Todo ponto de vista é visto de um ponto
No decorrer de minha trajetória comunitária, seja como
leigo ou sacerdote, pude constatar uma diversidade de atitudes e comportamentos
que se contrapunham entre si nas relações interpessoais, dada a compreensão
individual da realidade que cada ser humano possui e seu padrão de
comportamento específico. Isto posto, considerarei alguns perfis e a maneira de
atuação destes na comunidade/ sociedade, com objetivo de ampliar a compreensão
sobre o universo do Eu e do Tu.
Observa-se que entre os membros de uma comunidade ou
sociedade, há sempre aquelas pessoas cujas características estão associadas á
passividade. São de um ritmo lento e dificilmente colocam suas opiniões. Acatam
o que for decidido sem murmurar e, na maioria das vezes, assisti como
espectadoras às discussões do grupo. Suas ações estão limitadas às ordens de
uma liderança, preferem ser direcionados e não encontram dificuldades para
executar.
Outra maneira de expressão dos indivíduos na vida
comunitária é a de atividade intensa. Normalmente são rápidos e exigentes,
dotados de muitas idéias e perfeccionistas assumidos. Por possuírem um padrão
de rigidez próprio, acabam por exigir que os demais membros da comunidade/
sociedade ajam e pensem como eles. São de paciência curta e se irritam com a
falta de ação e a lentidão dos companheiros. Esperam ansiosos os elogios
alheios e são implacáveis diante do erro.
Entretanto, existe ainda outra maneira conhecida de
agir na comunidade/sociedade: são os de postura moderada, os conciliadores.
Esses procuram harmonizar os aspectos da individualidade de cada membro do
grupo, com a intenção de encontrar um consenso de opiniões, freando a euforia
dos mais acelerados e despertando os de comportamento passivo para o
envolvimento e a participação. São dotados de grande habilidade política e
também são afetados diretamente pela postura radical dos companheiros.
Dado isso, nos perguntamos: qual seria a melhor
maneira de agir comunitariamente/ socialmente? Não podemos encarar a questão
dizendo o que é certo ou errado; no entanto, há algumas atitudes que não estão
em desuso. Estar aberto à novidade do outro e permitir que ela contribua para
nosso crescimento. Conhecer a história pessoal de cada um e os motivos que o
levaram a agir de tal modo. Entender que há pontos de vista diversos e que não
somos o centro do universo. Reconhecer que não só ensinamos, mas também
aprendemos. É essa postura humilde diante da vida que certamente nos faz
melhores, e não permite que o distanciamento provocado pelo conflito de idéias
acabe por menosprezar o que existe de mais humano entre nós, a relação com a
alteridade.
Pe
Otair Cardoso