segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Como o álcool atrapalha seu sono e o que fazer para evitar o problema


 


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5 maneiras de proteger seu sono daquela última taça de vinho antes de ir para a cama.

O álcool piora os distúrbios do sono.

Você pode mudar de ideia antes de tomar sua bebidinha no fim do dia caso seu objetivo seja uma sólida noite de sono. Vinho, cerveja, licor... todas essas bebidas podem ajudá-lo a adormecer mais rápido (ou "encurtar a latência do sono", para usar um termo mais técnico), mas especialistas concordam que, se você bebe antes de ir para a cama, é mais provável que acorde durante a noite e durma menos profundamente.

A verdade sobre o vinho antes de ir para a cama

Se você bebe pouco antes da hora de dormir, tanto a qualidade como a quantidade do sono — e sua capacidade intelectual no dia seguinte — serão prejudicadas.

"O álcool atrapalha os ciclos do sono, fazendo com que você desperte mais vezes e passe menos tempo nos importantes estágios de sono profundo", diz o médico Rajkumar Dasgupta, professor assistente da Escola de Medicina Keck da Universidade do Sul da Califórnia e porta-voz da Academia Americana de Medicina do Sono.

Isto significa que, mesmo se você cair no sono rapidamente, pagará o preço mais tarde à noite (sem falar na manhã seguinte).

Passamos pelos vários estágios do sono a cada 90 minutos mais ou menos e tendemos a dormir mais profundamente na segunda parte da noite, quando os efeitos do álcool realmente entram em cena, diz Dasgupta. Precisamos passar mais tempo nesses estágios mais avançados para que o sono seja restaurador. Além disso, o sono profundo é crucial para a cognição e a memória.

Assim funciona o sono com a bebida

O álcool é um depressor do sistema nervoso central, segundo a médica Patricia Carter, professora associada da Escola de Enfermagem de Austin da Universidade do Texas e integrante do comitê da Sociedade de Pesquisa do Sono.

"Quando alguém toma uma bebida alcóolica, acaba se sentindo ´mais calmo` e mais relaxado porque isso impacta diretamente o sistema que está causando a ansiedade ou a sensação de ´estresse`", diz Carter. Em outras palavras, a bebida alcóolica ajuda a adormecer —, mas não garante uma noite de repouso.

Depois de um curto período — cerca de duas horas, dependendo do metabolismo —, o corpo começa a tentar eliminar o álcool, que é visto como uma toxina, diz Carter. Este processo é conseguido retirando água das células e expulsando a toxina por meio dos rins e da bexiga (por isso você tem de levantar e urinar tão frequentemente).

Além disso, o álcool inibe o hormônio antidiurético no organismo, o que contribui para mais idas ao banheiro, segundo Dasgupta. E, quando você vai muito ao banheiro, está perdendo eletrólitos essenciais.

Todos esses fatores podem se somar a uma terrível noite de sono leve e com frequentes interrupções, e você se sentirá exausto e desidratado pela manhã. Mas não precisa ser assim!

Cinco dicas de especialistas para tomar uma bebida e conseguir dormir depois:

1. Espere de três a quatro horas depois de beber para mergulhar nos lençóis. Se você pretende ir para a cama às 22h, certifique-se de terminar a taça de vinho às 7h. (O corpo leva aproximadamente três horas para metabolizar cerca de 240 ml de vinho, diz Dasgupta.) Mas o tempo exato pode variar dependendo do tamanho, gênero e ingestão de álcool. A bebida alcóolica tende a afetar as mulheres de forma mais aguda, diz Carter, que sugere uma janela de quatro horas tanto para mulheres quanto para homens.

2. Use a regra "dois para um". Inebrie-se com dois copos de água para cada bebida alcóolica. Isso ajudará seu sistema a eliminar o álcool, diz Carter. (Beba ainda mais água se estiver ingerindo vinho ou uma bebida açucarada, já que seu corpo precisará eliminar o álcool e o açúcar.)

3. Pule a cava. As bolhas podem causar inchaço e gás, que distendem o estômago, proporcionando mais área de superfície para o álcool ser absorvido (e atrapalhar seu sono), segundo Dasgupta. Da mesma forma, pense duas vezes antes de ingerir bebidas frisantes e carbonatadas.

4. Beba comendo — e preste atenção à ingestão de álcool. Beber e comer ao mesmo tempo é uma boa ideia, porque normalmente comemos horas antes de ir para a cama, o que permite mais tempo para que o corpo metabolize a bebida e também mais tempo para ingerir aqueles cruciais copos de água. Mas há uma armadilha: a comida reduz o "golpe" do álcool, diz Carter, por isso, você pode acabar bebendo mais para se "sentir alegrinho".

5. Nunca beba caso esteja tomando comprimidos para dormir. Remédios como Ambien e outros medicamentos vendidos sem prescrição médica, como Benadryl, não devem ser ingeridos com álcool, diz Dasgupta. O álcool é um depressor respiratório (ou seja, torna a respiração difícil) e a maioria dos comprimidos para dormir atua sobre os mesmos receptores que o álcool no corpo, reduzindo ainda mais a capacidade de respirar. Portanto, o álcool aumenta os efeitos das pílulas para dormir, o que pode ser muito perigoso.

É importante destacar que o álcool piora os distúrbios do sono. Mais de 18 milhões de adultos sofrem de apneia, um problema que interrompe a respiração durante o sono, segundo a Fundação Nacional do Sono. Como o álcool dificulta ainda mais a respiração, é um duplo golpe para a saúde de qualquer pessoa com o distúrbio, diz Dasgupta. As bebidas alcóolicas também podem aumentar os sintomas ou efeitos da parasomnia (sonambulismo) e síndrome das pernas inquietas. Portanto, se você tiver qualquer um desses distúrbios, precisa tomar um cuidado extra com a ingestão de álcool.
*Este texto foi originalmente publicado no HuffPost US e traduzido do inglês.
Fonte: Huff Post Brasil

quarta-feira, 9 de agosto de 2017

omo as empresas lidam com o uso da maconha por empregados nos EUA


 


BBC Brasil
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Maconha é ilegal na legislação federal americana, mas 30 Estados e o distrito de Columbia permitem seu uso medicinal e recreacional

Um número cada vez maior de Estados americanos está legalizando ou descriminalizando o uso medicinal e recreativo de maconha - o que faz com que empresas tenham de lidar com a possibilidade de empregados irem ao trabalho ainda sob seus efeitos.

No entanto, diferentemente do álcool e de outras substâncias, traços da maconha permanecem por semanas ou meses no organismo, o que dificulta a aplicação de exames toxicológicos no ambiente de trabalho para detectar se uma pessoa a usou recentemente.

É possível que empregados façam isso em seu tempo livre ou nas férias e, depois, de volta ao trabalho, sejam demitidos porque seus exames em testes toxicológicos deram positivo. Além disso, a existência de leis e regulamentações conflitantes é especialmente complexa para empresas multinacionais ou mesmo as que operam em diferentes regiões dos Estados Unidos.

No país, a maconha é ilegal pela legislação federal, mas 30 Estados e o distrito de Columbia permitem seu uso medicinal e recreacional. Atualmente, 20% dos adultos usam a droga e 14% o fazem regularmente, de acordo com uma pesquisa do Yahoo News em parceria com a Faculdade Marista em Poughkeepsie, de Nova York.

Esses índices devem aumentar significativamente nos próximos anos na América do Norte. Na Califórnia, o Estado mais populoso, com quase 40 milhões de habitantes, o uso recreativo da droga é legal desde novembro do ano passado. O Canadá tem planos de fazer o mesmo e já permite o uso medicinal.

No entanto, a maconha continua ilegal em muitos países, entre eles Brasil, Reino Unido, França, Irlanda, Indonésia, China, Japão, Coreia do Sul e Arábia Saudita. Já em outros como Itália, México, Argentina, Áustria, Chile, Colômbia, Holanda, Espanha e Suíça o uso pessoal foi descriminalizado.

O Uruguai foi o primeiro país a legalizar totalmente a produção e a venda de maconha para fins recreativos. Farmácias passaram a vender a droga neste mês.

"Você precisa de auxílio em cada país em que opera para criar uma política corporativa sobre uso de entorpecentes que não viole as leis locais", diz o advogado Tony Fiore, do Estado de Ohio.

Colcha de retalhos

Algumas leis e a jurisprudência nos Estados Unidos permitem que empresas demitam empregados que tenham resultados positivos para maconha em exames toxicológicos.

Isso é possível mesmo em Estados onde hoje a droga é legal. O Tribunal Superior do Colorado decidiu, por exemplo, que os empregadores podem despedir funcionários mesmo que o uso de maconha seja para fins medicinais.

Como a droga continua sendo ilegal de acordo com leis federais, a corte manteve a demissão de Brandon Coats, que trabalhava no serviço de atendimento ao consumidor da Dish Network, uma empresa de TV por assinatura. Brandon é tetraplégico e usa a droga para aliviar a dor dos espasmos musculares causados pela deficiência. Em exame aleatório, seu resultado foi positivo.

De acordo com os registros do caso, ele nunca chegou a ser acusado de estar sob influência da droga no trabalho e afirmou nunca tê-la usado no escritório.

Brandon trabalhava na empresa há três anos e recebia ótimas avaliações antes de sua demissão, em 2010. Ele não lidava com nenhuma atividade de risco e nunca havia pedido nenhum tipo de mudança na rotina por conta do uso de maconha.

Por sua vez, outros Estados americanos criaram leis que determinam que empresas abram exceções para o consumo de maconha por motivos médicos — desde que a droga não afete o desempenho no local de trabalho.

Regulamentações sobre a realização de exames toxicológicos nas empresas variam ao redor do mundo. O Centro Europeu de Monitoramento de Drogas e Vício afirma que, no continente, apenas Finlândia, Irlanda e Noruega têm regras específicas que lidam com a questão dos exames.

Na Noruega, por exemplo, esse tipo de teste é considerado uma violação da privacidade de um funcionário ou candidato a vaga e só pode ser feito quando estritamente necessário, como para proteger a segurança do trabalhador ou de outras pessoas.

Os empregadores canadenses têm muito menos liberdade para fazer testes de drogas do que os americanos. "As empresas têm de corresponder às exigências de saúde e segurança, como em casos nos quais funcionários precisam dirigir. Ao mesmo tempo, precisam acomodar trabalhadores que fazem uso medicinal da droga", diz o advogado trabalhista Darryl Hiscocks, de Toronto.

Ele acredita que as companhias devem pedir para que os funcionário informem seus gerentes casos estejam usando maconha por indicação médica. "É uma questão de balancear os direitos humanos e o direito à privacidade do trabalhador com preocupações relativas à saúde e à segurança no ambiente de trabalho", diz.

Por causa dessa legislação que é uma "colcha de retalhos", trabalhadores que usam maconha por motivos de saúde ou de forma recreacional podem acabar precisando lidar com obstáculos na carreira. "Eles podem ser impossibilitados de viajar, por exemplo, caso tenham recebido uma prescrição para o uso de maconha e a droga não for permitida no país ou Estado de destino", diz o advogado Tony Fiore.

Um questão complexa

Não existem estatísticas sobre quantas pessoas já foram demitidas — ou deixaram de ser contratadas — por resultados positivos para maconha em testes toxicológicos, mas não há dúvidas de que isso é comum.

"A questão da maconha no ambiente de trabalho é complexa e vai precisar de mais atenção das empresas conforme mais Estados e países descriminalizem a droga", diz Todd Simo, diretor da HireRight, empresa que oferece serviços de pesquisa de antecedentes para empresas.

"Hoje, o uso de maconha é um sinal amarelo, não um sinal vermelho, como no passado."


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Leis sobre exames toxicológicos no ambiente de trabalho variam ao redor do mundo

Conforme o estigma associado ao uso da maconha tem diminuído nos EUA, algumas empresas vem permitindo que empregados façam isso até no trabalho — principalmente nos casos de fins medicinais.

Como se trata de uma substância psicotrópica, há uma série de efeitos identificados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) que podem interferir na rotina de trabalho - como o fato de a maconha "comprometer o desempenho psicomotor em uma série de habilidades, como coordenação motora, capacidade de dividir a atenção entre várias tarefas".

Mas alguns empregadores entendem que os efeitos variam de indivíduo para indivíduo. "Menos de um terço dos estudos encontraram uma correlação entre uso de maconha e menor eficiência", diz Sarah Sullivan, coordenadora da área de controle de riscos da Lockton, uma corretora de seguros.

O empreendedor Altay Guvench diz que empregadores deveriam perceber que alguns funcionários podem até se beneficiar do uso. Guvench diz que, para ele, foi muito útil — das aulas em Harvard ao aumento da produtividade e criatividade no trabalho. "Maconha me ajudou a reduzir a depressão e a ansiedade e a manter minha mente focada em criar softwares ou em praticar música", diz ele.

O uso da droga normalmente não é permitido para pessoas que trabalhem em cargos em que haja riscos à segurança pessoal e de outras pessoas, como dirigir um ônibus ou operar máquinas pesadas. Além disso, empresas que têm contratos com o governo americano são obrigadas a seguir leis federais e demitir quem tenha um teste positivo para maconha e outras drogas.

No entanto, a falta de mão de obra especializada em algumas áreas leva empresas a pularem a etapa dos teste na contratação e a evitarem a realização de exames aleatórios. Simo, da HireRight, diz que algumas companhias do Vale do Silício normalmente não fazem, porque sabem que perderiam um grande número de candidatos qualificados. "Mas a decisão de pedir ou não os exames é delicada, principalmente em setores que lidam com segurança", afirma.

"Houve um pico nos testes de drogas por volta de 2014, depois que a maconha começou a ser vendida legalmente, porque as empresas temiam ser prejudicadas ou ter sua capacidade de produção diminuída por causa de uma febre na compra de baseados", diz Curtis Graves, gerente do Mountain States Employers Council, uma entidade que representa empregadores. "Dois anos depois, no entanto, essa tendência não se comprovou."

Embora algumas empresas tenham abandonado os exames surpresa, muitas ainda testam pessoas que mostram sinais de incapacidade ou produtividade reduzida. Nesses casos, alguns Estados exigem que os patrões tenham provas do comportamento errático, como mudanças na fala, problemas motores ou queda real no desempenho.

Esses problemas podem, no entanto, não estar relacionados ao uso da droga, mesmo que o resultado do exame seja positivo. A substância detectada é um subproduto da maconha, o tetraidrocanabinol (THC), que pode ser encontrado no sangue semanas ou até meses depois que uma pessoa parou de usar a droga.

Por causa da chance de haver erros e do fato de que um resultado positivo no teste pode ser um indicativo de que a pessoa está debilitada ou mesmo de que usou a droga recentemente, a Organização Nacional para a Reforma das Leis sobre Maconha diz que testes de urina, sangue ou fluídos são discriminatórios — e violam direitos individuais.

A ONG recomenda testes de capacidade de trabalho em vez de exames toxicológicos. Há, por exemplo, aplicativos que detectam mudanças no desempenho ao avaliar a memória, o tempo de reação e o equilíbrio de uma pessoa.

A maioria das empresas reluta em discutir publicamente suas políticas de realização de exames toxicológicos. Companhias multinacionais procuradas para comentar o assunto negaram os pedidos de entrevista. "É uma questão de percepção", diz Curtis Graves.

"Ninguém quer ficar conhecido por ser ´relaxado` com relação a drogas. Companhias têm receio de dizer que afrouxaram suas políticas, porque isso poderia comprometê-las legalmente se acontecer um acidente e o funcionário envolvido tiver substâncias derivadas da maconha no sangue. Mesmo que o uso tenha ocorrido semanas antes."
Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas 


Ayahuasca chega à Europa como ´droga dos deuses`


 


Enquanto no Brasil a substância é liberada para uso religioso, na Espanha ela está sendo utilizada como alucinógeno
EL PAÍS
Carlos Doncel

Conhecido pelo sugestivo nome de “a molécula de Deus”, a ayahuasca vem conquistando adeptos em vários locais do mundo. No entanto, ao contrário do que ocorre no Brasil, onde tem seu uso liberado para rituais religiosos, a ayahuasca está se tornando famosa por suas propriedade entorpecentes na Europa.

Em lugares como Tarifa ou Ibiza, no litoral da Espanha, recentemente foram realizadas cerimônias para o consumo. Com a solenidade de um rito espiritual, vários grupos de pessoas se reuniram com o único objetivo de ingerir um alucinógeno que os xamãs da Amazônia já conhecem e utilizam. Esses feiticeiros elaboram a ayahuasca — uma bebida preparada à base de plantas como banisteriopsis caapi, psychotria viridis e diplopterys cabrerana —, para conseguir que os participantes de seus rituais cheguem ao êxtase. Um estado de delírio que alcançam mais pelo efeito da dimetiltriptamina (DMT) — nome químico da “molécula de Deus” — do que pelo misticismo ou pela magia do momento.

“A DMT pertence à família das triptaminas, ou seja, sua estrutura é análoga a neurotransmissores como a serotonina. Quando ingerida sob a forma de infusão ou fumada, provoca estados alterados da consciência”, comenta o médico José Ángel Moráles, um dos cientistas que mais pesquisas realizou sobre essa substância na Espanha. Esse psicotrópico é encontrado em pequenas proporções de forma natural em muitos seres vivos. Até mesmo o ser humano o produz por meio da glândula pineal em situações de estresse, razão pela qual algumas pessoas o relacionem com as visões imediatamente prévias à morte.

Embora essa substância seja mais intensa que muitas drogas ilícitas, o seu “barato” dura menos tempo. O psiquiatra norte-americano Rick Strassman já demonstrou isso em um teste com voluntários, que afirmaram que os efeitos começavam a ser sentidos em pouco segundos após a ingestão, durando, porém, apenas alguns minutos. Depois do teste, eles relataram que, durante esse curto período, viram extraterrestres, sentiram a cabeça se separar do corpo e até mesmo falaram com anjos, entre outras alucinações.

Hoje em dia existem na Espanha várias empresas e instituições dedicadas a organizar eventos onde a dimetiltriptamina é a protagonista. Sob a ideia de um “retiro”, o Inner Mastery SL realiza sessões com ayuhasca e bufo alvarius (uma espécie de sapo do qual também se extrai a substância em questão) com preços entre 195 euros (720 reais) por dia e 555 euros (2.000 reais) por três dias de elevação espiritual.

O uso da DMT, presente em preparados como a ayahuasca, não está regulamentado na Espanha. No Brasil, em 2006, o Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas retirou definitivamente a ayahuasca da lista de drogas alucinógenas, reconhecendo o seu uso religioso. Foram 18 anos de estudos, até que a substância foi considerada segura para o consumo. A exploração comercial do produto, no entanto, é proibida.

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Redução do consumo nocivo do álcool: o que o Brasil tem feito a respeito?


 

O uso nocivo do álcool impacta de maneira importante a saúde do indivíduo e sua família, além de afetar seriamente a sociedade. De acordo com o “Relatório global sobre álcool e saúde” de 2014, da Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que 5,6% da população brasileira apresente transtornos relacionados ao uso do álcool (abuso e dependência).

Um comportamento preocupante, e mais comum entre os jovens, é o “Beber Pesado Episódico - BPE”, que significa consumir 5 ou mais doses, no caso dos homens e 4 ou mais, no caso das mulheres, em uma única ocasião. Uma dose corresponde a uma taça de vinho de 100 ml, ou uma lata de cerveja de 330 ml ou uma dose de destilado de 30 ml. Dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2013, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostraram que 13,7% da população revelou já ter tido esse comportamento. O impacto do BPE está diretamente relacionado ao maior risco para amnésia alcoólica, quedas, violência, acidentes de trânsito, sexo desprotegido ou sem consentimento, gravidez indesejada, entre outros.

Em 2010, a OMS apresentou a “Estratégia Global para reduzir o uso nocivo do álcool”, e em 2014 estabeleceu como meta mundial a redução de 10% no consumo do álcool até 2025. Para alcançar esse objetivo, medidas sociais e políticas vêm sendo implantadas mundialmente. O Brasil apresentou o “Plano de ações estratégicas para o enfrentamento das doenças crônicas não-transmissíveis” na reunião da ONU, em 2011. A redução do consumo de álcool faz parte desse plano, e tem como principais medidas: fiscalizar a venda de bebidas alcoólicas a menores de idade; reforçar os programas de saúde escolar para a prevenção e redução do abuso de álcool; proibir o consumo de álcool antes de dirigir; monitorar anúncios de bebidas alcoólicas na televisão; aumentar o acesso de dependentes e seus familiares aos programas de reabilitação.

Dentre todas as medidas, uma das ações mais importantes do Governo Federal foi a implementação da Lei Seca (Lei nº 11.705/2008) pelo Ministério da Saúde, que instituiu a tolerância zero para o beber e dirigir. A penalidade consiste na suspensão do direito de dirigir, recolhimento da carteira de habilitação, retenção do veículo e multa. Situações em que o motorista apresenta 0,6 g de álcool por litro de sangue, são consideradas como crime. Nesses casos, o condutor fica sujeito à detenção de 6 meses a 3 anos, multa e suspensão ou proibição do direito de dirigir. A Lei Seca sofreu alterações em 2012 (Lei nº 12.760/2012), aumentando o valor da multa para R$1.915,00 e autorizando o uso de provas de embriaguez do motorista em processos penais. Em 2016, nova alteração foi feita (Lei 13.281/2016), e o valor da multa passou a ser de R$2.934,70.

Pesquisas revelaram que, após a implantação da Lei Seca, houve maior redução do número de mortes do que feridos em acidentes de trânsito, sugerindo que a Lei foi mais eficaz para indivíduos com consumo pesado que, geralmente, se envolvem em acidentes mais graves. Em cidades como Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre, as reduções foram mais acentuadas, provavelmente por causa da maior fiscalização policial. Estudos como esse reforçam a necessidade de ações de conscientização da população sobre o beber e dirigir. As leis já existem, porém, a fiscalização e a aplicação das penas ainda está muito aquém do necessário.
Fonte:CISA - Centro de Informações Sobre Saúde e Álcool

Cerca de 100 crianças são abandonadas a cada ano por mães dependentes de crack em SP


 


Sem condições financeiras e psicológicas, mulheres deixam os filhos nos hospitais após o parto e os bebês são levados para abrigos da cidade.

Cerca de 100 crianças são abandonadas por mães dependentes químicas a cada ano em São Paulo, segundo aponta a juíza da Primeira Vara da Infância e Juventude do estado.

"Eu poderia dizer que nós temos em média umas duas crianças acolhidas nessa situação por semana. Há semanas que nós temos mais bebês, há semanas que nós temos menos. Mas há uma constância dessa situação, né? Que nem é tão recente uma situação que já vem de algum tempo. São mães que na maioria das vezes chegam já em trabalho de parto nos hospitais, muitas até sob efeitos de drogas ou que são atendidas na rua, que dão à luz na porta da maternidade, na praça, são levadas pela polícia militar, enfim”, revela Cristina Ribeiro Leite Balbone Costa.

As histórias se repetem. Cristina já atendeu casos de mulheres com mais de dez filhos. A juíza é responsável pelo serviço da região Central de São Paulo, que concentra a população em situação de rua da cidade. Entre elas, usuárias de drogas da Cracolândia, no bairro da Luz.

“Muitas chegam até nós e não é a primeira passagem. Nós temos a quinta, sétima gestação, décima. Chegamos a ter até uma décima sétima gestação. São mães que já são até conhecidas do nosso setor”, afirma.

É em situação precária que as mulheres engravidam e têm os filhos nos hospitais da região, que acionam o poder judiciário. Sem condições financeiras e psicológicas, com muita frequência elas abandonam os filhos nos hospitais e os bebês são levados para abrigos. Ao todo, são 18 na região central e 200 na capital paulista.

Quando nenhuma pessoa da família é localizada, as crianças ficam disponíveis para adoção. Uma espera que pode demorar meses, anos ou não acontecer.

Depois de dez meses a pediatra Mônica Bittencourt conseguiu adotar a filha que hoje tem pouco mais de dois anos. A concepção e a gestação da menina ocorreram nas ruas.

“A gente encontrou uma criança muito bem cuidada no abrigo, nutricionalmente bem, adequada, uma criança bem estimulada, que estava dentro do desenvolvimento normal. E ela é hoje uma criança de dois anos e cinco meses absolutamente normal”.

Mônica é voluntária no poder judiciário. Faz palestras para pais interessados em adotar e conhece muito bem a realidade desses bebês.

“Algumas crianças de fato são filhas de mãe soropositivas, mas não se tornam soropositivas. O maior problema de filhas de mãe usuárias de droga são a prematuridade, o baixo peso ao nascer, o que não quer dizer que para sempre vão ser desnutridas, vão estar abaixo. Isso com cuidado, alimentação adequada, cuidado pediátrico de rotina, se torna normal, fica dentro dos parâmetros de uma criança normal. ”

Com esse tipo de esclarecimento as restrições para crianças filhas de mães usuárias de drogas e alcoólatras é bem menor.
"O perfil dos pretendentes à adoção é de não encontrarmos esse preconceito. São casos isolados vamos dizer assim, porque eles já vem qdo vem fazer o curso já sabem a realidade, já tem essa informação, já sabem que a realidade dessa região central, que a maioria dos casos que vamos acolher e vamos poder colocar em adoção são crianças nesse sentido.”

Protegidos da vida nas ruas, recebendo alimento e afeto, os bebês se desenvolvem sem problemas mais graves, atesta Antônia Bello Todeschin, coordenadora de abrigo no Centro de SP, que atua há mais de dez anos no serviço.

"[São] Crianças tão fortes que já venceram a primeira batalha da vida ao nascer.” “Elas vêm de uma situação muito difícil, que a gente olha para ele, tão pequeno e pensa o que já aconteceu na vida deles. Então a gente procura amenizar um pouco isso. A gente dá muito carinho, muito colo, muito amor. E eles têm uma capacidade de se recuperar, eles são felizes.”


fonte www.antidrogas.com.br

sexta-feira, 21 de julho de 2017

Maconha livre, a falsa noção do certo


 

Jornal do Comércio - Porto Alegre
César Augusto Trinta Weber
O artigo US Adult Illicit Cannabis Use, Cannabis Use Discorder, and Medical Marijuana Laws, recentemente publicado no JAMA Psychiatry, um dos mais respeitados periódicos científicos do mundo em psiquiatria reacende o polêmico tema da legalização da maconha. De acordo com o estudo, a liberação da maconha em alguns estados americanos colocou no mercado, para a alegria dos traficantes, mais de 1 milhão de usuários com base na comparação entre as prevalências de consumo de maconha e portadores de transtornos mentais devido a ela, em estados onde foram aprovadas leis autorizando o "uso medicinal" da maconha com os outros estados em que esta lei não existe.

Os argumentos contrários à legalização da maconha ganham força à medida que sustentam a tese de que, regularizada na forma da lei, poderia ter um efeito estimulador ao uso deliberado. A circunstância da legalização associado ao fato de que, em nosso meio, o uso da maconha vem se mostrando culturalmente aceito, representaria um efeito catalisador para o primeiro uso ou o uso esporádico. Amparado por lei, o usuário desfrutaria livremente dessa experiência, aumentando as chances do uso se tornar abuso, podendo-se ter consequências mais nefastas, entre elas o caminho para drogas mais pesadas ou ainda a indesejável dependência.

A maconha usada hoje possui cerca de 20 vezes maior teor de tetraidrocanabidiol (THC) se comparada com a maconha consumida nos anos 1960, fato que confere a esta droga neste século um potencial aditivo significativamente maior. O uso medicinal do canabidiol - substância química encontrada na maconha - ainda que se mostre promissor pelos resultados de estudos científicos que revelavam a boa resposta terapêutica quando em doses adequadas e para determinados quadros clínicos, especialmente, quadros neurológicos, como justificativa para a sua liberação merece cautela. A maconha alçada à condição de "remédio" adquire o status, no inconsciente coletivo, de fazer bem, pela falsa noção de que seja um produto inócuo.
Médico, professor e escritor 

Álcool pode ser mais prejudicial para as mulheres


 


Bebidas alcoólicas: segundo a OMS, deve-se evitar ingerir mais de 30 gramas de álcool por dia (Marcos Santos/USP Imagens/Agência USP)

Estudo sugere que, especificamente no sexo feminino, as bebidas alcoólicas estão associadas a maiores níveis de açúcar no sangue, indicativo do diabetes
Por Vand Vieira, da Saúde

O abuso de cerveja, vinho e afins não faz bem para ninguém — mas, pelo menos quando o assunto é diabetes, parece que a ala feminina sofre ainda mais.

O alerta veio da Universidade de Umeå, na Suécia, onde pesquisadores acompanharam 897 pessoas dos 16 aos 43 anos.

Ao final desse período, os voluntários tiveram a glicemia (açúcar circulante no sangue) medida e preencheram um questionário sobre a quantidade de álcool que costumavam tomar.

As mesmas perguntas foram respondidas aos 18, 21 e 30 anos.

De modo geral, constatou-se que os homens ingeriam mais bebidas alcoólicas e apresentaram uma glicemia maior em comparação às mulheres.

No entanto, foi somente nelas que os cientistas notaram a relação entre um consumo alto e uma quantidade maior de açúcar no sangue após os 40 anos.

Aqui, cabe lembrar que taxas dessa substância cronicamente elevadas definem a presença do diabetes.

Ainda não se sabe por que o organismo feminino reage de maneira diferente aos drinques.

“O etanol, porém, já foi ligado à resistência insulínica em outros trabalhos por favorecer o acúmulo de gordura no fígado”, destaca o endocrinologista João Eduardo Salles, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).

Nesse sentido, tão importante quanto a moderação nas doses é adotar bons hábitos, como seguir uma dieta saudável e praticar atividade física regularmente.

Uma noitada por mês regada a quatro ou mais latinhas de cerveja com 5 a 6% de teor alcoólico já extrapolaria o limite mensal observado, que fica na casa dos 48 gramas de etanol segundo o experimento em questão.

Mas, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), as pessoas deveriam evitar ingerir mais de 30 gramas de álcool por dia.
Este conteúdo foi publicado originalmente no site da Saúde.

quarta-feira, 5 de julho de 2017

Estatísticas mundiais de saúde - 2017


 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou recentemente o relatório World Health Statistcs 2017. O documento faz parte de uma série de publicações anuais de estatísticas de saúde dos 194 Estados-Membros da OMS. A edição de 2017 centra-se nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que reúne dados sobre uma vasta gama de indicadores relevantes e está organizado em três partes.

Na primeira parte, são descritas as 6 linhas de ação promovidas pela OMS para ajudar a construir melhores sistemas para a saúde e alcançar os ODSs relacionados à saúde. Na segunda, os status de alguns indicadores de ODS relacionados à saúde são resumidos, tanto no nível global como regional. Por fim, a última parte traz uma seleção de casos que destacam os recentes esforços bem-sucedidos para melhorar e proteger a saúde de suas populações através de uma ou mais das seis linhas de ação.

Status dos ODSs relacionados à saúde - Doenças não transmissíveis e saúde mental:

O consumo mundial de álcool em 2016 foi de 6,4 L de álcool puro por pessoa com 15 anos ou mais, com variação considerável entre as regiões da OMS. Os dados disponíveis indicam que a cobertura do tratamento para os transtornos do álcool e do uso de drogas é inadequada, embora sejam necessários mais trabalhos para melhorar a medição dessa cobertura.


Casos de sucesso

Na última parte do relatório foram apresentados casos de sucesso para ilustrar a ampla gama de ações adotadas por diferentes países para alcançar as metas relacionadas à saúde propostas na Agenda para o Desenvolvimento Sustentável de 2030. São citados exemplos de ações intersetoriais que contribuíram com o fortalecimento do Regulamento Sanitário Internacional (RSI) e reduziram a mortalidade por doenças não-transmissíveis, suicídios, uso nocivo do álcool e consumo de tabaco, respectivamente.


A Federação Russa se destacou na prevenção de mortes precoces devido ao consumo de álcool. O país, que viveu uma escalada de problemas relacionados com o álcool, devido à desregulamentação do mercado nos anos 90, reformulou políticas de saúde pública para controlar o problema. Muitas das políticas implementadas foram baseadas em evidências, de acordo com a Estratégia Global da OMS para reduzir o uso nocivo do álcool e o Plano de Ação Global da OMS para a prevenção e controle de doenças não-transmissíveis 2013-2020. Algumas das medidas adotadas:

• Fortalecimento do sistema de controle de produção, distribuição e venda de álcool; não vender em determinados locais públicos;
• Restrições de venda de bebidas com mais de 15% de teor alcoólico e preço mínimo para bebidas com teor alcoólico acima de 28%;
• Proibição de propagandas em toda infraestrutura dos meios de transporte público, internet e mídias eletrônicas e impressas;
• Aumento de impostos sobre as bebidas alcoólicas;
• Adoção de um programa nacional para reduzir danos relacionados ao álcool e prevenção do alcoolismo entre 2010-2020;
• Alcoolemia zero para direção de veículos automotores;
• Maior fiscalização e punição administrativa para a venda de bebidas alcoólicas para menores de idade; responsabilidade criminal para reincidentes;
• Implementação de iniciativa para aprimorar o sistema de tratamento para transtornos relacionados ao uso de álcool e drogas;

Os resultados das mudanças foram bastante positivos: entre 2007 e 2016 houve a redução do consumo total em 3,5 L de álcool puro por pessoa, queda de novos casos de psicose alcoólica (de 52,3 para 20,5 por 100.000 habitantes) e queda da taxa de mortalidade de homens. Padrões semelhantes foram observados para pacientes com dependência e outras doenças relacionadas ao álcool. O consumo de álcool ilegal não parece ter aumentado em resposta às novas limitações no mercado formal.



FONTE:WWW.ANTIDROGAS.COM.BR

Efeitos analgésicos podem levar a uso impróprio do álcool


 


Foto: Gilmar de Souza / Agencia RBS
Pesquisadores alertam que a redução na sensação da dor só acontece com ingestão de bebidas alcoólicas em níveis considerados perigosos

A ingestão de álcool não é mais recomendada do que o uso de paracetamol para o alívio da dor. O estudo que avaliou essa tese apontou que tal percepção pode levar ao uso impróprio de bebidas alcoólicas como analgésicos.

Um estudo internacional destinado a avaliar as propriedades analgésicas do álcool apontou que essa percepção pode levar ao mau uso da substância em pacientes com dor. Publicada no periódico americano Journal of Pain, a pesquisa mostrou que o efeito analgésico da bebida alcoólica é mais forte em doses altas (a partir de três a quatro drinques), que representam níveis considerados perigosos.

Com isso, os pesquisadores destacaram que é preciso sensibilizar a população em relação a intervenções que proponham usar o álcool no tratamento da dor. O objetivo da meta-análise — um estudo feito a partir de 18 experimentos controlados, com voluntários em que a dor e o uso do álcool foram induzidos — é mostrar que esse efeito analgésico das bebidas alcoólicas em altas doses pode levar ao uso impróprio da substância em pacientes com dor.

— Não faz qualquer sentido indicar álcool para pessoas com dor, pois aumenta o risco de uso impróprio do álcool em si, ou da combinação com medicação para dor, potencializando seus efeitos — pondera o psiquiatra Flávio Pechansky, diretor do Centro de Pesquisa em Álcool e Drogas do Hospital de Clínicas em Porto Alegre.

— Álcool faz mal para a saúde em qualquer dose, para qualquer pessoa — completa o médico Sérgio de Paula Ramos, ex-presidente da Associação Brasileira de Álcool e outras Drogas (Abead).

Os estudos de laboratório envolveram a indução de dor a pacientes e posterior medição em escalas de sensação de dor e alívio, comparando medicação e álcool. Os pesquisadores alertaram, ainda, que é preciso avançar em mais análises para atestar essas descobertas.
Fonte: ZH Vida, ClicRBS


quinta-feira, 29 de junho de 2017

A dependência química aumenta apesar de tanto acesso à informação


 


A dependência química é algo bastante preocupante e apesar de tantas informações as pessoas usam e continuarão usando drogas. Não nos esqueçamos que primeiramente a palavra droga nos remete a algo ruim, e o que dizem sobre esse tema sempre nos apresentam aspectos destrutivos e nocivos.

Não devemos esquecer de que a droga é “boa” inicialmente para quem usa, ela traz um prazer físico, mental, um bem estar psicológico e, claro que essa sensação vai mudando conforme a sequência, a quantidade e a forma de uso da pessoa, mas ela proporciona um bem estar temporário então é boa pra quem está usando, caso contrário usaria, primeiramente temos que enxergar essa questão.

Outra questão que devemos lembrar é de que em toda a história da humanidade (sociedade, desenvolvimento), o uso do marketing, da valorização do bem estar, vem primordialmente antes do respeito à pessoa. E temos o forte apelo das imagens nos desenhos, nas propagandas, de várias marcas de cigarro.

E levantaremos algumas questões, por exemplo: quem não lembra do Popeye que fazia uso do espinafre para ficar forte, pois ele era um velhinho e lutava contra o Brutus para defender-se e ficar com sua amada Olivia. Logo, como ensinado lá no desenho que se você come algo que lhe dá força, terá energia, será forte e poderoso. E aquela propaganda de cigarro, onde surge um homem montando um belo cavalo, cavalgando por belas montanhas, vendendo a ideia de liberdade, bem estar, num cenário grandioso… Acaba sendo mais um incentivo.

A empresa do Marketing incentiva à busca do bem estar

Ainda observando como são as propagandas, você nunca verá pessoas reunidas para consumir cerveja ou outras bebidas alcoólicas que estejam tristes, feios ou sozinhos, não! São imagens que sempre mostram que as pessoas que bebem estão bem acompanhadas, belas mulheres, locais lindos como a praia, baladas, bares, etc. Mostra tudo como se fosse somente bom, prazeroso e encantador. E nisso é vendida a sensação de prazer, de relacionamentos perfeitos, de bem estar, de estar tendo convivência social naturalmente, descontraído. Então se eu bebo consigo me relacionar, consigo me soltar, consigo ser feliz.

Devido à essa massiva campanha de marketing, acabamos por aceitar como cultura coletiva, do inconsciente, onde vamos absorvendo essas informações que vão penetrando no modo como vamos seguindo a vida.

Outra questão que é importante saber que os adolescentes e jovens buscam, inicialmente o uso das drogas pela curiosidade. Esses dias tive a oportunidade de participar de um grupo de discussão e através de palestras conheci o Weliton, e ele me disse algo interessante, “ quando você tem um grupo de amigos, e um destaca-se por ser o mais descolado, mais extrovertido, quando ele chega no grupo, de maneira diferente, os outros começam a perguntar como verdadeiros jornalistas, fazendo uma entrevista:

– E aí, porque você está diferente? O que está acontecendo? O que você fez?”

E assim o amigo acaba oferecendo e compartilhando as drogas ao seu filho porque ele é o mais próximo dele.

Outra questão com a curiosidade, é que o mesmo jovem descolado, ele acaba se desviando, ele vai encarando novos desafios e não tem muito limite. É importante que o adolescente o jovem seja independente mas o fato de desafiar e romper os limites trazem grande riscos de vir a ser um dependente pois a ideia é: “ porque vou usar, não vai acontecer nada comigo” e claro entrar na droga é muito fácil e o difícil depois é sair.

Temos que ter um olhar atento a timidez que observa-se em alguns adolescentes e jovens, pois aquele adolescente que é muito quieto, tem dificuldade de se comunicar, não consegue enturmar-se em algum grupo, então o uso das drogas acaba sendo um motivo para criar e estabelecer essas relações.

Os modelos Familiares influenciam no estilos de seus filhos

Sobre todos esses aspectos que favorecem o uso de drogas, mesmo que tenham diariamente notícias trágicas e terríveis, existe outra relação que não devemos esquecer: os modelos de famílias.

Devemos tratar com cuidado diferenciado a família para que não se sintam culpadas e comecem a se cobrar demais, lembrando que o modelo de família exageradamente estruturado pode trazer algum tipo de alteração no comportamento do adolescente, ou daquele jovem pelo excesso de preocupação, de superproteção resolva dar o seu “grito de liberdade”.

E por outro lado, o modelo de família desestruturado, onde não funcionam os papéis de cada membro da , não se tem as funções básicas de proteção das crianças e dos adolescentes pode proporcionar a busca do uso das drogas devido à sua total liberalidade.

Porque os dois modelos de família, sendo estruturado ou não, vem como referência para nós, desde quando nascemos, somos criados e vamos crescendo trazendo essa referência como modelo para nossas vidas.

E se, em algum deles, o adolescente não conseguir enfrentar os desafios, as situações que está vivendo, acabará por recorrer ao mecanismo do uso das drogas.

E por que devemos tomar cuidado com as famílias que desenvolvem o sentimento de culpa? Porque a desculpa usada (dos diferentes núcleos familiares) para usar a drogas não deve ser motivo para manter o uso da mesma. Nós todos temos dificuldades, pois no nosso amadurecimento enfrentamos desafios, como evolução enquanto pessoa, mas não devemos justificar as coisas erradas que nós vamos fazer por outras situações.

Devemos ter calma e clareza para aprender a separar tudo aquilo que é de nossa responsabilidade e também separar o que é responsabilidade do outro, do nosso filho, e daquilo que ele este escolhendo para a vida. Senão vamos atropelando as situações, não vamos conseguir lidar com aquilo está à nossa frente e facilitaremos a manutenção do uso das drogas.

Na sua vida a problema atingiu sua família? O desespero bateu na porta? Você não consegue tomar atitudes?
Fonte: André Nunes - Psicólogo



Meu Filho é Dependente de Drogas E NÃO QUER AJUDA?


 


O primeiro movimento das famílias deve ser buscar alternativas para resolver o problema do núcleo familiar e não isoladamente de quem está usando drogas.

Muitas vezes a família pensa em alternativas imediatas, com soluções milagrosas, isso não existe. O uso das drogas, do álcool e a consequente dependência química (algo sério) é necessário que seja olhado, trabalhado e cuidado de uma forma muito responsável e atenciosa.

Além de se buscar profissionais e clínicas com suporte necessário para cuidar da dependência química; tomar cuidado com aqueles locais que dão resultados milagrosos, dizendo que irão curar seu filho, que resolverão o problema em pouco tempo, de maneira fantástica…aprenda que não irá funcionar.

Lembrando que a dependência química é uma doença, que é progressiva, que avança sempre exigindo uma quantidade cada vez maior de uso e o preço é o aumento de seus efeitos negativos, é crônica, pois o dependente químico irá ser dependente a vida inteira, o que faz ser diferente se ele vai ser ativo ou em abstinência das drogas e do álcool, não podendo nunca mais fazer uso de nada para que não possa ativar sua doença; além de ser fatal, podendo levar o dependente químico a morte, a cadeia por causa dos atos que acaba cometendo para manter seu uso; ou na melhor das hipóteses, ser internado em clínicas por tempo indeterminado.

As famílias não devem ficar presas com o Medo

Aí você pensa que deverá ficar preso ao seu filho para o resto da vida com medo de que ele faça uso de drogas ou não. Respondo: Não! As famílias devem cobrar seu familiar sobre ele ter consciência da sua doença, devendo evitar lugares, pessoas e circunstâncias que possam prejudicá-lo no processo de reabilitação.

Dessa forma o dependente químico irá conseguir se manter limpo, se manter adequado, e ter uma vida saudável.

Ressaltando de que a família em sua maioria sempre busca alternativas imediatas para resolução do problema do uso das drogas do seu ente querido e isso não resolve nada. Devemos primeiramente mudar nossas atitudes, porque nós erramos quando achamos que vamos transformar as ações do dependente, que vamos impor à ele regras, limites, controle, no momento onde nada mais funciona, de que isso bastará para que ele não use mais drogas e as coisas não funcionam assim na prática.

Ou ainda mais, tem famílias que começam a dizer; “você não tem amor aos seus pais”, “você não lembra do seu filho que está em casa”, “ não cuida e nem lembra da sua esposa que está sozinha”, sempre nos momentos que eles estão usando as drogas, pois família traz todo esse repertório, ficando uma falação em torno do problema e não consegue resolver nada, por que?

Porque primeiramente, temos que mudar nossas atitudes: eu, enquanto pai ou mãe, enquanto família, tenho que me cuidar, mudar minha atitude e nessa minha mudança, criar uma mudança no dependente que está na minha casa.

Parece ser um absurdo, pois seu filho está usando drogas, não conseguem ter controle, ficam desesperados porque ele sai para a rua, não volta de madrugada e ninguém consegue dormir. Você consegue entender e perceber que está no ponto de adoecer junto com o dependente, com uma diferença: ele está usando a droga, e você está em casa sofrendo, não tem hora para dormir, para descansar… e o pior de tudo isso é que no dia seguinte a pessoa precisa estar disposta para ir ao trabalho e cuidar dos outros membros da família, e mais: estar disposta para seguir a sua vida.

Só que não vamos percebendo essa situação, não vamos nos dando conta do nosso envolvimento, e acabamos nos isolando, nos entregando, ficando cada vez mais preocupados com aquela situação e depois de um tempo esquecemos de tudo e só vivemos a vida do dependente.

Então convido você a partir de hoje fazer pequenas mudanças na sua vida e na rotina da sua casa, sugiro ainda que hoje você olhe pra sua vida, e realize imediatamente alguma mudança em você.

Mas você quer cuidar do seu parente que está usando drogas, e só isso que você quer. Você pode fazê-lo, aliás, você deve cuidar do seu familiar, mas deve cuidar de você primeiramente, não importa qual mudança você irá fazer, a partir do que você definir e resolver, precisa mantê-la.

Esse é o segundo passo: manter a mudança estabelecida para que haja consistência, sabemos que fazer mudanças na nossa vida é difícil, não dá para mudar no automático, de uma hora para outra, com um simples botão. Te convido a fazer uma pequena mudança, lembrando que é com você primeiramente, pois filho precisa que você melhore e possa ajudá-lo. Fazendo uma mudança e, claro, mantendo-a, conseguirá ajudar seu parente. Não importa qual seja a mudança, ela deve ser mantida, quando escolhida não pode deixar de ser cumprida, pois se você institui uma mudança e não mantém perde o valor e vira novamente falação, e não irá funcionar nada.

Por exemplo: seu filho está acostumado que você fique acordada na sala esperando-o chegar, e muitas vezes ele chega, então você fala, fala, e depois cuida dele, dá comida, em alguns momentos, até banho, e como ele chegou em casa tão alterado que nem se lembra do estado que chegou, pois acorda na cama limpo e cheiroso. Ou: você estava na sua cama e na madrugada seu filho chega e você começa a fazer o sermão, falando da sua raiva, da sua dor, da sua preocupação e o dependente não está nem escutando tudo isso.

E se você tiver a paciência de ficar na cama quando ele chegar e não se levantar, mesmo que esteja acordada, não vai falar com ele, com certeza seu filho irá achar que alguma coisa estranha está acontecendo, “ tem alguma coisa errada com minha mãe”…

Por mais difícil que seja para você ficar na sua cama, mesmo que seja difícil ver que seu filho chegou naquela hora, se você tomou a decisão de sair do quarto, se mantenha, não volte atrás. Porque com certeza essa pequena mudança irá gerar um movimento no seu filho.

E de mudança em mudança você acabar por fazer que seu filho busque ajuda, e que peça apoio, do contrário ele irá se manter usando drogas, pois se encontra em posição confortável.
Fonte: André Nunes - Psicólogo

segunda-feira, 19 de junho de 2017

Cidade dos EUA abalada pela heroína processa empresas farmacêuticas


 


BC
Uma cidade americana adotou uma estratégia pouco ortodoxa para combater o número crescente de mortes por overdose entre seus habitantes.

Huntington, no Estadp da Virgínia Ocidental, decidiu processar nove empresas farmacêuticas por considerar que elas contribuem para o uso indiscriminado de receitas médicas, sobretudo de remédios que causam dependência.

As autoridades locais argumentam que isso levou as pessoas a se viciarem em substâncias como analgésicos e, posteriormente, em heroína.

“Huntington é uma cidade com pouco menos de 50 mil habitantes. Nosso condado tem 96 mil habitantes. E, ainda assim, em um período de cinco anos, foram distribuídas 4 milhões de doses de opioides só nesta regiáo”, diz Steve Williams, prefeito de Huntington.

“Os números falam por si mesmos.”

A cidade, no noroeste dos EUA, tem um índice de mortes por overdose que supera em dez vezes a média dos Estados Unidos. Um em cada dez bebês nasce com sintomas de abstinência.

Essa epidemia sobrecarregou as equipes de emergência locais. Hoje, a maioria das chamadas recebidas estão relacionadas ao uso abusivo de drogas.

O bombeiro Michael está concedendo uma entrevista para a BBC, em que explica que o abuso de substâncias químicas está por trás de “cerca de de um terço das ligações, enquanto incêndios respondem por 15% a 10%”, quando é interrompido pelo soar do alarme.

“É uma overdose. Vamos, pessoal, vamos!”

Ao chegar em um supermercado, ele e sua equipe são direcionados ao banheiro do estabelecimento, onde um cliente teve uma overdose de heroína.

Depois de atendido, o paciente é questionado sobre como ele começou a usar a droga.

“Estava tomando analgésicos e, na verdade, tentava parar...”

O prefeito de Huntington diz que as empresas acionadas na Justiça devem assumir sua responsabilidade e colaborar com o combate à epidemia de drogas.

“Espero que não percam tempo dizendo: ´Não é nossa culpa. Somos apenas um negócio`”, afirma Williams.

“Quando eu estava no mercadode investimentos, se eu desse desse um conselho que prejudicasse alguém, isso acabaria com minha carreira, me faria perder minha licença e, possivelmente, teria de pagar uma multa.”

Quatro das empresas dizem que contestarão a ação na Justiça. Cinco não responderam ao contato da BBC.
Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas

A cracolândia pode ter fim, afinal?


 


Usuários de crack na praça Princesa Isabel, no centro de São Paulo, que foi tomada por frequentadores da cracolândia
(Ricardo Matsukawa/VEJA.com)
Revista Veja - Letra do Médico

A somatória de ações pode levar à melhora da situação. Mas, isso só ocorrerá com uma resposta sustentada por medidas permanentes

Por Ronaldo Laranjeira
No último dia 21 de maio, teve início uma grande operação contra o tráfico de drogas na região conhecida como cracolândia, no bairro da Luz, centro da capital paulista, contando com agentes das polícias civil e militar de São Paulo. Tratou-se do primeiro passo para acabar com o tráfico na região, que agora é seguido de diversas ações de saúde e sociais por parte dos governos estadual e municipal.

Esta ação demonstrou-se fundamental, devido à situação em que se encontrava a região, por causa do crime, que gerava mais e mais problemas em outros setores, como saúde e social. É preciso reconhecer que o tráfico tornou-se cada vez mais sofisticado e organizado no decorrer dos anos, exigindo também mais dados e ações de inteligência das autoridades policiais para combatê-lo.

O exemplo dos EUA

Combater o tráfico é importante para solucionarmos o problema da cracolândia? Não tenha dúvidas. Podemos usar como exemplo disso as ações tomadas no combate ao crack pelo FBI e demais autoridades americanas nos anos 90. Na época, um caso emblemático demonstrou o alcance da droga na sociedade – a prisão de Marion Barry, prefeito da cidade de Washington, capital do país, por porte e consumo de crack.

As décadas de 80 e 90 podem ser consideradas como os períodos de maior ascensão do consumo de crack em território americano, exigindo uma resposta à verdadeira epidemia que assolava os EUA. Em Washington e outras cidades, foram adotadas medidas contra o tráfico e as chamadas “casas de crack” – leis pesadas contra o crime, reforço de policiamento nas ruas, dentre outras. Mais de duas décadas depois, os índices de criminalidade relacionados às drogas caíram drasticamente, assim como esses pontos de consumo, o que, em parte, pode servir de exemplo para o Brasil.

Digo em parte, pois, o policiamento e o combate ao tráfico são alguns dos fatores que, somados a outros, podem levar à uma solução. Não podemos esquecer nunca de prevenção e tratamento. Nos Estados Unidos, apesar de existirem campanhas que alertam para os perigos de algumas drogas, outras acabam não recebendo a mesma atenção.

Esse é um dos fatores que explicam porque aproximadamente metade dos pacientes em tratamento contra a dependência química no mundo está hoje nos Estados Unidos. Com programas de prevenção eficazes, com certeza esse número diminuiria drasticamente. Ao mesmo tempo, este dado demonstra que não podemos esquecer jamais do tratamento. A oferta de serviços de acolhimento social e de saúde (com tratamento contra a dependência e medidas de reinserção social) é parte crucial para o combate às drogas.

Assim, no mundo inteiro temos exemplos de erros e acertos de governos em políticas de combate às drogas e de pontos de consumo, o que nos permite imaginar que sim, utilizando as melhores práticas, é possível acabar com as cracolândias.

É possível acabar com a cracolândia?

No caso específico da cracolândia no centro da capital, a região está sendo cada vez mais beneficiada com a linha de cuidados estruturada pelo programa Recomeço, que inclui medidas de baixa complexidade, até procedimentos terapêuticos de alta complexidade, contando, inclusive, com o suporte da rede de clínicas e comunidades terapêuticas no Estado, voltada tanto para a desintoxicação como ao apoio social aos usuários de drogas. Aliado ao Recomeço agora está também o programa Redenção, anunciado pela prefeitura de São Paulo.

Atualmente, os governos estadual e municipal buscam aliar as melhores práticas e ações de seus respectivos programas, buscando formas para complementar suas ações em prol de quem mais precisa – os usuários de drogas e a sociedade afetada pelo problema. Uma medida que pode pautar o Brasil no tema, tendo em vista que não existe atualmente uma parceria entre município e estado nesse nível em nosso território.

A somatória de ações policiais, sociais e de saúde, com trabalho integrado entre estado e município, pode sim levar à melhora da situação. Porém, isso só ocorrerá com uma resposta sustentada por medidas permanentes, como desarticulação e combate ao tráfico, apoio social e também prevenção e oferta de tratamento de qualidade a todos afetados pela dependência química em São Paulo.
Por Ronaldo Laranjeira

terça-feira, 13 de junho de 2017

Dobra o número de mulheres na cracolândia, diz pesquisa


 


Pequisa mostra perfil dos usuários da Cracolândia (Foto: TV Globo/Reprodução)
G1

Levantamento feito entre 2016 e 2017 com 139 dependentes químicos da região mostra que a área ocupada por usuários de crack aumentou mais de 50%.
Por G1 SP

O número de mulheres que frequentam a Cracolândia dobrou em um ano, informou pesquisa feita a pedido da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social de São Paulo, com especialistas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) em consultoria com o Programa das Nações Unidas (Pnud), disponibilizada com exclusividade para o SP1. O levantamento, feito entre 2016 e 2017 com 139 dependentes químicos da região, mostra que a área ocupada por usuários de crack aumentou mais de 50%.

Em 2016, 16% dos dependentes eram mulheres. Neste ano, elas correspondem a 32% dos frequentadores. As mulheres são mais vulneráveis do que os homens na Cracolândia, segundo os pesquisadores da Unifesp.

Sobre este aumento, a psicóloga da Unifesp Clarice Madruga explica que provavelmente tenha ocorrido uma rotatividade dos homens. “Os homens entram, mas muitos deles conseguem sair, conseguem retomar, entrar em um tratamento e sair da Cracolândia. E as mulheres que chegam acabam ficando.”

Ela alerta que as mulheres acabam ficando mais expostas à violência. “A razão pela qual elas chegam lá sempre também tem a ver com violência dentro de casa, abandono da família. A dependência química em mulher é muito mais severa. É muito mais difícil tratar dependência química em mulher”, disse.

“Existem fatores hormonais que interferem. Uma mulher, por exemplo, em função do ciclo hormonal, ela tem muito mais dificuldade de se manter abstinente no tratamento. E também o fato de que para mulher é muito mais difícil buscar o tratamento, tem muito mais estigma”, explicou.

Os pesquisadores dizem ainda que as mulheres estão mais expostas à violência sexual e à prostituição, que são uma das formas de conseguirem a droga.

Ao todo, 14% das entrevistadas estavam grávidas no momento da pesquisa. Os pesquisadores explicam que este é um problema crônico, porque, muitas vezes, as crianças crescem num ambiente degradado.

Área

Outro dado apresentado é o de que a área da Cracolândia aumentou 52% em apenas um ano. Em 2016 os usuários ficavam em cerca de 4,6 mil metros quadrados. Em 2017, porém, a área aumentou, chegando a 7 mil metros quadrados.

Perfil

A pesquisa traçou um perfil do usuário da Cracolândia. Confira abaixo:

* Idade média do frequentador é de 37,3 anos;
* 63,3% é homem;
* 36% de cor preta;
* 67,4% mora na rua há mais de 5 anos;
* 71,65% estão há um ano ou mais na Cracolândia.
* 74% vivia em uma casa ou morava com a família;
* 44,7% ainda mantém contato com a família.

O levantamento mostrou ainda que os dependentes de crack consomem outras drogas, como maconha e cocaína, e que a dependência começa antes, com o álcool.


fonte:www.antidrogas.com.br

Crack avança em todo o país


 


Jornal O Estado de S. Paulo
(foto: reprodução)

A maior atenção ao que se passa em grandes cidades, porque nelas o problema é mais visível e por isso mais chocante – como a concentração de dependentes na Cracolândia, em São Paulo –, fez com que só mais recentemente começassem a surgir estudos mostrando a larga difusão do crack por todo o País. A tal ponto que já se pode dizer que ele tem tudo para se tornar um grave problema de âmbito nacional, que não poupa nenhuma região, das mais ricas às mais pobres, e, nelas, nem mesmo as pequenas cidades do interior.

Um exemplo disso é o que se passa em São Paulo, como mostra reportagem do Estado feita com base em estudo do Observatório do Crack, da Confederação Nacional de Municípios (CNM). Os números levantados são tão impressionantes e assustadores que, perto deles, a Cracolândia já não pode ser considerada o ponto alto do problema, como se pensou por muito tempo. Dos 645 municípios do Estado, nada menos que 558 – entre os quais se inclui a capital – estão às voltas com problemas acarretados pelo crack, embora com níveis diferentes de gravidade.

O nível é muito alto em 193 cidades do interior, médio em 259 e baixo em 105. Outro aspecto importante a considerar é que, dos 608 municípios ouvidos – descontados os que informaram não terem sido atingidos (apenas 20) e os que não enviaram informações –, 95% têm problemas com o consumo de crack. Entre as mais importantes cidades do interior onde eles são mais graves estão Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Bauru e Marília. Os serviços públicos mais afetados por eles são os de saúde (67,1%), de assistência social (57,5%) e segurança pública (49,1%).

Até agora, as medidas adotadas pelos governos municipais e estadual para tentar conter a expansão dessa droga ficaram muito aquém do necessário. A Secretaria Estadual da Saúde diz ter aumentado seis vezes o número de vagas destinadas ao tratamento de dependentes de drogas, que passaram de 500 em 2011 para 3,3 mil, sendo 2 mil para o interior. É muito pouco, porque a comparação dos dados atuais da pesquisa da CNM com os colhidos em 2014 por reportagem do Estado sobre o avanço das drogas no interior mostra que a situação só piorou desde então.

Tem razão, portanto, o consultor da CNM Ernesto Stranz quando afirma que, apesar do “grito de socorro” das prefeituras – que é como define a disposição delas de participar da pesquisa, expondo a difícil situação em que se encontram, nesse caso –, o governo estadual nada mudou em sua maneira de enfrentar o problema, não fazendo os investimentos necessários para conter o avanço do crack no interior.

Se no Estado mais rico a situação é essa, não é de admirar que ela se repita nos outros, especialmente nos mais carentes do Nordeste. Pesquisa da CNM, feita em 2013, mostrou que o consumo de crack estava presente em 90% dos municípios de Pernambuco. Segundo outra pesquisa de 2013, esta da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com a Secretaria Nacional de Política sobre Drogas (Senad), do Ministério da Justiça, só nas capitais havia 370 mil pessoas que consumiam crack regularmente, 80% em locais públicos. No Nordeste, estão 40% dos dependentes.

Tudo indica que, a exemplo do que aconteceu em São Paulo, a situação piorou em todo o País porque também nos demais Estados carentes não houve mudança significativa na forma de tratar o problema.

Está mais do que na hora de União, Estados e municípios acordarem para a gravidade do problema e colaborarem estreitamente na formulação e implementação de uma nova e mais ousada política de combate às drogas, em especial o crack, que ataque ao mesmo tempo e com igual empenho os seus dois aspectos fundamentais: a assistência social e médica para a recuperação dos dependentes e o combate sem trégua aos traficantes.

O crack deve merecer maior atenção por suas características, que o tornam particularmente perigoso: é uma droga barata – o que explica sua difusão –, que vicia rapidamente. Tem efeitos devastadores.
Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas 

quarta-feira, 7 de junho de 2017

Vamos falar sobre alcoolismo na terceira idade?




Júlio César Menezes Vieira
A ciência busca o conhecimento por meio de ensaios clínicos sistematizados e analisados por ferramentas estatísticas. Porém, ela sabe que seus resultados são limitados devido a uma série de variáveis na vida real. Assim, a “verdade” de hoje talvez não será a de amanhã, desde que um ensaio clínico mais confiável diga o contrário.

Por muitos anos, o ovo foi considerado um alimento proscrito na dieta devido seus índices de calorias; hoje é considerado um dos alimentos mais saudáveis em razão de seu alto teor proteico. O escritor Luiz Fernando Veríssimo brinca maliciosamente que pretende processar os médicos que o proibiram de comer ovo durantes todos estes anos.

E, agora, nos vemos diante do dilema sobre o álcool, principalmente na senescência. Beber ou não beber? É saudável até determinada dose ou sempre danosa à saúde?

De acordo com uma projeção do IBGE, em 2025 o Brasil terá cerca de 216 milhões de habitantes, dos quais 32 milhões (14,8 %) serão idosos. Segundo o National Institute on Alcohol Abuse and Alcoholism – NIAAA e a Associação Americana de Geriatria, entre 2 e 3% das mulheres e 9 e 10% dos homens acima de 65 anos se envolvem em consumo alcoólico de risco.

No primeiro levantamento nacional sobre o consumo de álcool - LENAD, constatou-se que 7% da população brasileira acima dos 60 anos faz uso diário de álcool. Os efeitos do álcool são mais intensos nos idosos em razão das alterações fisiológicas do envelhecimento.

Na literatura recente, grandes estudos demonstram que doses de baixo risco de álcool teriam um efeito protetor contra o declínio da memória e outras funções cognitivas no idoso. Os trabalhos tendem a uma conclusão que a relação entre consumo e desempenho cognitivo é dose dependente, semelhante ao que ocorre com o risco cardiovascular versus consumo alcoólico. Portanto, os benefícios protetores do álcool diminuem conforme o aumento do consumo de álcool.

Devido a toda essa polêmica e debate sobre o uso do álcool na saúde do indivíduo, e pela falta de consenso entre os especialistas, não há nenhuma recomendação médica para utilizar o álcool para fins preventivos.

Então, ingerir ou não bebida alcoólica? Será que o envelhecimento traz maturidade para beber com sabedoria?Porém, outros estudos utilizando a mesma metodologia dos trabalhos anteriores não sustentaram o efeito protetor do consumo leve de álcool na cognição do idoso.

Desde janeiro de 2016, o departamento de saúde da Inglaterra divulgou, de forma taxativa, que nenhuma dose de álcool é segura e reduziu para 14 unidades de álcool por semana, no máximo, para homens e mulheres. E afirmou que nenhuma dose de álcool é segura na gravidez.

A resposta não é simples. Porém, o efeito do uso nocivo e crônico do álcool é unânime na literatura especializada e na mídia quanto aos riscos para doenças cardiovasculares, úlceras gástricas, neoplasias, anemia e doenças neuropsiquiátricas como depressão e demência.

Além disso, o álcool é uns dos principais fatores de risco para causas de mortes externas (homicídios, acidentes de transito e suicídios) e o aumento da violência doméstica, sexual e infantil.
*Dr. Júlio César Menezes Vieira – CRMMG 43926
Mestre pelo Programa de Pós-Graduação de Medicina Molecular da UFMG. Médico Psiquiatra/Psicogeriatra Titulado pela ABP/AMP e Geriatra Titulado pela SBGG/AMP. Graduado em Medicina pela UFMG. Diretor Clinico do Hospital Espirita André Luiz - HEAL. Coordenador e professor dos cursos lato sensu de Psiquiatria e Geriatria da Faculdade IPEMED de Ciências Médicas.
Fonte:Hoje em Dia


Tabaco mata mais de 7 milhões por ano, diz OMS


 


Até o final do século, a OMS estima que o tabaco irá contabilizar mais de um bilhão de mortes no mundo. (iStock/Getty Images)

Revista Veja
Saúde - Tabaco mata mais de 7 milhões por ano, diz OMS
Segundo relatório da Organização Mundial da Saúde, eliminar propagandas e apostar em políticas tributárias seriam formas de frear o consumo
Por Da Redação

O tabaco mata, por ano, mais de sete milhões de pessoas no mundo, de acordo com um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgado nesta terça-feira, em razão do Dia Mundial Sem Tabaco. No documento, a instituição avaliou o impacto do consumo da substância na saúde, na economia e no meio ambiente e defendeu a proibição da propaganda e o aumento dos preços e impostos sobre o produto, como forma de reduzir seus males.

“O tabaco é uma ameaça para todos. Agrava a pobreza, reduz a produtividade econômica, afeta negativamente a escolha dos alimentos consumidos nas residências e polui o ar em ambientes fechados”, afirmou Margaret Chan, diretora geral da OMS, em um comunicado.

No início do século, o tabagismo beirava um índice de mortalidade de quatro milhões. Hoje, ele atinge mais de sete milhões de pessoas, matando metade dos fumantes e custando aos governos e populações cerca de 1,4 trilhão de dólares anuais em gastos com saúde e perda de produtividade.

Segundo a OMS, o cigarro e as doenças relacionadas afetam principalmente pessoas pobres. Até o final do século, a agência da ONU estima que o tabaco irá contabilizar mais de um bilhão de mortes no mundo.

Sustentabilidade

Este é o primeiro relatório da OMS que considera os efeitos do tabaco na natureza e revela dados alarmantes. Os resíduos de tabaco contêm mais de 7.000 substâncias químicas tóxicas. Só a fumaça do cigarro, por exemplo, libera milhares de toneladas de substâncias tóxicas cancerígenas e gases do efeito estufa para o meio ambiente.

Além da poluição pela fumaça, os resíduos das bitucas de cigarro são o tipo de lixo mais numeroso. Quase 10 bilhões dos 15 bilhões de cigarros vendidos diariamente pelo mundo não são devidamente descartados. De acordo com o relatório, as bitucas representam entre 30% e 40% dos objetos recolhidos pelos serviços de limpeza urbana.

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O comunicado levanta a importância da proibição da propaganda, da venda e uso em locais fechados e ambientes de trabalho; e defende o aumento de preços e impostos sobre os produtos.

“Ao adotar medidas firmes de luta antitabagismo, os governos protegem o futuro de seus países porque protegem toda a população. Além disso, geram recursos para financiar os serviços de saúde e outros serviços de sociais e evitam os estragos que o tabaco provoca no meio ambiente”, disse Margaret.

Brasil

Recentemente, a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) sugeriu novas propostas de alteração das embalagens de maços de cigarro com mensagens mais incisivas sobre os efeitos do tabaco.

“Muitos governos estão tomando medidas contra o tabaco, desde a proibição da publicidade e comercialização até a adoção do pacote neutro e a proibição de fumar nos espaços públicos e locais de trabalho. No entanto, uma medida de luta antitabagismo menos utilizada que resulta muito eficaz é a aplicação de políticas tributárias e de preços, que os países podem aplicar para satisfazer suas necessidades de desenvolvimento.”, explicou Oleg Chestnov, médico subdiretor da OMS para doenças não-transmissíveis e saúde mental.
(Com AFP)