sábado, 9 de janeiro de 2016

Uso de bebidas alcoólicas por menores de idade: um grande desafio para a saúde pública


 

Ao chegar na sétima série do ensino fundamental, aproximadamente 50% dos adolescentes norte-americanos terão consumido ao menos uma dose de bebida alcoólica, e mais de 20% terão reportado episódios de embriaguez. Aproximadamente 20% desses alunos de sétima série e 50% dos estudantes norte-americanos de terceiro ano do ensino médio terão feito uso de álcool nos últimos trinta dias. Aproximadamente 30% dos jovens matriculados no terceiro ano do ensino médio fazem uso abusivo de bebidas alcoólicas.

Além do fato de ser ilegal, o uso de bebidas alcoólicas por menores de idade oferece alto risco tanto para o indivíduo quanto para a sociedade. Por exemplo, as taxas de acidentes de trânsito onde houve o uso de álcool são maiores nos jovens de 16 a 20 anos do que nos motoristas de 21 anos ou mais. Os adolescentes também são vulneráveis aos danos cerebrais causados pelo etanol, os quais podem contribuir para o fraco desempenho no trabalho ou escola. Ademais, o uso dessas substâncias por jovens está associado com aumento nas chances de desenvolvimento de uso abusivo ou de dependência de álcool. O Alcohol Alert descreve algumas das graves consequências pelo uso de álcool em menores de idade, assim como abordagens de prevenção e de tratamento que podem ser aplicadas com sucesso nesta faixa etária específica.

Lesões e Consequências Sociais

O uso de bebidas alcoólicas por menores de idade está relacionado ao maior número de óbitos de jovens do que todas as drogas ilegais somadas. Alguns dos principais aspectos desse problema encontram-se dispostos abaixo.

Beber e Dirigir

Acidentes de trânsito são a maior causa de morte entre jovens de 15 a 20 anos. Os adolescentes já correm risco maior desse tipo de problema devido à falta de experiência na condução de um automóvel, sendo que os motoristas menores de 21 anos também são mais susceptíveis do que os motoristas mais velhos a sofrer prejuízos na habilidade de condução de um carro.

As taxas de acidentes automobilísticos envolvendo jovens de 16 a 20 anos que fizeram uso de bebidas alcoólicas é mais de duas vezes superior às taxas de acidentes de carro envolvendo motoristas de 21 anos ou mais que fizeram uso dessa substância.

Suicídio

As bebidas alcoólicas interagem com condições tais como depressão e estresse, podendo contribuir para o suicídio, a terceira causa mais frequente de morte entre jovens de 14 a 25 anos.

Violência Sexual

A violência sexual ocorre mais comumente entre mulheres no fim da adolescência e início da fase adulta, geralmente dentro do contexto de um encontro com interesses afetivos. Os estudos sugerem que o uso de bebidas alcoólicas por parte do agressor, da vítima ou de ambos aumenta a chance de violência sexual por parte de um conhecido do sexo masculino.

Prática de Sexo Inseguro

Os estudos têm associado o uso de álcool por adolescentes com a prática de sexo inseguro, com a presença de parceiros múltiplos e sem o uso de camisinhas. As consequências dessa prática podem ser gravidez indesejada e contração de doenças sexualmente transmissíveis, incluindo AIDS.

Os Efeitos do Álcool no Cérebro

A exposição do cérebro ao álcool durante a adolescência pode interromper processos chaves do desenvolvimento desse órgão, possivelmente levando a danos cognitivos leves, assim como na intensificação do uso de bebidas alcoólicas. Apesar da prevalência do uso de risco de bebidas alcoólicas decair com o passar dos anos, os danos causados por essa substância ao cérebro persistem com o tempo.

A Relação entre Uso Precoce de Álcool e Dependência de Álcool

O uso de precoce de bebidas alcoólicas pode ter consequências duradouras. Aqueles que começam a beber antes dos 15 anos apresentam predisposição quatro vezes maior de desenvolver dependência dessa substância do que aqueles que fizeram seu primeiro uso de álcool aos 20 anos ou mais de idade.

Prevenção e Tratamento

Os riscos imediatos e de longo prazo advindos do uso de álcool por menores de idade reforçam a necessidade de desenvolver programas efetivos de prevenção e de tratamento. A compreensão dos fatores sociais, pessoais e ambientais que contribuem para a iniciação e o aumento no uso de bebidas alcoólicas é essencial para o desenvolvimento desses programas. Os estudos sugerem que o fator de predição mais confiável do comportamento de consumo de álcool é o uso de bebidas alcoólicas por amigos e colegas do jovem.

Um exemplo de programa de prevenção focado em jovens é o Programa de Fortalecimento Familiar de Iowa, o qual retardou a iniciação no uso de álcool por meio da melhora nos laços familiares e na melhora na qualidade do relacionamento entre pais e filhos. Esse programa apresentou efeitos benéficos até mesmo quatro anos após a sua implementação. Outros programas preventivos feitos em escolas, por sua vez, focam em adolescentes que já iniciaram o consumo de álcool.

Política e Estratégias Comunitárias

Um fator importante no uso de bebidas alcoólicas por jovens menores de idade é a oferta dessa substância. Consequentemente, as intervenções que atuem nesse segmento da população devem ser complementadas por mudanças na política que ajudem na restrição do acesso ao álcool pelos jovens e que diminuam as consequências danosas do beber já instalado.
Fonte:CISA - Centro de Informações Sobre Saúde e Álcool 

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Reflexão...

As Portas   


Se você abre uma porta, você pode ou não entrar em uma nova sala. Você pode não entrar e ficar observando a vida.

Mas se você vence a dúvida, o temor, e entra, dá um grande passo: nesta sala vive-se! Mas, também, tem um preço...

São inúmeras outras portas que você descobre. Às vezes curte-se mil e uma. O grande segredo é saber quando e qual porta deve ser aberta. A vida não é rigorosa, ela propicia erros e acertos. Os erros podem ser transformados em acertos quando com eles se aprende.

Não existe a segurança do acerto eterno.

A vida é generosa, a cada sala que se vive, descobre-se tantas outras portas. E a vida enriquece quem se arrisca a abrir novas portas. Ela privilegia quem descobre seus segredos e generosamente oferece afortunadas portas.

Mas a vida também pode ser dura e severa. Se você não ultrapassar a porta, terá sempre a mesma porta pela frente. É a repetição perante a criação, é a monotonia monocromática perante a multiplicidade das cores, é a estagnação da vida...

Para a vida, as portas não são obstáculos,
mas diferentes passagens!"
Fonte:(Autorizado por www.rivalcir.com.br) 

Os filhos de pais que fazem uso problemático de álcool apresentam maior risco em idade adulta de transtornos mentais?



   
 

A literatura científica estabelece de maneira clara que filhos de pais que fazem uso problemático de álcool apresentam risco elevado de manifestar problemas relacionados à saúde mental. Esses problemas vão desde maior risco de desenvolvimento de uso abusivo e de dependência de álcool até depressão e delinquência. Ademais, há também problemas de socialização, menor desempenho escolar e mais problemas físicos. A origem dessas complicações é biopsicossocial, com destaque para a influência genética e familiar. Contudo, permanece incerto se o risco aumentado dessas sequelas vivenciadas pelos filhos de alcoólicas procede até a idade adulta.

Buscando responder essa questão, um grupo de pesquisadores holandeses investigou a saúde mental e física de 355 idosos (média de idade de 85 anos) residentes em casas de repouso de Amsterdã. Esse grupo de idosos foi avaliado quanto à presença de sintomas de doenças como depressão, transtornos de ansiedade, dependência de álcool, entre outros transtornos. Buscou-se também investigar se havia histórico familiar de uso problemático de álcool por parte de ao menos um dos pais dos entrevistados. Ademais, avaliaram-se as características sociodemográficas e a escolaridade da amostra.

Do total de 355 entrevistados, 21 sujeitos informaram ter tido pais com problemas relacionados ao uso de álcool. Curiosamente, os autores notaram que apenas 2 sujeitos fechavam diagnóstico para dependência de álcool, nenhum dos quais tivera pais que faziam uso problemático de álcool. Entretanto, observou-se que esses sujeitos apresentaram incidência significativamente maior de manifestação de quadros depressivos, em especial depressão maior.

Vale salientar que a amostra investigada era pequena, sendo assim susceptível a certos erros de amostragem. Essa possivelmente foi a razão pela qual não foi observada nenhuma relação entre presença de pais com uso problemático de álcool e incidência de alcoolismo em idade adulta pelos sujeitos. Por fim, os autores reforçam a necessidade de realização de mais estudos sobre o tema com amostras maiores a fim de compreender melhor a questão.
Fonte:CISA - Centro de Informações Sobre Saúde e Álcool

Tosse de fumante` pode esconder doença grave, alertam médicos

   
 


BBC Brasil
Parar de fumar é principal medida para evitar ou conter grave doença pulmonar ainda sem cura

Fumantes estão sendo advertidos a não ignorar sintomas aparentemente inofensivos, como a tosse, que poderiam estar por trás de doenças graves.

Em nova campanha, o Departamento de Saúde Pública do Reino Unido alerta sobre o desconhecimento, por muitos fumantes, dos riscos de doenças incapacitantes como a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC).

A enfermidade, que estreita as vias aéreas, pode fazer com que pessoas tenham grande dificuldade para realizar tarefas simples, como subir escadas.

As estatísticas mostram que o problema atinge mais de 1 milhão de pessoas na Inglaterra - em cada 10 casos, nove são causados pelo cigarro.

Para entender melhor a gravidade do problema, é preciso considerar que a DPOC é, na verdade, um conceito "guarda-chuva", que abrange uma série de doenças pulmonares crônicas, como bronquite e enfisema.

Sem cura

Quem desenvolve o problema passa a ter dificuldades para respirar, sobretudo em decorrência do estreitamento das vias aéreas e da destruição do tecido que compõe os pulmões.
Os sintomas típicos incluem falta de ar durante prática de atividades físicas, tosse persistente e infecções respiratórias frequentes.

Na campanha veiculada pelo governo britânico, especialistas dizem que fumantes geralmente desconsideram os sinais precoces da doença ao minimizá-los como "tosse de fumante".

Ao continuarem fumando, correm o risco de agravar o problema e comprometer ainda mais sua qualidade de vida.

Embora não haja cura, há ações importantes que podem ser colocadas em prática para reduzir os danos provocados pela enfermidade.

Parar de fumar, praticar exercícios físicos específicos e tomar medicações que podem reduzir a progressão da doença são algumas recomendações.

Para Sally Davies, conselheira de saúde pública, é fundamental que a população reconheça a gravidade do problema e que tenha em mente que o mais importante é parar de fumar.

"A melhor coisa que um fumante pode fazer para reduzir as chances de desenvolver essa doença devastadora e prolongar sua vida é parar de fumar", diz.
Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas


segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Álcool e Jovens


 

O uso de bebidas alcoólicas por adolescentes é tema que desperta grande preocupação entre profissionais da saúde. O uso precoce dessa substância está associado com exposição a riscos e uma série de complicações à saúde tais como prática de sexo sem proteção, maiores índices de gravidez, aumento no risco de dependência de álcool em idade adulta, mortes por traumatismos e queda no desempenho cognitivo e escolar. Assim, a discussão desse tema é de grande importância para a saúde pública, requerendo a atenção das autoridades, profissionais da saúde, pais e educadores.

1. Epidemiologia

1.1. Estudos populacionais no Brasil
Segundo dados do I Levantamento Domiciliar Sobre o Uso de Drogas Psicotrópicas no Brasil. 20011, 48,3% dos jovens de 12-17 anos já fizeram uso na vida de álcool, ao passo que esse número atinge 73,2% dos jovens de 18-24 anos. Segundo o mesmo estudo, 5,2% e 15,5 % dos jovens de 12-17 anos e 18-24 anos, respectivamente, são dependentes de álcool. No ano de 2005, com a realização do II Levantamento Domiciliar no Brasil, os autores constataram que o uso na vida de álcool por jovens de 12-17 anos e de 18-24 anos foi de, respectivamente, 54,3% e 78,6% ao passo que a dependência dessa substância nesses mesmos grupos etários foi de 7,0% e de 19,2%, respectivamente.

1.2. Jovens em idade escolar e estudantes universitários
Galduróz & Caetano investigaram o uso de álcool entre estudantes de ensino fundamental e médio no Brasil.
Os autores fizeram menção a estudos realizados nos anos de 1987, 1989, 1993 e 1997 com estudantes de ensino fundamental e ensino médio de escolas públicas de 10 capitais brasileiras. Observou-se nesses levantamentos que a cerveja foi a bebida mais consumida, com cerca de 70% dos estudantes fazendo menção ao seu uso. A comparação desses levantamentos com estudantes permitiu concluir que o uso na vida de álcool se manteve estável, ao passo que o uso pesado (definido como sendo o uso de 20 vezes ou mais de álcool no mês anterior a pesquisa) aumentou na maioria das cidades investigadas. Stempliuk e colegas, por sua vez, compararam a prevalência do uso de álcool entre estudantes da Universidade de São Paulo em uma amostra aleatória selecionada de 3590 alunos de graduação nos anos de 1996 e 2001. Os autores constataram aumento de uso de álcool no período em questão, com 88,5% e 91,9% dos entrevistados relatando já ter feito uso na vida de bebidas alcoólicas nos anos de 1996 e 2001, respectivamente.

1.3. Uso de álcool entre jovens no México
A Encuesta Nacional de Addicciones 2002 foi um estudo domiciliar que teve como objetivos investigar o uso de álcool outras substâncias no México. Foram visitadas 14.020 domicílios tanto na zona rural quanto urbana. Os pesquisadores constataram que entre os jovens de 12 a 17 anos de idade 64,4% nunca haviam feito uso de álcool, ao passo que 9,86% dos entrevistados nessa idade eram ex-bebedores e 25,74 % faziam uso de álcool. Nessa mesma faixa etária, 0,25% dos entrevistados faziam uso diário de álcool; 2,27% bebiam de 1-4 vezes por semana; 6,17% bebiam de 1-3 vezes por mês; 3,84% bebiam de 3 a 11 vezes por ano; 13,21% bebiam de 1 a 2 vezes por ano; 9,86% não beberam nos últimos 12 meses e 64,40% eram abstinentes.

2. Motivos que levam os jovens ao uso de álcool

Kuntche e colegas pesquisaram o consumo de álcool e a motivação manifesta por um grupo de 5379 jovens da oitava a décima série com média de idade de 15,1 anos na Suíça. Observou-se que o uso de cerveja e de destilados esteve associado de maneira positiva com os motivos relacionas a busca de efeitos (beber porque é legal, para ficar descontraído ou para ficar embriagado). Já os motivos sociais (beber em festas ou na companhia de amigos) estiveram associados com o uso de bebidas do tipo "batidas" e os motivos de aceitação (beber para ser aceito por amigos ou pelo grupo) estiveram associados ao uso de vinho. Assim, os autores especulam que possivelmente a amostra investigada inferiu que os destilados e a cerveja são a melhor opção na busca de efeitos devido, respectivamente, a sua elevada concentração alcoólica e devido ao preço acessível, ao passo que o vinho e as "batidas" parecem sofrer influência maior do contexto social.

3. Uso de álcool e modelos de padrão de consumo na Europa

Quatro modelos são descritos quanto ao padrão de consumo álcool por menores de idades na Europa:
a) Países com uso de álcool frequente e embriaguez repetida. países cujos jovens de 15-16 anos já fazem uso pesado de álcool. Exemplos desse modelo são a Dinamarca, Reino Unido, Irlanda, Holanda e República Checa.
b) Países com uso frequente de álcool e pouca embriaguez. países que apresentam uso frequente de álcool por jovens de 15-16 anos. Exemplos desse modelo são França e Grécia.
c) Países com consumo ocasional e embriaguez frequente - exemplos desse modelo são encontrados na Suécia, Noruega e Finlândia.
d) Países com consumo ocasional e pouca embriaguez. países com baixo consumo de álcool baixo por menores, tais como Portugal e Itália.

Tendo em vista essa classificação, os jovens mais suscetíveis a riscos decorrentes do uso de álcool não são aqueles advindos dos países com o maior consumo percapita dessa substância (França e Portugal), mas sim aqueles provenientes de países como o Reino Unido e a Dinamarca.

Em outro estudo realizado com jovens em idade escolar de 35 países europeus, mais de 90% dos jovens de 2/3 dos países que fizeram parte da amostra já haviam feito uso na vida de álcool. Dentre os países que acusaram maiores taxas de uso de álcool na vida por 40 vezes ou mais se destacam Dinamarca, Reino Unido, Holanda e República Checa. Já as menores proporções de jovens acusando esse padrão de consumo foi menor em países com Turquia e Portuga. Esse padrão de 40 ou mais vezes uso de álcool na vida foi mais frequente entre homens.

4. Consequências relacionadas ao uso precoce de álcool

A idade de início do uso de álcool é importante em diversos aspectos. Sabe-se que os menores de idade que fazem uso de álcool tendem a se expor a situações de risco como a prática de sexo sem preservativo e com múltiplos parceiros. Ademais, o uso precoce de álcool está associado com histórico de uso abusivo e de dependência de álcool. Os possíveis motivos que justificam essa associação vão desde prejuízos no julgamento causados pelo álcool, escolha de pares e amigos até a escolha de contextos que premiem a vivência de situações que envolvam risco. O início precoce no uso de álcool pode também ser usado como monitoramento nos padrões de consumo em larga escala pelos jovens. Nos EUA, por exemplo, a média de idade na qual inicia-se o consumo de álcool é de 13,1 anos. Em países como o Reino Unido e a França, a porcentagem de jovens de 13 anos de idade que relatam já ter ficado embriagado é de 38% e de 12%, respectivamente.

Stueve e O´Donnell (2005) analisaram a relação entre a iniciação precoce no uso de álcool e o engajamento em situações de risco por meio do acompanhamento de estudantes da sétima até a décima série (2º ano do ensino médio). A amostra consistiu de 1034 estudantes negros e latinos da região do Brooklin, Nova Iorque, com um ligeiro predomínio de mulheres (55,3% da amostra).

Os jovens foram entrevistados em dois momentos: na sétima e na décima série Aproximadamente ¼ da amostra relatou ter sido iniciada no uso de álcool até o outono da sétima série; no mesmo período, 3,1% dos jovens afirmaram ter ficado embriagados no último ano e 18,9% da amostra afirmara ter tido relações sexuais. Na décima série, 62,8% dos jovens já haviam feito uso de álcool, com 28,8% da amostra relatando uso no mês; 24% relatou ter ficado ou embriagado ou sob o efeito de outras drogas no ano anterior a re-entrevista; a iniciação sexual já ocorrera para 58,8% dos entrevistados até o período de re-entrevista; 30% dos adolescentes já haviam tido na vida 3 ou mais parceiros sexuais; 10,3% da amostra já havia engravidado; 36,6% relataram ter praticado sexo sem proteção.

Quando os dados foram cruzados, notou-se que o uso de álcool na sétima série esteve significativamente associado com o uso recente dessa substância, com embriaguez e com o relato de um problema recente relacionado tanto ao uso de álcool quanto ao de outras drogas. Além disto, o uso precoce de álcool também esteve associado à prática de sexo sem proteção e à gravidez precoce.

Os autores sugerem que o adiamento da iniciação no uso de álcool por alguns anos pode ser fator de proteção contra a exposição à situações de risco, desta forma, evidencia-se a importância da implementação precoce de programas de prevenção distintos para meninos e meninas.

4.1. Crianças em situação de rua
Em crianças submetidas à situações de estresse elevado o início da ingestão de álcool é mais precoce e o risco de consumo frequente pode ser maior. Um exemplo dessa dinâmica pode ser observado entre as crianças em situações de rua no Brasil.
Os jovens de 6 a 18 anos que passam a maior parte do dia na rua e que moram com seus pais e frequentam a escola manifestaram uso menos frequente de álcool do que os jovens do mesmo grupo de idade e em situação de rua que não moram com os pais e não frequentam a escola.
Em outro estudo conduzido no Brasil com crianças em situação de rua constatou-se que 33% dos jovens de 9 a 11 anos de idade e 77% dos jovens de 15 a 18 anos de idade eram grandes consumidores de álcool. No Canadá, os estudos mostram que 88% dos jovens em situação de rua já experimentaram bebida alcoólica e 9% fazem uso diário.

4.2. Custos sociais do uso de álcool por menores nos EUA
Nos EUA, a venda e o consumo de álcool é proibido para menores de 21 anos de idade. No entanto, o uso dessa substância por menores de idade é uma importante questão de saúde pública. Esse uso por menores de idade está associado com mortes prematuras por acidentes de carro, suicídios, brigas e agressões e prática de sexo desprotegido. Nota-se, desse modo, que o uso de álcool por menores acarreta perdas custosas para a sociedade. Em especial essas perdas estão relacionadas com violência.
Estima-se em US$61,9 bilhões as perdas decorrentes do uso de álcool entre menores. Esses gastos vieram de custos médicos (US$5,4 bilhões), perda de produtividade (US$14,9 bilhões) e perda de qualidade de vida (US$41,6 bilhões). Esses dados reforçam a necessidade de se combater o uso de álcool por menores de idade com medidas práticas e objetivas com o controle ao acesso de bebidas alcoólicas e o uso de bafômetros em ruas e estradas.

5. Uso precoce de álcool, cérebro e aprendizagem

Em termos gerais, os adolescentes, em comparação aos adultos, são mais sensíveis aos efeitos neurotóxicos do uso binge de álcool (5 ou mais doses por ocasião) e também à sua ação de inibição da neurogênese. O cérebro do adolescente, que apresenta bastante plasticidade, pode sofrer mudanças duradouras em decorrência do uso de álcool e, consequentemente, provocar mudanças de comportamento.

Essa maior vulnerabilidade do cérebro do adolescente é confirmada pela neuropsicologia. Estudos neurocognitivos (utilizando técnicas de neuroimagem) que compararam a resposta cerebral de jovens para atividades da memória operacional mostraram que adolescentes com transtornos relacionados ao uso de álcool apresentam maior atividade parietal (região do cérebro) do que os adolescentes sem essa condição para a realização de tarefa similar. Esses dados sugerem que nos estágios iniciais dos transtornos relacionados ao uso de álcool o cérebro pode compensar os danos causados por essa substância por meio do “recrutamento” de fontes neurais adicionais. Com o passar dos anos e a manutenção do padrão pesado de uso de álcool, nota-se que os danos tendem a aumentar, assim como a performance neuropsicológica tende a piorar e o cérebro perde sua capacidade de compensar as perdas.

Esse impacto danoso do álcool sob o cérebro do jovem parece ser mais intenso entre mulheres, entre filhos de pais alcoolistas e entre aqueles jovens que já fazem consumo de outras drogas (cigarro e maconha, por exemplo).

Vale salientar também a ocorrência de “apagões”, incidentes provocados pelo uso de álcool e caracterizados pela impossibilidade de evocar lembranças de um evento. O uso de álcool na adolescência, fase marcada pelo aprendizado e pelo amadurecimento, pode prejudicar o desenvolvimento cognitivo do jovem. Esse prejuízo, segundo a literatura científica, parece ser mais intenso nos adolescentes. Ademais, os estudos sugerem que esses jovens que manifestaram “apagões” de memória tendem a se envolver com incidentes tais como brigas, vandalismo, discussões e prática de sexo.

6. Políticas preventivas ao uso precoce de álcool

Diversos tipos diferentes de abordagem buscam lidar e aliviar os problemas relacionados ao uso de álcool entre jovens. Possivelmente a abordagem mais frequentemente utilizada é a do método educacional em ambiente escolar. Essa abordagem busca fornecer ao jovem informação sobre o uso de álcool e suas consequências à saúde, busca trabalhar sua auto-estima e fortalecer a resistência à pressão em torno do consumo de bebidas.

Exemplos dessa abordagem são o guia “Escolha Certa. esporte sem álcool” e a cartilha “Como falar sobre o uso de álcool com seus filhos”, ambas elaboradas pelo CISA.
O guia “ Escolha certa. esporte sem álcool: CISA e Instituto Compartilhar juntos ” tem como objetivo oferecer um instrumento de prevenção e de opção para uma vida saudável, bem como alertar os jovens sobre os riscos que o consumo de álcool representa para a saúde. O guia traz histórias interativas por meio de personagens que mostram de que forma o álcool pode afetar a vida de quem o consome, dicas e informações gerais sobre os efeitos no organismo e a importância das escolhas. O material conta ainda com depoimentos de nomes importantes do esporte brasileiro como Ricardinho (jogador de futebol), Gustavo Borges (nadador), Daiane dos Santos (ginasta), entre outros, com mensagens de alerta para uma vida saudável.
A cartilha “Como falar sobre uso de álcool com seus filhos”, por sua vez, é voltada aos pais de crianças e adolescentes, trata-se de uma cartilha informativa que busca esclarecer os pais dos prejuízos que o uso de álcool pode trazer à saúde de crianças e adolescentes. O projeto inclui palestras feitas por especialistas da área e tem o objetivo de alertar e auxiliar pais e educadores sobre como prevenir e falar sobre o uso de álcool com os jovens.

Outra abordagem utilizada é a da intervenção breve (intervenção de curta duração). Esse método apresenta resultados bem satisfatórios na redução do consumo de álcool e de problemas associados entre jovens adultos. Sua efetividade se faz valer também entre jovens estudantes universitários, conforme atesta a literatura científica sobre o assunto. Contudo, ainda faltam estudos comprovando a efetividade desse método entre jovens e adolescentes.

Vale destaque também para as mudanças em termos de políticas públicas, as quais resultas em efeitos significativos tanto no comportamento dos jovens quanto na diminuição do consumo de álcool. Assim, medidas relacionadas ao beber e dirigir e de combate à venda e consumo de bebidas para jovens são de grande valia.

Exemplos dessas medidas são o estabelecimento de idade mínima para consumo ou compra de álcool e taxação das bebidas alcoólicas. Ao menos 67 países mundo afora apresentam legislações em torno da idade mínima de consumo ou compra de álcool. O limite mais comumente estabelecido é a da idade de 18 anos. Contudo, alguns países definem esse limite como sendo de 21 anos. A tabela 01 dispõe o limite permitido de compra ou de consumo em alguns países das Américas:



Uma outra abordagem que apresenta resultados satisfatórios é a taxação das bebidas alcoólicas. Os jovens parecem ser especialmente sensíveis a essa medida, já que se trata de um grupo que dispõe de poucos recursos financeiros. Essa medida tem mostrado resultados positivos na redução de consequências do uso prejudicial de álcool tais como acidentes de transito, cirrose hepática e prática de sexo sem preservativo e violência.
Fonte:CISA - Centro de Informações Sobre Saúde e Álcool 

Saiba mais sobre a Cocaína e seus males...

Cocaína 

É uma das drogas ilegais mais consumidas no mundo.
A cocaína é um psicotrópico, pois age no Sistema Nervoso Central, isto é, sua atuação é no cérebro e na medula espinhal, exatamente nos órgãos que comandam os pensamentos e as ações das pessoas.
Há dois tipos de envenenamento pela cocaína: um caracterizado pelo colapso circulatório e, o outro, pela intoxicação do Sistema Nervoso Central - o cérebro, que é o órgão da mente.
A respiração, primeiro é estimulada e, depois decai. A morte advém devido ao colapso cardíaco.
As alucinações cocaínicas são terríveis: no início, um pouco de prazer, mas com o decorrer do tempo, o usuário pode ouvir zumbidos de insetos, queixando-se de desagradável cheiro de carrapatos; sente pequenos animais imaginários, como vermes e piolho, rastejando embaixo de sua pele, e as coceiras ou comichões quase o levam à loucura. Nos casos agudos de intoxicação, pode haver perfuração do septo nasal, quando a droga é aspirada ou friccionada nas narinas; e queda dos dentes, quando a fricção for nas gengivas.
A maneira como a cocaína é usada pode ter influência nos efeitos. Quanto mais rápido a cocaína é absorvida e enviada para o cérebro, maior será a euforia experimentada. O reforço do próprio uso e a possibilidade de efeitos colaterais também são maiores.

Mascar folhas de cocaína devagar e continuamente. As folhas de coca apresentam apenas o equivalente a 1% do seu peso de cocaína, portanto são engolidas quantidades relativamente pequenas ao mascar. Estes fatores contribuem para manter níveis baixos de cocaína no sangue e, portanto, significamente menos euforia do que a obtida com a cocaína através de outras formas.

A cocaína extraída das folhas e purificada como um sal (hidroclorido). Nesta forma, a cocaína pode ser absorvida por inalação e pode ser injetada. A inalação (cheirar) produz níveis rápidos e também declives rápidos. Os níveis de cocaína no cérebro, suficientes para surtir efeitos, são atingidos de 3 a 5 minutos. Os efeitos da injeção intravenosa são ainda mais rápidos, menos de um minuto.

Fumar produz efeitos em um tempo mais curto ainda do que o da injeção intravenosa, normalmente abaixo de 10 segundos. Duas formas de base para a cocaína têm sido usadas para fumar - "freebase" e "crack". Estas formas são quimicamente idênticas, mas são preparadas de forma diferente. "Freebase" refere-se a base isolada em éter depois de tratada com sal dissolvido em água com amônia. O éter é evaporada para obter uma droga muito pura e sólida. "Crack" refere-se à forma não salgada da cocaína isolada numa solução de água, depois de um tratamento de sal dissolvido em água com bicarbonato de sódio. Os pedaços grossos secos têm algumas impurezas e também contêm bicarbonato. Os últimos estouram ou racham (crack) como diz o nome.
( Fonte: Como agem as drogas, Gesina L. Longenecker,PH.D. Quark books. Ilustrações de Nelson W.Hee)

Tempo Necessário para alcançar o cérebro através de formas comuns de dependência
Fumar6-8 segundos
Injeção intravenosa10-20 segundos
Cheirar3-5 minutos
Mascar produz um nível mais baixo e estável da droga
Cocaína na gravidez causa perda de neurônios em cérebro de bebê
Segundo um estudo publicado no Journal of Comparative Neurology, o uso de cocaína durante a gravidez pode resultar na perda de mais de metade dos neurônios do córtex cerebral dos bebês. Os cientistas estudaram os cérebros de macacos rhesus, mas acadêmicos acreditam que a descoberta pode ter implicações para os seres humanos, no que se refere aos reais danos fisiológicos para o cérebro do bebê associados ao uso de cocaína pela mãe durante a gravidez. Metade dos oito macacos usados nos experimentos nasceu de mães que consumiram 20mg/Kg de cocaína por dia durante o segundo trimestre de gravidez. A outra metade não recebeu cocaína, mas teve alimentação e cuidados pré-natais similares. O estudo mostrou que o córtex cerebral dos macacos nascidos de mães que usaram a droga tinha cerca de 60% menos neurônios e era cerca de 20% menor do que aqueles do grupo controle. "Esse é o primeiro estudo que mostra claramente a possibilidade da cocaína afetar a estrutura cerebral. Ele mostra que isso pode ocorrer", disse Michael Lidow, do Programa de Neurociência da Universidade de Maryland, um dos autores do trabalho.


Fonte: site antidrogas.com.br

Abelhas ´mostram` como álcool afeta humanos, diz estudo


 

Pesquisadores na Universidade Estadual do Ohio, Estados Unidos, descobriram as abelhas reagem ao álcool da mesma forma que os seres humanos.

Durante as experiências as abelhas receberam doses de etanol, o ingrediente intoxicante do álcool. A equipe descobriu que este ingrediente afeta o vôo, a movimentação em terra e a higiene das abelhas.

Os pesquisadores vão fazer mais pesquisas com abelhas para tentar estabelecer como o álcool afeta a memória e o comportamento dos humanos.

A co-autora do estudo, Julie Mustard, pesquisadora do setor de entomologia, afirmou que "o álcool afeta abelhas e humanos de maneira semelhante: prejudica a coordenação motora e também as capacidades de aprendizado e processamento de memória".

"No nível molecular os cérebros de humanos e abelhas trabalham da mesma forma. Sabendo como o uso crônico de álcool afeta genes e proteínas no cérebro das abelhas pode ajudar a compreender como alcoolismo afeta a memória e o comportamento humano", disse.

Concentração

Os pesquisadores deram vários níveis de etanol, por meio de canudos, fornecendo concentrações diferentes. A concentração de etanol da experiência variava entre zero e 100.

Um copo de vinho tem concentração de 10%, por exemplo.

Os pesquisadores monitoraram as abelhas por 40 minutos, observando quanto tempo as abelhas passavam voando, andando, cuidando de sua aparência e higiene e até mesmo quanto tempo elas passavam deitadas de costas.

Segundo a equipe as abelhas que consumiram concentrações maiores de etanol passaram menos tempo voando ou cuidando de sua aparência e higiene. A maior parte do tempo elas ficaram deitadas de costas, sem controle de postura para voltar à posição normal.

Devido ao fato de abelhas serem organizadas em sociedades, os pesquisadores também pretendem descobrir como o álcool afetou seu comportamento normalmente calmo, transformando-as em abelhas mais agressivas.
Fonte:CISA - Centro de Informações Sobre Saúde e Álcoo