sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Tabaco e o câncer de pulmão


 


(imagem reprodução)
*Por Adriana Moraes
“Cada pacote de cigarro é como uma roleta-russa” Peter Campbell (especialista em genomas do câncer)

O tabagismo é considerado uma pandemia, ou seja, não há lugar no mundo onde não existam fumantes (Diehl & Figlie 2014). Estima-se que cerca de 1,3 bilhões de pessoas (cerca de 01 bilhão de homens e 250 milhões de mulheres) sejam fumantes de cigarro ou consumam outros produtos do tabaco (SENAD, 2011).

É oportuno destacar que o tabagismo tem relação com vários tipos de câncer, entre eles, pulmão, cavidade oral, laringe, faringe, esôfago, estômago, pâncreas, fígado, rim, bexiga, colo do útero, leucemias (INCA, 2015).

Dias (2011) enfatiza que o tabagismo é considerado uma das principais causas de óbito no mundo. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 30% da população adulta mundial são fumantes e cerca de 06 milhões de pessoas morrem anualmente por doenças tabaco-relacionadas. Deste total, 10% ou 600 mil pessoas são fumantes passivos.

Diehl e colaboradores (2011) lembram que cigarro industrializado é a forma de consumo prevalente em nossa sociedade. O tabaco é cultivado em todas as partes do mundo, sendo responsável por uma enorme atividade econômica. Apesar de seus danos é uma das drogas mais consumidas mundialmente (Medeiros, 2010).

Sardinha (2011) relata que a nicotina é um ingrediente psicoativo altamente indutor a dependência. O tabaco usado para produzir cigarros é ácido e, por isso, o fumante precisa tragar para que a nicotina seja absorvida nos pulmões.

A dependência é uma doença crônica caracterizada pela busca e uso compulsivo (inabilidade de resistir ao desejo) de determinada substância psicoativa, na qual um indivíduo despreza qualquer efeito ou evento adverso referente ao uso (SENAD, 2010).

É importante alertar que os danos causados à saúde pelo tabagismo, não são devidos somente à nicotina. Segundo Zanelatto & Laranjeira (2013), o cigarro contém mais de 4.700 substâncias, algumas cancerígenas e outras tóxicas para vários órgãos do corpo.

Rosemberg, (2003) explica que qualquer que seja a forma de consumir o cigarro, inclusive mascando-o, cria dependência, sendo o fumar mais intenso. As pessoas que fumam 20 cigarros (01 maço) por dia, tragando em média 10 vezes por cigarro, realizam 200 impactos de nicotina no cérebro, totalizando 73 mil por ano. Os consumidores que fumam apenas 01 cigarro por dia, pensam que isso nada representa para a saúde, porém recebem 3.650 impactos de nicotina nos centros nervosos em um ano.

Considerado uma doença crônica devido à dependência da nicotina, o tabagismo é reconhecido como uma dependência química que expõe os indivíduos a inúmeras substâncias tóxicas. Desde 1997, a dependência de nicotina está inserida na Classificação Internacional de Doenças (CID-10), item F 17.2 (Transtornos mentais e comportamentais decorrentes do uso de tabaco) no grupo de transtornos decorrentes do uso de substância psicoativa (Ribeiro & Laranjeira, 2012).

A dependência à nicotina chega a alcançar 70% a 90% dos fumantes, reforçando o tabagismo como uma doença e uma dependência que necessita de tratamento (Oyama, 2011).

Importante apresentar a definição de tabaco e de alguns termos relacionados ao tema:


Síndrome de abstinência

Conjunto de sinais e sintomas que surgem na suspensão do consumo de drogas geradoras de dependência física e psíquica. A cessação do uso da nicotina produz a síndrome de abstinência, a qual ocorre por falta de estimulação do sistema nervoso central causado pelo uso da nicotina (Fujita, 2013).

A síndrome de abstinência da nicotina é mediada pela noradrenalina e começa cerca de 8 horas após fumar o último cigarro, atingindo o auge no terceiro dia (Medeiros, 2010).

Ribeiro & Laranjeira (2012) alertam que embora o tabaco seja uma droga lícita (permitida por lei), não deve ser considerado leve. Medeiros (2010) destaca que a dependência de nicotina conta com 03 componentes, a dependência física; dependência psicológica; condicionamento:

Dependência física, responsável por sintomas da síndrome da abstinência;

Dependência psicológica, responsável pela sensação de ter no cigarro um apoio mecânico para lidar com sentimentos de solidão, frustração, pressões sociais;

Condicionamento, representado por hábitos associados ao fumar, presente na vida diária, muitas vezes durante anos.

O autor acrescenta que o grau de dependência à nicotina influência na maior ou menor dificuldade de abandonar o vício.

Pesquisa II LENAD - Tabaco

Pesquisa realizada sobre o tabaco em 2012 pelo INPAD (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Políticas Públicas do Álcool e outras Drogas), o II LENAD (Levantamento Nacional de Álcool e Drogas São Paulo), informou que existem no Brasil cerca de 20 milhões de fumantes e cerca de 70 milhões de fumantes passivos. O estudo comparou o índice do primeiro levantamento, realizado em 2006 onde a média de cigarros consumidos diariamente era de 12.9 e em 2012 subiu para 14.1.


A nicotina parece ser uma das drogas psicoativas de maior acessibilidade, pois a mesma apresenta um baixo custo e é aceita na sociedade de maneira legal.

Tabagismo e adolescência

O tabagismo, bem como o uso de outras substâncias psicoativas, tende a se estabelecer durante a adolescência. Quanto mais precoce a idade do início, maior a probabilidade do indivíduo tornar-se dependente da nicotina.

Ribeiro & Laranjeira (2012) afirmam que a adolescência é uma fase de desenvolvimento integral na qual ocorrem inúmeras modificações no organismo especialmente, no sistema nervoso central (SNC). Frequentemente é na fase escolar que o adolescente tem o primeiro contato com o mundo das drogas. O problema é que o uso precoce de drogas pode afastar o adolescente de seu desenvolvimento normal, impedindo-o de experimentar outras atividades importantes nesta fase da vida (Diehl et. al., 2011).

A curiosidade dos adolescentes é um dos fatores de maior influência na experimentação de substâncias psicoativas, entre essas, o tabaco, fazendo com que o jovem busque novas sensações e prazeres (Sardinha, 2011).

O adolescente sente-se “livre” das complicações e dos prejuízos ocasionados pelo tabaco, ou seja, não avalia as consequências que esse comportamento pode lhe trazer em longo prazo (Oliveira, 2009).

O levantamento do II LENAD tabaco revelou a facilidade que os adolescentes têm acesso ao cigarro, mesmo com a lei brasileira proibindo a venda para menores de 18 anos, 62% dos menores disseram que a idade nunca os impediu de comprar cigarros.

Lei Nacional Antifumo


(imagem reprodução)
Foi criado um marco legislativo fundamental, com a Lei Nacional Antifumo, válida em território nacional, Lei n° 12.546/2011, sendo regulamentada em 2014, a qual prescreve medidas de prevenção ao uso do cigarro e/ou tabaco.

A Lei Antifumo trouxe mudanças significativas extinguindo os fumódromos (espaço separado permitido especialmente para fumantes) e as propagandas de cigarro, permitidas apenas em ponto de vendas. A publicidade e a propaganda contribuíram para a disseminação do cigarro pelo mundo, demonstrando que o ato de fumar era profundamente prazeroso e relaxante e que funcionaria como um regulador de humor (Lang, 2014).

A sanção da Lei que proíbe os fumódromos representa um avanço, uma vez que deve contribuir para frear o consumo de cigarros em todo o Brasil. Pelas novas regras, fica proibido o consumo de cigarros, cachimbos, charutos, cigarrilhas ou de qualquer outro produto fumígeno em ambientes fechados de uso coletivo, como bares, restaurantes, casas noturnas e ambientes de trabalho.

Efeitos do uso do tabaco

Zanelatto (2013) relata que embora o primeiro cigarro fumado seja preponderantemente marcado por efeitos desagradáveis, por exemplo, dor de cabeça, tonturas, nervosismo, insônia, tosse e náusea, a diminuição desses sintomas é rápida e dessa forma o consumo diário se estabelece.

De acordo com Urbano (2008) a nicotina é utilizada comumente para estimular o sistema nervoso central, obter prazer, aumentar a agilidade e o desempenho nas tarefas, reduzir a ansiedade e o apetite. Em longo prazo, os resultados são terríveis. Os efeitos do uso do tabaco, segundo Diehl & Figlie (2014), são: elevação leve no humor; diminuição do apetite; diminuição do tônus muscular; dificuldade respiratória; tosses e espirros; aumento dos batimentos cardíacos; aumento da pressão arterial; aumento da frequência respiratória; aumento da atividade motora; aumento da concentração; diminuição da necessidade de sono.

Tabagismo e o Sistema Nervoso Central (SNC)

Diehl & Figlie (2014) aponta que nicotina é a principal substância psicoativa do tabaco e apresenta ação estimulante no sistema nervoso central (SNC).

Esse efeito ocorre porque a nicotina pode agir em diversos neurotransmissores, como a dopamina (responsável pelo aumento do prazer), a noradrenalina (influência no humor e no sono), a serotonina (desempenha um papel no organismo é como um neurotransmissor no cérebro) e a acetilcolina (substância liberada pelos nervos parassimpáticos durante seu funcionamento) (Zanelatto & Laranjeira, 2013).

A nicotina é principalmente absorvida pelos pulmões, na forma de cigarros, charutos e cachimbos oferecem absorção tanto pelos pulmões quanto pela mucosa bucal. Depois de estabelecida a dependência ao tabaco, a dificuldade em cessar com o tabagismo é alta, e geralmente proporcional ao número de cigarros fumados por dia e ao tempo de consumo da droga (Oyama, 2011).

Essa dependência significa uma necessidade compulsiva do uso da substância, e o resultado disto, é que o cigarro passa a ser controlador do comportamento do indivíduo (Ismael, 2007).

Nicotina e o pulmão

A nicotina, substância psicoativa que causa dependência, presente no tabaco é rapidamente absorvida pelos pulmões, atingindo o cérebro num período curto de tempo de 9 a 10 segundos (Zanelatto & Laranjeira, 2013). O organismo reage à nova substância, acostumando-se, com o passar do tempo a receber cargas frequentes da droga, cada tragada chama a próxima e em um prazo de um a três meses, a dependência se instala. Nesta fase se instala a tolerância, ou seja, ocorre a necessidade de quantidade maior de nicotina para alcançar os mesmo efeitos no sistema nervoso central (Ismael, 2007).

As autoras Diehl & Figlie (2014) relatam que segundo a OMS, o tabaco mata cerca de 06 milhões de pessoas a cada ano, sendo que mais de 05 milhões dessas mortes são resultados do uso direto do cigarro, enquanto 600 mil, resultado do fumo passivo.

Os custos econômicos do uso do cigarro também são péssimos, além dos gastos para a saúde pública decorrente dos tratamentos das doenças causadas pelo tabaco, outro dado importante, é o fato do tabaco matar pessoas que estão em fases produtivas em suas vidas (Figlie et. al., 2010).

Fumar e o alívio dos problemas

O comportamento do dependente de substâncias, entre eles, o usuário de cigarro, tem como características a busca pelo alívio. De acordo com Ismael (2007), o fumar começa igualmente a ser associado a diversas situações pelas quais o individuo passa: se ele está nervoso, fuma; se está tenso, fuma; se está triste, fuma, se tem que pensar em uma solução, e assim por diante, para cada uma das situações mencionadas, a resposta será o fumo

Passado o desconforto provocado pelas primeiras tragadas do cigarro, entre eles, mal-estar, tontura, náuseas, o fumante passa a experimentar uma sensação de prazer. Dá se a impressão que ao fumar, os problemas ficam menores, diminuindo a angústia, a inquietação, o estresse, muitas vezes o dependente sente-se mais seguro em suas atividades com o uso do cigarro.

É comum o fumante relatar que fumando, ele consegue relaxar, e isso, realmente ocorre por 20 ou 30 minutos, porém, passando o efeito da nicotina, ele vai acender outro cigarro, dando continuidade ao processo. Fujita (2013) enfatiza que os efeitos reforçadores da nicotina, estímulos ambientais, o sabor e o cheiro, o ato de segurar o cigarro na mão, vão se convertendo em elementos agradáveis quando ocorrem conjuntamente por um longo período.

O fumo é responsável por 30% das mortes por câncer; 25% das mortes por infarto do coração; 85% das mortes por doença pulmonar obstrutiva crônica (bronquite e enfisema); e 90% das mortes por câncer de pulmão (Dias, 2011).
Neoplasia Maligna

A neoplasia maligna, denominado tumor maligno (câncer) é uma doença que causa desespero. Bortolon (2010) definiu o câncer como uma doença que se caracteriza pelo crescimento rápido e invasivo de células com alteração em seu material genético. Esse crescimento pode incidir em um órgão específico, formando tumores localizados, ou se espalhar por todo o corpo, constituindo as metástases (Ambrosio, 2010).

Metástase, segundo a definição do Dicionário Online de Português refere-se ao surgimento de um tumor secundário ou menor, proveniente de um tumor maligno. O grau de malignidade de um tumor depende de alguns fatores: em que órgão ou parte do corpo ocorre, se permanece restrito a uma região ou propaga-se na forma de metástases, da rapidez com que cresce e em que medida afeta funções importantes ou vitais do corpo (Weber, 2012).

Nicácio (2009), explica que os tumores são classificados como benignos (o que não invade tecidos em que se não originou e não produz metástase) ou malignos (o que tem capacidade de invadir tecidos em que se não originou e de produzir metástase. O câncer sempre esteve atribuído a questões negativas como dor, sofrimento, morte etc. Essa correlação câncer/morte é angustiante e terrível, tanto para o próprio doente como para os seus familiares. A ocorrência de dor e de metástases aumenta a prevalência de depressão e ansiedade em pacientes acometidos pela doença (Miranda, 2014).

O processo de formação do câncer, em geral, se dá lentamente, podendo levar vários anos para uma célula cancerosa prolifere e dê origem a um tumor visível (Barbosa, 2014). Os principais órgãos acometidos por câncer são: boca, laringe, seios, sangue, pulmão, estômago, pâncreas, rins, cólon, reto, ovário, útero, bexiga, próstata e pele (Nicácio, 2009).

INCA (2015) informa que os cânceres de pulmão e de bexiga estão entre os 10 mais incidentes no Brasil. O principal fator para o desenvolvimento do câncer de pulmão e bexiga é o tabagismo.O câncer sempre esteve atribuído a questões negativas como dor, sofrimento, morte etc. Essa correlação câncer/morte é angustiante e terrível, tanto para o próprio doente como para os seus familiares (Lang, 2014).

Ao longo da trajetória do câncer, pacientes podem normalmente ser acometidos pela angústia psicológica, ansiedade, depressão e problemas de adaptação, os quais se intensificam na presença de dor física, efeitos do tratamento oncológico, dificuldades familiares, preocupações financeiras.

Diagnóstico

O diagnóstico da neoplasia maligna tem o poder de transformar o cotidiano e em geral provoca reflexões e mudanças na vida do paciente. Mesmo com os avanços da medicina em relação à cura do câncer, sabe-se que seu diagnóstico ainda é vivido de forma temida e sendo um momento de crise do indivíduo em situação de adoecimento (Silva, 2008).

Lang (2014) esclarece que a realização do diagnóstico da enfermidade é feita para classificar cada caso, independente da fase em que o câncer é detectado. O nome para essa classificação é estadiamento; ele é responsável por avaliar o grau em que se encontra a disseminação da doença. Através dessa classificação, os médicos podem propor o tratamento mais adequado a cada pessoa.

Os médicos patologistas fazem o diagnóstico histopatológico por biópsia ou ressecção do tumor e acusam se há ou não malignidade, revela o perfil do tumor e o estadiamento (Polato, 2012).

Por ser uma doença grave e debilitante, o diagnóstico de câncer muitas vezes tem um efeito devastador na vida do paciente, uma vez que o diagnóstico é tido como sentença de morte. De acordo com Polato (2012), devido à dificuldade para o diagnóstico precoce, a maioria apresenta estádios avançados no momento do diagnóstico.

A necessidade de se classificar os casos de câncer em estádios baseia-se na constatação de que as taxas de sobrevida são diferentes quando a doença está restrita ao órgão de origem ou quando ela se estende a outros órgãos (Souza, 2012).

Polato (2012) salienta que somente um terço dos pacientes submete-se à retirada total cirúrgica do tumor e, portanto, a maioria não é candidato a tratamento curativo necessitando de tratamentos paliativos: quimioterapia, radioterapia ou ambos. Em decorrência disso, o câncer de pulmão permanece como uma doença altamente fatal.

A partir do diagnóstico a vida do paciente passa por uma reviravolta, os inúmeros exames por se fazer, muitos deles invasivos e dolorosos, rompimento de atividades rotineiras e hospitalização (Silva, 2008).

As formas de tratamento irão depender do diagnóstico realizado, o tipo de câncer, bem como, da maneira em que se encontra a saúde do doente no momento do tratamento (Lang, 2014).

Merece atenção o entendimento de Silva (2008), muitos pacientes antecipam o luto quando se deparam com o diagnóstico da doença, apesar do desenvolvimento de novas modalidades terapêuticas até mesmo da cura do câncer.

Estimativa do número de casos novos de câncer 2016 válidas para 2017

O Instituto Nacional de Câncer (INCA) é o órgão auxiliar do Ministério da Saúde no desenvolvimento e coordenação das ações integradas para a prevenção e o controle do câncer no Brasil. As estimativas para o ano de 2016 válidas também para o ano de 2017 apontam a ocorrência de aproximadamente 596 mil casos novos de câncer, incluindo os casos de pele não melanoma. Entre os homens, são esperados 205.960 casos, e entre as mulheres, 214.350 (INCA, 2015).


Fonte: INCA/ Estimativa de câncer no Brasil, extraído do site: http://www.inca.gov.br/estimativa/2016/

No mundo, o número de pacientes oncológicos tem aumentado consideravelmente. Isso se deve a aspectos comportamentais como exposição ocupacional, dietas inadequadas e o tabagismo (Feitosa, 2012).

Tipos de câncer mais incidentes no mundo

Os tipos de câncer mais incidentes no mundo foram pulmão (1,8 milhão), mama (1,7 milhão), intestino (1,4 milhão) e próstata (1,1 milhão). Nos homens, os mais frequentes foram pulmão (16,7%), próstata (15,0%), intestino (10,0%), estômago (8,5%) e fígado (7,5%). Em mulheres, as maiores frequências encontradas foram mama (25,2%), intestino (9,2%), pulmão (8,7%), colo do útero (7,9%) e estômago (4,8%), (INCA, 2015).

É importante destacar que o tabagismo também representa o maior fator evitável de câncer e de outras doenças, como as cardiovasculares e pulmonares (Dias, 2011).

Pulmão o órgão mais atingido pelo tabaco



O câncer de pulmão é um dos tipos mais comuns de câncer, sendo ele responsável pelo maior número de neoplasias no mundo (Bortolon, 2010). Atualmente, o cigarro é visto como o “bode expiatório”, que deve ser combatido por ser considerado o principal causador do câncer de pulmão. Atualmente, de todas as neoplasias malignas, o câncer de pulmão é considerado a segunda causa de mortalidade no Brasil, sendo superado apenas pelas doenças cardiovasculares (Muller, 2011).

Estima-se que 80% a 90% da incidência de câncer de pulmão sejam atribuídas ao fumo (Polato, 2012). Trata-se de um problema de saúde pública global que tem uma elevada taxa de letalidade e poderia ser evitado em grande parte, com a redução do tabagismo (Souza, 2012).

O câncer de pulmão atinge milhões de pessoas, independentemente de classe social, cultural ou religiosa, sendo que o impacto do diagnóstico da enfermidade é na maioria dos casos angustiante tanto para o doente, como para seus familiares. Essa patologia é um dos tipos de câncer mais agressivos, possuindo uma razão mortalidade/incidência (M/I) de, aproximadamente, 90% (INCA, 2015).

Para a área médica, a referida neoplasia maligna apresenta-se como a enfermidade mais mortal em todo mundo, devido ao seu diagnóstico tardio (Lang, 2014). O autor relata ainda que o câncer de pulmão é uma doença que vem crescendo imensamente nas últimas décadas, sendo a principal causa de óbitos em homens e tendo um aumento relevante nos casos de mortalidade na população feminina, transformando-se em uma epidemia mundial.

A detecção do câncer de pulmão em estádios iniciais, por meio de ações de rastreamento, poderia aumentar a taxa de cura dos pacientes e consequentemente diminuírem as taxas de mortalidade, por esta neoplasia (Souza, 2012).

INCA (2015) informa que os cânceres de pulmão e de bexiga estão entre os 10 mais incidentes no Brasil. O principal fator para o desenvolvimento do câncer de pulmão e bexiga é o tabagismo (Lopes, 2015).

É bem documentado em estudos que a enfermidade câncer de pulmão origina-se a partir de uma única célula modificada nas vias aéreas traqueobrônquicas. Essa célula conecta-se ao DNA lesionando-o. Em consequência disso ocorrem alterações nas células, o desenvolvimento celular anormal e, logo em seguida, a transformação em uma célula maligna (Lang, 2014).

Um aspecto a ser destacado é o custo social do câncer de pulmão que pode ser classificado sob dois aspectos: os gastos com prevenção primária, diagnóstico, tratamento e acompanhamento e a diminuição da capacidade de produção causada pela redução do tempo potencial de trabalho, após o aparecimento da doença, devido à incapacidade ou morte (Souza, 2012)

Merece atenção o entendimento de Nicácio (2009), se um tumor for erradicado antes de produzir metástases, as chances de cura do indivíduo são muito grandes, mas existem ainda as metástases microscópicas de difícil diagnóstico que podem já existir no período da erradicação do tumor principal.

Sintomas

Os sintomas mais comuns do câncer de pulmão são a tosse e o sangramento pelas vias respiratórias. Nos fumantes, o ritmo habitual da tosse é alterado e aparecem crises em horários incomuns para o paciente (INCA, 2010).

Diagnóstico de Câncer de Pulmão

O câncer de pulmão é uma enfermidade altamente letal, haja vista que, quando detectado, já se encontra em estágio avançado, contendo uma alta taxa de incidência e mortalidade, as quais chegam a 86%.

Lang (2014) esclarece que em diversos casos, existe uma impressão de que há um maior e mais rápido desenvolvimento do tumor no câncer de pulmão do que em outras neoplasias, dificultando, dessa forma, um tratamento positivo. Após o diagnóstico desta enfermidade as chances de cura são pequenas e as probabilidades de sobrevida, muito baixas (Souza, 2012).

INCA (2011) independente da fase em que o câncer é detectado há necessidade de se classificar cada caso de acordo com a extensão do tumor. O diagnóstico do câncer de pulmão é realizado por meio de exames de imagem, como raios-X e tomografia computadorizada do tórax.

Uma vez obtida à confirmação da doença, é feito o estadiamento, que avalia o estágio de evolução, ou seja, estadiar um caso de neoplasia maligna significa avaliar o seu grau de disseminação, verificar se a doença está restrita ao pulmão ou disseminada por outros órgãos (INCA, 2011). O estadiamento é feito através de vários exames de sangue e radiológicos, como dosagens enzimáticas e ultrassonografia, respectivamente.

Em 85% dos casos o fumo é a causa da neoplasia, e o risco é associado à duração do hábito de fumar, ao número e tipo de cigarro fumado por dia (Uehara, 1998). Comparados aos não fumantes, os tabagistas têm cerca de 20 a 30 vezes mais risco de desenvolver câncer de pulmão (Mattos, 2009).

Em geral, o câncer de pulmão é tratado com cirurgia, quimioterapia, radioterapia ou uma combinação destes. Estes tratamentos podem expor o paciente a níveis de toxicidade e a incapacidades relevantes (Souza, 2012).

Dor torácica está presente em 27 a 49% dos casos de neoplasia de pulmão. O tipo de dor é frequentemente intermitente do lado do tumor, tornando-se intensa e persistente devido à extensão para mediastino, pleura ou parede torácica (Uehara e colaboradores, 1998).

Estimativa de Novos Casos de Câncer de Pulmão 

Os números de casos novos de câncer de pulmão estimados para o nosso país em 2016 é de 17.330 para o sexo masculino e 10.890 para o sexo feminino (INCA, 2015).



As taxas elevadas de câncer de pulmão na população masculina como na feminina, refletem exposição anterior ao tabagismo, enfatizando a necessidade de seu contínuo monitoramento e controle (Zamboni, 2002).

Após o diagnóstico desta enfermidade as chances de cura são pequenas e as probabilidades de sobrevida, muito baixas. Lang (2014) informou que o câncer de pulmão é a doença que possui o maior índice de mortalidade no Brasil e no mundo, quando em comparação com outros tipos de cânceres, sendo responsável por 1,3 milhões de mortes em todo o mundo.

Segundo os dados do INCA (2010), mais de 85% dos pacientes com essa neoplasia morrem nos primeiros cinco anos após o diagnóstico. De acordo com a OMS, o tabaco sozinho causa 71% das mortes por câncer de pulmão no mundo (Diehl & Figlie, 2014).

Prevenção

Com relação ao câncer do pulmão, a meta é mostrar à população os males causados pelo tabagismo e assim buscar uma mudança de comportamento dos fumantes, que podem possibilitar a prevenção e o diagnóstico precoce, que são fundamentais no controle da doença. (Lang, 2014)

A melhor forma de evitar que mais pessoas sofram as consequências desta doença é incentivar a cessação do tabagismo entre os fumantes e evitar a iniciação desse comportamento entre os não fumantes (Souza, 2012).

Conclusão

O câncer é uma das doenças mais graves que existem, vimos em especial o câncer de pulmão, a trajetória dessa investigação mostrou que esta neoplasia maligna é uma patologia agressiva e permanece como uma doença altamente fatal. Hoje em dia, o câncer é visto como uma moléstia, em alguns casos tratáveis, podendo vir até mesmo a ser curado, caso seja diagnosticado precocemente (Lang, 2014).

O cigarro é visto como o grande “vilão” por trás do câncer de pulmão, já que é considerado responsável pelo surgimento da doença. Segundo os médicos especialistas, somente com o controle do tabagismo que se pode reprimir o número de casos de câncer de pulmão (INCA, 2012).

O controle do tabaco permanece sendo a principal forma de redução da ocorrência desse tipo de neoplasia.

Neste texto observou-se que o tabagismo tem relação com vários tipos de câncer, entre eles, pulmão, cavidade oral, laringe, faringe, esôfago, estômago, pâncreas, fígado, rim, bexiga, colo do útero, leucemias (INCA, 2015). Nos casos de câncer de pulmão o tabagismo aumenta o risco de desenvolvimento desta neoplasia de 10 a 30 vezes (Souza, 2012).

Segundo os médicos especialistas, somente com o controle do tabagismo que se pode reprimir o número de casos de câncer de pulmão (INCA, 2015).

Onde procurar ajuda para parar de fumar



O site da SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina) informou que hoje qualquer cidadão que queira parar de fumar pode se dirigir a uma Unidade Básica de Saúde (UBS) ou a um Centro de Atenção Psicossocial – Álcool e Drogas (CAPS-AD), que será acolhido e imediatamente integrado a um grupo de tratamento para cessação de tabagismo.

No CRATOD (Centro de Referência de Álcool, Tabaco e outras Drogas) http://www.saude.sp.gov.br/cratod-centro-de-referencia-de-alcool-tabaco-e-outras-drogas/tratamento/locais-para-tratamento-de-tabagismo

*Adriana Moraes - Psicóloga da SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina) - Especialista em Dependência Química – Colaboradora do site da UNIAD (Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas).

Referências:
Barbosa, Antonieta. Câncer, direito e cidadania: como a lei pode beneficiar pacientes e familiares / Antonieta Maria Barbosa. – 15. Ed. São Paulo: Atlas, 2014.
Bertolote. J. M. Tradução e notas: J.M. Bertolote - Glossário de álcool e drogas/: Brasília: Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, 2010.
Bortolon, Fernanda Selhane – Análise nutricional em pacientes com câncer de pulmão metastático através da avaliação subjetiva global produzida pelo paciente / Fernanda Selhane Bortolon (mestrado) Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2010.
Centro de Referência de Álcool, Tabaco e outras Drogas http://www.saude.sp.gov.br/cratod-centro-de-referencia-de-alcool-tabaco-e-outras-drogas/tratamento/locais-para-tratamento-de-tabagismo
Dias, Hélia Maria. Programa de Controle do Tabagismo no município de Juiz de Fora: a especificidade do tratamento na atenção básica / Hélia Maria Dias. 2011. 124 f. Dissertação (Mestrado em Serviço Social) - Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2011.
Dicionário Online de Português. Disponível em: http://www.dicio.com.br/metastase/
Diehl, Alessandra. Dependência Química: prevenção, tratamento e políticas públicas / Alessandra Diehl – Daniel Cruz Cordeiro – Ronaldo Laranjeira - Porto Alegre: Artmed, 2011.
Diehl, Alessandra. Prevenção ao uso de álcool e drogas: o que cada um de nós pode e deve fazer? Um guia para pais, professores e profissionais que buscam um desenvolvimento saudável para crianças e adolescentes. Organizadores, Alessandra Diehl, Neliana Buzi Figlie – Porto Alegre: Artmed, 2014. 372p.
Feitosa EB. Influência da técnica de derivação urinária na qualidade de vida dos pacientes com câncer invasivo de bexiga submetidos a cistectomia radical. (Dissertação de mestrado). São Paulo: Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo; 2012.
Figlie, Neliana Buzi – Aconselhamento em dependência química / Neliana Buzi Figlie, Selma Bordin, Ronaldo Laranjeira. 2ª ed. São Paulo: Roca, 2010.
Fujita, Ângela Tamye Lopes. Características de personalidade e dependência nicotínica em universitários. 2013. 106p. Dissertação (Mestrado em Psicologia como Profissão e Ciência) – Pontifícia Universidade Católica de Campinas, centro de Ciências da Vida, Programa de Pós-Graduação em psicologia, Campinas, 2013.
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Integração de competências no desempenho da atividade judiciária com usuários e dependentes de drogas / organização de Paulina do Carmo A. Vieira e Arthur Guerra de Andrade. Brasília: Ministério da Justiça, Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, 2011.
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