segunda-feira, 3 de abril de 2017

Os riscos da catuaba, a bebida da moda


 


Por Redação Click Guarulhos
A Catuaba, bebida que mistura vinho, maçã e álcool com extratos de marapuama, guaraná e catuaba, “que antes era consumida mais em botecos, por um público mais velho e menos abastado, agora virou modinha – “catulovers” chamam-na de ´cool`, chamam-na de ´cult`, chamam-na de ´querida`, chamam-na de ´meu amor`”, informa o jornal Estadão.

Os atrativos são o preço baixo (média de R$ 12,00, mas nos diversos blocos proliferou a R$ 30,00 em média), o sabor (doce, mas com leve amargor) e a lenda de que seria um “estimulante sexual” (devido à presença do guaraná, da catuaba e da marapuama, o “Viagra da Amazônia”). E o fato de que virou moda, virou ´cult` entre a juventude, em especial entre as meninas.

Porém, o que não se propagandeia muito, é que a Catuaba, por ser bebida alcoólica, é potente substância psicoativa e, portanto, age como estimulante no sistema nervoso central, altera raciocínio e o comportamento de seus bebedores. O teor alcoólico da bebida é considerado muito alto: 14%, nas marcas originais, vendidas legalmente, pois não se pode saber quanto de álcool contém as versões “alternativas”, as falsificações já em circulação.

O fato de ser bebida barata e tristemente “cultuada” (tá na moda!) pode levar a várias situações de risco: uso abusivo ou excessivo (é muito acessível e, por isso, fácil de encontrar e consumir), iniciação ao uso de álcool (para autoafirmação, o jovem quer “estar na moda”, não quer “ficar por fora”) e porta de entrada para outras bebidas e/ou outras drogas (baladas e raves, e agora os blocos carnavalescos, sabidamente são ambientes altamente visados pelo tráfico de drogas ilícitas e pelo comércio de drogas lícitas).

Há, ainda, o risco de aquisição e ingestão de bebidas falsificadas, como já se tem notícias de vinhos “artesanais” ou “caseiros” e falsificação por quadrilhas especializadas de destilados, como vodca e uísque. Uma bebida com 14% de álcool já é potencialmente nociva. Imagine-se a bebida falsificada, em que o teor alcoólico é muito mais elevado, além de outros ingredientes desconhecidos.

Além do mais, como toda bebida alcoólica, mas, em especial, as de alto teor alcoólico, a Catuaba pode levar à dependência química do álcool (cientificamente comprovado, ao menos 10% das pessoas que ingerem bebidas alcoólicas desenvolvem a dependência química do álcool, mas não é possível definir quem pode fazer parte desses 10%, pois não há grupos de riscos para esta doença: todos e qualquer um são potencialmente sujeitos à dependência).

É preciso informar e esclarecer todos os públicos, em especial os mais jovens e, entre esses, as mulheres (estudos científicos apontam cada vez maior incidência de mulheres jovens entre consumidores de bebidas alcoólicas) sobre os riscos, perigos e consequências do consumo de álcool, em especial sobre esta bebida, a Catuaba, tristemente eleita como “a bebida da moda”.

Afinal, “a melhor forma de curar o vício é no início”, como cantam os Titãs na canção “A Melhor Forma”.

*Sérgio Scatolin, é professor de ensino fundamental, médio e universitário e agente de pastoral na Pastoral da Sobriedade na Diocese de Guarulhos, que atua na prevenção e recuperação de quaisquer tipos de dependências e no apoio a dependentes e co-dependentes (familiares e amigos de dependentes).

REFERÊNCIAS:
O Estado de S. Paulo (Estadão). ´Os Catulovers`: bebida sensação tem legião de fãs. Disponível em
http://bit.ly/2mTawK8
OBID – Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas e SENAD – Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas. Drogas de A a Z, Alcoolismo. Disponível em http://bit.ly/2mSmWoO
CISA – Centro de Informações sobre Saúde e Álcool. Aumenta o consumo de álcool entre as mulheres.
http://bit.ly/2lSWwy5

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