segunda-feira, 18 de abril de 2016

Estudo explica como o LSD atua no cérebro





IG - Saúde
(Getty Images)
Pesquisa publicada em revista científica utilizou combinação de técnicas de escaneamento cerebral de última geração para visualizar como substância altera o funcionamento do cérebro

Um novo estudo realizado por cientistas britânicos mostra pela primeira vez como o LSD (dietilamida do ácido lisérgico) afeta a atividade do cérebro ao provocar complexas alucinações visuais. Segundo os autores da pesquisa, publicada na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), seus resultados abrem caminho para a aplicação de drogas psicodélicas no tratamento de doenças psiquiátricas.

O estudo também revelou o que acontece no cérebro das pessoas quando elas relatam uma mudança fundamental na qualidade de sua consciência quando estão sob o efeito de LSD: a "dissolução do ego".

As pesquisas sobre os efeitos do LSD no cérebro humano ficaram estagnadas depois que a substância foi banida nos Estados Unidos no fim da década de 1960, mas, nos últimos anos, cresce cada vez mais o interesse da comunidade científica internacional pelo estudo de drogas psicodélicas para fins terapêuticos e para o estudo de doenças mentais.

Uma equipe de pesquisadores liderada por Robin Carhart-Harris, do Imperial College London (Reino Unido), administrou LSD em 20 voluntários saudáveis e utilizou uma combinação de diversas técnicas de escaneamento cerebral de última geração para visualizar como a substância altera o funcionamento do cérebro. Metade dos voluntários recebeu uma dose de 75 microgramas de LSD e a outra metade recebeu placebo.

Uma das principais descobertas da pesquisa foi o que acontece no cérebro quando uma pessoa tem complexas e oníricas alucinações visuais sob o efeito de LSD. Em condições normais, a informação captada pelos olhos é processada em uma área do cérebro que fica na parte de trás da cabeça, conhecida como córtex visual. No entanto, quando os voluntários ingeriram LSD, várias áreas adicionais – e não apenas o córtex visual – contribuíram para o processamento da visão.

"Observamos alterações cerebrais sob o efeito do LSD que sugerem que os voluntários estavam ´vendo com os olhos fechados` – embora eles estivessem vendo coisas que faziam parte de sua imaginação e não do mundo exterior", disse Carhart-Harris.

Segundo ele, sob o efeito do LSD, os voluntários tinham muito mais áreas do cérebro que o normal contribuindo para o processamento visual – ainda que eles estivessem de olhos fechados. "Além disso, descobrimos que a intensidade desse efeito está correlacionada com a intensidade de visões complexas e oníricas relatadas pelos pacientes", declarou.

De acordo com Carhart-Harris, normalmente o cérebro consiste em redes independentes que operam funções distintas e especializadas, como a visão, o movimento e a audição – além de funções mais complexas como a atenção. No entanto, sob o efeito de LSD, a separação entre essas redes entra em colapso e o cérebro do indivíduo se torna mais "integrado", ou "unificado".

"Nossos resultados sugerem que esse efeito é a base da profunda alteração do estado de consciência descrito pelas pessoas que usam LSD. O efeito também está relacionado com o que as pessoas às vezes chamam de ´dissolução do ego´, que é uma perda do sentido normal do ´eu`, que é substituído por uma noção de reconexão consigo mesmo, com os outros e com a natureza. Essa experiência às vezes é vista de um ponto de vista religioso, ou espiritual - e parece estar associada a melhoras no bem estar quando os efeitos da droga passam", explicou o cientista.

O cérebro de uma pessoa se torna cada vez mais compartimentalizado à medida que ela se desenvolve, segundo Carhart-Harris, fazendo com que elas se tornem mais focadas e rígidas em seus pensamentos à medida que amadurecem.
"De várias formas, o cérebro sob o efeito do LSD lembra o estado de nossos cérebro quando somos crianças: livre e sem barreiras. Isso também faz sentido quando consideramos a natureza hiperemotiva e imaginativa da mente infantil", afirmou.

Música e LSD

Em um estudo anterior, publicado na revista científica European Neuropsychopharmacology, os cientistas já haviam descrito alterações na atividade do córtex visual sob o efeito da droga e demonstraram que a combinação de LSD e música fazia com que essa região do cérebro se comunicasse mais com a área conhecida como parahipocampo.

O parahipocampo é associado à capacidade de formar imagens na mente e à memória pessoal. Quanto maior sua comunicação com o córtex cerebral, mais os indivíduos relatavam visões complexas como assistir cenas de suas próprias vidas.

"Essa foi a primeira vez que testemunhamos a interação entre um composto psicodélico e a música com a biologia do cérebro", disse o estudante de doutorado Mendel Kaelen, do Imperial College London, um dos autores do estudo sobre a música.

Os autores dos estudos acreditam que as descobertas podem abrir caminho para que as drogas psicodélicas possam ser usadas no tratamento de distúrbios psiquiátricos. Segundo eles, o LSD poderia ser especialmente útil para doenças que aprisionam os pacientes em padrões negativos de pensamento, como a depressão e a dependência de drogas.

"Um dos focos principais das nossas próximas pesquisas é descobrir como podemos usar esse conhecimento para desenvolver abordagens terapêuticas mais efetivas para o tratamento de problemas como depressão. A associação de música e LSD pode ser uma ferramenta terapêutica poderosa, se for fornecida da maneira certa", afirmou Kaelen.

David Nutt, autor principal do estudo sobre a música e o LSD, afirmou que a nova pesquisa é uma das mais importantes das últimas décadas. "Os cientistas esperaram 50 anos por esse momento, em que seria revelado como o LSD altera a biologia do nosso cérebro. Pela primeira vez podemos realmente ver o que está acontecendo no cérebro em um estado psicodélico", disse Nutt.

"Agora podemos entender melhor por que o LSD tem um impacto tão grande na consciência de si dos usuários, na música e na arte. Esses resultados podem ter grandes impactos para a psiquiatria e deverá ajudar pacientes a superar condições como a depressão. Ela também nos ajudará a aprofundar nossa compreensão sobre a própria consciência", afirmou.
Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas 

Fumantes têm mais dificuldade de achar emprego, aponta estudo...



 


DA DEUTSCHE WELLE
Quem fuma pode ter mais dificuldade de ser contratado e pode ganhar menos que quem não fuma, aponta um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de Stanford, publicado nesta segunda-feira (11).

Para tentar estabelecer a relação entre fumar e não conseguir emprego, Judith Prochaska, professora adjunta de Stanford, e sua equipe acompanharam 251 desempregados da região de San Francisco, na Califórnia, sendo cerca de metade deles fumantes.

Foram feitas avaliações seis e 12 meses após o início do estudo, para verificar como estava a busca por emprego.

"Descobrimos que fumantes têm muito mais dificuldade de encontrar trabalho que os não fumantes", afirma Prochaska.

Depois de um ano, 56% dos que não fumam estavam empregados. Entre os fumantes, eram apenas 27%. E entre os que haviam conseguido trabalho, os dependentes da nicotina ganhavam em média US$ 5 a menos por hora que os outros.

"Os danos do cigarro à saúde foram estabelecidos há décadas, e nosso estudo fornece uma visão sobre os danos financeiros de fumar, tanto em termos de menor sucesso na busca de emprego quanto de salários mais baixos", ressalta Prochaska.

A pesquisadora e sua equipe já haviam verificado em um estudo anterior que a probabilidade de desempregados na Califórnia serem fumantes era muito maior que a das pessoas empregadas.
No entanto, não se sabia "se fumantes têm mais dificuldade para encontrar trabalho ou mais chance de perder o emprego; ou se, quando não fumantes perdem o emprego, eles ficam mais estressados e começam a fumar", pondera a pesquisadora.

Os participantes do novo estudo incluíram brancos, afro-americanos, hispânicos, asiáticos e outras etnias, além de diferentes níveis de escolaridade.

A pesquisa pode ter limitações por ter sido realizada no norte da Califórnia, onde a consciência sobre a saúde é grande. Outro problema é que os fumantes analisados tendiam a ser mais jovens, com menor nível de escolaridade e em piores condições de saúde.

Os pesquisadores pedem que as agências de emprego usem os dados para conscientizar sobre os custos relacionados ao cigarro, perdas salariais, danos à saúde e menor sucesso na busca de emprego, além de ajudar os fumantes a abandonar o vício.
Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas

quinta-feira, 14 de abril de 2016

Estudo descritivo sobre comorbidades em pacientes internados de forma voluntária e involuntária para tratamento da dependência química


 


Rogério Adriano Bosso
Suely Gonçalves Costa
O presente artigo buscou verificar as prevalências e realizar uma análise descritiva de pacientes do sexo masculino, com idade superior a dezoito anos com indicadores de ansiedade e depressão em tratamento para a dependência química, que foram internados de forma voluntária e involuntária e que estão com um tempo mínimo de internação de quarenta e cinco dias. O objetivo foi comparar os níveis de ansiedade e depressão nos diferentes modelos de tratamento. Utilizou-se como referência um questionário sobre as características socio-demográficas, incluindo o consumo de substâncias lícitas e ilícitas e a escala de rastreamento de depressão e ansiedade HADS (Hospital Anxiety and Depression Scale) nos participantes. A metodologia utilizada foi a aplicação da escala HADS e o questionário sobre as características socio-demográficas em paciente internados de forma voluntária no Instituto Padre Haroldo em Campinas, interior de São Paulo e em paciente internados de forma involuntária no Instituto Bairral de Psiquiatria em Itapira, interior de São Paulo, e posterior comparação dos dados coletados. A partir da aplicação e análise dos dados coletados, percebeu-se que a prevalência dos indicadores de ansiedade e depressão são maiores nos níveis leve e grave em pacientes internados de forma involuntária e maiores no nível moderado em pacientes internados de forma voluntária.
Veja Aqui o Artigo na Íntegra

Maconha pode te deixar mais pobre que seus pais, diz estudo

Maconha pode te deixar mais pobre que seus pais, diz estudo   
 


Revista Exame - Do HuffPost Brasil
Pablo Porciuncula/AFP

Maconha: estudo aponta para uma relação entre o uso persistente da maconha e baixos salários e sinais de depressão

Pelo o que mostra a medicina até o momento, a maconha segue como uma droga menos danosa à saúde que diversas substâncias legais.

Seguimos sem registros de overdose pelo uso da droga. E, sim, ela é 144 vezes mais segura do que o álcool e com menor potencial de adição.

Mas nada disso quer dizer que a maconha seja completamente inofensiva. Um estudo feito em conjunto por pesquisadores da University of California e da Duke University aponta para uma relação entre o uso persistente da maconha e baixos salários e sinais de depressão.

O estudo publicado no Clinical Psychological Science, no dia 23 de março, aponta que pessoas que usuários que fumam maconha quatro ou mais dias na semana regularmente acabam em classes sociais mais baixas que seus pais, com menor salário e menor capacitação quando comparado com quem não faz consumo regular da droga.

"A cannabis pode ser mais segura do que o álcool para a saúde, mas não para as finanças", aponta Terrie Moffitt, psicológo da Duke University.

Para a pesquisa, 1.037 voluntários foram acompanhados de criança até os 38 anos. Os viciados em álcool e maconha apresentam declínios em status sociais, comportamentos antissociais no trabalho e problemas de relacionamento. Acontece que, de acordo com o novo estudo, os os dependentes de maconha encontram maiores problemas para manter as contas em dia.

Segundo os pesquisadores, 18% dos participantes foram considerados dependentes e 15% se enquadravam como usuários regulares da droga.


fonte: antidrogas.com.br


domingo, 10 de abril de 2016

Tóxico, gás de buzina vira moda no interior de São Paulo


 

Jornal Folha de S. Paulo
DANIELE BELMIRO DE SÃO PAULO
Vendido em qualquer loja da esquina por R$ 10, o gás de buzina virou "febre" entre os jovens de classe média do interior de São Paulo.

Criada para fazer barulho em eventos esportivos, a buzina em questão é um tubo de aerossol com uma corneta e contém butano e propano, gases tóxicos derivados do petróleo. Quando inalada, a substância reduz a circulação de oxigênio no cérebro, provocando tontura, euforia e alucinações.

"Tem gente usando o gás em festas, baile de formatura e em reuniões em condomínios fechados", afirma o delegado Renato Puppo, de São José do Rio Preto (a 438 km de São Paulo). Ele diz que passou a encontrar o produto "com frequência" desde o final do ano passado.

Puppo é o responsável pelas investigações da morte da universitária Maria Luiza Perassolo, de 18 anos, na semana passada. Ela teve uma parada cardiorrespiratória após inalar o gás com amigos em um condomínio fechado.

Meses antes, um estudante de medicina também morreu após usar o gás em Fernandópolis, cidade vizinha.

Para especialistas, a buzina virou uma opção acessível para jovens que buscam sensações semelhantes às provocadas por drogas ilícitas.

Mas os riscos de overdose são maiores, explica o psiquiatra e professor da Unifesp (Universidade Federal de SP) Ronaldo Laranjeira, porque é difícil controlar a quantidade por via respiratória.

Além disso, a cocaína e o ecstasy, por exemplo, produzem efeitos mais duradouros. No caso da buzina, as sensações duram segundos, então a chance de o usuário inalar o gás repetidamente é maior.

"Os maiores riscos são de infarto, por causa da ação do propano no coração, e de danos cerebrais, como redução da memória ou da capacidade de aprendizado, causados pela falta de oxigênio", diz a professora Danielle de Oliveira, presidente da Sociedade Brasileira de Toxicologia. Danielle lembra que o uso do gás como droga não é novo, mas afirma que os casos aumentaram.

SENSAÇÃO DE LOUCURA

"É um grau muito rápido o que a buzina te dá. É tipo loló [espécie de lança-perfume], mas mais fraco. Dá aquela sensação de ´loucura` por uns dez segundos e depois passa", afirma uma universitária de São Carlos.

Para Laranjeira, o gás de buzina e os solventes são consideradas drogas de iniciação. "Você não precisa ir na ´boca` para comprar, e o solvente soa mais light do que a cocaína, como se fosse uma coisa de baixo risco. Parece só um gás de efeito curto."

Segundo o psiquiatra, os casos noticiados recentemente, de universitários de classe média, refletem uma mudança no perfil de usuários de solventes. Ele lembra que a cola de sapateiro, por exemplo, nas décadas de 80 e 90, era usada por jovens de classe mais baixa.

A visibilidade que a buzina ganhou na época da Copa também contribuiu para o aumento. Alguns jovens contam que, apesar de não terem o hábito, inalaram o gás "de bobeira" durante o Mundial, porque estava "chovendo buzina". "Achei que era a melhor coisa a se fazer com a buzina depois do 7x1", diz uma arquiteta do Rio de 28 anos.

CIDADE MOBILIZADA

Em Rio Preto, a morte de Maria Luiza mobilizou a cidade. Segundo Puppo, comerciantes estão retirando o produto das prateleiras.

Na quinta-feira (31), os vereadores da Câmara Municipal aprovaram, por unanimidade, um projeto de lei que proíbe a comercialização e o uso da buzina.

A proposta foi feita em janeiro, depois que outra estudante de 17 anos teve uma parada cardíaca e entrou em coma em decorrência do uso do gás. Ela sobreviveu.

No âmbito nacional, um projeto que quer proibir o produto tramita na Câmara desde 2008.

Em Goiás, a venda da buzina é ilegal desde 2012, quando um jovem morreu após inalar o conteúdo de um frasco inteiro.
Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas

Avaliação neuropsicológica das funções executivas de mulheres em estado de dependência química






Introdução: O funcionamento executivo preservado para a manutenção de comportamentos adaptativos é condição necessária para obtenção de desfechos clínicos favoráveis no tratamento de sujeitos em dependência química. A confirmação da hipótese de disfunção executiva pode fornecer subsídios ao tratamento comportamental, do sujeito com dependência química.

Objetivo: O estudo consistiu na realização de uma avaliação neuropsicológica das funções executivas de mulheres dependentes químicas de cocaína ou crack. Método: A avaliação se deu através de anamnese/exame clínico, entrevistas e testes neuropsicológicos. Para a caracterização da amostra foi utilizado o Protocolo de Anamnese Neuropsicológica. A avaliação neuropsicológica das funções executivas consistiu da aplicação do Wisconsin Card Sorting Test (WCST), Subteste Dígitos-Wechsler Adult Intelligence Scale (WAIS-III), Blocos de Corsi, Trail Making Test (TMT), Stroop Test e o Montreal Cognitive Assessment (MoCA), a fim de investigar oitocomponentes executivos, a saber: memória operacional, flexibilidade cognitiva, categorização, fluência verbal, atenção seletiva e alternada, rastreamento visuomotor e controle inibitório. Resultados: Os resultados permitiram concluir que mulheres com dependência química, pelo uso de cocaína e crack, apresentam disfunção executiva. Foram encontradas relações clinicamente significativas entre tempo de uso e déficits do funcionamento executivo, indicando que quanto maior o tempo de dependência, mais expressiva a disfunção executiva.

FONTE:WWWANTIDROGAS.COM.BR 

Crack a DROGA... Saiba como tudo começou e as consequências...



COMPOSIÇÃO E AÇÃO NO ORGANISMO

O crack é obtido a partir da mistura da pasta-base de coca ou cocaína refinada (feita com folhas da planta Erythroxylum coca), com bicarbonato de sódio e água. Quando aquecido a mais de 100ºC, o composto passa por um processo de decantação, em que as substâncias líquidas e sólidas são separadas. O resfriamento da porção sólida gera a pedra de crack, que concentra os princípios ativos da cocaína.

Segundo o químico e perito criminal da Polícia Federal (PF) Adriano Maldaner o nome ‘crack’ vem do barulho que as pedras fazem ao serem queimadas durante o uso. “A diferença entre a cocaína em pó e o crack é apenas a forma de uso, mas o princípio ativo é o mesmo”, afirma Maldaner.

Por ser produzido de maneira clandestina e sem qualquer tipo de controle, há diferença no nível de pureza do crack, que também pode conter outros tipos de substâncias tóxicas - cal, cimento, querosene, ácido sulfúrico, acetona, amônia e soda cáustica são comuns. “A pureza vai depender do valor pago na matéria-prima pelo produtor. Se a cocaína for cara, é misturada com outras substâncias, para render mais. Se for de uma qualidade inferior, pouca coisa ou nada é adicionado”, diz Maldaner.



Forma de uso e ação no organismo

O crack geralmente é fumado com cachimbos improvisados, feitos de latas de alumínio e tubos de PVC (policloreto de vinila), que permitem a aspiração de grande quantidade de fumaça. A pedra, geralmente com menos de 1 grama, também pode ser quebrada em pequenos pedaços e misturada a cigarros de tabaco ou maconha – o chamado mesclado, pitico ou basuco. “Ao aquecer a pedra, ela se funde e vira gás, que depois de inalado é absorvido pelos alvéolos pulmonares e chega rapidamente à corrente sanguínea”, conta Maldaner. Enquanto a cocaína em pó leva cerca 15 minutos para chegar ao cérebro e fazer efeito depois de aspirada, a chegada do crack ao sistema nervoso central é quase imediata: de 8 a 15 segundos, em média. É por esta razão que o crack pode ocasionar dependência mais rapidamente.

A ação do crack no cérebro dura entre cinco e dez minutos, período em que é potencializada a liberação de neurotransmissores como dopamina, serotonina e noradrenalina. “O efeito imediato inclui sintomas como euforia, agitação, sensação de prazer, irritabilidade, alterações da percepção e do pensamento, assim como alterações cardiovasculares e motoras, como taquicardia e tremores”, explica o psiquiatra Felix Kessler, do Centro de Pesquisa em Álcool e Drogas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).



COMO SURGIU

O crack surgiu nos Estados Unidos na década de 1980 em bairros pobres de Nova Iorque, Los Angeles e Miami. O baixo preço da droga e a possibilidade de fabricação caseira atraíram consumidores que não podiam comprar cocaína refinada, mais cara e, por isso, de difícil acesso. Aos jovens atraídos pelo custo da droga juntaram-se usuários de cocaína injetável, que viram no crack uma opção com efeitos igualmente intensos, porém sem risco de contaminação pelo vírus da Aids, que se tornou epidemia na época.

No Brasil, a droga chegou no início da década de 1990 e se disseminou inicialmente em São Paulo. “O consumo do crack se alastrou no País por ser uma droga de custo mais baixo que o cloridrato de coca, a cocaína refinada (em pó). Para produzir o crack, os traficantes utilizam menos produtos químicos para fabricação, o que a torna mais barata", explica Oslain Santana, diretor de Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal.

Segundo estudo dos pesquisadores Solange Nappo e Lúcio Garcia de Oliveira, ambos da Universidade Federal de são Paulo (Unifesp), o primeiro relato do uso do crack em São Paulo aconteceu em 1989. Dois anos depois, em 1991, houve a primeira apreensão da droga, que avançou rapidamente: de 204 registros de apreensões em 1993 para 1.906 casos em 1995. Para popularizar o crack e aquecer as vendas, os traficantes esgotavam as reservas de outras drogas nos pontos de distribuição, disponibilizando apenas as pedras. Logo, diante da falta de alternativas, os usuários foram obrigados a optar e aderir ao uso.

Hoje, a droga está presente nos principais centros urbanos do País. Os dados mais recentes sobre o consumo do crack estão sendo coletados e indicarão as principais regiões afetadas, bem como o perfil do usuário. Segundo, no entanto, pesquisa domiciliar realizada pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas – SENAD, em parceria com o Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid) em 2005, 0,1% da população brasileira consumia a droga.



FATORES DE RISCO

Curiosidade pela experiência, influência do meio e de questões psicológicas e sociais são algumas situações que podem levar ao consumo do crack. Droga de efeito rápido e intenso, o crack leva o usuário rapidamente à dependência e, por isso, é fundamental prevenir o seu consumo. Veja no infográfico abaixo quais são os principais fatores de risco para o uso do crack.



SINAIS DE DEPENDÊNCIA

Como saber se uma pessoa próxima está usando crack

O usuário de crack apresenta mudanças evidentes de hábitos, comportamentos e aparência física. Um dos sintomas físicos mais comuns que ajudam a identificar o uso da droga é a redução drástica do apetite, que leva à perda de peso rápida e acentuada – em um mês de uso contínuo, o usuário pode emagrecer até 10 quilos. Fraqueza, desnutrição e aparência de cansaço físico também são sintomas relacionados à perda de apetite.

É comum ainda que o usuário tenha insônia enquanto está sob o efeito do crack, assim como sonolência nos períodos sem a droga. “Os períodos utilizando a droga prolongam-se e os usuários começam a ficar períodos maiores fora de casa, gastando, em média, três dias e noites inteiros destinados ao consumo do crack. Neste contexto, atividades como alimentação, higiene pessoal e sono são completamente abandonadas, comprometendo gravemente o estado físico do usuário”, afirma o psiquiatra Felix Kessler.

Sinais físicos como queimaduras e bolhas no rosto, lábios, dedos e mãos podem ser sinais do uso da droga, em função da alta temperatura que a queima da pedra requer. “Também se notam em alguns casos sintomas como flatulência, diarréia, vômitos, olhos vermelhos, pupilas dilatadas, além de contrações musculares involuntárias e problemas na gengiva e nos dentes”, aponta Fátima Sudbrack, coordenadora do Programa de Estudos e Atenção às Dependências Químicas (Prodequi) da Universidade de Brasília (UnB).

Comportamento

Falta de atenção e concentração são sintomas comuns, que levam o usuário de crack a deixar de cumprir atividades rotineiras, como freqüentar trabalho e escola ou conviver com a família e amigos. “O dependente apresenta algumas atitudes características, como mentir e ter dificuldades de estabelecer e manter relações afetivas. Muitas vezes apresenta comportamentos atípicos e repetitivos, como abrir e fechar portas e janelas ou apagar e acender luzes”, afirma Laura Fracasso, psicóloga da Instituição Padre Haroldo.

O usuário de crack também pode experimentar alucinações, sensações de perseguição (paranóia) e episódios de ansiedade que podem culminar em ataques de pânico, por exemplo. Isolamento e conflitos familiares são comuns. O dependente pode, ainda, passar a furtar objetos de valor de sua própria casa ou trabalho para comprar e consumir a droga. “O humor pode ficar desequilibrado em função do uso ou falta da droga. O usuário alterna entre estados de apatia e agitação”, diz Fátima Sudbrack.
Fonte: Ministério da Justiça