quarta-feira, 17 de agosto de 2016

A cocaína também embarca para o Rio


 



Polícia Nacional do Peru registra aumento no número de ‘mulas’ com destino ao Brasil
JACQUELINE FOWKS
Lima 3 AGO 2016 - 19:30 BRT

No dia 26 de julho, no bairro carioca da Lapa, a polícia brasileira confiscou 93 envelopes de cocaína com o símbolo dos Jogos Olímpicos do Rio e o aviso de “use longe das crianças”. No dia anterior, em uma cidade próxima da fronteira com o Peru, um nigeriano morreu intoxicado depois que algumas das 65 cápsulas de cloridrato de cocaína que ele levava dentro do estômago explodiram. A Polícia Nacional do Peru afirma ter detido neste ano, no aeroporto internacional de Lima, 92 “mulas”, em sua maioria com destino ao Brasil, além de algumas que pretendiam viajar para o México ou para a Espanha.

Egbo Chukwudum Chukwudi, de 53 anos, morreu em Puerto Maldonado (na selva sul do Peru, a 170 quilômetros da fronteira com o Brasil), quando se dirigia rumo a São Paulo, segundo declarou o chefe da Região Policial de Madre de Dios, general Máximo Sánchez Padilla, ao jornal La República. O nigeriano carregava um quilo e meio da droga e partira de Ayacucho, centro de produção de cocaína, para Lima e, depois, para a cidade amazônica.

Citando fontes da Direção Antidrogas (Dirandro), o mesmo jornal informou que alguns burriers são recrutados na África, chegam ao Peu como turistas e embarcam pelo Vale dos rios Apurímac e Ene (VRAE), onde existe a maior área de produção de coca, em direção ao Brasil. As terras no VRAE proporcionam um rendimento superior ao restante do país, podendo conter 20.000 arbustos de coca por hectare, segundo informa o Escritório para a Droga e o Crime das Nações Unidas (UNODC), em Lima.

O Peru é o maior produtor mundial de cocaína, ocupando o segundo lugar na área total utilizada para o cultivo da folha de coca, atrás apenas da Colômbia

“No Peru, um quilo de cocaína pode valer 1.000 dólares, mas a mesma quantidade é vendida em Manaus por 5.000 dólares, e em São Paulo por 7.000 dólares”, informou um policial ao La República.

Segundo o relatório de estatísticas de maio do Instituto Nacional Penitenciário, 2% dos presos no Peru são estrangeiros. Isso equivale a 1.804 pessoas, sendo 50 africanos. O país de origem com maior população carcerária no Peru é a Colômbia, com 264 detidos.

Embora a maioria cumpra pena por roubo com circunstâncias agravantes (27,8%), a taxa de presos por tráfico de drogas, por tráfico com agravantes ou por favorecimento para esse tipo de crime atinge 19%.

Segundo o chefe da Dirandro, várias pessoas que viajam para o Brasil levando cápsulas ovaladas de cocaína líquida podem ser presas em um único dia no aeroporto de Lima. “Suas histórias são tão terríveis que não chegam a se diferenciar muito umas das outras: costuma ser gente de classe média baixa, capaz de arriscar a vida e a liberdade por um punhado de dinheiro”, disse Pantoja àquele jornal.

Os policiais da Direção Antidrogas do Peru assinalam que seus colegas brasileiros já os haviam chamado a atenção para o fato de que o Brasil é o segundo maior mercado consumidor de cocaína do mundo. Calcula-se que, durante a Olimpíada, ele poderá até mesmo ultrapassar os Estados Unidos.

De acordo com um relatório de 2015 do Departamento de Estado dos EUA, o Peru é o maior produtor mundial de cocaína, ocupando o segundo lugar no total de área utilizada para o cultivo da folha de coca, atrás apenas da Colômbia.

Incidência de sífilis e HIV é até 13 vezes maior em usuários de crack


 


Folha - UOL
EMILIO SANT´ANNA
DE SÃO PAULO
Cléber (nome fictício), 32, passou os últimos anos nas ruas. Na cracolândia, usava 30 pedras de crack por dia. Com magreza extrema, 45 kg, fazia sexo em troca da droga. Antes, ganhou a vida na República, também no centro. Envolvido com prostituição, tinha dez clientes fixos por semana e outros eventuais. Ganhava R$ 6.000 por mês.

A trajetória de Cléber, com a mistura constante de drogas e sexo inseguro, retrata um problema frequente entre os usuários de crack em São Paulo: a exposição às infecções por sífilis e HIV.

A incidência de sífilis entre viciados atendidos pelo Cratod (Centro de Referência em Álcool, Tabaco e Outras Drogas) é mais de dez vezes superior à média da população da América Latina, segundo pesquisa do Estado.

"A grande pergunta é se isso está restrito a São Paulo ou se espalha por outras cracolândias pelo Brasil", diz Ronaldo Laranjeira, psiquiatra que conduziu esse levantamento e é coordenador do Recomeço –programa da gestão Geraldo Alckmin (PSDB) que fornece tratamento a dependentes de drogas.

Entre janeiro e maio, cerca de 800 pessoas foram testadas para sífilis e HIV na unidade da Secretaria de Estado da Saúde, a maioria deles frequentadores da cracolândia.

A análise encontrou resultados positivos do vírus da Aids em 5,3% dos dependentes testados. Isso representa prevalência até 13,5 vezes maior do que a da população brasileira em geral –que é de 0,4% a 0,7%, de acordo com relatório da Unaids.
O programa Recomeço, instituído por Alckmin em 2013, trabalha a saída do vício com tratamentos que incluem isolamento em comunidades terapêuticas.
Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas

Consumo de álcool por esportistas


 

A presença de bebidas alcoólicas no ambiente esportivo é comum e faz parte desta cultura. Como fatores contribuintes citam-se comemorações típicas celebradas, como abrir garrafas de champanhe ao término de corridas de Fórmula 1 ou mesmo o consumo de cerveja que acompanha a torcida pelo futebol no Brasil, e patrocínios tanto de times como de atletas pela indústria de bebidas alcoólicas.

A prática de atividade física regular é considerada uma forma efetiva de promover saúde, qualidade de vida e prevenir muitas doenças. No entanto, um cenário paradoxo merece atenção: atletas e indivíduos que praticam esportes ingerem mais álcool que a população geral, como demonstrado em diversas publicações. Um estudo canadense mostrou que esportistas adolescentes e adultos jovens consomem mais álcool e abusam dele com frequência maior que seus pares. Algumas hipóteses que poderiam explicar esta relação se baseiam em fatores psicológicos, culturais e econômicos. De uma perspectiva psicológica, atletas sob pressão em competição ingerem álcool para aliviar a tensão. Alguns indivíduos apresentam características que os impulsionam a buscar novas e fortes emoções, sendo mais propensos a buscar desafios e experiências extremas. Sendo assim, o mesmo traço de personalidade que motiva alguém a participar de maratonas e competições poderia ser responsável por beber abusivamente. Do ponto de vista cultural, o consumo mais intenso de álcool ainda é considerado como símbolo de virilidade além de aparentar estímulo ao espírito de time e coesão, elementos essenciais nos esportes.

Com relação à performance esportiva do indivíduo que bebe, alguns pontos precisam ser enfatizados. Beber antes ou durante a atividade física gera riscos metabólicos importantes como comprometer a liberação de energia para a prática esportiva. Altera também a regulação da temperatura do corpo, gerando, no calor, risco maior de desidratação, e no frio, queda da temperatura interna, prejudicando claramente o desempenho. Além disso, deve-se considerar o risco aumentado de lesões pelos efeitos psicomotores dessa substância.

Após a atividade física o atleta necessita recuperar-se, com hidratação adequada e reposição de fontes energéticas. Tais fatos são mais negligenciados quando se ingere álcool após o exercício. Ainda, os efeitos da ressaca e problemas na qualidade do sono tornam o consumo de álcool abusivo um empecilho para o desenvolvimento dos atletas.

Enquanto a conquista por altas performances pode não ser o objetivo de todos que praticam esportes, a saúde e bom condicionamento são metas importantes para a participação em atividades físicas. Portanto, a moderação é sempre uma boa opção.

* Uma dose padrão contém aproximadamente de 10 g a 12 g de álcool puro, o equivalente a uma lata de cerveja (330 ml) ou uma dose de destilados (30 ml) ou ainda a uma taça de vinho (100 ml).
Fonte:CISA - Centro de Informações Sobre Saúde e Álcool

quinta-feira, 28 de julho de 2016

Maioria das usuárias de crack não consegue largar vício




Jornal Meio Norte
Efrém Ribeiro
(foto: reporter10.com)

Pesquisa feita com usuárias de crack no Piauí mostra que 84,2% das mulheres pesquisadas afirmaram que precisaram de quantidades maiores da droga para obter efeito desejado e 84,2% tentaram parar, mas não conseguiram.

Os dados constam no estudo “Estratégias de enfrentamento do craving (desejo) por crack entre mulheres usuárias”, realizado pela enfermeira Larissa Alves de Araújo Lima, integrante do Grupo de Estudos Enfermagem, Violência e Saúde Mental; pelo mestre e doutor em Enfermagem pela Universidade Federal do Piauí e especialista em Saúde da Família, Fernando José Guedes da Silva Júnior; e Claudete Ferreira de Souza Monteiro, doutora em Enfermagem e professora do curso de Mestrado em Enfermagem pela Universidade Federal do Piauí (Ufpi).

Os pesquisadores usaram uma amostra constituída por 38 mulheres usuárias de crack cadastradas nos quadros do Centros de Atenção Psicossocial para Dependentes de Álcool e outros Drogas (CAPS AD) em Teresina e nos municípios de Picos e Parnaíba.

Os pesquisadores usaram o termo “craving” como a vontade de usar crack em três situações que lhes façam lembrar da substância; quando se quer obter as sensações novamente e livrar-se do desconforto da abstinência; ou, ainda na vigência do uso do crack, quando a fissura se configura como um dos seus efeitos.

“Desse modo, é comum que os dependentes passem dias sem se alimentar, restritos ao uso do crack, associado ou não a outras substâncias, como álcool e tabaco, até chegarem ao esgotamento físico e psíquico”, aponta estudo.

Segundo os pesquisadores, o uso compulsivo desenvolvido devido ao craving faz com que o usuário de crack esgote seus recursos financeiros, perca a capacidade de escolha e discernimento e foque somente da substância.

“A urgência em consumir o crack altera os valores que conduzem a vida em sociedade, assim, é comum o envolvimento com práticas delituosas que desonram sua integridade física e moral. Entre essas, destacam-se a troca de pertences, prostituição, roubo e manipulação de pessoas.

O ´craving` pode ocorrer independentemente da consciência do usuário, cujas ações, como a busca pela droga e seu consumo, expressões faciais, comportamento agressivo, são medidas que não dependem da vontade do dependente. Por isso, são importantes para avaliar o processo”, explica.

Pesquisa revela perfil das usuárias de crack

A pesquisa foi constituída por usuárias de crack de 18 a 60 anos, sendo que 84,2% eram procedentes de Teresina. Quanto à raça, 57,9% das entrevistadas declararam-se pardas; e 57,8% declararam-se solteiras. Quanto à religião, 63,2% são católicas, segundo de 26,3% de evangélicas.

A renda mensal individual das usuárias de crack variou de R$ 50,00 a R$ 1 mil, embora 71% referiram que não possuem nenhum tipo de fonte financeira.

De acordo com a pesquisa feita por Larissa Alves de Araújo Lima, Fernando José Guedes da Silva Júnior e Claudete Ferreira de Souza Monteiro, das usuárias entrevistadas, 42% experimentaram crack pela primeira vez antes entre 21 e 35 anos de idade. A idade média de experimentação foi de 22,71 anos.

Quando questionadas sobre se o seu consumo de crack estava fora do controle, 13,2% das mulheres usuárias da droga afirmaram que estavam; 15,8% sentem-se ansiosas ou preocupadas quando pensam em não ter a substância para o consumo; e 34,3¨% consideram muito difícil ficar sem crack.

Em relação ao grau de craving das usuárias de crack, 55,26% apresentaram craving de forma grave; 26,32% craving moderado; e apenas 13,16% craving mínimo; seguido de 5,26% de craving leve.

Para enfrentarem o craving por crack pelas mulheres usuárias dessa droga, 46,7% utilizam outra droga; 43,4% vão trabalhar; 31,8% vão dormir; 23,8% vão alimentar-se; 19,6% rezam; 13,2% praticam esportes; e 10,4% praticam sexo.

Para enfrentar o craving de crack, as mulheres piauienses pesquisadas usam maconha (84% delas); ecstasy (79%), tranquilizantes (71%) e álcool (68,4%). (E.R.)
Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas


Misturar álcool e energético aumenta risco de intoxicação


 


Revista Veja
Segundo novo estudo, jovens que consomem vodca com energético tendem a querer beber mais - o que aumenta o risco de intoxicação
Por Giulia Vidale

Um experimento mostrou que ingerir a bebida alcoólica pura já aumenta o desejo por mais bebida, mas quando ela é misturada a um energético, essa vontade é ainda maior. Já a mistura de álcool com algum refrigerante (descafeinado) não tem esse efeito. (Getty Images)

Misturar bebidas alcoólicas com energéticas aumenta o desejo por álcool. De acordo com um estudo publicado recentemente no periódico científico Alcoholism: Clinical and Experimental Research, o consumo simultâneo de bebidas com cafeína e álcool pode levar a um aumento do que os especialistas chamam de beber em binge.

A prática, comum principalmente entre jovens, consiste em ingerir pelo menos cinco doses de bebida alcoólica, no caso dos homens, ou quatro doses, no caso das mulheres, em um período de duas horas. Esse comportamento é particularmente nocivo pois, além de aumentar a probabilidade de intoxicação, também está associado a um aumento do comportamento de risco, como dirigir embrigado, ter relação sexual sem preservativo e utilizar outras drogas.

No novo estudo, pesquisadores da Universidade Northern Kentucky, nos Estados Unidos, realizaram um experimento com 26 adultos (13 homens e 13 mulheres), da mesma idade e que tinham o hábito de beber socialmente. Ao longo de seis sessões, os participantes receberam uma das seis misturas seguintes: vodca com refrigerante descafeinado, vodca e uma bebida energética média, vodca e uma bebida energética grande, um refrigerante descafeinado, uma bebida energética média ou uma bebida energética grande.

Ao final de cada sessão os participantes precisavam classificar o seu desejo por álcool e realizavam um teste do bafômetro que media a concentração de álcool no organismo. Os resultados mostraram que ingerir a bebida alcoólica pura já aumenta o desejo por mais bebida. Quando ela é misturada a um energético, contudo, essa vontade fica ainda maior. Já a mistura de vodca com refrigerante descafeinado não obteve esse efeito.

De acordo com os autores, esse estudo fornece evidência de que a mistura de vodca (ou qualquer outra bebida alcoólica) com energético leva a um maior desejo de beber álcool, em comparação com a mesma quantidade de álcool consumida sozinha. Os resultados também são consistentes com estudos em animais que mostraram que a cafeína incrementa as propriedades de recompensa do álcool.

Efeitos no organismo

Pesquisas anteriores já haviam advertido que a cafeína mascara os efeitos intoxicantes do álcool, o que pode levar a comportamentos mais arriscados, como o beber em binge. Isso ocorre principalmente porque as pessoas não percebem o próprio nível de embriaguez.

Inicialmente, o álcool age no sistema dopaminérgico do cérebro, causando euforia e desinibição. Com a ingestão de mais doses, a bebida passa a comprometer o sistema gabaérgico, responsável por funções vitais do corpo: controle da temperatura, respiração e batimentos cardíacos.

No início da intoxicação, os sintomas são tontura, dificuldade de ficar acordado, fala enrolada e confusão mental, que começam a se manifestar em média 20 minutos após a ingestão de álcool. Depois, ocorrem os sintomas mais graves: pulso fraco e rápido, pele fria e pálida, cheiro forte de álcool saindo da pele, respiração irregular, vômito, desmaio e coma. Beber em binge pode retardar o aparecimento dos primeiros sinais de embriaguez. Assim, sem a pessoa se dar conta, aparecem os sintomas mais graves e ela precisa ser encaminhada para o hospital com urgência.

Segundo Zila van der Meer Sanchez, professora do Departamento de Medicina Preventiva da Unifesp, a mistura de alguma bebida alcoólica, em geral vodca, com energético, aumenta a chance da necessidade de atendimento em urgências hospitalares por efeitos agudos intoxicação alcoólica.

Mensagem contraditória

“A cafeína e a taurina, estimulantes presentes nos energéticos, disfarçam os efeitos do álcool. Ou seja, eles ocultam a sensação depressiva do álcool. Esse efeito aumenta o risco de intoxicação e inclusive de morte por excesso de álcool, já que a pessoa não tem noção do quanto já bebeu.”, explica Zila van der Meer Sanchez, professora do Departamento de Medicina Preventiva da Unifesp.

Ainda não se sabe de que forma a cafeína aumenta a fissura pelo álcool, mas a especialista, que também é coordenadora do projeto Balada com Ciência da Unifesp e pesquisadora do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), acredita que pode ser um mecanismo comportamental. “O álcool, inicialmente, deixa a pessoa mais descontraída, e o energético mais alerta. Como o energético mascara o efeito depressivo do álcool, a pessoa só sente a parte positiva. Com isso, a sensação de bem-estar estimula o consumo excessivo”, explica.
Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas

Álcool está diretamente relacionado a sete tipos de câncer, diz estudo




O consumo de álcool está diretamente relacionado à ocorrência de sete tipos de câncer, segundo uma revisão de estudos publicada nesta quinta-feira (21) pela revista científica "Addiction". Feita por uma pesquisadora da Universidade de Otago, na Nova Zelândia, a revisão avaliou dados de pesquisas sobre álcool e câncer publicadas nos últimos 10 anos.

Os cânceres que podem ser diretamente provocados pelo consumo de álcool, segundo o estudo, são o de orofaringe, laringe, esôfago, fígado, cólon, reto e mama feminina.

Já havia um entendimento de que o álcool era um fator de risco para a ocorrência de câncer. Este estudo, porém, comprova uma relação mais direta entre as duas coisas.

A revisão concluiu que o álcool causou cerca de 500 mil mortes por câncer em 2012, 5,8% do total de mortes por câncer no mundo. Enquanto o problema maior está relacionado ao consumo excessivo de bebidas, mesmo o consumo baixo e moderado pode representar um risco.
Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas

sábado, 23 de julho de 2016

Exame toxicológico em caminhoneiros volta a ser obrigatório em SP


 


Jornal Folha de S. Paulo

O exame toxicológico para motoristas de ônibus e caminhões voltou a ser obrigatório no Estado de São Paulo. A liminar que autorizava o Detran (departamento de trânsito) a não obedecer a medida foi derrubada na última sexta-feira (15).

A Procuradoria Geral do Estado tenta reverter a decisão. Enquanto isso, o sistema federal de habilitação vai impedir a emissão de CNHs nas categorias C, D e E (para caminhão, ônibus e carreta, respectivamente) no Estado, caso não conste a aprovação no exame, feito na rede credenciada pelo Denatran (Departamento Nacional de Trânsito).

Vigente em todo o território nacional desde o início de 2016, a obrigatoriedade estava suspensa em ao menos 12 Estados, incluindo São Paulo, a pedido dos departamentos de trânsito estaduais.

Segundo o Detran de SP, existem no Estado aproximadamente 5,2 milhões de carteiras de habilitação nas categorias afetadas. A exigência do exame é válida apenas para renovar ou obter a CNH nessas categorias –quem já possui carteira válida não precisa fazer o teste.

EXAME TOXICOLÓGICO

​Lei dos Caminhoneiros, que tornou o teste obrigatório, está suspensa em pelo menos 11 Estados

O QUE É?

O exame toxicológico detecta maconha, cocaína, opiáceos (como heroína) e anfetaminas consumidos até 90 dias antes do teste

PARA QUEM?

Motoristas profissionais, com carteira das categorias C (transporte de cargas, como caminhão), D (transporte de passageiros, como ônibus) e E (veículos com reboque, como carro com trailer)

PARA QUÊ?

Com a lei, exame se torna obrigatório para obtenção e renovação da carteira de habilitação, além de admissão e desligamento

QUANTO CUSTA?

Entre R$ 250 e R$ 350. Para renovação da CNH, o próprio motorista paga. Em casos de contratação e desligamento, o custo é do empregador

COMO FUNCIONA?

Fios de cabelo, barba ou pelo são recolhidos e analisados em laboratórios. Eles têm que ter no mínimo 4 cm para que o teste alcance os 90 dias anteriores

A relação da rede de coleta credenciada por ser encontrada no site do Denatran e o custo do exame varia entre R$ 295 e R$ 380. O laudo, que demora em média 15 dias úteis para ficar pronto, deve ser apresentado no Detran, no momento de renovação da habilitação e também na avaliação médica.

Motoristas que forem reprovados no exame terão que aguardar três meses para fazer uma nova tentativa.

DISCORDÂNCIA

Entre os argumentos para a exigência está a alta incidência do uso de drogas em profissionais desses setores, que procuram se manter acordados para trabalharem por mais horas, já que ganham por produtividade. Essa prática é vista como temerária, pois pode causar acidentes em estradas.

Em abril, a então delegada responsável pelo Detran em Minas Gerais, Rafaela Gigliotti, questionou esse argumento. "Não existe comprovação científica de que [essa medida] reduz acidentes, porque o exame detecta o uso de drogas nos 90 dias que o antecedem e, para a fiscalização, o que é importa é o momento da condução do veículo." Minas é um dos Estados em que a exigência foi barrada.

COMO É FEITO O TESTE

Seis laboratórios fazem o exame no Brasil; três deles enviam as amostras aos EUA​

PREPARAÇÃO

Sangue irriga o fio, e as substâncias decorrentes do uso de drogas se acumulam nele. O cabelo é lavado, para remover impurezas externas

DETECÇÃO

Adiciona-se um reagente, que vai determinar se há alguma das substâncias procuradas

RESULTADO NEGATIVO

Caso o reagente não detecte nada, é emitido um laudo atestando que o motorista não consumiu nenhuma das drogas nos últimos 90 dias

RESULTADO POSITIVO

Se houver reação, o material passa por um espectrômetro que mostra quais substâncias estão presentes no pelo. Então é produzido o laudo

O Denatran sustenta o exame, mas o diretor à época, Alberto Angerami, fez a ressalva de que "o exame deveria ser feito no momento da fiscalização nas estradas, porque seria mais eficaz para reduzir acidentes".

O teste é obrigatório em setores como a aviação civil e em concursos públicos para policiais militares, civis e federais.
Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas