seu vício. E isso é algo que ninguém enfrenta."

Renata, que é juíza criminal no Rio, diz que é reticente também quanto à descriminalização, defendida por Barroso. "Essa é uma questão que não pode ser pensada apenas no campo jurídico. É preciso uma estrutura de saúde pública. É um debate que é muito mais amplo que apenas pensar em descriminalizar. O exemplo dos países que fizeram isso não são muito positivos. Basta ver a Holanda retrocedendo no seu posicionamento. Eu tenho muito receio de que no Brasil a gente não tenha condição de tratar o usuário com a descriminalização. Pois se passa a ser permitido, há um aumento de usuários. A gente tem que trabalhar melhor a conscientização das famílias quanto ao uso. Eu não vejo nenhuma política pública que se preocupe em explicar quais as consequências do uso das drogas, como elas estão implantadas na sociedade, todo o crime por trás desse comércio ilegal, quantas pessoas morrem e quantas crianças são cooptadas. Quando você aceita o incremento do uso, é preciso pensar nas consequências disso. Se o Estado não está presente hoje, imagina quando for permitido."

Para a juíza, é o Estado "que tem que tomar pé do problema". “A política de segurança hoje é colocar policiamento na rua para combater o crime, sem o que a gente vem conversando há tempos, que é a necessidade da presença do Estado, com assistência social, com educação. Sem políticas estruturantes, eu não vejo nenhuma salvação por nenhum diploma legal nem nenhum entendimento jurisprudencial.”

Investimentos

O coordenador nacional da Pastoral Carcerária afirma que a falta de investimentos dos estados também deteriorou as condições dos presos. “Sabonete, papel higiênico, roupa de cama, tudo piorou. Isso exige que as famílias façam a manutenção das pessoas presas, mas são pessoas pobres, muitas vezes desempregadas. Gente que não consegue comer para levar a comida para o filho na prisão. Aí vai buscar trabalho onde? No tráfico de drogas. É um ciclo vicioso.”

Para o padre Valdir João Silveira, uma das principais medidas que precisam ser tomadas para melhorar a situação dos presídios é reconhecer que muitos desses “novos presos” são dependentes químicos e que, por isso, necessitam de tratamento. “Presídio não é hospital. Pelo contrário, presídio tem droga. Tem que ter alternativas à prisão para tratar essas pessoas, como programas sociais para tratar os dependentes.”

Frases

Um dos grandes problemas que as drogas têm gerado no Brasil é a prisão de milhares de jovens, com frequência primários e de bons antecedentes, que são jogados no sistema penitenciário. Pessoas que não são perigosas quando entram, mas que se tornam perigosas quando saem. Portanto, nós temos uma política de drogas que é contraproducente (Luís Roberto Barroso, ministro do STF)

O perfil mudou e vem mudando cada vez mais. São usuários de drogas e pequenos traficantes, ou mesmo pessoas que foram presas por pequenos delitos, mas que a causa é droga. Além disso, por causa das questões sociais, os presos são cada vez mais pobres e mais jovens. (Padre Valdir João Silveira, da Pastoral Carcerária)

Estamos falando de um jovem, pobre, facilmente preso pela polícia. Às vezes um jovem chega perto de mim no presídio, eu vejo o perfil e ele nem precisa dizer do que é acusado. (Vitore André Zílio Maximiano, defensor público)

A rigidez não é do juiz nem do policial. A rigidez é da lei. A lei diz que qualquer pessoa presa em condição de traficante é traficante, não importa a quantidade. E há a questão de analisar como o tráfico está implantado nos territórios. No Rio, com as UPPs, o traficante passou a vender em pequenas quantidades. (Renata Gil, vice-presidente da AMB)

Fonte: G1.com


terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

O fumo passivo é um dos problemas mais graves em pediatria e pode matar as crianças


 


Site Terra
Artigo da Dra. Priscila Zanotti Stagliorio falando sobre os riscos da nicotina para as crianças.
O Vício da nicotina pode prejudicar e muito a saúde dos seus filhos aos poucos.
Foto: DINO
Por Dra. Priscila Zanotti Stagliorio

Fumantes passivos são aqueles que convivem (no mesmo ambiente) com pessoas que fumam e, por diversos motivos, se expõem aos componentes cancerígenos e tóxicos exalados pela fumaça do cigarro da mesma maneira de quem os consome. E pensar em fumar fora de casa, no quintal, na varanda ou área de serviço, por exemplo, não diminui os riscos à saúde das crianças como se imagina. No texto de hoje vou falar sobre os principais cuidados e dicas para evitar problemas respiratórios derivados do tabaco.

Não fume próximo de crianças, o cigarro concentra mais de 4, 7 mil substâncias tóxicas que são extremamente agressivas para a saúde de bebês e crianças. O alcatrão, por exemplo, é cientificamente comprovado como cancerígeno, o monóxido de carbono da fumaça agrava a oxigenação no sangue e eleva as chances de obstrução dos vasos sanguíneos (aterosclerose).

Mesmo minutos depois de apagar o cigarro, é comum, o fumante eliminar as substâncias nocivas adquiridas pelo trago através da pele, respiração e contaminação da roupa e do cabelo. A probabilidade de a criança desenvolver doenças respiratórias aumenta significativamente e, ainda, segundo o Ministério da Saúde, o fumo passivo pode ser letal e eleva em 30% as chances de câncer de pulmão e em 24% o risco de infarto.

Problemas de saúde - já sabemos que pessoas expostas aos malefícios do cigarro são mais suscetíveis a doenças crônicas como asma, bronquite e pneumonia. A curto prazo as crianças podem apresentar irritação nos olhos, dor de cabeça, náuseas, tosse, falta de ar e sinusite crônica. Os pulmões, vias aéreas, brônquios, fígado e bexiga são os órgãos mais corriqueiros para desenvolver câncer por causa das substâncias do tabaco e isso vale tanto para fumantes ativos e como para os passivos. Problemas auditivos (perda auditiva neurossensorial) podem ser relacionados à exposição ao fumo, de acordo com a Universidade de Medicina norte americana.

Vale dizer que os problemas ocasionados pelo cigarro vão além dos aspectos físicos. Problemas psiquiátricos e psicológicos também acontecem decorrentes de ansiedade e depressão por conta dos gases tóxicos inalados da fumaça. Nas crianças, afeta a concentração, dificulta o aprendizado e interfere diretamente no comportamento dentro e fora de casa (ficam mais irritadas).

Riscos para crianças - fumar durante a gravidez pode provocar aborto, gestação de risco com desenvolvimento do embrião fora do útero, retardo mental e baixo peso dos bebês. Na amamentação (e gestação) aumenta em 50% as chances da Síndrome da Morte Súbita Infantil em bebês por conta da nicotina e das toxinas que são repassadas de mãe para filho pela corrente sanguínea e pelo leite materno. Há, ainda, overdose tóxica ou parada cardíaca. Ao ter contato com a fumaça, que não tem filtro como em um cigarro, a criança está exposta até três vezes mais ao monóxido de carbono e a nicotina, sem falar nas substâncias cancerígenas que se elevam até cinquenta vezes mais. Em outras palavras, os fumantes passivos, em especial crianças, sofrem muito mais com os males do cigarro do que os fumantes propriamente ditos.

Dicas - Se você fuma ou algum parente próximo presente na vida das crianças também, avalie a possibilidade de parar. Procure ajuda e diminua consideravelmente a quantidade de cigarros. Sabemos que não é fácil e tão pouco um processo rápido, mas vale a pena recorrer aos tratamentos oferecidos pela rede pública e privada para salvar a sua vida e de outras pessoas. O cigarro deixa a pessoa fedida, com tons de pele amarelados, cabelos ressecados e dependente de algo que só faz mal para a saúde. Opte por momentos mais felizes ao lado das crianças, compartilhe emoções do bem e consuma produtos que contribuam para a o bem-estar.
Dra. Priscila Zanotti Stagliorio
É médica pediatra há mais de dez anos, atua na zona norte de São Paulo, em consultório particular, no Pronto Socorro do Hospital São Camilo - unidade Santana, e na rede Dr. Consulta - unidades Tucuruvi e Santana. Em seu currículo possui diversas participações em congressos, cursos de especialização e atuações em prontos socorros, clinicas e ambulatórios médicos da grande São Paulo - Capital. Oferece curso personalizado para gestantes e mamães com recém-nascidos, com o objetivo de ajudá-las na mais importante missão de suas vidas: ser mãe.


fonte www.antidrogas.com.br

Se você bebe para esquecer, está perdendo tempo: o álcool reforça as lembranças ruins


 


EL PAÍS
Novo estudo vira de ponta-cabeça a velha ideia: A fuga é possível, mas no médio prazo as experiências negativas são fixadas em nossa memória
Elena Gómez

O famoso "beber para esquecer" pode ter se tornado página virada. Embora seja verdade que uma boa bebedeira pode levar a pessoa a não se lembrar de tudo o que fez no dia seguinte, as coisas ruins (exatamente as que queremos apagar da memória) podem se agarrar ao nosso cérebro de modo mais ferrenho do que se não bebêssemos.

É isso que revela um estudo publicado pela revistaTranslational Psychiatry, elaborado por pesquisadores da Universidade Johns Hopkins, de Baltimore (EUA). Dividiram ratos de laboratório em dois grupos: um bebeu água durante duas horas, e ao outro foi dada grande quantidade de álcool no mesmo intervalo de tempo. Posteriormente, ambos grupos foram submetidos a um som determinado, seguido por uma descarga elétrica. No dia seguinte, os roedores escutaram o mesmo som, mas dessa vez sem que fosse seguido pelo choque. Os resultados mostraram que os ratos que haviam sido embriagados tinham mais medo (lembravam melhor da descarga) que aqueles que tinham bebido água.

A conclusão do trabalho é que o álcool perpetua a sensação de medo: a extinção dessa recordação exige receptores do neurotransmissor glutamato (substância relacionada à memória), e quando os compostos do álcool se unem a esses receptores, interferem nas sinapses (comunicação neuronal), levando a que os animais que beberam álcool “não se acostumem ao estímulo e não esqueçam a experiência prévia ruim”, explica o neurologista Pablo Irima, diretor da Sociedade Espanhola de Neurologia.

Tal neurotransmissor (envolvido na eliminação da recordação) não se dá bem com a bebida. “O glutamato produz rejeição ao álcool. Costuma-se usá-lo no hospital para que os pacientes parem de beber" diz o psiquiatra e presidente da Sociedade Espanhola de Psiquiatria, Julio Bobes.

Distrai, mas não apaga os traumas

Que o álcool nos faz recordar as coisas mais facilmente é algo que tinha sido evidenciado por um estudo da Universidade do Texas (EUA) em 2011. De acordo com essa pesquisa, tomar uma dose ativa certas regiões do cérebro relacionadas exatamente ao aprendizado e à memória.

Mesmo assim, a ideia de que beber é uma boa forma de afastar as más recordações é tão difundida que até esse estudo afirma que a maioria das pessoas afetadas por diversos traumas (entre 60% e 80%) ingere álcool compulsivamente. “Muitos pacientes com estresse pós-traumático se embebedam com a finalidade de fugir da situação, esquecer ou dormir com mais facilidade”, acrescenta Irima. E os pesquisadores concluem: “Se os efeitos do álcool nas lembranças desagradáveis forem semelhantes nos humanos, nosso trabalho pode ajudar a entender melhor como funcionam essas memórias e como focar melhor as terapias em pessoas que apresentam estresse pós-traumático”.
Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas 

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Como as drogas nos engolem


 


Aloisio de Toledo Cesar* ,
O Estado de S.Paulo
A sociedade brasileira está sofrendo os efeitos cada vez mais devastadores do uso de drogas produzidas e distribuídas pelo pior tipo de gente – os traficantes. Aquilo que até algumas décadas atrás parecia ser uma doença apenas das grandes cidades se espalhou por todo o País, até por pequenos lugarejos.

Sim, mesmo na zona rural já se observa o desespero de trabalhadores pela chegada do sábado, dia em que recebem o pagamento semanal e correm atrás das drogas. Quem atua na área do Direito percebe claramente que a droga está na raiz de mais da metade dos crimes. De fato, os roubos, assaltos, latrocínios são em geral praticados por pessoas que agem sob o efeito de drogas ou cuidam de seu transporte e distribuição.

O tormento nas penitenciárias brasileiras, que causa perplexidade interna e externamente, é claro reflexo da luta pelo controle do milionário mercado de venda de drogas.
O adolescente que na garupa da uma moto atira aleatoriamente após extorquir a vítima assim age não por pretender comprar uma roupa nova ou sair com a namorada. Ele precisa do dinheiro para adquirir droga ou para pagar ao fornecedor – se não quitar a dívida, pagará com a própria vida.

Em escala maior, nos grandes centros o craque corrói a vontade e a saúde de milhares de pessoas, escravizadas pelo vício e incapazes de dirigir a própria vida. Esse fenômeno social é crescente e ultrapassa a anêmica vontade dos administradores públicos responsáveis pelo combate aos traficantes.

Triste ver nesse terreno de areia movediça que as pessoas se afundam e não conseguem voltar à superfície, movidas pelo engano de preferir – muito mais – a droga à própria vida. De outro ângulo, assusta a frieza do governo federal, que até o momento não fez emergir um plano eficaz que tenha a ventura de proteger a sociedade e livrar do sofrimento as famílias atingidas pelo desastre das drogas.

Décadas atrás o Brasil foi capaz de idealizar um programa de combate à aids, revestido de êxito, mas até agora, apesar do agravamento, nada que mereça respeito foi feito para enfrentar a produção, o tráfico e a distribuição de drogas às pessoas.

Quando concorreu à Presidência da República, o ministro José Serra disse que estava assustado por não termos um plano verdadeiro de combate às drogas. Agora ele está na posição-chave, como ministro das Relações Exteriores, porque a produção de cocaína, craque e maconha é feita em países amigos – Venezuela, Colômbia e Paraguai. Um bom trabalho diplomático com os vizinhos poderia ter melhor efeito do que deixar nossas polícias enxugando gelo.

Se a droga for produzida, o traficante sempre encontrará uma forma de fazê-la chegar ao consumidor, por mil artifícios. O Brasil tem aproximadamente 8 mil quilômetros de fronteiras secas, impossíveis de fiscalização permanente, por sua enorme extensão. Além disso, nosso litoral é também imenso e a qualquer hora da noite um barco pode aproximar-se da praia e descarregar uma tonelada de cocaína sem que ninguém veja.

Para enfrentar essa estratégia do mal, aperfeiçoada por décadas de combate ineficiente, o Brasil precisa de um plano nacional. No momento esse trabalho está concentrado apenas na fiscalização de umas minguadas fronteiras.

O presidente da Bolívia, a quem Lula chamava de “o companheiro Morales”, é produtor de coca (a planta) e chegou a dizer publica e hipocritamente que a cocaína não é um problema em seu país. Não é mesmo, os bolivianos tomam um chá feito com folha de coca, não ofensivo à saúde, assim como no Sul tomamos chimarrão. Se tivesse um mínimo de dignidade pessoal, Evo Morales atuaria para impedir a produção de cocaína, que é quase toda enviada para o Brasil.

Paraguai, Venezuela e Colômbia são, como dito acima, países também amigos e neles a produção da droga constitui antigo e lucrativo negócio de quadrilhas organizadas – tão organizadas que nem mesmo a ação conjugada com o governo norte-americano conseguiu impedi-las. Para os nossos vizinhos a imagem do Brasil não está contaminada por preconceitos “imperialistas” e por isso uma ação diplomática não seria mal recebida.

A importância econômica do Brasil e o destaque alcançado no continente permitiriam que o governo brasileiro se empenhasse num trabalho diplomático voltado para a redução da produção de drogas. Desnecessário repetir que o prazer fugaz e enganoso proporcionado pela droga destrói vidas, destroça famílias e necrosa gradativa e crescentemente o tecido social. É incrível que isso continue a acontecer tendo como expectadores nossos representantes no Congresso Nacional e no governo federal.

O pior nesse quadro sombrio e desanimador é que surgem a toda hora, lamentavelmente, como estímulos à disseminação das drogas, vozes bastante lúgubres anunciando, por exemplo, que a maconha não é danosa para o organismo humano e tampouco vicia. São afirmações sempre alcançadas por boa dose de suspeição.

A maconha talvez seja a mais danosa de todas as drogas, porque representa o início do plano inclinado na vida dos que a experimentam. Esforços isolados são feitos junto à iniciativa privada, a universidades e associações de classe, todas voltadas para a tentativa de recuperação dos viciados.

Tudo isso é necessário e merece estímulo, mas sem nenhuma dúvida falta uma ação programada de governo, um plano, enfim, que alimente a luta contra a produção de drogas. Sem a presença das drogas a criminalidade crescente, que destrói vidas e destroça as famílias, poderá gradativamente arrefecer, criando um clima de esperança para cada um de nós.

É nosso dever, em defesa dos e nossos filhos, netos e da família, não ficar de braços cruzados e aprender a cobrar, sempre, esforços verdadeiros e permanentes dos governantes. Não é possível que faltem inteligência e coragem.
*DESEMBARGADOR APOSENTADO DO TJSP, FOI SECRETÁRIO DE JUSTIÇA DO GOVERNO DO ESTADO. E-MAIL: ALOISIO.PARANA@GMAIL.COM
Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas 

Álcool potencializa casos de câncer


 


(Crédito: José Alves Filho)
Waldelúcio Barbosa
Correria com trabalho e estudos, vida social agitada e falta de tempo: três fatores cada vez mais presentes na vida das pessoas. Com isso, o estresse e cansaço vão aumentando, representando um mal à saúde pelas consequências que podem trazer.

Com a vida tumultuada, muitos tentam encontrar brechas para espairecer e esfriar a cabeça, e isso nem sempre quer dizer que simplesmente buscam atividades saudáveis que fazem relaxar a mente e o corpo. Há um número grande de pessoas que buscam esse descanso em hábitos que pioram sua situação, como o consumo de álcool em excesso.

De acordo com o Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa), em 2012, 5,6 % dos brasileiros abusavam ou dependiam de álcool. No mesmo período, a substância esteve associada a 61,5% dos índices de cirrose hepática e a 11,5% dos acidentes de trânsito no país. O consumo desequilibrado pode gerar graves consequências à saúde, representando um fator de risco não só para a cirrose hepática, mas um tipo de câncer não muito falado, porém mais letal que outros tumores, por conta do diagnóstico geralmente tardio: o câncer de fígado.

A médica hepatologista Cássia Leal aponta que o abuso do álcool, atualmente, é, certamente, um problema muito grande no Brasil, principalmente entre os jovens, podendo levar a uma série de doenças, inclusive as doenças hepáticas, como a cirrose e o câncer.

“O álcool atua como um cofator para o desenvolvimento do câncer de fígado, ou seja, ele não age diretamente no fígado como um fator oncogênico, mas ele leva à cirrose hepática, podendo, consequentemente, levar ao câncer de fígado. A maioria dos casos de câncer de fígado ocorre em pacientes portadores de cirrose hepática (95%). E o álcool tem uma participação muito grande nos casos de cirrose hepática, como uma das principais causas dessa doença em nosso país”, esclarece.

Mais de 500 mil mortes por ano

O câncer de fígado, caracterizado pela alta letalidade e sobrevida curta após o diagnóstico, é o quinto tipo mais frequente no mundo e a terceira causa de morte por câncer, levando a mais de 500 mil mortes por ano, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA).

Os principais sintomas são fraqueza, perda de peso inexplicada, falta de apetite, mal-estar, massa abdominal, distensão, icterícia (tonalidade amarelada na pele e nos olhos) e acúmulo de líquido no abdômen (ascite). Porém, muitas vezes os sintomas se manifestam apenas nas fases mais avançadas, sendo uma doença silenciosa em fases iniciais.



“Para o desenvolvimento da cirrose hepática é necessário o consumo de pelo menos 60-80g de álcool por dia por 10 anos para os homens e de 40-60g pelas mulheres”, afirma a especialista, acrescentando que parar de ingerir bebidas alcoólicas, fazer uma alimentação mais saudável e praticar alguma atividade física são algumas das recomendações para as pessoas que querem promover uma mudança na vida social e buscar ter mais qualidade de vida.

Câncer de fígado: uma doença silenciosa

Cássia Leal ressalta que, na maioria das vezes, o câncer de fígado trata-se de uma doença silenciosa. Quando existem sintomas (como dor e massa abdominal), a doença já está em uma fase bem avançada. “O importante são os exames periódicos, chamados de ´rastreamento`, para a detecção mais precoce dessa doença, como os exames de sangue e a ultrassonografia de abdome”, destaca.

O câncer de fígado pode ser dividido em dois tipos: câncer primário (que tem sua origem no próprio órgão) e secundário ou metastático (originado em outro órgão e que atinge também o fígado). O mais frequente câncer primário, que ocorre em até 80% dos casos, é o hepatocarcinoma ou carcinoma hepatocelular. A cirrose hepática está na origem de mais da metade dos casos desse tipo, caracterizado por ser agressivo e de curto tempo de evolução.



Existem várias possibilidades de tratamento dependendo do estágio em que a doença se encontra. Quando o câncer de fígado é diagnosticado nos estágios mais iniciais, os tratamentos são considerados curativos, porém, quando o diagnóstico só ocorre em fases avançadas da doença, só existem os tratamentos chamados paliativos (aumentam a sobrevida, mas não são curativos).

“Os tratamentos considerados curativos são a cirurgia, o transplante de fígado e os procedimentos menos invasivos por radiologia intervencionista (ablação por radiofrequência e alcoolização) com uma possibilidade de sobrevida em torno de 85-90% em 5 anos. E os tratamentos paliativos são a quimioembolização hepática e o quimioterápico oral (sorafenibe)”, pontua.
Fonte: Jornal Meio Norte

terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Debate sobre drogas no brasil: miopia ou cegueira?


 


Fonte: CREMESP - Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo
Ana Cecilia Petta Roselli Marques

O Brasil construiu sua política de drogas no início do século 21, por meio de fóruns pelo País afora e com a participação da sociedade civil, dos profissionais envolvidos e da comunidade científica. Vale lembrar que os pressupostos filosóficos, éticos e científicos que a embasam foram escritos e fundamentados nas leis brasileiras, nos levantamentos existentes sobre o cenário à época e nas evidências científicas. A equipe que coordenou os debates em todas as regiões do País coletou dados e tornou realidade um sonho: elaborar um documento factível, que fundamentou a política vigente, composto por vários capítulos. Sua premissa consensual dispõe: o fenômeno das drogas é complexo e só será bem manejado para a diminuição do impacto biológico e psicossocial se for entendido em todas as suas dimensões.

Portanto, a política sobre drogas no Brasil tem dez anos, mas o debate, infelizmente, continua o mesmo: a saúde discute lei, a justiça discute internação, e a assistência social diz que o problema é da saúde. Com esse desvio de competências, esquarteja-se o fenômeno, o que vai nos levar a um quebra-cabeça impossível de montar. A sociedade, por sua vez, fica cada vez mais excluída, sem acesso à informação, à prevenção e, consequentemente, inapta a posicionar-se em relação a assunto de tamanha relevância. Pior: repete-se o mantra de que a guerra às drogas fracassou e defende-se que a descriminalização do porte para uso próprio é direito humano de quem consome. Continuamos na contramão da história, uma parte formada por cegos e outra, por míopes.

A interface com as drogas na história da humanidade sempre existiu, segue cursando em ondas de consumo determinadas pela cultura de cada país, pelos poderes, pelas guerras e pela economia mundial. É cegueira acreditar que uma sociedade ou um Estado consegue controlar o consumo de drogas entre adolescentes. Basta ver os exemplos da bebida alcoólica e do tabaco. Drogas lícitas para adultos tornam-se porta de entrada para o comportamento de uso de outras drogas na adolescência, como demonstram estudos há anos.

As instituições da saúde, da justiça, da educação e as organizações governamentais, as não governamentais e as religiosas não podem esquecer que, quando se posicionam, influenciam a percepção da sociedade. Isso ocorre de forma contundente, principalmente entre os jovens de 15 a 25 anos, período do desenvolvimento humano em que se tem mais saúde. Entretanto, no Brasil, é essa faixa etária que apresenta a maior taxa de mortalidade, sendo parte expressiva dela relacionada ao consumo de bebida alcoólica, droga liberada para uso próprio acima dos 18 anos no País.

No âmbito das drogas, segundo dados recentemente divulgados pela Universidade Federal de São Paulo, para cada dependente de drogas ilícitas, existem, em média, mais quatro pessoas afetadas de forma devastadora, comprometendo, em inúmeras dimensões, uma população de quase 30 milhões de brasileiros. O Conselho Internacional de Controle de Narcóticos, entidade ligada à ONU, emitiu relatório informando que, em apenas seis anos, entre 2005 e 2011, o consumo de cocaína em nosso País avançou de 0,7% para 1,75% da população na faixa entre 12 e 65 anos. Isso corresponde a uma adesão ao uso problemático e à dependência quatro vezes superior à média mundial e 25% maior que a média da América do Sul. Sem falar na interface das drogas com diferentes tipos de violência auto ou heteroinfringida.

De um lado, esbarra-se na enorme dificuldade, em todos os níveis de governo, de se adotar políticas efetivas que foram debatidas por três anos pelo Brasil inteiro e estão previstas na lei; de outro, a cegueira diante de um imenso lobby, muito bem organizado, difundindo a ideia de que a melhor solução seria a completa legalização de todas as drogas, começando pela descriminalização da maconha, como ocorreu em alguns países. Primeiro se descrimina o uso, depois o "pequeno tráfico". Em seguida, se legaliza a maconha para uso "medicinal" e recreativo, para finalmente se legalizar todas as drogas... Uma armadilha, principalmente para cegos!

Urge uma discussão mais madura, mais honesta e que leve em conta a realidade nacional sobre como melhorar a política de drogas vigente, debates que, muito além do indivíduo, mirem a sociedade. Da mesma forma, é necessário um estudo aprofundado sobre a ética coletiva a ser adotada por aqui. É indispensável se tomar uma decisão de consenso, sem reinventar a roda, pois somente um conjunto dos atores pode modificar o cenário.

O que a sociedade brasileira quer? Continuar míope para determinadas questões e cega para outras?! Não! O povo brasileiro quer as coisas no devido lugar. Chega de mentiras, de cabresto da indústria das drogas lícitas ou ilícitas. Não queremos ser um “tubo de ensaio” de nenhum governo, nem de nenhuma instituição isolada e autoritária; queremos um estado de direito em que principalmente o direito das crianças e dos adolescentes de NÃO usar drogas esteja assegurado.

Cinco princípios de uma política sobre drogas, humana, integral, para todos

1º - O direito humano é o capítulo mais importante da política, pois os cidadãos, em especial as crianças, têm o direito de viver num ambiente seguro, que desenvolva medidas de redução da demanda e controle da oferta de drogas, tanto em sua família quanto em sua comunidade.

2º - A redução do consumo de drogas deve estar no núcleo dessa política, visto que a melhor forma de reduzir os danos causados pelas drogas é reduzir o consumo.

3º - A prevenção é a parte mais efetiva da política. Muitos esforços devem ser direcionados para aplicar suas medidas.

4º - Uma boa política assistencial deve reconhecer que a dependência é uma doença crônica que se desenvolve no cérebro e que deve ser prevenida e tratada por meio de boas práticas.

5º - O Brasil é o único país do mundo que faz fronteira com todos os produtores de cocaína e, agora, com mais produtores de maconha. Medidas ajustadas para o controle da oferta devem ser ampliadas.



fonte : antidrogas.com.br

Prevenção ao uso de drogas no ambiente escolar


 


*Por Adriana Moraes
Prevenir o uso indevido de drogas constitui ação de inquestionável relevância nos mais diversos contextos sociais – escola, família, comunidade, empresa, dada a complexidade da questão e os prejuízos associados ao abuso e a dependência de substâncias psicoativas. [1]

Iniciamos o ano de 2017 com boas notícias "Prevenção ao uso de drogas nas escolas". Cerca de quase 10 milhões de adolescentes poderão ser beneficiados com o estudo da dependência química em sua grade curricular. A disciplina será uma atividade extracurricular, ministrada por instituições especializadas no assunto. O projeto foi aprovado na ALESP (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo) e aguarda sanção do governo.

Drogas é um assunto polêmico que direta ou indiretamente, diz respeito a todos nós. O especialista em Prevenção do Uso de Drogas Claudemir Moraes dos Santos que atua na COED (Coordenação de Políticas sobre Drogas) fez uma reflexão: " Você já imaginou o que poderia ser evitado com ações de prevenção mais afetivas? Quantas vidas seriam salvas? Quanta violência seria evitada? Alertou que certamente é quase impossível mensurar com precisão o impacto da prevenção eficiente, mas uma coisa é certa: Prevenir é sempre melhor que remediar!

Claudemir na Cartilha” Seminário de Boas Práticas de Prevenção” disse que quando nos remetemos a palavra prevenção sempre nos referimos a impedir ou evitar algum dano ou mal. Prevenimos delitos, doenças, comportamentos de risco, abuso de drogas, etc. [2]

A escola abriga a maior parte das crianças e adolescentes de uma comunidade ou município. Frequentemente é na fase escolar que o adolescente tem o primeiro contato com o mundo das drogas. O problema é que o uso precoce de drogas pode afastar o adolescente de seu desenvolvimento normal, impedindo-o de experimentar outras atividades importantes nesta fase da vida. [3]

A adolescência é um período marcado por inúmeras transformações e conquistas importantes. No entanto, fatores como o uso de drogas podem transformar o adolescente em um adulto problemático com sequelas irreversíveis para o desenvolvimento de sua vida futura. O consumo de drogas nesta fase pode trazer sérias consequências físicas e/ou psíquicas para o desenvolvimento, como déficits cognitivos, problemas físicos, envolvimento em acidentes e infrações. [4]

A curiosidade natural dos adolescentes é um dos fatores de maior influência na experimentação de álcool e drogas, ao lado de fatores externos, como opinião dos amigos e facilidade de obtenção. O adolescente vive o presente, busca realizações imediatas e os efeitos das drogas vão ao encontro desse perfil, proporcionando o “prazer”, passivo e imediato.

Adolescente e o uso de drogas


Álcool

Para a maioria de adolescentes, as bebidas alcoólicas e o tabaco serão a combinação mais frequente, seguidos de álcool e maconha, tabaco e maconha e álcool e alucinógenos. [5]


Maconha

A maconha é a substância proibida por lei mais usada em nosso país. Um em cada dez adolescentes usuários de maconha é dependente da droga. O uso da maconha muitas vezes começa a ser associado a várias situações pelas quais o indivíduo passa, se ele está nervoso fuma; se está tenso fuma para relaxar, se sente depressivo fuma, se tem um problema fuma antes de pensar em tentar resolvê-lo e assim por diante, tornando assim cada vez mais dependente.


Crack
Se a experimentação ocorrer com a cocaína, em especial na forma de crack, o risco de o jovem tornar-se dependente é muito grande. Isso acontece porque, ao ser fumado, o crack atinge de maneira muito rápida, em 10 a 15 segundos, a circulação cerebral, produzindo efeitos intensos e fugazes que duram cerca de apenas 5 minutos. Tal efeito estimula o uso repetitivo da droga, o que provocará uma diminuição do prazer, obrigando o jovem a buscar a droga, muitas vezes de forma compulsiva. [5]

A sociedade de um modo geral, principalmente os adolescentes agradecerão hoje e no futuro por todas as ações de prevenção ao uso de drogas. Finalizo no aguardo da aprovação do projeto!

*Adriana Moraes - Psicóloga da SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina) - Especialista em Dependência Química – Colaboradora do site da UNIAD (Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas).

Referências:
[1] Prevenção ao uso de álcool e drogas: o que cada um de nós pode e deve fazer? Um guia para pais, professores e profissionais que buscam um desenvolvimento saudável para crianças e adolescentes/ Organizadores, Alessandra Diehl, Neliana Buzi Figlie – Porto Alegre: Artmed, 2014.
[2] Cartilha – Seminário de Boas Práticas de Prevenção em Políticas sobre Drogas – Programa Recomeço Governo do Estado de São Paulo/2016.
[3]Dependência Química: prevenção, tratamento e políticas públicas / Alessandra Diehl – Daniel Cruz Cordeiro – Ronaldo Laranjeira - Porto Alegre: Artmed, 2011.
[4] http://www.uniad.org.br/images/stories/TCCS/TCC_ADRIANA.pdf
[5] O tratamento do usuário de crack - Marcelo Ribeiro, Ronaldo Laranjeira (Orgs) 2ª edição – Porto Alegre: Artmed, 2012.