segunda-feira, 27 de junho de 2016

Cerca de 250 milhões de pessoas já usaram drogas no mundo




Cerca de 29 milhões de vítimas sofrem transtornos associados ao consumo; droga mais usada é a canábis, com 182,5 milhões de consumidores; documento menciona casos de Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau e Moçambique.


Usuário de drogas no Afeganistão. Foto: Unodc/A.Scotti
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.*

As Nações Unidas revelaram que cerca de 5% das pessoas com idade entre 15 e 64 anos usaram pelo menos uma droga em 2014. São cerca de 250 milhões de pessoas, segundo o Relatório Mundial Sobre Drogas 2016.

O estudo destaca que mais de 29 milhões de pessoas sofrem de transtornos relacionados ao uso de drogas. O documento publicado esta quinta-feira, em Genebra, revela haver mais 2 milhões de casos em relação há um ano.

Consumo

O Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, Unodc, indica que uma das razões é o aumento do consumo de heroína na América do Norte e em algumas partes da Europa ocidental e central.

Falando à Rádio ONU, na cidade suíça, a chefe da Divisão de Prevenção, Vulnerabilidade e Direitos do Programa Conjunto das Nações Unidas para o HIV/Sida, Mariângela Simão, disse haver dados essenciais para países lusófonos.

“Alguns dados são bastante importantes para vários países entre os quais os de língua portuguesa nos quais a via da droga injetável não é tão importante mas o aumento substantivo no uso de anfetaminas e estimulantes que está sendo observada em todos os países. É um tipo de comportamento no uso de drogas que inclui a adoção de comportamentos de risco como relações sexuais não protegidas e muitas vezes casos de violência.”

Moçambique

O documento revela que a canábis continua a ser a droga mais usada em todo o mundo com 182,5 milhões de consumidores. O Brasil destruiu mais de 1,3 milhão de plantas em 2014 e Moçambique mais de 1 mil.

Cerca de 207 mil mortes relacionadas às drogas foram relatadas em 2014. O Unodc defende que, apesar de estável, o número é “inaceitável” porque estas podiam ser evitadas se fossem tomadas as medidas adequadas.

Brasil

Entre 1998 e 2014, duplicou a quantidade de cocaína apreendida na América do Sul. No Brasil foram capturados 7% das 392 toneladas em toda a região em 2014.

Mas o país é o ponto de origem mais citado entre as nações latino-americanas que exportam cocaína para mercados não-europeus. O destaque vai para os continentes africano e asiático.

O documento menciona um estudo sobre o uso do crack no Brasil que revela que mais de um terço dos usuários passou mais tempo nas ruas. Menos de um quarto deles tinha ido à escola secundária, embora mais de 95% tenha estudado em algum momento da vida.

Além disso, a prevalência do HIV entre esses usuários foi de 5%, oito vezes maior comparado à população geral do Brasil, estimada em 0,6%.

Lusófonos Africanos

A Guiné-Bissau é citada no relatório pelo aumento das reservas cambiais de US$ 33 milhões em 2003 para US$ 174 milhões em 2008. O aumento foi reflexo de lavagem de dinheiro que teve origem nas drogas.

Cabo Verde teve o maior número de apreensões de cocaína na África Ocidental entre 2009 e 2014. Mas a Itália e a França registaram as maiores apreensões, no que sinaliza o aumento do transporte da droga para a Europa.

Derivados do ópio

Apesar da queda de 38% na produção mundial de ópio, a heroína continua bastante disponível porque os seus traficantes armazenaram grandes stocks das colheitas abundantes dos últimos anos.

Cerca de 17 milhões de usuários de drogas são viciados em opiáceos, que incluem a heroína, ópio e morfina. As substâncias derivadas do ópio continuam a representar a maior ameaça para a saúde dentre as drogas principais.

A Ásia manteve-se o maior mercado de opiáceos do mundo, com cerca de dois terços dos utilizadores que vivem na região.
A continuação do baixo consumo da cocaína nos Estados Unidos e na Europa reduzem o mercado global da droga, enquanto a produção aumenta na Colômbia, o maior produtor mundial da coca.
*Apresentação: Michelle Alves de Lima.
Fonte: Noticias e Mídia Radio ONU

Jaú registra 4 afastamentos por álcool e drogas por mês


 


Comércio de Jaú
Dependência química é entrave para vida profissional dos trabalhadores
MATHEUS ORLANDO

O uso abusivo de álcool e drogas traz consequências graves para a vida das pessoas nos âmbitos pessoal, familiar e afetivo – e não é diferente com a vida profissional do trabalhador. A dependência química dificulta e até inviabiliza o prosseguimento regular da carreira, e retornar ao mercado de trabalho pode não ser tarefa das mais fáceis.

A agência da Previdência Social em Jaú concedeu, em 2015, 45 auxílios-doença motivados por uso de álcool, fumo e drogas. Nos quatro primeiros meses deste ano, foram 18 benefícios. Nesse período, portanto, a média mensal foi de 3,93 auxílios. Os dados foram informados à reportagem pela assessoria de imprensa do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Em nível nacional, o ano de 2014 teve média de 125 pessoas afastadas do trabalho por dia por problemas de saúde relacionados a álcool e drogas. Em que pese provável subnotificação, pois os dados não contemplam trabalhadores informais, abre-se margem para essencial discussão acerca do assunto.

O próprio empregado pode solicitar o benefício pelo telefone 135 ou pelo site www.mtps.gov.br. A empresa faz o requerimento quando tem convênio com o INSS para este fim. Na data agendada, o trabalhador vai a uma unidade do INSS para ser avaliado pela perícia médica, que define se o segurado está incapacitado para o trabalho e qual o período de afastamento.

Paralelamente, é fundamental que a pessoa busque ajuda. Em Jaú, o Centro de Atendimento Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD) oferece apoio e tratamento gratuitos. A unidade funciona na Avenida Zezinho Magalhães, 1.660, e interessados podem procurar os serviços de forma espontânea, sem necessidade de encaminhamento. O horário de funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 7h às 17h. A psicóloga Margareth Camargo, do Caps, enfatiza que dependentes têm grandes dificuldade em manter seus empregos (leia texto).

Preconceito

A adicção em álcool e drogas é realidade em grande parte das famílias brasileiras, mas quando se trata de mercado de trabalho o preconceito em relação a usuários e ex-usuários é notável, tanto que trabalhadores recuperados precisam esconder o passado para obter recolocação.

O especialista em recursos humanos Carlos Augusto de Oliveira preocupa-se com esse tabu no ambiente profissional. Ele diz que o preconceito em relação a contratar ex-dependentes químicos existe em grandes centros urbanos e é ainda mais acentuado no interior.
“Algumas vezes, o profissional que recruta não tem o preparo ou equilíbrio para ver que a pessoa está apta a trabalhar”, pondera o especialista. “Nossa sociedade precisa abrir a cabeça, todos merecemos uma segunda chance”, finaliza.






Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas

quarta-feira, 22 de junho de 2016

Tráfico de drogas na cracolândia vende ao menos 100 kg por mês



 


Joel Silva/Folhapress
Jornal Folha de S. Paulo
EMILIO SANT´ANNA DE SÃO PAULO

Atrás de uma das tantas lonas estendidas na alameda Dino Bueno, uma mulher corta pedras de crack e as coloca em um prato sobre uma mesa, ao lado de uma vela. É uma parte ínfima dos cerca de 100 quilos da droga que irrigam todos os meses a região da cracolândia, na Luz, centro de São Paulo, de acordo com o que a Folha apurou com a segurança pública.

Isso pode render aos traficantes cerca de R$ 1 milhão por mês, arrecadados no bairro e no "fluxo" —quarteirão onde está a jovem, fechado por 250 usuários e traficantes durante o dia e até 500 à noite. Três vezes por dia a via é liberada para ser limpa.

As lonas tentam impedir que se registre a venda da droga. Apesar das ações da prefeitura e do Estado no local, que já chegou a reunir até 1.500 pessoas, a "cena de uso" permanece.

O Denarc (departamento de narcóticos), da Polícia Civil, mapeou a ação do tráfico na Luz. O Estado, porém, não divulga os resultados obtidos "por motivos estratégicos".

À Folha, em janeiro, o diretor do departamento, Ruy Ferraz Fontes, afirmou que precisaria de mais dois anos, "no mínimo", para conseguir desmontar a rede de tráfico local, onde ao menos 40 grupos atuam simultaneamente.

Em 2015, foi preso um traficante responsável por fornecer ao menos 90 kg da droga, que lucrava cerca de R$ 1 milhão bruto por mês.

As pedras de crack têm peso variado —de 0,25 g a mais de 1 grama. A quantidade que entra todos os meses na região é capaz de produzir mais de cem mil unidades. O preço da pedra: R$ 10. Um trago no cachimbo alheio vale R$ 1.

Para o secretário municipal da Segurança Pública, Benedito Domingos Mariano, apesar de ser esta a parte mais evidente da cracolândia, o combate ao tráfico —atribuição do Estado— deve ser feito, prioritariamente, em toda a região da Luz, onde estão os "peixes grandes". "Qualquer ação dentro do fluxo só tem um nome: fracasso", diz.

Ações da polícia no local costumam terminar em confronto com os usuários.



Nesse universo do fluxo, 220 pessoas estão cadastradas pela prefeitura para fazer parte do De Braços Abertos. Criado em 2014 pela gestão Haddad (PT), o programa é baseado na redução de danos, em que o dependente é incentivado a diminuir gradativamente o uso, sem internação e com oferta de emprego e renda.

A gestão do governador Geraldo Alckmin (PSDB) tem visão e projeto diferentes. O Recomeço recorre a tratamentos que incluem internações.

PESQUISA

O perfil dos beneficiários do De Braços Abertos foi traçado pela Plataforma Brasileira de Políticas de Drogas. São pessoas com fragilidades sociais que as levaram até ali, diz o antropólogo e consultor do levantamento, Maurício Fiore, que afirma que o programa tem bons resultados.

A maior parte não terminou o ensino fundamental, já fez algum tratamento para o vício e diminuiu o uso de crack após ingressar no programa.

Os problemas: 19% têm tuberculose, 18%, hepatite e 12%, HIV. Além disso, 66% já passaram pela prisão e 25% pelo sistema socioeducativo.

O contato com regras da prisão é útil. Apesar de a droga não ser distribuída pelo crime organizado, ele está presente no fluxo com os "disciplinas", que mantêm a ordem.

Na noite de quarta-feira (8), fazia 13º C, mas o frio não espanta os usuários. Ali, a jovem, bem vestida, cabelos negros compridos, se destaca entre maltrapilhos. Mesmo assim, a situação dela não é tão diferente. Vende e usa. Assim é para boa parte deles. Vendem, usam, compram mais, voltam a usar. Ciclo sem fim.

Essa dinâmica é vista, em tempo real, em uma televisão na parede do gabinete de Mariano. "Passamos mensalmente as imagens mais importantes para o Denarc", diz.

A Secretaria da Segurança Pública afirma que o "patrulhamento e a investigação são ininterruptos e que foram 140 flagrantes de tráfico neste ano na região da rua Helvétia e das alamedas Dino Bueno, Cleveland, Barão de Piracicaba e Glete. Em 2015, foram presos 58 traficantes.
Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas 
Criminosos adicionam adrenalina à cocaína e deixam droga mais perigosa  Artigos sobre drogas e alcool - Site Antidrogas 
 


Polícia do Rio apreendeu 2 mil ampolas de adrenalina nos últimos dois meses.
Substância induz o usuário a consumir ainda mais a droga.
G1

A polícia do Rio descobriu uma estratégia dos traficantes para aumentar o lucro na venda de cocaína. Como mostrou o Bom Dia Brasil, eles estão adicionando adrenalina que potencializa os efeitos da droga e pode levar à morte quem usa.

O titular da Delegacia de Combate às Drogas disse que o fenômeno é recente, mas não só no Brasil. Felipe Curi afirmou que nos últimos dois meses, já foram apreendidas duas mil ampolas de adrenalina, provavelmente roubadas de caminhões que transportam medicamentos.

“Um quilo de cocaína após trabalhado dessa forma ele vira na verdade sete, oito quilos lá no final e isso gera uma grande margem de lucro para o traficante”, contou o delegado Felipe Curi.

A adrenalina é um hormônio produzido pelas glândulas suprarrenais — ela aumenta os batimentos cardíacos, a frequência respiratória e coloca o corpo em sinal de alerta. Normalmente é liberada em situações de risco, em atividades esportivas ou sob forte estresse.

Sem ela, a cocaína inalada ou injetada já desperta euforia, desinibição, perda de apetite e insônia. Mas pode também provocar arritmia, infarto e derrame.

A mistura de adrenalina na cocaína potencializa os efeitos e torna a droga muito mais perigosa e mortal, mais até do que a cocaína com alto teor de pureza.

O chefe de laboratório de química biológica do Inmetro, Rodrigo Borges, explicou que a adrenalina induz o usuário a consumir mais. “Quando se adiciona adrenalina, você só vai ter aquele efeitos aumentados de excitabilidade e isso é perigoso, porque o usuário vai sentir falta desse efeito e vai acabar buscando mais droga”, afirmou.

Para o psiquiatra Jorge Jaber, a mistura é ainda mais perigosa para quem não usa regularmente a cocaína. “Ele pode ser alguém que esteja experimentando, esses são os mais perigosos porque eles ainda não sabem o efeito que essa droga, a cocaína ainda mais adicionada com adrenalina, pode causar no seu organismo”.
Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas


Jovens usam combustível com refrigerante para se embriagar

Jovens usam combustível com refrigerante para se embriagar   




De acordo com o CDC, a ingestão de metanol combustível pode causar náusea, vômito, diarreia, visão embaçada, danos na retina, cegueira, convulsão, coma e até morte – dependendo da quantidade ingerida.

VEJA
Autoridades americanas alertam para os perigos da ingestão da mistura após a morte de dois estudantes
Por Da redação

De acordo com o CDC, a ingestão de metanol combustível pode causar náusea, vômito, diarreia, visão embaçada, danos na retina, cegueira, convulsão, coma e até morte – dependendo da quantidade ingerida.

Jovens americanos estão bebendo uma mistura de combustível com refrigerante em busca do efeito da embriaguez. O hábito pode ser fatal. Em janeiro, dois estudantes morreram após ingerir a combinação e outros dois foram hospitalizados com intoxicação.

O caso mais emblemático aconteceu em janeiro, no estado americano do Tennessee. Dois adolescentes, ambos com 16 anos, morreram após ingerir a combinação de refrigerante e metanol (combustível utilizado em corridas de arrancada) durante uma festa. Outros dois jovens foram hospitalizados com sintomas de intoxicação, mas sobreviveram.

Segundo as autoridades locais, a mistura fatal, que recebeu o nome de “Dewshine” (uma alusão ao refrigerante Mountain Dew, utilizado no composto), é comumente consumida pelos jovens da cidade. Os adolescentes em questão teriam comprado um galão (1,9 litros) de combustível de corrida e misturado a dois litros do refrigerante. Os jovens que tiveram intoxicação relataram terem bebido cerca de 60 ml da mistura. Não se sabe a quantidade ingerida pelos adolescentes que faleceram.

Agora, autoridades de saúde do Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC) estão alertando sobre os perigos dessa mistura. De acordo com o CDC, o combustível de corrida é composto 100% por metanol – um solvente orgânico comumente encontrado em laboratórios, produtos residenciais e em indústrias e a ingestão de uma colher de sopa (15 ml) da substância já seria fatal. Ainda segundo o órgão, a mistura pode causar náusea, vômito, diarreia, visão embaçada, danos na retina, cegueira, convulsão, coma e até morte – dependendo da quantidade ingerida.

“Ao ser ingerido, o metanol é metabolizado em um ácido muito forte. O mecanismo faz com que o PH do sangue fique muito baixo, o que leva a morte. Um dos efeitos imediatos é a cegueira”, explicou Donna Seger, diretora do Centro de Envenenamento do Tennessee, em entrevista a um noticiário local.

A prática parece não ter chegado ao Brasil ainda, embora existam relatos de jovens que foram obrigados a beber álcool combustível (etanol) durante trote de faculdades.
Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas


terça-feira, 14 de junho de 2016

Deputados reagem com cautela a impactos da legalização da maconha





Agência O GLOBO
Arrecadação tributária aumentaria, mas efeito sobre a saúde dos usuários é motivo de preocupação
POR ISABEL BRAGA / RENAN XAVIER
Legalização da maconha traria arrecadação tributária anual de R$ 5 bilhões - Miguel Rojo/AFP/6-5-2014

BRASÍLIA — Líderes do governo Michel Temer reagiram com cautela ao estudo feito por profissionais da Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados sobre o impacto econômico da legalização da maconha no Brasil. Mesmo impressionados com o valor elevado de arrecadação e economia apresentados pelo estudo — arrecadação tributária anual de R$ 5 bilhões e de redução de R$ 997,3 milhões de gastos anuais com o sistema prisional — eles afirmam que há outras consequências a serem consideradas, não apenas a econômica.

O líder do PSD, Rogério Rosso (DF), diz que para liberar a maconha no país é preciso levar em conta outros fatores e não apenas o econômico. Segundo ele, é preciso considerar os efeitos que o uso da maconha gera no âmbito da família, da sociedade, as consequências de liberar seu consumo.

— Esse estudo precisa ser complementado em razão do utilização do psicotrópico, a maconha. Eventuais acidentes provocados pelo uso dela junto com bebida alcoólica. Temos que ver se o custo benefício. O estudo é superficial, tem que saber os problemas que a maconha gera no âmbito da família, da própria sociedade, do tráfico, eu vejo com cautela — afirma Rosso.

Indagado se o governo deveria debater neste momento esse tema, Rosso foi categórico:

— O governo tem outras prioridades. É preciso aprofundar esse estudo e ver qual o custo que a liberação da maconha iria gerar na sociedade.

Líder do PMDB, maior partido na Câmara, o deputado Baleia Rossi (SP), diz que apesar do retorno financeiro, não acredita que seria uma pauta positiva para o governo Temer:

— Pessoalmente, eu não sou favorável. É algo que não trará benefícios, mas não sou contra o debate. Porém, acredito que não será uma pauta positiva para o governo, mesmo que haja um retorno financeiro. Temos outras maneiras de arrecadar. O governo tem que economizar e fazer o dever de casa.

O líder do governo na Câmara, André Moura (PSC-SE), preferiu não se posicionar sobre o tema.

— É uma discussão que ainda não posso adiantar aqui. É uma matéria que, pelo menos eu, não tenho a posição do governo. É uma questão que não posso dar uma posição nossa — afirmou Moura.

Autor de projeto que regulamenta o plantio, o uso recreativo e a comercialização da maconha no Brasil, o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) diz que foi ele quem encomendou à consultoria da Câmara o estudo para trazer um novo argumento ao debate sobre a mudança na política de drogas do país. Ele minimiza a reação de líderes aliados do governo Temer e diz que quer debater com empresários e a própria sociedade os resultados obtidos pelo estudo.

— Já temos fortes argumentos relativos aos benefícios sociais. Da proibição, nasce o tráfico. Sem a proibição, haverá redução de mortes, do número de encarcerados, hoje somos a quarta população carcerária do mundo. A legalização permitiria o uso medicinal da maconha. Mas quis também buscar um argumento econômico para tentar sensibilizar os segmentos liberais da política e da sociedade — diz Jean Wyllys.

O deputado do PSOL disse que já tinha visto estudo sobre o impacto econômico da legalização da maconha na Califórnia, por isso pediu que os consultores levantassem dados sobre o Brasil. Além do aumento da arrecadação tributária, a regulamentação do uso também também traz consigo, Jean Wyllys, aumento de empregos.

— Se não querem legalizar pelas questões humanitárias, de saúde, pela questão das liberdades individuais, compreendam os impactos financeiros dessa legalização. Minha intenção é sensibilizar os liberais da sociedade. Quero dialogar com o empresariado, profissionais liberais — diz o deputado. — Hoje muitos fumam escondido. Será melhor fazer uso da maconha legalizada, fiscalizada, sem constrangimento. Além de deixar a hipocrisia de lado, tem um ganho para a sociedade.

Integrante da bancada evangélica, o deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ) diz que nem mesmo o volume de recursos justifica a legalização do uso da maconha no país:

— Prefiro acreditar que não são soluções de governo, de setores que falam isolados, tanto isso quanto a jogatina, acho um dois absurdo, não são fontes que vão dar sustentação a nenhum governo no mundo, muito menos o nosso que passa por grande turbulência. Espero que isso não prospere nenhuma semana nos noticiários brasileiros.
Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas

Maconha, os dois lados da moeda: o THC e o CBD

  



(imagem reprodução)

Por conter substâncias que atuam no Sistema Nervoso Central, a maconha tem um grande potencial para o bem e para o mal. Ela é composta de diversos tipos de canabinoides – os mais conhecidos são o Tetrahidrocanabinol (THC) e o Canabidiol(CBD). O THC se destaca para o mal: é responsável pelos efeitos psicoativos e neurotóxicos. Já o CBD funciona para o bem: possui diversas possibilidades terapêuticas e até efeitos protetores contra os danos do próprio THC, incluindo efeitos antipsicóticos. O problema é que os efeitos benéficos do CBD não compensam os maléficos do THC quando a maconha é fumada.

Além disso, nas últimas décadas, tem se observado aumento nos níveis de THC e diminuição nos níveis de CBD nas variedades de maconha consumidas. As consequências são desastrosas para os usuários, principalmente na esfera mental. Especificamente, usuários de variedades ricas em THC e pobres em CBD estão sob risco maior de quadros psicóticos, de diminuição volumétrica de áreas cerebrais responsáveis pela memória, planejamento e execução de tarefas e de diversos tipos de prejuízos cognitivos. Já o modo pelo qual o CBD protege os neurônios da degeneração induzida por THC permanece incerto, mas esse potencial tem despertado interesse em estudar o CBD para tratamento de várias doenças.

Sobre o THC, acumulam-se evidências de que é o responsável não apenas pela dependência, mas por todos aqueles diversos outros efeitos maléficos. Um estudo de revisão publicado em abril de 2016 naBiological Psyhicatry, uma das mais conceituadas revistas de Psiquiatria, ressaltou as principais alterações cerebrais encontradas em estudos com usuários de longo prazo de maconha. A maioria deles iniciou o uso entre 15 e 17 anos de idade, por períodos que variam entre 2 e 23 anos. As áreas cerebrais mais afetadas são aquelas também com maior densidade de receptores canabinoides CB1: ocorrem diminuições volumétricas e de densidade de matéria cinzenta no hipocampo (associado à memória), nas amígdalas, no estriado ( região cerebral ligada ao sistema motor e comportamento), no córtex orbitofrontal, no córtex insular e no cerebelo. São regiões cerebrais relacionadas à memória, à emoção, à tomada de decisão e ao equilíbrio motor.

Pode-se concluir que não é possível fumar maconha para obter os efeitos benéficos do CBD. É preciso separá-lo do THC. Exatamente por isso que a maconha não deve ser considerada remédio. O potencial efeito terapêutico está apenas no CBD .
Ref: Lorenzetti, V Solowij N, YucelnM.The role of cannabinoids in neuroanatomic alterations in cannabis users.Bio Psychiatrtry . 2016;79 (7): e17-31
Dr. Claudio Jerônimo Silva - Psiquiatra e Diretor da Unidade Recomeço Helvetia ( Com foto)
Dr.Marco Antonio N. Echevarria ( Psiquiatra especialista em dependência química – AME Psiquiatria Jandira Masur)