segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Reflexão: Quase!

Quase


Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase. É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi. Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou.

Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono. Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cór, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "bom dia", quase que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz.

A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.

Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance; para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém, preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.

O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si. Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.

Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu."
Fonte:(Autorizado por www.rivalcir.com.br)

Viciados em metanfetaminas: livro diz que nazistas eram movidos a drogas


 


UOL - Notícias
The New York Times - David Segal
Diante da quantidade imensa de livros já dedicados aos nazistas e Hitler, seria possível presumir que tudo de interessante, terrível e bizarro já seja de conhecimento sobre um dos regimes mais notórios da história e seu líder genocida. Mas então surge Norman Ohler, um romancista de fala mansa de 46 anos de Berlim, que remexeu os arquivos militares e encontrou este fato surpreendente: o Terceiro Reich era movido a drogas.

Na verdade, todo tipo de drogas e em quantidades assombrosas, como Ohler documenta em "Blitzed: Drugs in Nazi Germany" (algo como "Drogados: Drogas na Alemanha Nazista", em tradução livre, ainda não lançado no Brasil), um best-seller na Alemanha e no Reino Unido que será publicado em abril nos Estados Unidos, pela editora Houghton Mifflin Harcourt. Ele esteve em Nova York e se sentou para uma entrevista, antes de fazer uma palestra em um loft no East Village, perto da faculdade Cooper Union.

"Trata-se na verdade de meu antigo bairro", ele disse, enquanto bebia um suco de uva em um sofá. "Eu morei aqui enquanto escrevia meu primeiro romance, uma história de detetive."

Ohler fez uso de seu interesse por investigação durante os cinco anos que precisou para pesquisar e escrever "Blitzed". Por meio de entrevistas e documentos que não foram estudados cuidadosamente antes, ele descobriu novos detalhes sobre como era fornecido regularmente aos soldados da Wehrmacht metanfetamina de uma qualidade que daria inveja a Walter White, do seriado "Breaking Bad: A Química do Mal". Milhões de doses, embaladas como pílulas, eram tomadas nos combates ao longo de toda a guerra, parte de uma campanha contra a fadiga, direto da fábrica para o fronte, aprovada oficialmente.

Assim como a ressaca ocorre após o efeito das drogas, essa estratégia farmacológica funcionou por algum tempo (ela foi crucial para a invasão turbinada e derrota da França em 1940) e depois não, mais notadamente quando os nazistas ficaram atolados na União Soviética. Mas o retrato mais vívido do abuso e abstinência em "Blitzed" é o de Hitler, que por anos recebeu por seu médico pessoal doses injetadas de poderosos opiáceos, como o Eukodal, uma marca de oxicodona que já foi avaliada por William S. Burroughs como "realmente horrível". Por alguns poucos meses sem dúvida eufóricos, Hitler também recebias doses de cocaína de alto grau, uma combinação de sedação e estímulo que Ohler compara a um "speedball clássico".

"Há todas essas histórias sobre líderes do partido vindo para se queixarem de suas cidades bombardeadas", disse Ohler, "e Hitler apenas dizia: ´Vamos vencer. Essas perdas nos deixam mais fortes`. E os líderes diziam: ´Ele sabe de algo que não sabemos. Ele provavelmente conta com uma arma milagrosa.` Ele não tinha uma arma milagrosa. Ele tinha uma droga milagrosa, para fazer com que todos pensassem que ele tinha uma arma milagrosa."

Magro e ossudo, Ohler transmite discretamente o humor mordaz que ocasionalmente vem à tona em seu livro. "Blitzed", ele explicou, nasceu quando um amigo de Berlim, que é DJ e fã de substâncias que alteram a percepção, perguntou: "Você sabia que os nazistas se enchiam de drogas?" Enquanto crescia em Munique, o amigo ouviu sobre o uso de metanfetamina na guerra por ex-soldados.

Fora um documentário sobre o assunto, Ohler encontrou pouca informação online. Então ele contatou um acadêmico do documentário, que forneceu dicas valiosas sobre como pesquisar nos arquivos militares, que não eram indexados para buscas sobre "drogas". Inicialmente, o resultado de sua pesquisa era destinado para um quarto romance, mas seu editor lhe disse que a história era louca demais para ficção. Ele foi aconselhado a contá-la de modo direto.

A história pode ser uma disciplina traiçoeira para neófitos, mas alguns profissionais deram altas notas ao exaustivamente pesquisado "Blitzed", que conta com meticulosas notas de rodapé. O renomado biógrafo de Hitler, Ian Kershaw, o chamou de "trabalho acadêmico sério". E apesar de elementos dessa história já terem sido contados, a extensão do consumo de narcóticos pelos soldados nazistas e por Hitler surpreendeu até mesmo aqueles que passaram décadas pesquisando essa época.
Como isso é possível?
Corbis


"É um dos velhos problemas da especialização", disse Antony Beevor, autor de vários livros altamente respeitados sobre a Segunda Guerra Mundial. "Nenhum historiador sabe muito sobre drogas. Quando alguém de fora vem com mente aberta e interesses diferentes, os resultados podem ser fantásticos e muito esclarecedores."

O fascínio de Ohler por drogas vem de uma experiência pessoal. Quando tinha 20 e poucos anos e estava visitando Nova York, ele tomou um ácido e alucinou um distúrbio racial em plena escala na Segunda Avenida.

E ele fez outras viagens?
"Sim", ele disse.

"Blitzed" começa com o sucesso dos alemães no século 19 como preeminentes inventores, fabricantes e exportadores de drogas mundiais, indo desde o benigno (aspirina) ao infame (heroína). Uma dessas drogas foi a metanfetamina, que era inicialmente comercializada livremente nas farmácias ao público alemão como estimulante para todas as finalidades, desde o combate à depressão até febre do feno.

Tubos vermelhos, brancos e azuis de pílulas, vendidos sob o nome comercial de Pervitin, chamaram a atenção de um médico da Academia de Medicina Militar em Berlim, que supervisionaria a logística do fornecimento de milhões de pílulas às tropas. Os soldados alterados corriam incansavelmente pelas Ardenas no início da guerra, um desempenho adrenalizado que deixou Winston Churchill "estupefato", como ele escreveu em suas memórias. Um general alemão se gabou posteriormente de que seus homens permaneceram acordados por 17 dias consecutivos.

"Acho que isso é um exagero", disse Ohler, "mas a metanfetamina foi crucial naquela campanha".

O outro foco de "Blitzed" é um homem há muito considerado um dos farsantes da era: Theodor Morell, o médico corpulento e arrogante que conquistou a confiança de Hitler em 1936, após curar uma dor de estômago que afligiu o Fuhrer por anos. Um oportunista e maestro com uma seringa, Morell respondia às exigências incessantes do Paciente A, como ele chama Hitler em suas anotações, com um regime cada vez maior de vitaminas injetáveis, hormônios e esteróides, que incluíam extratos de corações e fígados de animais. (Apesar da dieta de Hitler ser vegetariana, suas veias contavam uma história diferente.) A partir de meados de 1943, o coquetel passou a incluir quantidades generosas de opiáceos.

"Historiadores tentaram explicar os tremores que Hitler passou a exibir em 1945 dizendo que ele sofria de Parkinson", disse Ohler. "Eu não descartaria isso, mas não há prova. Eu acho que Hitler estava sofrendo de síndrome de abstinência."

Ohler acredita que o consumo de drogas por Hitler prolongou a guerra, ao estimular seus delírios. Mas "Blitzed" não aspira mudar nosso entendimento do Nacional Socialismo ou da psique de Hitler, mas sim acrescentar detalhes que fazem outros retratos parecerem incompletos.
Tradutor: George El Khouri Andolfato
Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas

Os estranhos líquidos bebidos como se fossem álcool na Rússia e que causam milhares de mortes por ano


 


BBC Brasil
(Thinkstock)
As autoridades da Rússia calculam que são consumidos anualmente 180 milhões de litros de bebidas medicinais líquidos medicinais como alternativa a bebidas alcoólicas no país.

Pelo menos 58 pessoas morreram na Rússia esta semana depois de beber, como se fosse licor, uma loção para banho que contém metanol ou álcool metílico, uma substância tóxica utilizada normalmente como solvente na indústria química.

O incidente ocorreu na cidade siberiana de Irkutsk, no leste da Rússia, onde as autoridades declararam estado de emergência.

As vítimas eram homens e mulheres com idades entre 35 e 50 anos.

Um dos sobreviventes disse que só bebeu um pouco da loção e acordou cego no dia seguinte.

As mortes causadas pelo consumo do líquido - que se chama Boyaryshnik e tem no rótulo a advertência de que não deve ser ingerido - traz à tona novamente o problema do consumo de produtos com álcool que não foram feitos par serem bebidos, que segundo dados oficiais, causa a morte de 14 mil pessoas por ano no país.

Alcoolismo

O alcoolismo é um problema sério na Rússia, onde calcula-se que um adulto beba em média 20 litros de vodca por ano. No Reino Unido, por exemplo, o consumo de bebidas destiladas gira em torno de três litros por pessoa por ano.

De acordo com um estudo feito há dois anos, 25% dos homens russos morrem antes dos 55 anos por doenças ligadas ao consumo de álcool.

Mas para os mais pobres, isso não é um impedimento para beber: líquidos que contêm álcool, como perfumes, colônias, loções pós-barba e produtos de limpeza são uma alternativa barata.

Segundo especialistas, cerca de 12 milhões de russos bebem produtos que custam o equivalente a menos de US$ 1 (R$ 3,3) o litro. Um litro de vodca custa aproximadamente US$ 3 (R$ 9,84).

"É muito fácil consegui-los", explicou Olga Ivshina, correspondente do serviço russo da BBC.

"Como não são bebidas, eles estão à venda nas farmácias que funcionam 24 horas, enquanto as lojas de bebidas não podem vender álcool depois das 22 horas ou 23 horas".

"Também há máquinas onde é possível consegui-los a qualquer hora. Assim, menores de 18 anos podem comprar bebidas alcoólicas sem ter que mostrar documento de identidade", acrescentou.

"Também não se pode proibí-los como não se poderia proibir a venda do perfume Chanel Nº5", diz ela.

A cada ano os russos consomem entre 170 e 250 milhões de litros de loções, segundo o Serviço Federal para a Regulação do Mercado de Álcool.

Especialistas calculam que a demanda destes produtos tem crescido 20% ao ano.

O problema não é novo no país: agravou-se nos anos 1990, durante o governo de Mikhail Gorbachev, que por um breve período tentou proibir o consumo de álcool na antiga União Soviética.

Atualmente, o problema vem sendo agravado pela crise econômica e pelo aumento do preço da vodca e de outras bebidas alcoólicas.
Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas 

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Tabagismo custa US$1 trilhão e em breve vai matar 8 milhões por ano, diz estudo


 


UOL Notícias
GENEBRA (Reuters) - O tabagismo custa à economia global mais de 1 trilhão de dólares por ano e matará um terço a mais de pessoas até 2030 do que agora, de acordo com um estudo da Organização Mundial da Saúde e do Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos publicado nesta terça-feira.

O custo estimado supera amplamente as receitas globais com os impostos sobre o fumo, que a OMS colocou em cerca de 269 bilhões de dólares em 2013-2014.

"O número de mortes relacionadas ao tabaco deverá aumentar de cerca de 6 milhões de mortes para cerca de 8 milhões anualmente até 2030, sendo que mais de 80 por cento delas vão ocorrer em países de baixa e média renda", disse o estudo.

Cerca de 80 por cento dos fumantes vivem nesses países, e embora a prevalência de tabagismo esteja caindo entre a população global, o número total de fumantes em todo o mundo está aumentando, disse.

Especialistas em saúde dizem que o uso do fumo é a maior causa evitável de morte globalmente.

"É responsável por... provavelmente mais de 1 trilhão de dólares em custos de saúde e perda de produtividade a cada ano", disse o estudo, revisado por mais de 70 especialistas científicos.
(Por Tom Miles)
Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas


Finalmente a ciência explicou o que você já sabia: Beber dá fome



 


Do UOL, em São Paulo
IStock
As células neurais responsáveis por ativar a sensação de fome no corpo humano também são estimuladas pelo álcool

Bebidas alcoólicas são ricas em calorias e seu consumo, além de causar embriaguez, também deveria saciar a fome de quem as ingere, certo? Na verdade, não é bem assim: estudo publicado pela Nature nesta terça-feira (9) apontou que as "bebedeiras" são um gatilho para a compulsão alimentar.

A fome que aparece após a ingestão de álcool foi explicada por pesquisadores britânicos, a culpa é toda dos neurônios Agrp.

O estudo conduzido por Denis Burdakov, do Instituto Francis Crick, de Londres, mostrou que os principais componentes dos circuitos de alimentação do cérebro --aqueles que desencadeiam a sensação de fome em nosso corpo-- são ativados pelo álcool.

Localizados no hipotálamo, os neurônios de Agrp exibem hiperatividade elétrica e bioquímica quando são expostos ao etanol (princípio ativo do álcool).

O estudo mostrou, ainda, caminho reverso. Ao abolir a atividade deste neurônio, a indução à compulsão alimentar por meio da ingestão de álcool foi neutralizada, mostrando que a atividade da célula de Agrp é essencial para que o álcool estimule a alimentação excessiva.

Ratos "beberrões" comem mais

A pesquisa foi realizada com dois grupos de ratos. O primeiro deles foi exposto ao consumo excessivo de álcool por três dias (ingerindo o equivalente a 18 doses por dia), ao passo que o segundo não foi submetido ao uso do etanol.

O resultado foi que, enquanto, os ratos que permaneceram "sóbrios" não alteraram seus padrões de consumo alimentar, os animais que participaram da "bebedeira" apresentaram um aumento significativo na ingestão de alimentos.
Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

É possível consumir álcool tomando antidepressivos?


 


UOL - Steven Petrow
"Por que você parou de beber? Você não parecia ter um problema com a bebida", perguntou meu amigo Brad quando saímos para jantar recentemente.

A pergunta me surpreendeu porque foi feita dois anos depois de minha decisão de "dar um tempo" no álcool. Ele estava examinando a lista de vinhos, e percebi que queria minha companhia para compartilhar uma garrafa de rose francês. Então decidi contar a verdade.

"Para recuperar o controle da minha depressão."

Com 50 e tantos anos, minha antiga depressão começou a piorar, embora eu não tenha percebido no início. Continuei a beber moderadamente, dois copos de vinho na maioria dos dias da semana, com um Manhattan por mês.

Então dois meses muito escuros e tempestuosos me sacudiram tremendamente, deixando-me em um buraco negro de desespero enquanto a depressão tomava conta de mim. Na minha primeira consulta de terapia, o psicofarmacologista me ouviu com atenção e depois me aconselhou sem rodeios: "Pare de beber por um mês".

O psiquiatra queria saber se eu controlava minha ingestão de álcool ou se ela me controlava. Ele explicou que nos tornamos mais sensíveis aos efeitos depressivos do álcool à medida que envelhecemos, especialmente na meia-idade, quando a química do nosso corpo muda e estamos mais propensos a tomar vários remédios que podem interagir com o álcool e uns com os outros.

Por ordens do médico, parei de uma vez de ingerir álcool. Quando voltei lá um mês depois e afirmei que não havia tocado em um drinque desde a minha visita anterior, ele ficou satisfeito de saber que eu não tinha "um problema ativo com o álcool" e me contou que eu podia beber o que ele considerava moderadamente: não mais do que dois copos de vinho por dia e nunca em dias seguidos. Ele também sugeriu que eu mantivesse um diário.

Hoje, o número de americanos tomando antidepressivos é maior do que nunca. A incidência quase dobrou entre 1999 e 2012, aumentando de 6,9 para 13 por cento, segundo um estudo do JAMA. O uso de antidepressivos cresce com a idade, com mais de uma em seis pessoas acima dos 60 anos necessitando de medicamentos para a depressão.

As empresas farmacêuticas erram na hora de avisar sobre os problemas, advertindo aqueles que tomam os remédios para "evitar o álcool". O álcool em si é um fator depressivo e pode piorar a doença, embora poucos estudos tenham explorado as implicações clínicas de misturá-lo com os antidepressivos. O doutor Daniel Hall-Flavin, professor associado de Psiquiatria da Clínica Mayo que estuda vícios, afirma: "Apesar de certos indivíduos serem capazes de tomar um drinque ocasional sem sofrer complicações, isso não pode ser generalizado para toda a população, porque algumas pessoas podem ter interações medicamentosas".

O psicólogo clínico Andrew Solomon, um dos deprimidos mais conhecidos do mundo por causa de seu livro "O Demônio do Meio-Dia: Uma Anatomia da Depressão", não pode oferecer uma orientação muito precisa: "Definitivamente varia dependendo de como estou me sentindo em geral", afirmou quando perguntei sobre seus hábitos. "Quando estou de bom humor, encaro com mais tranquilidade; quando me sinto mais frágil, sou mais cauteloso."

"As pessoas não sabem", explica o doutor Richard A. Friedman, professor de Psiquiatria Clínica, diretor de Psicofarmacologia Clínica do Weill Cornell Medicine, de Nova York, e colaborador ocasional do The New York Times. "Simplesmente não há bons estudos sobre a existência de uma quantidade segura de ingestão de álcool enquanto o paciente está tomando antidepressivos, e é por isso que temos tantas opiniões diferentes dos médicos, indo de nada a moderadamente, o que quer que isso seja."

Friedman nos lembra de algo que já sabemos: "O risco de abuso de álcool e de problemas de dependência para quem sofre de depressão é mais ou menos o dobro do risco das outras pessoas". E se existe uma condição psiquiátrica, como transtorno bipolar, diz ele, a possibilidade de surgir uma desordem relacionada à ingestão do álcool é seis a sete vezes maior.

Ele observa que alguns remédios podem ser mais perigosos do que outros quando combinados com o álcool. E faz um alerta específico sobre o Wellbutrin, preferido por muitos pacientes porque quase não possui efeitos colaterais relacionados ao sexo; infelizmente esse antidepressivo, quando combinado com o álcool, pode aumentar a probabilidade de uma convulsão.

O Lexapro, o antidepressivo que eu tomo, pertence a uma classe amplamente prescrita de antidepressivos conhecidos como inibidores seletivos da receptação de serotonina e não é melhor nem pior, em relação ao álcool, do que outros do mesmo estilo.

Friedman acrescenta que um tipo mais antigo de antidepressivo conhecido como inibidores da monoamina oxidase, ou MAOIs (na sigla do nome em inglês), pode ser particularmente perigoso quando combinado com bebidas alcoólicas. O álcool contém quantidades variáveis de tiramina, uma substância natural também encontrada em alguns alimentos como queijos envelhecidos e carnes curadas que, quando combinados com esses medicamentos, podem fazer com que os níveis de pressão arterial disparem.

Então o que fazer? Friedman sugere uma experiência: tentar tomar um drinque duas vezes por semana ou menos. Se não surgir nenhum problema, como a volta dos sentimentos de depressão ou de ansiedade, ou uma interrupção do sono, a pessoa pode manter esse nível bastante moderado de ingestão de bebidas alcoólicas. Esses efeitos colaterais podem se tornar aparentes no dia seguinte ou levar dias ou semanas para se desenvolver, avisa ele, especialmente com níveis mais altos de ingestão de álcool.

"Muitas pessoas não reconhecem nem fazem essas conexões", explica, então pensam que podem continuar a beber – ou começar a beber mais. Não podem. A verdade é que todo mundo que toma antidepressivo deveria primeiro conversar com o médico antes de tomar qualquer bebida alcoólica.

Quanto a mim, minha experiência sobre quanto beber foi ambígua: mesmo meio copo de vinho abre as portas da armadilha da depressão em minha cabeça. A abstenção mantém essas portas fechadas e minha depressão afastada. Pelo menos por enquanto.

Se tiver insônia, tomar uma dose de bebida ajudará a dormir. VERDADE. Quando a pessoa está tensa, uma dose única de bebida alcoólica (uma taça de vinho, um copo de cerveja ou uma dose de uísque) pode levar a um relaxamento que ajudará a dormir. Mas antes de lançar mão desse artifício, é preciso saber o que pode estar ocasionando o mal. "É preciso tratar a insônia como um problema médico. Avaliar o que está acontecendo, se é apenas uma situação circunstancial ou se tem alguma outra causa", alerta o neurologista José Mauro Braz de Lima, coordenador do programa de saúde de problemas com álcool e drogas da Cruz Vermelha brasileira e membro da Academia Brasileira de Neurologia (ABN). Ele lembra que quando em excesso, no entanto, a bebida pode ter o efeito contrário: perturbar o sono e agravar o problema. "O álcool afeta o funcionamento cerebral e o metabolismo dos neurônios, podendo levar a uma noite mal dormida", diz o médico .
Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas 

Estudo genético confirma associação da maconha com esquizofrenia


 


Revista Veja
De acordo com um novo estudo, pessoas com risco genético aumentado para esquizofrenia são mais propensas a fumar maconha
Da redação

Um estudo genético feito por pesquisadores britânicos mostrou que pessoas com esquizofrenia são mais propensas a fazerem uso de maconha de forma abusiva e de desenvolverem sintomas psicóticos. (iStock/Getty Images)

Pesquisa publicada recentemente no periódico científico Psychological Medicine comprovou por meio de análises genéticas o que estudos anteriores já haviam sugerido de forma observacional: o consumo da maconha é particularmente perigoso para pessoas com propensão genética à esquizofrenia, mas, principalmente, que os esquizofrênicos tendem a usar mais a droga.

Evidências genéticas

No novo estudo, pesquisadores da Escola de Psicologia Experimental da Universidade Bristol, no Reino Unido analisaram fatores genéticos que podem prever se uma pessoa é suscetível a usar cannabis e também sua suscetibilidade à esquizofrenia. Os resultados confirmaram que começar a fumar maconha pode sim aumentar o risco de esquizofrenia, mas, em especial, uma pessoa que carrega genes associados à doença são mais propensas a se tornarem usuárias da droga e a fazer isso de forma abusiva.Um das possíveis explicações para essa relação, segundo os autores, é que os fatores genéticos para a esquizofrenia são mais fortes do que aqueles para o uso da cannabis. Marcus Munafò, coautor do estudo, especula também que “certos comportamentos ou sintomas associados ao risco de esquizofrenia podem ser aliviados pelos efeitos da cannabis”. Em outras palavras, o consumo de cannabis pode ser uma espécie de automedicação nessas pessoas.Outra possível explicação, segundo o especialista, é que “as pessoas com maior risco de esquizofrenia podem desfrutar mais dos efeitos psicológicos da cannabis. Há um consenso crescente de que o consumo de cannabis pode aumentar o risco de desenvolver esquizofrenia. Nossos resultados apoiam isso, mas também sugerem que aqueles com maior risco de esquizofrenia podem ser mais propensos a experimentar cannabis”.

Maconha e esquizofrenia

Estudos anteriores já haviam mostrado que o consumo de maconha é mais comum em pessoas com psicose do que entre a população em geral e que, em muitos casos, esse hábito também pode aumentar o risco de sintomas psicóticos. O uso da droga já foi associado a sintomas do distúrbio, como paranoia e pensamentos delirantes, em até 40% dos usuários.No início desse ano, de acordo com o site especializado Medical News Today, pesquisadores alertaram que pessoas jovens que usam cannabis poderiam aumentar seu risco de desenvolvimento de problemas psicóticos. Além disso, pessoas com esquizofrenia parecem ter uma maior chance de experimentar sintomas psicóticos ao usarem a droga. Entretanto, até o momento, esses resultados não foram considerados definitivos e especialistas pediram mais pesquisas.

THC versus CBD

Em relação ao papel da maconha em aumentar ou reduzir os sintomas de esquizofrenia, Munafò afirma que, embora sejam necessários mais estudos, pesquisas existentes sugerem que dois dos constituintes da cannabis, o tetrahidrocannabinol (THC) e o canabidiol (CBD), podem ser os responsáveis por esses efeitos contraditórios.De acordo com o Instituto Nacional sobre o Abuso de Drogas dos Estados Unidos (Nida, na sigla em inglês), enquanto a intoxicação por THC tem sido associada com experiências psicóticas transitórias, o CBD não desencadeia alterações mentais e pode ter potencial como uma medicação. Entretanto, a maconha “recreacional” tem um alto teor de THC e baixo de CBD, daí sua provável contribuição para o aumento de sintomas psicóticos em pessoas propensas à esquizofrenia.

Esquizofrenia

O distúrbio mental é caracterizado quando há perda de contato com a realidade, alucinações (audição de vozes), delírios, pensamentos desordenados, índice reduzido de emoções e alterações nos desempenhos sociais e de trabalho. A esquizofrenia afeta cerca de 1% da população mundial. O tratamento é feito com uso de remédios antipsicóticos, reabilitação e psicoterapia.
Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas