sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Cerca de 100 crianças são abandonadas a cada ano por mães dependentes de crack em SP


 


Sem condições financeiras e psicológicas, mulheres deixam os filhos nos hospitais após o parto e os bebês são levados para abrigos da cidade.

Cerca de 100 crianças são abandonadas por mães dependentes químicas a cada ano em São Paulo, segundo aponta a juíza da Primeira Vara da Infância e Juventude do estado.

"Eu poderia dizer que nós temos em média umas duas crianças acolhidas nessa situação por semana. Há semanas que nós temos mais bebês, há semanas que nós temos menos. Mas há uma constância dessa situação, né? Que nem é tão recente uma situação que já vem de algum tempo. São mães que na maioria das vezes chegam já em trabalho de parto nos hospitais, muitas até sob efeitos de drogas ou que são atendidas na rua, que dão à luz na porta da maternidade, na praça, são levadas pela polícia militar, enfim”, revela Cristina Ribeiro Leite Balbone Costa.

As histórias se repetem. Cristina já atendeu casos de mulheres com mais de dez filhos. A juíza é responsável pelo serviço da região Central de São Paulo, que concentra a população em situação de rua da cidade. Entre elas, usuárias de drogas da Cracolândia, no bairro da Luz.

“Muitas chegam até nós e não é a primeira passagem. Nós temos a quinta, sétima gestação, décima. Chegamos a ter até uma décima sétima gestação. São mães que já são até conhecidas do nosso setor”, afirma.

É em situação precária que as mulheres engravidam e têm os filhos nos hospitais da região, que acionam o poder judiciário. Sem condições financeiras e psicológicas, com muita frequência elas abandonam os filhos nos hospitais e os bebês são levados para abrigos. Ao todo, são 18 na região central e 200 na capital paulista.

Quando nenhuma pessoa da família é localizada, as crianças ficam disponíveis para adoção. Uma espera que pode demorar meses, anos ou não acontecer.

Depois de dez meses a pediatra Mônica Bittencourt conseguiu adotar a filha que hoje tem pouco mais de dois anos. A concepção e a gestação da menina ocorreram nas ruas.

“A gente encontrou uma criança muito bem cuidada no abrigo, nutricionalmente bem, adequada, uma criança bem estimulada, que estava dentro do desenvolvimento normal. E ela é hoje uma criança de dois anos e cinco meses absolutamente normal”.

Mônica é voluntária no poder judiciário. Faz palestras para pais interessados em adotar e conhece muito bem a realidade desses bebês.

“Algumas crianças de fato são filhas de mãe soropositivas, mas não se tornam soropositivas. O maior problema de filhas de mãe usuárias de droga são a prematuridade, o baixo peso ao nascer, o que não quer dizer que para sempre vão ser desnutridas, vão estar abaixo. Isso com cuidado, alimentação adequada, cuidado pediátrico de rotina, se torna normal, fica dentro dos parâmetros de uma criança normal. ”

Com esse tipo de esclarecimento as restrições para crianças filhas de mães usuárias de drogas e alcoólatras é bem menor.
"O perfil dos pretendentes à adoção é de não encontrarmos esse preconceito. São casos isolados vamos dizer assim, porque eles já vem qdo vem fazer o curso já sabem a realidade, já tem essa informação, já sabem que a realidade dessa região central, que a maioria dos casos que vamos acolher e vamos poder colocar em adoção são crianças nesse sentido.”

Protegidos da vida nas ruas, recebendo alimento e afeto, os bebês se desenvolvem sem problemas mais graves, atesta Antônia Bello Todeschin, coordenadora de abrigo no Centro de SP, que atua há mais de dez anos no serviço.

"[São] Crianças tão fortes que já venceram a primeira batalha da vida ao nascer.” “Elas vêm de uma situação muito difícil, que a gente olha para ele, tão pequeno e pensa o que já aconteceu na vida deles. Então a gente procura amenizar um pouco isso. A gente dá muito carinho, muito colo, muito amor. E eles têm uma capacidade de se recuperar, eles são felizes.”


fonte www.antidrogas.com.br

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