sexta-feira, 21 de julho de 2017
Maconha livre, a falsa noção do certo
Jornal do Comércio - Porto Alegre
César Augusto Trinta Weber
O artigo US Adult Illicit Cannabis Use, Cannabis Use Discorder, and Medical Marijuana Laws, recentemente publicado no JAMA Psychiatry, um dos mais respeitados periódicos científicos do mundo em psiquiatria reacende o polêmico tema da legalização da maconha. De acordo com o estudo, a liberação da maconha em alguns estados americanos colocou no mercado, para a alegria dos traficantes, mais de 1 milhão de usuários com base na comparação entre as prevalências de consumo de maconha e portadores de transtornos mentais devido a ela, em estados onde foram aprovadas leis autorizando o "uso medicinal" da maconha com os outros estados em que esta lei não existe.
Os argumentos contrários à legalização da maconha ganham força à medida que sustentam a tese de que, regularizada na forma da lei, poderia ter um efeito estimulador ao uso deliberado. A circunstância da legalização associado ao fato de que, em nosso meio, o uso da maconha vem se mostrando culturalmente aceito, representaria um efeito catalisador para o primeiro uso ou o uso esporádico. Amparado por lei, o usuário desfrutaria livremente dessa experiência, aumentando as chances do uso se tornar abuso, podendo-se ter consequências mais nefastas, entre elas o caminho para drogas mais pesadas ou ainda a indesejável dependência.
A maconha usada hoje possui cerca de 20 vezes maior teor de tetraidrocanabidiol (THC) se comparada com a maconha consumida nos anos 1960, fato que confere a esta droga neste século um potencial aditivo significativamente maior. O uso medicinal do canabidiol - substância química encontrada na maconha - ainda que se mostre promissor pelos resultados de estudos científicos que revelavam a boa resposta terapêutica quando em doses adequadas e para determinados quadros clínicos, especialmente, quadros neurológicos, como justificativa para a sua liberação merece cautela. A maconha alçada à condição de "remédio" adquire o status, no inconsciente coletivo, de fazer bem, pela falsa noção de que seja um produto inócuo.
Médico, professor e escritor
Álcool pode ser mais prejudicial para as mulheres
Bebidas alcoólicas: segundo a OMS, deve-se evitar ingerir mais de 30 gramas de álcool por dia (Marcos Santos/USP Imagens/Agência USP)
Estudo sugere que, especificamente no sexo feminino, as bebidas alcoólicas estão associadas a maiores níveis de açúcar no sangue, indicativo do diabetes
Por Vand Vieira, da Saúde
O abuso de cerveja, vinho e afins não faz bem para ninguém — mas, pelo menos quando o assunto é diabetes, parece que a ala feminina sofre ainda mais.
O alerta veio da Universidade de Umeå, na Suécia, onde pesquisadores acompanharam 897 pessoas dos 16 aos 43 anos.
Ao final desse período, os voluntários tiveram a glicemia (açúcar circulante no sangue) medida e preencheram um questionário sobre a quantidade de álcool que costumavam tomar.
As mesmas perguntas foram respondidas aos 18, 21 e 30 anos.
De modo geral, constatou-se que os homens ingeriam mais bebidas alcoólicas e apresentaram uma glicemia maior em comparação às mulheres.
No entanto, foi somente nelas que os cientistas notaram a relação entre um consumo alto e uma quantidade maior de açúcar no sangue após os 40 anos.
Aqui, cabe lembrar que taxas dessa substância cronicamente elevadas definem a presença do diabetes.
Ainda não se sabe por que o organismo feminino reage de maneira diferente aos drinques.
“O etanol, porém, já foi ligado à resistência insulínica em outros trabalhos por favorecer o acúmulo de gordura no fígado”, destaca o endocrinologista João Eduardo Salles, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
Nesse sentido, tão importante quanto a moderação nas doses é adotar bons hábitos, como seguir uma dieta saudável e praticar atividade física regularmente.
Uma noitada por mês regada a quatro ou mais latinhas de cerveja com 5 a 6% de teor alcoólico já extrapolaria o limite mensal observado, que fica na casa dos 48 gramas de etanol segundo o experimento em questão.
Mas, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), as pessoas deveriam evitar ingerir mais de 30 gramas de álcool por dia.
Este conteúdo foi publicado originalmente no site da Saúde.
quarta-feira, 5 de julho de 2017
Estatísticas mundiais de saúde - 2017
A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou recentemente o relatório World Health Statistcs 2017. O documento faz parte de uma série de publicações anuais de estatísticas de saúde dos 194 Estados-Membros da OMS. A edição de 2017 centra-se nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que reúne dados sobre uma vasta gama de indicadores relevantes e está organizado em três partes.
Na primeira parte, são descritas as 6 linhas de ação promovidas pela OMS para ajudar a construir melhores sistemas para a saúde e alcançar os ODSs relacionados à saúde. Na segunda, os status de alguns indicadores de ODS relacionados à saúde são resumidos, tanto no nível global como regional. Por fim, a última parte traz uma seleção de casos que destacam os recentes esforços bem-sucedidos para melhorar e proteger a saúde de suas populações através de uma ou mais das seis linhas de ação.
Status dos ODSs relacionados à saúde - Doenças não transmissíveis e saúde mental:
O consumo mundial de álcool em 2016 foi de 6,4 L de álcool puro por pessoa com 15 anos ou mais, com variação considerável entre as regiões da OMS. Os dados disponíveis indicam que a cobertura do tratamento para os transtornos do álcool e do uso de drogas é inadequada, embora sejam necessários mais trabalhos para melhorar a medição dessa cobertura.
Casos de sucesso
Na última parte do relatório foram apresentados casos de sucesso para ilustrar a ampla gama de ações adotadas por diferentes países para alcançar as metas relacionadas à saúde propostas na Agenda para o Desenvolvimento Sustentável de 2030. São citados exemplos de ações intersetoriais que contribuíram com o fortalecimento do Regulamento Sanitário Internacional (RSI) e reduziram a mortalidade por doenças não-transmissíveis, suicídios, uso nocivo do álcool e consumo de tabaco, respectivamente.
A Federação Russa se destacou na prevenção de mortes precoces devido ao consumo de álcool. O país, que viveu uma escalada de problemas relacionados com o álcool, devido à desregulamentação do mercado nos anos 90, reformulou políticas de saúde pública para controlar o problema. Muitas das políticas implementadas foram baseadas em evidências, de acordo com a Estratégia Global da OMS para reduzir o uso nocivo do álcool e o Plano de Ação Global da OMS para a prevenção e controle de doenças não-transmissíveis 2013-2020. Algumas das medidas adotadas:
• Fortalecimento do sistema de controle de produção, distribuição e venda de álcool; não vender em determinados locais públicos;
• Restrições de venda de bebidas com mais de 15% de teor alcoólico e preço mínimo para bebidas com teor alcoólico acima de 28%;
• Proibição de propagandas em toda infraestrutura dos meios de transporte público, internet e mídias eletrônicas e impressas;
• Aumento de impostos sobre as bebidas alcoólicas;
• Adoção de um programa nacional para reduzir danos relacionados ao álcool e prevenção do alcoolismo entre 2010-2020;
• Alcoolemia zero para direção de veículos automotores;
• Maior fiscalização e punição administrativa para a venda de bebidas alcoólicas para menores de idade; responsabilidade criminal para reincidentes;
• Implementação de iniciativa para aprimorar o sistema de tratamento para transtornos relacionados ao uso de álcool e drogas;
Os resultados das mudanças foram bastante positivos: entre 2007 e 2016 houve a redução do consumo total em 3,5 L de álcool puro por pessoa, queda de novos casos de psicose alcoólica (de 52,3 para 20,5 por 100.000 habitantes) e queda da taxa de mortalidade de homens. Padrões semelhantes foram observados para pacientes com dependência e outras doenças relacionadas ao álcool. O consumo de álcool ilegal não parece ter aumentado em resposta às novas limitações no mercado formal.
FONTE:WWW.ANTIDROGAS.COM.BR
Efeitos analgésicos podem levar a uso impróprio do álcool
Foto: Gilmar de Souza / Agencia RBS
Pesquisadores alertam que a redução na sensação da dor só acontece com ingestão de bebidas alcoólicas em níveis considerados perigosos
A ingestão de álcool não é mais recomendada do que o uso de paracetamol para o alívio da dor. O estudo que avaliou essa tese apontou que tal percepção pode levar ao uso impróprio de bebidas alcoólicas como analgésicos.
Um estudo internacional destinado a avaliar as propriedades analgésicas do álcool apontou que essa percepção pode levar ao mau uso da substância em pacientes com dor. Publicada no periódico americano Journal of Pain, a pesquisa mostrou que o efeito analgésico da bebida alcoólica é mais forte em doses altas (a partir de três a quatro drinques), que representam níveis considerados perigosos.
Com isso, os pesquisadores destacaram que é preciso sensibilizar a população em relação a intervenções que proponham usar o álcool no tratamento da dor. O objetivo da meta-análise — um estudo feito a partir de 18 experimentos controlados, com voluntários em que a dor e o uso do álcool foram induzidos — é mostrar que esse efeito analgésico das bebidas alcoólicas em altas doses pode levar ao uso impróprio da substância em pacientes com dor.
— Não faz qualquer sentido indicar álcool para pessoas com dor, pois aumenta o risco de uso impróprio do álcool em si, ou da combinação com medicação para dor, potencializando seus efeitos — pondera o psiquiatra Flávio Pechansky, diretor do Centro de Pesquisa em Álcool e Drogas do Hospital de Clínicas em Porto Alegre.
— Álcool faz mal para a saúde em qualquer dose, para qualquer pessoa — completa o médico Sérgio de Paula Ramos, ex-presidente da Associação Brasileira de Álcool e outras Drogas (Abead).
Os estudos de laboratório envolveram a indução de dor a pacientes e posterior medição em escalas de sensação de dor e alívio, comparando medicação e álcool. Os pesquisadores alertaram, ainda, que é preciso avançar em mais análises para atestar essas descobertas.
Fonte: ZH Vida, ClicRBS
quinta-feira, 29 de junho de 2017
A dependência química aumenta apesar de tanto acesso à informação
A dependência química é algo bastante preocupante e apesar de tantas informações as pessoas usam e continuarão usando drogas. Não nos esqueçamos que primeiramente a palavra droga nos remete a algo ruim, e o que dizem sobre esse tema sempre nos apresentam aspectos destrutivos e nocivos.
Não devemos esquecer de que a droga é “boa” inicialmente para quem usa, ela traz um prazer físico, mental, um bem estar psicológico e, claro que essa sensação vai mudando conforme a sequência, a quantidade e a forma de uso da pessoa, mas ela proporciona um bem estar temporário então é boa pra quem está usando, caso contrário usaria, primeiramente temos que enxergar essa questão.
Outra questão que devemos lembrar é de que em toda a história da humanidade (sociedade, desenvolvimento), o uso do marketing, da valorização do bem estar, vem primordialmente antes do respeito à pessoa. E temos o forte apelo das imagens nos desenhos, nas propagandas, de várias marcas de cigarro.
E levantaremos algumas questões, por exemplo: quem não lembra do Popeye que fazia uso do espinafre para ficar forte, pois ele era um velhinho e lutava contra o Brutus para defender-se e ficar com sua amada Olivia. Logo, como ensinado lá no desenho que se você come algo que lhe dá força, terá energia, será forte e poderoso. E aquela propaganda de cigarro, onde surge um homem montando um belo cavalo, cavalgando por belas montanhas, vendendo a ideia de liberdade, bem estar, num cenário grandioso… Acaba sendo mais um incentivo.
A empresa do Marketing incentiva à busca do bem estar
Ainda observando como são as propagandas, você nunca verá pessoas reunidas para consumir cerveja ou outras bebidas alcoólicas que estejam tristes, feios ou sozinhos, não! São imagens que sempre mostram que as pessoas que bebem estão bem acompanhadas, belas mulheres, locais lindos como a praia, baladas, bares, etc. Mostra tudo como se fosse somente bom, prazeroso e encantador. E nisso é vendida a sensação de prazer, de relacionamentos perfeitos, de bem estar, de estar tendo convivência social naturalmente, descontraído. Então se eu bebo consigo me relacionar, consigo me soltar, consigo ser feliz.
Devido à essa massiva campanha de marketing, acabamos por aceitar como cultura coletiva, do inconsciente, onde vamos absorvendo essas informações que vão penetrando no modo como vamos seguindo a vida.
Outra questão que é importante saber que os adolescentes e jovens buscam, inicialmente o uso das drogas pela curiosidade. Esses dias tive a oportunidade de participar de um grupo de discussão e através de palestras conheci o Weliton, e ele me disse algo interessante, “ quando você tem um grupo de amigos, e um destaca-se por ser o mais descolado, mais extrovertido, quando ele chega no grupo, de maneira diferente, os outros começam a perguntar como verdadeiros jornalistas, fazendo uma entrevista:
– E aí, porque você está diferente? O que está acontecendo? O que você fez?”
E assim o amigo acaba oferecendo e compartilhando as drogas ao seu filho porque ele é o mais próximo dele.
Outra questão com a curiosidade, é que o mesmo jovem descolado, ele acaba se desviando, ele vai encarando novos desafios e não tem muito limite. É importante que o adolescente o jovem seja independente mas o fato de desafiar e romper os limites trazem grande riscos de vir a ser um dependente pois a ideia é: “ porque vou usar, não vai acontecer nada comigo” e claro entrar na droga é muito fácil e o difícil depois é sair.
Temos que ter um olhar atento a timidez que observa-se em alguns adolescentes e jovens, pois aquele adolescente que é muito quieto, tem dificuldade de se comunicar, não consegue enturmar-se em algum grupo, então o uso das drogas acaba sendo um motivo para criar e estabelecer essas relações.
Os modelos Familiares influenciam no estilos de seus filhos
Sobre todos esses aspectos que favorecem o uso de drogas, mesmo que tenham diariamente notícias trágicas e terríveis, existe outra relação que não devemos esquecer: os modelos de famílias.
Devemos tratar com cuidado diferenciado a família para que não se sintam culpadas e comecem a se cobrar demais, lembrando que o modelo de família exageradamente estruturado pode trazer algum tipo de alteração no comportamento do adolescente, ou daquele jovem pelo excesso de preocupação, de superproteção resolva dar o seu “grito de liberdade”.
E por outro lado, o modelo de família desestruturado, onde não funcionam os papéis de cada membro da , não se tem as funções básicas de proteção das crianças e dos adolescentes pode proporcionar a busca do uso das drogas devido à sua total liberalidade.
Porque os dois modelos de família, sendo estruturado ou não, vem como referência para nós, desde quando nascemos, somos criados e vamos crescendo trazendo essa referência como modelo para nossas vidas.
E se, em algum deles, o adolescente não conseguir enfrentar os desafios, as situações que está vivendo, acabará por recorrer ao mecanismo do uso das drogas.
E por que devemos tomar cuidado com as famílias que desenvolvem o sentimento de culpa? Porque a desculpa usada (dos diferentes núcleos familiares) para usar a drogas não deve ser motivo para manter o uso da mesma. Nós todos temos dificuldades, pois no nosso amadurecimento enfrentamos desafios, como evolução enquanto pessoa, mas não devemos justificar as coisas erradas que nós vamos fazer por outras situações.
Devemos ter calma e clareza para aprender a separar tudo aquilo que é de nossa responsabilidade e também separar o que é responsabilidade do outro, do nosso filho, e daquilo que ele este escolhendo para a vida. Senão vamos atropelando as situações, não vamos conseguir lidar com aquilo está à nossa frente e facilitaremos a manutenção do uso das drogas.
Na sua vida a problema atingiu sua família? O desespero bateu na porta? Você não consegue tomar atitudes?
Fonte: André Nunes - Psicólogo
Meu Filho é Dependente de Drogas E NÃO QUER AJUDA?
O primeiro movimento das famílias deve ser buscar alternativas para resolver o problema do núcleo familiar e não isoladamente de quem está usando drogas.
Muitas vezes a família pensa em alternativas imediatas, com soluções milagrosas, isso não existe. O uso das drogas, do álcool e a consequente dependência química (algo sério) é necessário que seja olhado, trabalhado e cuidado de uma forma muito responsável e atenciosa.
Além de se buscar profissionais e clínicas com suporte necessário para cuidar da dependência química; tomar cuidado com aqueles locais que dão resultados milagrosos, dizendo que irão curar seu filho, que resolverão o problema em pouco tempo, de maneira fantástica…aprenda que não irá funcionar.
Lembrando que a dependência química é uma doença, que é progressiva, que avança sempre exigindo uma quantidade cada vez maior de uso e o preço é o aumento de seus efeitos negativos, é crônica, pois o dependente químico irá ser dependente a vida inteira, o que faz ser diferente se ele vai ser ativo ou em abstinência das drogas e do álcool, não podendo nunca mais fazer uso de nada para que não possa ativar sua doença; além de ser fatal, podendo levar o dependente químico a morte, a cadeia por causa dos atos que acaba cometendo para manter seu uso; ou na melhor das hipóteses, ser internado em clínicas por tempo indeterminado.
As famílias não devem ficar presas com o Medo
Aí você pensa que deverá ficar preso ao seu filho para o resto da vida com medo de que ele faça uso de drogas ou não. Respondo: Não! As famílias devem cobrar seu familiar sobre ele ter consciência da sua doença, devendo evitar lugares, pessoas e circunstâncias que possam prejudicá-lo no processo de reabilitação.
Dessa forma o dependente químico irá conseguir se manter limpo, se manter adequado, e ter uma vida saudável.
Ressaltando de que a família em sua maioria sempre busca alternativas imediatas para resolução do problema do uso das drogas do seu ente querido e isso não resolve nada. Devemos primeiramente mudar nossas atitudes, porque nós erramos quando achamos que vamos transformar as ações do dependente, que vamos impor à ele regras, limites, controle, no momento onde nada mais funciona, de que isso bastará para que ele não use mais drogas e as coisas não funcionam assim na prática.
Ou ainda mais, tem famílias que começam a dizer; “você não tem amor aos seus pais”, “você não lembra do seu filho que está em casa”, “ não cuida e nem lembra da sua esposa que está sozinha”, sempre nos momentos que eles estão usando as drogas, pois família traz todo esse repertório, ficando uma falação em torno do problema e não consegue resolver nada, por que?
Porque primeiramente, temos que mudar nossas atitudes: eu, enquanto pai ou mãe, enquanto família, tenho que me cuidar, mudar minha atitude e nessa minha mudança, criar uma mudança no dependente que está na minha casa.
Parece ser um absurdo, pois seu filho está usando drogas, não conseguem ter controle, ficam desesperados porque ele sai para a rua, não volta de madrugada e ninguém consegue dormir. Você consegue entender e perceber que está no ponto de adoecer junto com o dependente, com uma diferença: ele está usando a droga, e você está em casa sofrendo, não tem hora para dormir, para descansar… e o pior de tudo isso é que no dia seguinte a pessoa precisa estar disposta para ir ao trabalho e cuidar dos outros membros da família, e mais: estar disposta para seguir a sua vida.
Só que não vamos percebendo essa situação, não vamos nos dando conta do nosso envolvimento, e acabamos nos isolando, nos entregando, ficando cada vez mais preocupados com aquela situação e depois de um tempo esquecemos de tudo e só vivemos a vida do dependente.
Então convido você a partir de hoje fazer pequenas mudanças na sua vida e na rotina da sua casa, sugiro ainda que hoje você olhe pra sua vida, e realize imediatamente alguma mudança em você.
Mas você quer cuidar do seu parente que está usando drogas, e só isso que você quer. Você pode fazê-lo, aliás, você deve cuidar do seu familiar, mas deve cuidar de você primeiramente, não importa qual mudança você irá fazer, a partir do que você definir e resolver, precisa mantê-la.
Esse é o segundo passo: manter a mudança estabelecida para que haja consistência, sabemos que fazer mudanças na nossa vida é difícil, não dá para mudar no automático, de uma hora para outra, com um simples botão. Te convido a fazer uma pequena mudança, lembrando que é com você primeiramente, pois filho precisa que você melhore e possa ajudá-lo. Fazendo uma mudança e, claro, mantendo-a, conseguirá ajudar seu parente. Não importa qual seja a mudança, ela deve ser mantida, quando escolhida não pode deixar de ser cumprida, pois se você institui uma mudança e não mantém perde o valor e vira novamente falação, e não irá funcionar nada.
Por exemplo: seu filho está acostumado que você fique acordada na sala esperando-o chegar, e muitas vezes ele chega, então você fala, fala, e depois cuida dele, dá comida, em alguns momentos, até banho, e como ele chegou em casa tão alterado que nem se lembra do estado que chegou, pois acorda na cama limpo e cheiroso. Ou: você estava na sua cama e na madrugada seu filho chega e você começa a fazer o sermão, falando da sua raiva, da sua dor, da sua preocupação e o dependente não está nem escutando tudo isso.
E se você tiver a paciência de ficar na cama quando ele chegar e não se levantar, mesmo que esteja acordada, não vai falar com ele, com certeza seu filho irá achar que alguma coisa estranha está acontecendo, “ tem alguma coisa errada com minha mãe”…
Por mais difícil que seja para você ficar na sua cama, mesmo que seja difícil ver que seu filho chegou naquela hora, se você tomou a decisão de sair do quarto, se mantenha, não volte atrás. Porque com certeza essa pequena mudança irá gerar um movimento no seu filho.
E de mudança em mudança você acabar por fazer que seu filho busque ajuda, e que peça apoio, do contrário ele irá se manter usando drogas, pois se encontra em posição confortável.
Fonte: André Nunes - Psicólogo
segunda-feira, 19 de junho de 2017
Cidade dos EUA abalada pela heroína processa empresas farmacêuticas
BC
Uma cidade americana adotou uma estratégia pouco ortodoxa para combater o número crescente de mortes por overdose entre seus habitantes.
Huntington, no Estadp da Virgínia Ocidental, decidiu processar nove empresas farmacêuticas por considerar que elas contribuem para o uso indiscriminado de receitas médicas, sobretudo de remédios que causam dependência.
As autoridades locais argumentam que isso levou as pessoas a se viciarem em substâncias como analgésicos e, posteriormente, em heroína.
“Huntington é uma cidade com pouco menos de 50 mil habitantes. Nosso condado tem 96 mil habitantes. E, ainda assim, em um período de cinco anos, foram distribuídas 4 milhões de doses de opioides só nesta regiáo”, diz Steve Williams, prefeito de Huntington.
“Os números falam por si mesmos.”
A cidade, no noroeste dos EUA, tem um índice de mortes por overdose que supera em dez vezes a média dos Estados Unidos. Um em cada dez bebês nasce com sintomas de abstinência.
Essa epidemia sobrecarregou as equipes de emergência locais. Hoje, a maioria das chamadas recebidas estão relacionadas ao uso abusivo de drogas.
O bombeiro Michael está concedendo uma entrevista para a BBC, em que explica que o abuso de substâncias químicas está por trás de “cerca de de um terço das ligações, enquanto incêndios respondem por 15% a 10%”, quando é interrompido pelo soar do alarme.
“É uma overdose. Vamos, pessoal, vamos!”
Ao chegar em um supermercado, ele e sua equipe são direcionados ao banheiro do estabelecimento, onde um cliente teve uma overdose de heroína.
Depois de atendido, o paciente é questionado sobre como ele começou a usar a droga.
“Estava tomando analgésicos e, na verdade, tentava parar...”
O prefeito de Huntington diz que as empresas acionadas na Justiça devem assumir sua responsabilidade e colaborar com o combate à epidemia de drogas.
“Espero que não percam tempo dizendo: ´Não é nossa culpa. Somos apenas um negócio`”, afirma Williams.
“Quando eu estava no mercadode investimentos, se eu desse desse um conselho que prejudicasse alguém, isso acabaria com minha carreira, me faria perder minha licença e, possivelmente, teria de pagar uma multa.”
Quatro das empresas dizem que contestarão a ação na Justiça. Cinco não responderam ao contato da BBC.
Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas
A cracolândia pode ter fim, afinal?
Usuários de crack na praça Princesa Isabel, no centro de São Paulo, que foi tomada por frequentadores da cracolândia
(Ricardo Matsukawa/VEJA.com)
Revista Veja - Letra do Médico
A somatória de ações pode levar à melhora da situação. Mas, isso só ocorrerá com uma resposta sustentada por medidas permanentes
Por Ronaldo Laranjeira
No último dia 21 de maio, teve início uma grande operação contra o tráfico de drogas na região conhecida como cracolândia, no bairro da Luz, centro da capital paulista, contando com agentes das polícias civil e militar de São Paulo. Tratou-se do primeiro passo para acabar com o tráfico na região, que agora é seguido de diversas ações de saúde e sociais por parte dos governos estadual e municipal.
Esta ação demonstrou-se fundamental, devido à situação em que se encontrava a região, por causa do crime, que gerava mais e mais problemas em outros setores, como saúde e social. É preciso reconhecer que o tráfico tornou-se cada vez mais sofisticado e organizado no decorrer dos anos, exigindo também mais dados e ações de inteligência das autoridades policiais para combatê-lo.
O exemplo dos EUA
Combater o tráfico é importante para solucionarmos o problema da cracolândia? Não tenha dúvidas. Podemos usar como exemplo disso as ações tomadas no combate ao crack pelo FBI e demais autoridades americanas nos anos 90. Na época, um caso emblemático demonstrou o alcance da droga na sociedade – a prisão de Marion Barry, prefeito da cidade de Washington, capital do país, por porte e consumo de crack.
As décadas de 80 e 90 podem ser consideradas como os períodos de maior ascensão do consumo de crack em território americano, exigindo uma resposta à verdadeira epidemia que assolava os EUA. Em Washington e outras cidades, foram adotadas medidas contra o tráfico e as chamadas “casas de crack” – leis pesadas contra o crime, reforço de policiamento nas ruas, dentre outras. Mais de duas décadas depois, os índices de criminalidade relacionados às drogas caíram drasticamente, assim como esses pontos de consumo, o que, em parte, pode servir de exemplo para o Brasil.
Digo em parte, pois, o policiamento e o combate ao tráfico são alguns dos fatores que, somados a outros, podem levar à uma solução. Não podemos esquecer nunca de prevenção e tratamento. Nos Estados Unidos, apesar de existirem campanhas que alertam para os perigos de algumas drogas, outras acabam não recebendo a mesma atenção.
Esse é um dos fatores que explicam porque aproximadamente metade dos pacientes em tratamento contra a dependência química no mundo está hoje nos Estados Unidos. Com programas de prevenção eficazes, com certeza esse número diminuiria drasticamente. Ao mesmo tempo, este dado demonstra que não podemos esquecer jamais do tratamento. A oferta de serviços de acolhimento social e de saúde (com tratamento contra a dependência e medidas de reinserção social) é parte crucial para o combate às drogas.
Assim, no mundo inteiro temos exemplos de erros e acertos de governos em políticas de combate às drogas e de pontos de consumo, o que nos permite imaginar que sim, utilizando as melhores práticas, é possível acabar com as cracolândias.
É possível acabar com a cracolândia?
No caso específico da cracolândia no centro da capital, a região está sendo cada vez mais beneficiada com a linha de cuidados estruturada pelo programa Recomeço, que inclui medidas de baixa complexidade, até procedimentos terapêuticos de alta complexidade, contando, inclusive, com o suporte da rede de clínicas e comunidades terapêuticas no Estado, voltada tanto para a desintoxicação como ao apoio social aos usuários de drogas. Aliado ao Recomeço agora está também o programa Redenção, anunciado pela prefeitura de São Paulo.
Atualmente, os governos estadual e municipal buscam aliar as melhores práticas e ações de seus respectivos programas, buscando formas para complementar suas ações em prol de quem mais precisa – os usuários de drogas e a sociedade afetada pelo problema. Uma medida que pode pautar o Brasil no tema, tendo em vista que não existe atualmente uma parceria entre município e estado nesse nível em nosso território.
A somatória de ações policiais, sociais e de saúde, com trabalho integrado entre estado e município, pode sim levar à melhora da situação. Porém, isso só ocorrerá com uma resposta sustentada por medidas permanentes, como desarticulação e combate ao tráfico, apoio social e também prevenção e oferta de tratamento de qualidade a todos afetados pela dependência química em São Paulo.
Por Ronaldo Laranjeira
terça-feira, 13 de junho de 2017
Dobra o número de mulheres na cracolândia, diz pesquisa
Pequisa mostra perfil dos usuários da Cracolândia (Foto: TV Globo/Reprodução)
G1
Levantamento feito entre 2016 e 2017 com 139 dependentes químicos da região mostra que a área ocupada por usuários de crack aumentou mais de 50%.
Por G1 SP
O número de mulheres que frequentam a Cracolândia dobrou em um ano, informou pesquisa feita a pedido da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social de São Paulo, com especialistas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) em consultoria com o Programa das Nações Unidas (Pnud), disponibilizada com exclusividade para o SP1. O levantamento, feito entre 2016 e 2017 com 139 dependentes químicos da região, mostra que a área ocupada por usuários de crack aumentou mais de 50%.
Em 2016, 16% dos dependentes eram mulheres. Neste ano, elas correspondem a 32% dos frequentadores. As mulheres são mais vulneráveis do que os homens na Cracolândia, segundo os pesquisadores da Unifesp.
Sobre este aumento, a psicóloga da Unifesp Clarice Madruga explica que provavelmente tenha ocorrido uma rotatividade dos homens. “Os homens entram, mas muitos deles conseguem sair, conseguem retomar, entrar em um tratamento e sair da Cracolândia. E as mulheres que chegam acabam ficando.”
Ela alerta que as mulheres acabam ficando mais expostas à violência. “A razão pela qual elas chegam lá sempre também tem a ver com violência dentro de casa, abandono da família. A dependência química em mulher é muito mais severa. É muito mais difícil tratar dependência química em mulher”, disse.
“Existem fatores hormonais que interferem. Uma mulher, por exemplo, em função do ciclo hormonal, ela tem muito mais dificuldade de se manter abstinente no tratamento. E também o fato de que para mulher é muito mais difícil buscar o tratamento, tem muito mais estigma”, explicou.
Os pesquisadores dizem ainda que as mulheres estão mais expostas à violência sexual e à prostituição, que são uma das formas de conseguirem a droga.
Ao todo, 14% das entrevistadas estavam grávidas no momento da pesquisa. Os pesquisadores explicam que este é um problema crônico, porque, muitas vezes, as crianças crescem num ambiente degradado.
Área
Outro dado apresentado é o de que a área da Cracolândia aumentou 52% em apenas um ano. Em 2016 os usuários ficavam em cerca de 4,6 mil metros quadrados. Em 2017, porém, a área aumentou, chegando a 7 mil metros quadrados.
Perfil
A pesquisa traçou um perfil do usuário da Cracolândia. Confira abaixo:
* Idade média do frequentador é de 37,3 anos;
* 63,3% é homem;
* 36% de cor preta;
* 67,4% mora na rua há mais de 5 anos;
* 71,65% estão há um ano ou mais na Cracolândia.
* 74% vivia em uma casa ou morava com a família;
* 44,7% ainda mantém contato com a família.
O levantamento mostrou ainda que os dependentes de crack consomem outras drogas, como maconha e cocaína, e que a dependência começa antes, com o álcool.
fonte:www.antidrogas.com.br
Crack avança em todo o país
Jornal O Estado de S. Paulo
(foto: reprodução)
A maior atenção ao que se passa em grandes cidades, porque nelas o problema é mais visível e por isso mais chocante – como a concentração de dependentes na Cracolândia, em São Paulo –, fez com que só mais recentemente começassem a surgir estudos mostrando a larga difusão do crack por todo o País. A tal ponto que já se pode dizer que ele tem tudo para se tornar um grave problema de âmbito nacional, que não poupa nenhuma região, das mais ricas às mais pobres, e, nelas, nem mesmo as pequenas cidades do interior.
Um exemplo disso é o que se passa em São Paulo, como mostra reportagem do Estado feita com base em estudo do Observatório do Crack, da Confederação Nacional de Municípios (CNM). Os números levantados são tão impressionantes e assustadores que, perto deles, a Cracolândia já não pode ser considerada o ponto alto do problema, como se pensou por muito tempo. Dos 645 municípios do Estado, nada menos que 558 – entre os quais se inclui a capital – estão às voltas com problemas acarretados pelo crack, embora com níveis diferentes de gravidade.
O nível é muito alto em 193 cidades do interior, médio em 259 e baixo em 105. Outro aspecto importante a considerar é que, dos 608 municípios ouvidos – descontados os que informaram não terem sido atingidos (apenas 20) e os que não enviaram informações –, 95% têm problemas com o consumo de crack. Entre as mais importantes cidades do interior onde eles são mais graves estão Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Bauru e Marília. Os serviços públicos mais afetados por eles são os de saúde (67,1%), de assistência social (57,5%) e segurança pública (49,1%).
Até agora, as medidas adotadas pelos governos municipais e estadual para tentar conter a expansão dessa droga ficaram muito aquém do necessário. A Secretaria Estadual da Saúde diz ter aumentado seis vezes o número de vagas destinadas ao tratamento de dependentes de drogas, que passaram de 500 em 2011 para 3,3 mil, sendo 2 mil para o interior. É muito pouco, porque a comparação dos dados atuais da pesquisa da CNM com os colhidos em 2014 por reportagem do Estado sobre o avanço das drogas no interior mostra que a situação só piorou desde então.
Tem razão, portanto, o consultor da CNM Ernesto Stranz quando afirma que, apesar do “grito de socorro” das prefeituras – que é como define a disposição delas de participar da pesquisa, expondo a difícil situação em que se encontram, nesse caso –, o governo estadual nada mudou em sua maneira de enfrentar o problema, não fazendo os investimentos necessários para conter o avanço do crack no interior.
Se no Estado mais rico a situação é essa, não é de admirar que ela se repita nos outros, especialmente nos mais carentes do Nordeste. Pesquisa da CNM, feita em 2013, mostrou que o consumo de crack estava presente em 90% dos municípios de Pernambuco. Segundo outra pesquisa de 2013, esta da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com a Secretaria Nacional de Política sobre Drogas (Senad), do Ministério da Justiça, só nas capitais havia 370 mil pessoas que consumiam crack regularmente, 80% em locais públicos. No Nordeste, estão 40% dos dependentes.
Tudo indica que, a exemplo do que aconteceu em São Paulo, a situação piorou em todo o País porque também nos demais Estados carentes não houve mudança significativa na forma de tratar o problema.
Está mais do que na hora de União, Estados e municípios acordarem para a gravidade do problema e colaborarem estreitamente na formulação e implementação de uma nova e mais ousada política de combate às drogas, em especial o crack, que ataque ao mesmo tempo e com igual empenho os seus dois aspectos fundamentais: a assistência social e médica para a recuperação dos dependentes e o combate sem trégua aos traficantes.
O crack deve merecer maior atenção por suas características, que o tornam particularmente perigoso: é uma droga barata – o que explica sua difusão –, que vicia rapidamente. Tem efeitos devastadores.
Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas
quarta-feira, 7 de junho de 2017
Vamos falar sobre alcoolismo na terceira idade?
Júlio César Menezes Vieira
A ciência busca o conhecimento por meio de ensaios clínicos sistematizados e analisados por ferramentas estatísticas. Porém, ela sabe que seus resultados são limitados devido a uma série de variáveis na vida real. Assim, a “verdade” de hoje talvez não será a de amanhã, desde que um ensaio clínico mais confiável diga o contrário.
Por muitos anos, o ovo foi considerado um alimento proscrito na dieta devido seus índices de calorias; hoje é considerado um dos alimentos mais saudáveis em razão de seu alto teor proteico. O escritor Luiz Fernando Veríssimo brinca maliciosamente que pretende processar os médicos que o proibiram de comer ovo durantes todos estes anos.
E, agora, nos vemos diante do dilema sobre o álcool, principalmente na senescência. Beber ou não beber? É saudável até determinada dose ou sempre danosa à saúde?
De acordo com uma projeção do IBGE, em 2025 o Brasil terá cerca de 216 milhões de habitantes, dos quais 32 milhões (14,8 %) serão idosos. Segundo o National Institute on Alcohol Abuse and Alcoholism – NIAAA e a Associação Americana de Geriatria, entre 2 e 3% das mulheres e 9 e 10% dos homens acima de 65 anos se envolvem em consumo alcoólico de risco.
No primeiro levantamento nacional sobre o consumo de álcool - LENAD, constatou-se que 7% da população brasileira acima dos 60 anos faz uso diário de álcool. Os efeitos do álcool são mais intensos nos idosos em razão das alterações fisiológicas do envelhecimento.
Na literatura recente, grandes estudos demonstram que doses de baixo risco de álcool teriam um efeito protetor contra o declínio da memória e outras funções cognitivas no idoso. Os trabalhos tendem a uma conclusão que a relação entre consumo e desempenho cognitivo é dose dependente, semelhante ao que ocorre com o risco cardiovascular versus consumo alcoólico. Portanto, os benefícios protetores do álcool diminuem conforme o aumento do consumo de álcool.
Devido a toda essa polêmica e debate sobre o uso do álcool na saúde do indivíduo, e pela falta de consenso entre os especialistas, não há nenhuma recomendação médica para utilizar o álcool para fins preventivos.
Então, ingerir ou não bebida alcoólica? Será que o envelhecimento traz maturidade para beber com sabedoria?Porém, outros estudos utilizando a mesma metodologia dos trabalhos anteriores não sustentaram o efeito protetor do consumo leve de álcool na cognição do idoso.
Desde janeiro de 2016, o departamento de saúde da Inglaterra divulgou, de forma taxativa, que nenhuma dose de álcool é segura e reduziu para 14 unidades de álcool por semana, no máximo, para homens e mulheres. E afirmou que nenhuma dose de álcool é segura na gravidez.
A resposta não é simples. Porém, o efeito do uso nocivo e crônico do álcool é unânime na literatura especializada e na mídia quanto aos riscos para doenças cardiovasculares, úlceras gástricas, neoplasias, anemia e doenças neuropsiquiátricas como depressão e demência.
Além disso, o álcool é uns dos principais fatores de risco para causas de mortes externas (homicídios, acidentes de transito e suicídios) e o aumento da violência doméstica, sexual e infantil.
*Dr. Júlio César Menezes Vieira – CRMMG 43926
Mestre pelo Programa de Pós-Graduação de Medicina Molecular da UFMG. Médico Psiquiatra/Psicogeriatra Titulado pela ABP/AMP e Geriatra Titulado pela SBGG/AMP. Graduado em Medicina pela UFMG. Diretor Clinico do Hospital Espirita André Luiz - HEAL. Coordenador e professor dos cursos lato sensu de Psiquiatria e Geriatria da Faculdade IPEMED de Ciências Médicas.
Fonte:Hoje em Dia
Tabaco mata mais de 7 milhões por ano, diz OMS
Até o final do século, a OMS estima que o tabaco irá contabilizar mais de um bilhão de mortes no mundo. (iStock/Getty Images)
Revista Veja
Saúde - Tabaco mata mais de 7 milhões por ano, diz OMS
Segundo relatório da Organização Mundial da Saúde, eliminar propagandas e apostar em políticas tributárias seriam formas de frear o consumo
Por Da Redação
O tabaco mata, por ano, mais de sete milhões de pessoas no mundo, de acordo com um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgado nesta terça-feira, em razão do Dia Mundial Sem Tabaco. No documento, a instituição avaliou o impacto do consumo da substância na saúde, na economia e no meio ambiente e defendeu a proibição da propaganda e o aumento dos preços e impostos sobre o produto, como forma de reduzir seus males.
“O tabaco é uma ameaça para todos. Agrava a pobreza, reduz a produtividade econômica, afeta negativamente a escolha dos alimentos consumidos nas residências e polui o ar em ambientes fechados”, afirmou Margaret Chan, diretora geral da OMS, em um comunicado.
No início do século, o tabagismo beirava um índice de mortalidade de quatro milhões. Hoje, ele atinge mais de sete milhões de pessoas, matando metade dos fumantes e custando aos governos e populações cerca de 1,4 trilhão de dólares anuais em gastos com saúde e perda de produtividade.
Segundo a OMS, o cigarro e as doenças relacionadas afetam principalmente pessoas pobres. Até o final do século, a agência da ONU estima que o tabaco irá contabilizar mais de um bilhão de mortes no mundo.
Sustentabilidade
Este é o primeiro relatório da OMS que considera os efeitos do tabaco na natureza e revela dados alarmantes. Os resíduos de tabaco contêm mais de 7.000 substâncias químicas tóxicas. Só a fumaça do cigarro, por exemplo, libera milhares de toneladas de substâncias tóxicas cancerígenas e gases do efeito estufa para o meio ambiente.
Além da poluição pela fumaça, os resíduos das bitucas de cigarro são o tipo de lixo mais numeroso. Quase 10 bilhões dos 15 bilhões de cigarros vendidos diariamente pelo mundo não são devidamente descartados. De acordo com o relatório, as bitucas representam entre 30% e 40% dos objetos recolhidos pelos serviços de limpeza urbana.
Publicidade
O comunicado levanta a importância da proibição da propaganda, da venda e uso em locais fechados e ambientes de trabalho; e defende o aumento de preços e impostos sobre os produtos.
“Ao adotar medidas firmes de luta antitabagismo, os governos protegem o futuro de seus países porque protegem toda a população. Além disso, geram recursos para financiar os serviços de saúde e outros serviços de sociais e evitam os estragos que o tabaco provoca no meio ambiente”, disse Margaret.
Brasil
Recentemente, a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) sugeriu novas propostas de alteração das embalagens de maços de cigarro com mensagens mais incisivas sobre os efeitos do tabaco.
“Muitos governos estão tomando medidas contra o tabaco, desde a proibição da publicidade e comercialização até a adoção do pacote neutro e a proibição de fumar nos espaços públicos e locais de trabalho. No entanto, uma medida de luta antitabagismo menos utilizada que resulta muito eficaz é a aplicação de políticas tributárias e de preços, que os países podem aplicar para satisfazer suas necessidades de desenvolvimento.”, explicou Oleg Chestnov, médico subdiretor da OMS para doenças não-transmissíveis e saúde mental.
(Com AFP)
domingo, 28 de maio de 2017
Robô no Facebook do Alcoólicos Anônimos faz ajuda crescer 1.300%
Alcoolismo: robô de bate-papo oferece ajuda (Marcos Santos/USP Imagens)
Revista Exame
Bot no Facebook conversa com pessoas que buscam ajuda para o alcoolismo e fornece informações preciosas sobre o AA
Por Guilherme Dearo
São Paulo – Um chatbot (sistema automático de mensagens que interage com usuários) no Facebook fez a busca pela entidade Alcoólicos Anônimos crescer 1.300%.
Em parceria com o Facebook e com criação da agência J. Walter Thompson e da Movile, o AA brasileiro lançou a campanha “Amigo Anônimo”, que usa o bot como canal extra de auxílio para interessados.
Através da página oficial, pessoas que buscam auxílio encontram o bot no Messenger, que interage com elas.
O bot, ao conversar com a pessoa, dá as primeiras orientações sobre como lidar com o alcoolismo e também incentiva a pessoa a buscar um grupo de atendimento de emergência pessoalmente.
O bot também auxilia pessoas em um momento de recaída.
Se a pessoa precisa de indicação de ajuda, o bot, por exemplo, mostra endereços próximos e horários de atendimento.
Resultados
O resultado inicial foi muito positivo.
Segundo o AA, nas primeiras 48 horas de vida do bot foram 70 mil acessos. Já a busca por ajuda via e-mail no AA cresceu 1.300%. Saltou de 3 ou 4 contatos diários para 40 contatos.
Já os acessos no site do AA cresceram 100%.
Além disso, os grupos registraram 20% novos membros.
Campanha lança alerta sobre Síndrome Alcoólica Fetal
Médicos condenam o uso de bebidas alcoólicas por gestantes.
Bebês podem sofrer danos irreversíveis
como retardo mental e anomalias congênitas
Ana Nascimento/MDS/Portal Brasil
Debora Brito - Repórter da Agência Brasil
O Brasil não tem estatísticas oficiais, nem programa de prevenção específico sobre a Síndrome Alcoólica Fetal (SAF), doença que atinge bebês de mulheres que ingeriram bebidas alcoólicas durante a gravidez.
O alerta é da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Ela está lançando este mês uma ferramenta para ampliar a conscientização das mães e profissionais da saúde sobre os danos da ingestão de álcool durante a gravidez para os bebês. Os pediatras destacam que a doença não tem cura e pode trazer danos irreversíveis para as crianças, como retardo mental e anomalias congênitas.
A plataforma pode ser acessada no site da SBP, onde estão informações gerais sobre a doença e orientações de prevenção e tratamento para mulheres e pediatras. O objetivo, segundo entidade, é aumentar a repercussão da campanha nacional #GravidezSemAlcool e reduzir a ocorrência de novos casos da Síndrome.
Segundo o Ministério da Saúde, a prevalência de Síndrome no Brasil já foi estimada em 1 a cada 1.000 nascidos vivos, índice menor que o registrado em termos mundias (3 em cada mil). Em nota, o ministério reconhece, no entanto, que a estimativa nacional pode estar subestimada, “considerando a dificuldade de diagnóstico, a não obrigatoriedade da notificação e a tendência crescente de consumo de bebidas alcoólicas pelas mulheres e seu consumo significativo pelas gestantes no Brasil”.
O ministério e a SBP destacam um estudo feito em 2008 em uma maternidade pública de São Paulo, em que duas mil mulheres no período pós-parto foram ouvidas. A pesquisa apontou que a incidência do risco de desordens de neurodesenvolvimento relacionados ao álcool chega a 34,1 bebês a cada mil nascidos vivos.
O estudo revela ainda que mais de 70% das mulheres pesquisadas relataram que a ingestão ocorreu sem o conhecimento do estado de gravidez. A nota traz também a informação de que outros estudos locais realizados em São Paulo e no Rio de Janeiro apontam que 33% a 40% das gestantes consomem bebida alcoólica em algum período da gestação, sendo que 10% a 21% o fazem durante toda a gravidez.
O Ministério da Saúde ressalta ainda que “diferentes levantamentos nacionais apontam uma preocupante tendência de aumento do consumo de álcool por mulheres em idade fértil (10 a 49 anos)”. Entre os dados está a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), que, nas últimas edições, mostrou que o consumo de bebida alcoólica entre adolescentes (13 a 17 anos) pode ser até 13% maior entre as meninas do que entre os meninos da mesma idade.
Para os pediatras, a ausência de dados afeta o conhecimento sobre o problema e na formulação de políticas públicas de prevenção ao problema.
“Não há qualquer programa oficial para prevenção dos efeitos do álcool no recém-nascido. No Brasil, as ações do governo focam na prevenção ao consumo das drogas e do álcool, mas, de forma geral, a Síndrome Alcoólica Fetal não é combatida. Nem sequer se sabe o número de afetados que existem no país. Há um déficit de comunicação sobre o assunto e a ausência de prevenção faz com que esse problema, que existe há décadas, se torne sem solução”, disse Luciana Silva, presidente da SBP.
Perfil das mães
Apesar da falta de dados oficiais, os médicos apontam, que o perfil das mães que dão à luz crianças com a síndrome segue um mesmo padrão. “Geralmente, a gestante alcoolista tem um baixo padrão socioeconômico e educacional, seu estado nutricional é comprometido, ela é afetivamente carente e deprimida, sua gravidez não é desejada e o companheiro também é dependente do álcool”, explicou Luciana Silva.
O obstetra Olímpio Moraes, que trabalha em uma das maiores maternidades públicas de Recife, explica que a subnutrição potencializa os efeitos do álcool e acrescenta que os casos são mais frequentes em mulheres alcoolistas e que fazem associação do álcool com outras drogas. O médico sugere que a síndrome pode ser melhor prevenida se houver fortalecimento das ações de planejamento familiar, que podem evitar a ocorrência de gestações indesejadas.
“A recomendação é que as mulheres que usam álcool procurem um método contraceptivo de longa duração, como o DIU (Dispositivo Intrauterino que, colocado no útero, evita a gravidez) ou a laqueadura para não acontecer uma gravidez indesejada. E quando ela quiser engravidar, tem que tratar o alcoolismo e utilizar o ácido fólico mais ou menos 12 semanas antes para prevenção de anomalias e doenças neurológicas, como anencefalia. Então, o ideal é só deixar de usar o método contraceptivo quando já não estiver bebendo e, quando grávida, fazer pré-natal adequado”, recomendou Moraes, que também é diretor da Federação Brasileira das Associações de Obstetrícia e Ginecologia (Febrasgo).
Nível de consumo
Os médicos alertam que um simples gole de bebida alcoólica pode atingir o bebê. Por outro lado, esclarecem que nem todos as crianças que foram expostas ao álcool durante a gestação desenvolvem a síndrome.
Segundo estudo citado pela campanha, estima-se que, das mulheres que usarem álcool na gravidez, de 30 a 50% delas terão filhos com alterações clínicas do desenvolvimento.
Para a SBP e outras entidades que estão envolvidas na campanha, diante do risco e do desconhecimento de níveis seguros de consumo de álcool durante a gestação, a recomendação é que a mulher interrompa imediatamente a ingestão de álcool assim que a gravidez é constatada.
“Não se conhece até hoje nenhum nível de álcool no sangue materno abaixo do qual as malformações deixem de ocorrer. Portanto, tolerância zero para ingestão de bebida alcoólica durante a gravidez é a principal recomendação dos médicos. E os profissionais de saúde devem procurar estudar o assunto para orientar as mães. Este é um alerta continuo e ilimitado”, afirmou a pediatra Conceição Segre, coordenadora da campanha nacional.
“O ideal é não beber, porque a gente não tem esse nível de segurança. Claro que, com uma pequena ingestão uma vez ou outra, a possibilidade de causar algum mal é muito pequena, mas a gente não tem um nível de segurança, então deve-se evitar ao máximo. Quem está amamentando não deve beber, porque o álcool passa para o leite”, reforçou o obstetra Olímpio Moraes.
Diagnóstico
A presidente da SBP, Luciana Silva, ressalta que os danos da doença não podem ser totalmente revertidos, apenas amenizados. O tratamento ocorre por meio de suporte médico, aliado a acompanhamento social e psicológico.
Segundo os especialistas, o bebê é atingido quando o álcool, presente na corrente sanguínea da mulher, atravessa a placenta e fica armazenado no líquido amniótico, que envolvem o feto na barriga da mãe. Uma vez em contato com o cérebro do bebê, que ainda está em formação, o álcool passa por um processo mais lento de metabolismo e não é eliminado facilmente, o que deixa o bebê mais exposto aos seus efeitos.
Os médicos explicam ainda que o diagnóstico da síndrome é feito com mais precisão depois do nascimento da criança, quando podem ser observadas malformações na face e outros defeitos físicos decorrentes da síndrome, como a microcefalia.
O retardo no crescimento (no útero e também depois do nascimento), problemas cardíacos, disfunções na memória e na capacidade de aprendizagem, além de dificuldades de relacionamento e outras alterações comportamentais também são apontados pelos especialistas como indícios tardios da doença.
“A certeza mesmo [do diagnóstico] só depois do nascimento. Quando o caso é grave, algumas malformações podem ser vistas no ultrassom, mas a maior parte [das sequelas] não é possível diagnosticar no ultrassom, só no nascimento e no desenvolvimento da criança, desenvolvimento cognitivo e motor”, explica o obstetra Olímpio Moraes.
O material da campanha alerta ainda que mais da metade das crianças que desenvolvem a doença, quando adultos, são confinadas em instituições de tratamento de doenças mentais, com problemas com a lei e mais chances de se tornarem dependentes de álcool e drogas. Mais de 80% não conseguem se manter no emprego, nem viver de forma independente.
Edição: Kleber Sampaio
Fonte: Agencia Brasil
O poder destrutivo da empresa do tráfico
As famílias no mundo inteiro e principalmente no Brasil estão cada vez mais preocupadas com o uso de drogas em suas casas e aquelas que vivem esse problema na sua realidade estão desesperadas e buscam diversos caminhos de ajuda.
O Relatório do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), 2016, calcula no seu último relatório mundial de uso de drogas que cerca de 5% da população adulta, ou 250 milhões de pessoas entre 15 e 64 anos, usou pelo menos algum tipo de droga em 2014, isso quer dizer que uma a cada 20 pessoas entre 15 e 64 anos fez uso de entorpecentes.
E ainda se perguntam por que seus filhos entram no caminho das drogas, com tantas informações, com melhor forma de diálogo e porque existem tantos adolescentes e jovens que as experimentam?
As drogas fazem parte de nossa história, sempre existe algo que nos distrai e nos torna mais relaxados para lidarmos com as situações do dia a dia. Adolescentes experimentam e usam drogas por curiosidade, além de se adequarem ao grupo com o qual convivem e do desafio de encarar o novo.
Culturalmente somos incentivados a beber muito cedo: nas festas de família, nos encontros de finais de semanas, no happy hour; as propagandas sempre nos motivam a consumir algo que nos dê conforto, que nos sintamos poderosos, homens lindos e mulheres maravilhosas, tudo em prol da venda e do consumo, mostrando um falso bem-estar das pessoas.
Temos poderosas empresas produtoras de bebidas alcoólicas e essas fazem, claro, o seu marketing para que seus lucros aumentem a cada ano que passa. Ainda temos poderosos laboratórios farmacêuticos que, em nome da saúde, vivem fazendo propagandas ofertando alívios imediatos para dores, para emagrecer, para deixar o corpo maravilhoso.
E não devemos nos esquecer dos cigarros que exibiam belas propagandas, do homem que cavalgava com as belas paisagens, que fumar gera prazer. No Brasil devido às preocupações com as consequências a Lei Anti-Fumo endureceu em vários sentidos, retirando propagandas e criando locais para fumar.
Todas essas formas de produtos são legalizados e disponíveis a todos que queiram consumir, com extensa oferta nas esquinas, nos grandes centros comerciais, no barzinho do lado de casa, fomentando aqueles que geraram dentro de si dependências e por muita das vezes por anos de consumo sem conseguir parar e provocando doenças físicas e até mesmos psicológicas.
E em escala estratosférica o aumento do consumo de drogas que não são legalizadas, conhecidas como ilícitas, no mundo e no Brasil traz consequências gigantescas para os usuários, para as suas famílias e para a sociedade. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que, no Brasil, o índice seja de 3% de dependentes na população geral, ou seja, 6 milhões de brasileiros.
O vício em drogas ilícitas é uma doença que prejudica não só o dependente, mas pelo menos 10 pessoas em torno do usuário, sendo elas: pai, mãe, irmãos, parentes, amigos, colegas de trabalho, companheiros. Com um poder devastador das relações, da saúde e da construção de novos núcleos familiares.
E por muito tempo o dependente foi visto e podemos dizer que ainda é, como um safado, sem vergonha, que usa drogas e é um vagabundo que não quer saber de fazer nada. Mas deve-se deixar claro que o uso de drogas é sempre progressivo e a pessoa que se torna dependente desenvolve a chamada dependência química e que atinge 10% da população mundial, sendo escravizado pelas drogas.
Lembrando o que foi dito anteriormente, que os adolescentes e jovens continuam experimentando e curtindo as drogas apesar de todas as informações e das imagens de drásticas consequências causadas por quem usa. Na verdade a droga é “boa”, a sensação de prazer existe, o poder desligar do mundo, de se aliviar a tensão, de deixar pra trás o estresse, tudo faz aumentar a busca.
E a impressão que ela é “boa”, pois quem usa nunca conseguirá obter o mesmo prazer que sentiu na primeira vez que usou, nosso organismo se torna tolerante e cada mais precisa aumentar a quantidade para obter prazer, é uma busca interminável por migalhas de prazer.
Quem fomenta? Quem fornece? Quem vende? Quem produz tanta droga? Essas são questões que atormentam cada um de nós e as famílias que vivem o drama do filho ou filha, usuários de drogas.
Na verdade, o que existe são grandes empresas fornecedoras das drogas, com concorrências, mas sobretudo com grande oferta. Buscam a demanda de usuários do seu produto, através das escolas, das baladas, do trabalho, na cidade, na roça.
Essas empresas têm grandes empresários, aqueles que ficam curtindo sua grana no morro e também aqueles que viajam pelo mundo e ficam hospedados em grandes hotéis de luxo e esbanjam riqueza.
São empresas que pagam bem a plantação, aquisição, o transporte, a distribuição e por fim até chegar ao consumidor final. Estão sempre aprimorando as suas drogas, com novos lançamentos, com novas formas de fazer chegar a quem interessa. No mundo inteiro se gasta bilhões de dólares para combater a indústria de entorpecentes.
O poder da empresa do tráfico das drogas é comparado ao mesmo dos imensos holdings existentes no mundo. Que tem a cada década se fortalecido por terem suas redes de acesso, pessoas de todas as influências, como políticos, juízes, delegados, empresários, profissionais liberais e tantos outros.
Como lidar contra tudo isso? De que maneira lutar contra a dependência química? Como vencer esse mal que nos amedronta e nos faz ficar até mesmo desesperados? Pois famílias ficam desnorteadas, desestruturadas e doentes com a vivência de seu ente querido no uso das drogas.
E essas famílias ao descobrirem que tem um filho usuário experimentam o sentimento de culpa, de vergonha e de raiva, mas devem aprender a lidar com o problema com serenidade e entender que, como a doença da diabetes, a dependência química deve ser cuidada com muita atenção, persistência e dedicação, além de buscar ajuda e apoio para enfrentar essa situação.
Fonte: André Nunes - Psicólogo
terça-feira, 23 de maio de 2017
O que mais mata os jovens no Brasil e no mundo, segundo a OMS
BBC Brasil
Marina Wentzel De Basiléia (Suíça) para a BBC Brasil
A violência interpessoal é a principal razão pela qual jovens de 10 a 19 anos perdem a vida precocemente no Brasil, revelou a Organização Mundial da Saúde (OMS) à BBC Brasil.
A informação vem de um estudo global sobre óbito de adolescentes, publicado nesta terça-feira. A OMS estima que 1,2 milhão de adolescentes morrem por ano no mundo - três mil por dia.
De acordo com a entidade, as principais causas de mortes entre adolescentes brasileiros de 10 a 15 anos são, nesta ordem: violência interpessoal, acidentes de trânsito, afogamento, leucemia e infecções respiratórias.
Já jovens na faixa de 15 a 19 anos morrem em decorrência de violência interpessoal, acidentes de trânsito, suicídio, afogamento e infecções respiratórias.
A OMS repassou esse ranking estimado com exclusividade à BBC Brasil, mas não ofereceu números absolutos para ilustrar a lista, pois o estudo foi organizado por regiões.
Mortalidade de jovens no mundo
O que mostra o levantamento da OMS
* 1,2 milhão de óbitos precoces por ano
* 3 mil mortes por dia no ano de 2015
* 43% de mortes em países de baixa-média renda nas Américas (incluindo Brasil) são atribuídas à violência
Fonte: OMS
O Global Acceleration Action for the Health of Adolescents (Ação Global Acelerada para a Saúde de Adolescentes, em tradução livre) não avalia países individualmente, mas áreas econômicas do planeta. O Brasil está inserido na categoria "países de renda baixa-média das Américas".
A tendência observada dentro desse grupo também aponta a violência interpessoal como principal causa da morte, representando 43% dos óbitos.
"O Brasil se insere exatamente no perfil da região", disse à BBC Brasil, por email, Kate Strong, especialista da OMS para o monitoramento de crianças e jovens.
Violência interpessoal
O conceito de violência interpessoal explorado no documento é bastante amplo, pois engloba desde a preponderante agressão relacionada às gangues e ao narcotráfico até o feminicídio.
"Inclui assassinatos, agressão, brigas, bullying, violência entre parceiros sexuais e abuso emocional", descreve o documento.
De acordo com números da edição de 2016 do relatório, publicado pela iniciativa Mapadaviolência.org.br, a situação é preocupante. "A principal vítima da violência homicida no Brasil é a juventude", afirma o documento nacional.
Nesse levantamento, que compilou dados de 2014, foi observado que jovens de 15 a 29 anos de idade representavam aproximadamente 26% da população do país, mas a participação deles no total de homicídios por armas de fogo era desproporcionalmente superior. O peso demográfico dos jovens nos casos de mortes com armas correspondem a quase 60% dos crimes.
No resto do mundo, as cinco principais causas de morte entre jovens de ambos os sexos, de 10 e 19 anos são: acidentes de trânsito, infecções respiratórias (pneumonia), suicídio, infecções intestinais (diarreia) e afogamentos.
Mais de dois terços dessas mortes ocorrem em países em desenvolvimento, revelam os dados de 2015 da OMS.
Dividindo por sexo, a estimativa aponta que, no mundo todo, meninos de 10 a 19 anos morrem principalmente por acidentes de trânsito, violência interpessoal, afogamento, infecção do sistema respiratório e suicídio.
As meninas da mesma faixa-etária têm mortes atribuídas a infecções do sistema respiratório, suicídio, infecções intestinais, problemas relacionados à maternidade e acidentes de trânsito.
Direito de imagem iStock Image caption Acidentes de trânsito são a segunda maior causa da morte de jovens no Brasil
Essas tragédias poderiam ser evitadas se os países investissem mais em educação, serviços de saúde e apoio social, diz a OMS.
"O período da adolescência é um momento particularmente importante para a saúde, porque definirá hábitos que terão impacto na qualidade de vida pelas próximas décadas. É nessa época que a inatividade física, a má dieta e o comportamento sexual de risco têm início", disse a OMS.
A organização critica a falta de atenção dada a essa faixa-etária da população nas políticas públicas. "Adolescentes estiveram completamente ausentes dos planejamentos de saúde nacional por décadas", lamentou Flávia Bustreo, Diretora-Geral assistente da OMS.
Soluções
O documento aponta ainda soluções que podem ajudar a evitar essas mortes precoces. São sugestões de políticas públicas que podem ter grande impacto nas estatísticas. Um exemplo é a recomendações da implementação de leis e campanhas de conscientização pelo uso do cinto de segurança. Em 2015, acidentes de trânsito mataram 115 mil jovens de 10 a 19 anos no mundo todo.
O Brasil é citado no documento como caso bem sucedido no combate a mortes no trânsito. "Entre 1991 e 1997 o Ministério da Saúde do Brasil registrou aumento dramático na mortalidade de jovens em acidentes de trânsito", afirma o documento.
"Em resposta, legisladores introduziram um novo código de trânsito em 1998 que tornava mais severa as punições aos infratores". O novo código de trânsito teria ajudado a salvar 5 mil vidas no período entre 1998 e 2001 segundo a OMS.
Direito de imagem iStock Image caption Autoimolação e suicídios também preocupam autoridades
Apesar de o trânsito ser um problema universal, há marcantes diferenças entre as regiões quanto às causas de óbito. Nos países de renda baixa-média da África, doenças transmissíveis como HIV-AIDS, infecções do sistema respiratório, meningite e diarréia são os principais vilões.
A anemia, doença causada pela deficiência de ferro no sangue, também é um mal muito comum, que atinge milhares de jovens no mundo todo em países pobres e ricos.
O suicídio, ou a morte acidental causada por atitudes auto-destrutivas, foi a terceira causa de mortalidade de adolescentes em 2015, totalizando 67 mil mortes. Em sua maioria, as vítimas são adolescentes mais velhos.
Em regiões com boas condições econômicas como a Europa, o suicídio também aparece entre as principais causas. Cortar a si mesmo é o tipo de auto-violência mais comum observado no continente.
A estimativa global da OMS é de que até 10% da população adolescente mundial cometa algum ato de violência contra si.
Elevação da idade mínima para consumo de álcool é uma das medidas que OMS acredita serem necessárias para reduzir a violência.
O documento recomenda fazer mais investimentos e dar atenção especial às pessoas nessa fase da vida, onde grandes frustrações e incertezas despontam: "jovens normalmente tomam responsabilidades de adultos como cuidar de irmãos menores, trabalhar, ter de abandonar os estudos, casar cedo, praticar sexo por dinheiro, simplesmente porque precisam dar conta das necessidades básicas de sobrevivência.
Como resultado, eles sofrem de desnutrição, acidentes, gravidez indesejada, violência sexual, doenças sexualmente transmissíveis e transtornos mentais", resume o documento.
"Melhorar a forma como o sistema de saúde atende aos adolescentes é apenas uma parte da melhora da saúde deles", diz Anthony Costello, médico da OMS.
"Uma família e uma comunidade que apoia os seus jovens são extremamente importantes", completa.
Entre as políticas básicas que os países devem tentar implementar para diminuir o risco de mortes precoces estão: programas de orientação sexual na escola, aumento da idade mínima para consumo de álcool, obrigatoriedade do uso do cinto de segurança nos automóveis e de capacetes para ciclistas e motociclistas; redução do acesso a armas de fogo, aumento da qualidade da água e melhoria da infra-estrutura sanitária.
Bebida interfere na formação do sistema nervoso dos adolescentes
Até o fim da adolescência, o ideal é não ter contato com álcool
Foto: FILIPE ARAUJO/ESTADÃO
Até os 18 anos, qualquer substância psicotrópica pode comprometer a capacidade cognitiva, segundo especialista
Fábio de Castro, O Estado de S.Paulo
O uso de álcool pode atrapalhar o processo de formação do sistema nervoso dos adolescentes, reduzindo sua capacidade cognitiva na vida adulta, de acordo com a pesquisadora Zila Sanchez, do Centro Brasileiro de Informações Sobre Drogas Psicotrópicas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
“Até os 18 anos, todo o sistema nervoso central do adolescente está em processo de formação e seu cérebro desenvolve novas conexões entre os neurônios. Qualquer substância psicotrópica pode atrapalhar essa formação, comprometendo a capacidade cognitiva da pessoa para o resto da vida”, disse Zila ao Estado.
Segundo ela, até o fim da adolescência, o ideal é não ter contato com álcool. “É um momento para evitar qualquer consumo. Para o adolescente não existe o conceito de ‘beber um pouco’. Ele ainda não desenvolveu tolerância e muitas vezes uma lata de cerveja já é suficiente para a intoxicação alcoólica”, afirmou a pesquisadora.
Zila explica que, por questões cerebrais e hormonais, o adolescente já tende a se expor a riscos. “Com o álcool, esse comportamento é exacerbado e aumenta muito a chance de sexo inseguro, exposição ao abuso sexual, agressão e violência.”
Fonte: Estadão
quinta-feira, 11 de maio de 2017
Em quais situações fica-se bêbado mais rápido?
Sirwat/Istock
Você já notou a diferença entre o grau de alcoolismo depois de beber a mesma quantidade de cerveja, por exemplo, em casa, com seu parceiro (a), e no bar, com um grande grupo de amigos?
Geralmente, quando se bebe entre amigos, a velocidade com a qual surge a sensação de ‘estar bêbado’ é maior do que quando se bebe sozinho ou com poucas pessoas.
Existe um fator científico que comprova essa hipótese.
A equipe de estudiosos da Universidade de Maryland escolheu o lagostim – crustáceo menor que uma lagosta e maior que um camarão – para explicar cientificamente a diferença entre as velocidades do primeiro sinal de bebedeira.
O lagostim é uma espécie suscetível ao álcool nas mesmas concentrações que os seres humanos.
Lagostim ajuda a explicar efeitos de uma bebedeira
Aksanayasiucheia/Istock
O trabalho científico, publicado pelo no Journal of Experimental Biology, consistiu em oferecer a um grupo de lagostins a quantidade equivalente de álcool encontrada em uma cerveja forte. Os resultados mostraram que os crustáceos ficavam mais embriagados quando socializavam com dezenas de outros lagostins, em comparação com aqueles que ficavam em isolamento.
Os cientistas acreditam que o ambiente social afeta os receptores em células nervosas de lagostins que respondem a neurotransmissores como a serotonina, alterando assim a forma como o álcool afeta o sistema nervoso.
Peopleimages/Istock
Segundo a pesquisa, os lagostins isolados demoraram 28 minutos para apresentarem sinais de que estavam bêbados, enquanto os animais que estavam em grupos levaram 20 minutos para demonstrarem o mesmo comportamento.
A descoberta pode ajudar a entender por que as pessoas têm reações tão diferentes ao consumo de álcool, por que algumas desenvolvem o alcoolismo e, consequentemente, encontrar tratamentos para quem sofre com o vício.
Escrito por Paulo Nobuo
Fonte: Vix
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