quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Tratamento da dependência de drogas: da coerção à coesão


 

Por Gilberto Gerra, Chefe do Departamento de Prevenção às Drogas e Saúde do UNODC

Pensar políticas públicas relacionadas ao uso problemático de drogas é um dos grandes desafios globais da atualidade. Respostas eficazes e balanceadas também devem focar na necessidades de saúde dos dependentes sem estigma nem discriminação.

Yuri Fedotov, Diretor Executivo do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), afirmou na abertura da 56ª Sessão da Comissão de Narcóticos em março que "considerações a respeito de direitos humanos e saúde pública precisam estar no centro da resposta internacional ao uso de drogas e ao HIV".
Como um dos objetivos das convenções sobre drogas é a proteção da saúde dos indivíduos e da sociedade dos efeitos adversos associados ao consumo, fica evidente a importância de ações que promovam o deslocamento de uma lógica da penalidade para uma do cuidado em saúde.

Recentemente o Brasil recebeu duas importantes missões da ONU: o Relator Especial sobre Tortura, Juan E. Méndez; e o Grupo de Trabalho sobre Detenção Arbitrária. Ambas evidenciaram o quanto o tratamento do usuário de drogas no país está se confundindo com a penalização no campo da justiça criminal. As duas missões alertaram para o risco de que a internação involuntária de usuários de drogas atravesse o "limiar de maus-tratos, equivalentes à tortura, ou a tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes", como colocou Méndez.

O Grupo de Trabalho sobre Detenção Arbitrária mostrou preocupação com o confinamento involuntário de usuários de crack, especialmente de crianças e adolescentes em situação de rua, cujos familiares teriam relatado dificuldades no acesso à informação sobre o local de internação. Vladimir Tochilovsky, membro do Grupo, destacou: "Durante a visita nos apresentaram casos de pessoas que moram nas ruas e são dependentes de drogas, e que são apreendidos, detidos e aprisionados pela polícia, não por crimes cometidos, mas por uma questão de saúde."

O tratamento para a dependência química deve ser baseado em evidências, voluntário, confidencial e com consentimento informado, além de ser realizado na comunidade através de intervenções clínicas e sociais no âmbito do sistema de saúde, com uma abordagem que siga os princípios da ética do cuidado em saúde. Ações de apoio social que atendam às necessidades básicas de acolhimento e alimentação também são essenciais, assim como o acesso a programas de educação, geração de renda, micro-crédito e orientação vocacional para promover a reintegração social dos indivíduos.

O confinamento involuntário de usuários de drogas em prisões ou em centros de tratamento deve ser somente uma medida emergencial por alguns dias e com base em laudos de pelo menos dois profissionais de saúde, para proteger o indivíduo e a comunidade em situações de intoxicação aguda, ou caso o indivíduo possa colocar em risco a sua própria segurança ou a de outros. Vários estudos mostram que não há evidências da eficácia dessas medidas, que pelo contrário, fortalecem o estigma, contribuem para o processo de exclusão, fragilizam vínculos sociais e aumentam o risco de infeçcões pelo HIV.

O UNODC e a Organização Mundial de Saúde destacam a disponibilidade e a acessibilidade como princípios necessários para o tratamento efetivo da dependência química. Serviços mais acessíveis, com maior capacidade de acolhimento, qualificados e com menos estigma podem ajudar a reduzir o uso de medidas legais para fazer com que as pessoas que necessitam de tratamento o iniciem.

Engajamento pessoal e envolvimento emocional são essenciais para desenvolver um projeto conjunto de tratamento humanizado que motive pacientes, familiares e comunidades, apresentando assim um caminho para transformar espaços de tratamento involuntário em espaços comunitários de coesão.
Fonte:UNODC - Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Reflexão do dia 9 de Dezembro


AMOR QUE NÃO TEM PREÇO
Quando conseguimos ver o Décimo Segundo Passo no conjunto de todas as suas implicações, estamos na verdade falando de um tipo de amor que não tem preço.
OS DOZE PASSOS E AS DOZE TRADIÇÕES. PG. 94


Para começar a praticar o Décimo Segundo Passo, precisei trabalhar em minha sinceridade e honestidade e aprender a agir com humildade. Transmitir a mensagem é uma dádiva de mim mesmo, não importa quantos anos de sobriedade tenha acumulado. Meus sonhos podem tornar-se realidade.
Reforço minha sobriedade compartilhando o que recebi de graça. Quando olho para trás naquele tempo em que comecei minha recuperação, já havia uma semente de esperança de que poderia ajudar outro alcoólico a sair de seu lamaçal. Meu desejo de ajudar outro alcoólico é a chave para minha saúde espiritual. Mas nunca esqueço que Deus age através de mim. Sou somente Seu instrumento.
Mesmo quando a outra pessoa não está pronta, existe sucesso, porque meu esforço em seu benefício ajuda-me a ficar sóbrio e a me tornar mais forte. Agir, nunca ficar cansado no trabalho do Décimo Segundo Passo, é a chave. Se sou capaz de rir hoje, não posso esquecer aqueles dias em que chorava. Deus me lembra que posso sentir compaixão?

A surpreendentes formas de se levar drogas para os Estados Unidos

A surpreendentes formas de se levar drogas para os Estados Unidos   


BBC Brasil - Da BBC Mundo

Submersíveis com motores e tripulação de até quatro pessoas são usados por traficantes

Túneis de 600 metros com iluminação e sistema de ventilação, submarinos camuflados para uma navegação mais discreta.

Estas são apenas algumas das formas mais inovadoras que as organizações criminosas encontraram para inundar os Estados Unidos com drogas.

A situação é tão grave que a Administração Para o Controle de Drogas (DEA, na sigla em inglês) confirmou que, por ano, morrem no país mais pessoas devido a overdose - de drogas ou medicamentos com receita - do que por acidentes nas estradas ou por armas de fogo.

Por isso, a BBC consultou quatro especialistas na luta contra a entrada de drogas nos Estados Unidos para conhecer as novas formas de tráfico e como as autoridades combatem este contrabando.

O contra-almirante Christopher Tonmey é o diretor do Comando Conjunto Interinstitucional Sul para a Guarda Costeira dos Estados Unidos e cobre mais de 100 milhões de quilômetros quadrados em sua área de vigilância, entrando "no profundo Atlântico desde o norte até o centro e sul dos Estados Unidos, passando até a zona leste do Pacífico".

"A droga que mais circula por esta zona é a cocaína. No ano passado conseguimos detectar em um tubo 191 toneladas desta substância", disse.

Tonmey afirma que os cartéis inovam muito para contrabandear a droga e, graças aos lucros com o tráfico, conseguem investir em inovação tecnológica.

"Neste monento 95% da droga é transportada por vias aquáticas, através de cargueiros, embarcações particulares, iates, veleiros e barcos pequenos. Também têm lanchas rápidas, projetadas para deixar para trás as embarcações da autoridades", afirmou.

"Recentemente observamos o uso mais frequente de embarcações semissubmersíveis feitas de madeira compensada e fibra de vidro, com motores comerciais. Os contrabandistas gastam até US$ 1 milhão para construir uma destas embarcações que, em geral, usam uma vez", acrescentou.


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Atualmente 95% da droga é transportada por via aquática

Tonmey afirma que seu departamento está sendo eficaz com os recursos que tem, mas admite que seria melhor ter mais barcos e aeronaves.

"Apenas por não sermos capazes de deter todos os envios de drogas, temos que pensar que estamos perdendo esta batalha. (...) Temos que derrubar estes cartéis. Até que não o façamos, teremos muito trabalho pela frente", acrescentou.

Tons de azul

O tenente comandante Devon Brennan é o supervisor de políticas contra narcóticos para a Guarda Costeira dos Estados Unidos. Em setembro ele monitorou a operação que conseguiu fazer a maior apreensão de drogas em um submersível.


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Imagem feita pela Guarda Costeira dos Estados Unidos interceptando um semissubmersível de madeira e fibra de vidro

Em um trabalho coordenado com aeronaves, a Guarda Costeira conseguiu detectar uma embarcação perto da costa da Guatemala.

"Assim que você escuta estas palavras, sua pressão sanguínea começa a se elevar", disse.

Eles usaram um helicóptero e pequenos botes que se colocaram atrás da embarcação para surpreendê-la.

"Apreendemos 6,8 mil quilos de cocaína nesta embarcação. Também havia um adicional de 1,2 mil quilos que deixamos dentro da embarcação pois, quando retira toda a carga, estes submersíveis ficam instáveis. Quando estávamos rebocando-o, entrou água e ele afundou."

"Se você analisa a embarcação, ela está apenas com um pé acima da superfície da água e está pintada com várias tonalidades de azul para que se misture com a cor do mar, o que faz com que seja muito difícil detectá-la até a uns 30 metros de distância", afirmou.

Brennan afirmou que a embarcação foi projetada para levar drogas pois a maioria do espaço é para carga e a tripulação é para quatro pessoas, que viajam amontoadas na cabine, uma área do tamanho de uma cama.

O risco de esta embarcação afundar é alto e, de acordo com ele, pilotá-la é uma atividade muito perigosa.


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De acordo com as autoridades estas embarcações custam em torno de US$ 1 milhão

"Não há falta de criatividade nas organizações criminosas que traficam drogas. Obviamente estão tentando desenvolver uma nave que fique totalmente submersa, o que será um desafio totalmente novo para nós", disse.

Rede de túneis

Eric Feldman é um agente especial do departamento de Investigações de Segurança Nacional e líder da Força Especial de combate aos túneis.

Ele afirma que os cartéis sempre buscam formas novas de entrar com a droga nos Esados Unidos e um túnel sofisticado permite o transporte de grandes quantidades.

"No mês passado foi detectado em San Diego um túnel onde foram apreendidas mais de 10 toneladas de maconha", disse.


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Este túnel tinha 600 metros de extensão e cruzava a fronteira entre México e EUA

"Este túnel em particular tinha 600 metros e se encontrava a 12 metros da superfície. Estava iluminado, com mecanismos de ventilação e um sistema de transporte de mercadoria que permitia carregar o produto no México e levá-lo através de trilhos até o ponto de saída nos Estados Unidos, onde havia um sistema de roldanas para levar a droga até um armazém."

E as formas que Feldman descobriu que eram usadas para disfarçar entradas de túneis também são criativas: mesas de sinuca, painel elétrico, banheiras, elevadores.

"Descobrimos uma saída de túneis nos Estados Unidos onde, depois da saída de cada carregamento, vinha uma equipe que fechava o acesso com cimento, fazia a pintura e colocava um tapete."

A equipe de Feldman obteve um sucesso relativo encontrando estes túneis. Mas ele lembra que, desde 2006, els só encontraram 11 destes.

Sofisticação

Para Rodrigo Canales, professor associado da Escola de Administração da Universidade de Yale, é preciso mudar a forma como pensamos nos traficantes.

"Nossas referências tradicionais é que os narcotraficantes são loucos, criminosos cruéis. Mas acredito que eles estão praticando um esporte muito mais sofisticado", afirmou.

Canales afirma que os traficantes querem controlar o território por onde transportam a droga, para garantir que ela seja entregue.

"A forma de neutralizar seus competidores é por meio da violência. Para controlar as autoridades se utiliza o que no México chamam de ´lei do dinheiro e do chumbo`: se você é uma autoridade local você quer ganhar muito dinheiro ou quer ser morto?"

Além disso, eles também querem a confiança dos moradores do território que operam e do que querem controlar.

"Ajudam a controlar outro tipo de crime. Investem na comunidade e desenvolvem estratégias elaboradas de comunicação para explicar às pessoas a razão de fazerem o que fazem."


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Os cartéis estão cada vez mais sofisticados com organização que copia estruturas militares e de empresas

"As organizações que são eficientes têm uma estrutura bem definida, uma cultura organizacional e valores. Têm canais no YouTube. Usam as redes sociais para recrutar e para se comunicar", afirmou o professor.

Ele afirma que a Federação de Sinaloa, geralmente citada como a organização criminosa mexicana mais poderosa, tem muita disciplina quanto ao envolvimento em outras atividade que não seja o tráfico, o que permite boas relações com moradores locais.

"Querem se posicionar como uma organização multinacional dedicada à droga."

Os membros dos Los Zetas estão em outro extremo e mantém uma estrutura militar.

"Desenvolveram sua própria marca para serem percebidos como os mais cruéis e violentos. Se criou no México um ambiente onde apenas a organização mais sanguinária, violenta e sofisticada sobrevive."

Canales afirma que o problema tem que ser abordado com um "enfoque estrutural e integral" senão esta organizações sempre estarão um passo à frente das autoridades.
Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas

Contribuir para clima social favorável ao uso de maconha pode ser tão danoso quanto vender a droga

   

Todos sabemos que a percepção das massas sobre determinado produto influencia muito no seu consumo. Este é o princípio do marketing: criar um produto com um diferencial a partir do qual se construa uma fama que sustente a marca. Parece lógico: quanto mais se reforça a fama, melhor é a percepção das pessoas sobre o produto, maior a procura e maior o consumo.

Com a maconha não é diferente. Alguns estudos demonstram que a onde de legalização se assenta num caldo social de aceitação ao uso que antecede a lei. É um processo de convencimento que vai se construindo lentamente e por meio de vários mecanismos, apresentando-se a cada um de nós por recortes de estudos, casos e evidências de que o risco do uso é baixo, de que o uso é comum, de que o efeito colateral da proibição é maior do que o de usar, de que a regulação do uso é fácil, e por aí vai.

Não são estratégias necessariamente premeditadas e conspiradas por um único grupo organizado favorável ao uso da maconha, mas uma sequência de fatos que naturalmente se seguem uma vez que o processo se iniciou, com alguns oportunistas entrando aqui, outros ali, como andar de bicicleta – depois das primeiras pedaladas, inevitavelmente consegue-se ir longe. E, assim como com a bicicleta – quando você menos percebe, já está andando –, com a maconha acontece o mesmo: quando você menos percebe, sua atitude sobre o uso mudou e você está mais condescendente, menos assustado, achando normal e que nem é tão arriscado assim. Essa mudança faz parte do processo social e de convencimento que antecede a legalização.

Isso é o que mostram alguns estudos. Um deles, chamado “Monitorando o futuro” e conduzido pela Universidade de Michigan (Estados Unidos) desde 1975, entrevista jovens estudantes do 8º, do 10º e do 12º ano Anualmente, são entrevistadas amostras dos cerca de 41.600 estudantes secundaristas. Eles são avaliados sobre o seu consumo de drogas, entre elas a maconha, e sobre a percepção de risco que têm em relação ao uso daquela droga, bem como sobre quanto eles aprovam ou desaprovam o consumo. O resultado levou a uma série histórica de 40 anos de pesquisa. Durante esse período, principalmente na década de 1980, houve uma diminuição acentuada da percepção de risco e aumento da aprovação do consumo. Nessa década, o consumo aumentou bastante. Depois, houve um aumento da percepção de risco e da desaprovação do consumo, resultando na diminuição do uso da droga.

No âmbito individual, parece bastante óbvio: se você acha que alguma coisa vai lhe causar dano, sua tendência é evitá-la. No social, por analogia, a atitude permissiva leva à diminuição da percepção de risco e ao aumento do consumo.

As questões que se impõem são as seguintes: com base em quais dados e evidências estamos construindo a percepção social atual sobre o risco do uso da maconha? Estamos informados sobre todos os aspectos de saúde? E sobre os riscos que a nossa própria atitude social exercerá sobre os adolescentes, por exemplo? Não estamos trabalhando em cima de dados de recortes que interessam a grupos de usuários eventuais, mas não a adolescentes predispostos à esquizofrenia, por exemplo? Não deveríamos proteger os mais vulneráveis? Não é esse o papel das políticas públicas de saúde?

São inúmeras as outras questões, mas que fogem ao escopo desta discussão. O que interessa aqui é que a atitude social que se constrói é de tamanha seriedade que no debate não se pode omitir nenhum detalhe. Não é um assunto banal. Não se trata de resolver um único problema, como o tráfico, ou de um único grupo, como o de usuários eventuais. Trata-se de administrar todos os fatores envolvidos na questão, incluindo o de saúde pública. Todos sabemos os riscos potenciais para a saúde, exatamente? Não só para a sua saúde, mas para a saúde de todos – dos mais vulneráveis, inclusive. É preciso pensar em uma política para o bem comum.

Por isso devemos ter cuidado: contribuir para um clima social favorável a uma atitude positiva sobre a maconha aumenta o uso e pode ser tão danoso quanto vender a droga.
Referência: Lloyd D. Johnston; Patrick M. O´Malley; Jerald G. Bachman; John E. Schulenberg. MONITORING THE FUTURE – NATIONAL SURVEY RESULTS ON DRUG USE, 1975-2014. The National Institute on Drug Abuse at National Institutes of Health.

Conad divulga resultado de contribuições da sociedade para UNGASS 2016



  

Brasília, 4/12/15 – Após consulta e audiência pública conselho avalia as contribuições da sociedade para compor a posição do Conselho a respeito da Sessão Especial das Nações Unidas sobre o Problema Mundial das Drogas - UNGASS 2016. Clique e confira o material na íntegra.

Entre as principais contribuições feitas pela sociedade por meio de uma consulta e uma audiência públicas, temos o aprimoramento das políticas de prevenção em matéria de drogas, por meio do desenvolvimento de programas transversais, multidisciplinares e integrados; ampliação e fortalecimento de redes públicas de saúde e de assistência social; promoção de diretrizes internacionais para prevenção do consumo de drogas entre crianças, adolescentes e adultos jovens; estímulo à realização de pesquisas científicas; fortalecimento da formação de profissionais para prevenção ao uso prejudicial e cuidado; aumento do controle e da regulamentação da produção, da comercialização e da propaganda de bebidas alcoólicas, com destaque às medidas de restrição de acesso. O documento tem ainda sugestões na área criminal, direitos humanos, desenvolvimento alternativo e novos enfoques para a questão das drogas.

O secretário nacional de Políticas sobre Drogas do Ministério da Justiça, Luiz Guilherme Mendes de Paiva, acredita que a UNGASS 2016 será "um importante evento para o debate dos atuais desafios que se apresentam ao sistema internacional de controle de drogas".

UNGASS 2016

Realizada pela Assembleia Geral das Nações Unidas, a UNGASS 2016 vai possibilitar a discussão das principais diretrizes globais sobre a questão das drogas a serem seguidas pelos Estados membros da ONU.

Quem participou da Consulta Pública teve a oportunidade de preencher este Guia e enviá-lo ao Conad. Para saber mais sobre a sessão, prazos e procedimentos, visite o sítio oficial do evento.

A UNGASS 2016 será um importante evento para discutir os atuais desafios que se apresentam ao sistema internacional de controle de drogas. Para saber mais sobre a sessão, prazos e procedimentos, visite o sítio oficial do evento.
Ministério da Justiça

domingo, 6 de dezembro de 2015

Liberação da maconha no Uruguai não acabou com o tráfico

   

site deputado Osmar Terra
Quando o Parlamento do Uruguai aprovou, no dia 10 de dezembro de 2013, a lei 19.172 - que deu ao governo o controle sobre produção, consumo e distribuição de maconha, o objetivo era derrubar tráfico de drogas, por intermédio de uma política de mercado. A ideia da liberação foi do então presidente Pepe Mujica. O texto entrou em vigor em 6 de maio de de 2014 e lá para cá o resultado não foi exatamente o programado.

Dados oficiais do Instituto Técnico Forense (ITF), onde chegam as drogas apreendidas por ordem judicial, apontam que a policia duplicou o recolhimento de plantas de maconha em cultivos ilegais. Ao mesmo tempo em que continuou a entrada livre de maconha vinda do Paraguai, aumentou o consumo de pasta base de cocaína – que o mesmo Mujica acreditava que cairia com a liberação da maconha.

No Brasil, o deputado federal Osmar Terra (PMDB-RS) que acompanhou o processo de legalização da droga no Uruguai, comentou:

- O mesmo ITF constatou um crescimento no consumo de cocaína e extasis. É a prova que a liberação da maconha fracassou, não deu o resultado esperado. É bom lembrar que durante a campanha eleitoral, seu sucessor, Tabaré Vazquez, da mesma Frente Ampla, disse ser contra a liberação, mas que seria obrigado a cumprir a lei aprovada no Parlamento.

Vazquez tenta segurar a venda livre de maconha nas farmácias – a associação dos químicos-farmacêuticos já se manifestou contra o negócio - e controla de perto os clubes de plantação e consumo da erva. Autoridades ainda debatem a regulamentação da lei, como controlar o tráfico – que não parou e cresceu -, como evitar seu uso no ambiente de trabalho.

Osmar Terra apontou dados preocupantes:

- Em 2013, a polícia uruguaia apreendeu 261pés de maconha, em 2014, foram 621; e nos primeiros dez meses de 2015, 1.058. Isto prova que, mesmo com a legalização do plantio, a plantação ilegal cresceu muito.

Na esteira da liberação da maconha, o êxtasis ganha espaço. Se em 2014, a polícia recolheu 140 comprimidos (40 gramas), de janeiro a outubro de 2015 foram 17 quilos – uma verdadeira invasão da droga.

A questão da maconha liberada não está resolvida no Uruguai. Há grandes resistências, até mesmo no governo eleito pela Frente Ampla:

- Já se sabia que o presidente eleito Tabaré Vázquez é contra a lei. A novidade é que seu irmão Jorge, subsecretario do Ministério do Interior que lidera a luta contra o crime organizado também desaprova a lei. Durante entrevista à TV Ciudad, de Montevidéu, revelou ter ido contra a regulação, mas teve que aceitar o resultado.
Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas

Lição de felicidade

 

Foi num dia desses. Eram dois irmãos vindos da favela. Um deles deveria ter cinco anos e o outro dez. Pés descalços, braços nus. Batiam de porta em porta, pedindo comida. Estavam famintos.

Mas as portas não se abriam. A indiferença lhes atirava ao rosto expressões rudes, em que palavras como moleque, trabalho e filhos de ninguém se misturavam.

Finalmente, em uma casa singela, uma senhora atenta lhes disse: Vou ver se tenho alguma coisa para lhes dar. Coitadinhos.

E voltou com uma caixinha de leite. Que alegria!

Os garotos se sentaram na calçada. O menor disse para o irmão: Você é mais velho, tome primeiro...

Estendeu a caixa e ficou olhando-o, com a boca semiaberta, mexendo a ponta da língua, parecendo sentir o gosto do líquido entre seus dentes brancos.

O menino de dez anos levou a caixa à boca, no gesto de beber. Mas, apertou fortemente os lábios para que nenhuma gota do leite penetrasse. Depois, devolveu a caixinha ao irmãozinho: Agora é a sua vez. Só um pouco, recomendou.

O pequeno deu um grande gole e exclamou: Como está gostoso.

Agora eu, disse o mais velho. Tornou a levar a caixinha, já meio vazia, à boca e repetiu o gesto de beber, sem beber nada.

Agora você. Agora eu. Agora você.

Depois de quatro ou cinco goles, talvez seis, o menorzinho, de cabelo encaracolado, barrigudinho, esgotou o leite todo. Sozinho.

Foi nesse momento que o extraordinário aconteceu. O menino maior começou a cantar e a jogar futebol com a caixinha. Estava radiante, todo felicidade. De estômago vazio. De coração transbordando de alegria.

Pulava com a naturalidade de quem está habituado a fazer coisas grandiosas sem dar importância.

Observando aqueles dois irmãos e o Agora você, Agora eu, nossos olhos se encheram de lágrimas.

Que lição de felicidade! Que demonstração de altruísmo! O maior, em verdade, demonstrou, pelo seu gesto, que é sempre mais feliz aquele que dá do que aquele que recebe.

Este é o segredo do amor. Sacrificar-se a criatura com tal naturalidade, de forma tão discreta, que o amado nem possa agradecer pelo que está recebendo.

Enquanto os dois irmãos desciam a rua, cantarolando, abraçados, em nossa mente vários ensinos de Jesus foram sendo recordados.

Fazer ao outro o que gostaria que lhe fosse feito.

O óbolo da viúva.

Amai-vos uns aos outros...

* * *

Coloca, nas janelas da tua alma, o amor, a bondade, a compaixão, a ternura para que alcances a felicidade.

Amando, ampliarás o círculo dos teus afetos e serás, para os teus amigos, uma bênção.

Faze o bem, sempre que possas. E, se a ocasião não aparecer, cria a oportunidade de servir. Deste modo, a felicidade estará esperando por ti.
Fonte: (www.momento.com.br)