segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Dicas aos pais: como prevenir problemas com álcool?


 


O uso nocivo de álcool é definido pela Organização Mundial da Saúde como aquele que causa algum prejuízo, social ou de saúde, para o indivíduo que bebe ou a terceiros. Assim sendo, sabe-se que qualquer uso de álcool fica contraindicado para crianças e adolescentes, uma vez que seu sistema nervoso central ainda está em desenvolvimento e, portanto, mais suscetível ao comprometimento de importantes funções cerebrais.

No Brasil, a lei proíbe a oferta de bebidas alcoólicas antes dos 18 anos, e surge a preocupação de como os jovens acima dessa idade irão usufruir deste direito sem trazer malefícios para sua saúde, nem para a sociedade. Na realidade, desde o período final da adolescência, entre 15 e 19 anos, os jovens experimentam desejos de autonomia e mensagens sociais e de seus pares que são permissivos ou até mesmo promovem o uso de álcool, e muitas vezes o uso pesado, associado a maior risco de consequências negativas. Relatório recente da Organização Pan-Americana de Saúde revelou que o Brasil, dentre os países da região das Américas, apresenta o maior índice de mortes atribuíveis ao álcool nesta faixa etária (como por agressões e acidentes de trânsito).

Pesquisas científicas mostram que determinadas atitudes dos pais são capazes de proteger os filhos do uso nocivo e pesado de álcool na idade adulta, e de seu uso precoce, ou seja, antes da idade permitida, ou antes que seu sistema nervoso esteja mais preparado. São chamados de “fatores proteção” aqueles que, quando presentes, associam-se a menos risco em relação ao beber. Em paralelo, atitudes que influenciem negativamente este comportamento são chamadas “fatores de risco”.

O suporte em questões gerais, monitoramento e boa comunicação entre pais e filhos são fatores de proteção bem conhecidos, e o apoio é caracterizado quando os pais demonstram cuidado, atenção e aceitação para com seus filhos. Além disso, é necessário que exista consistência: a simples desaprovação do beber direcionada apenas aos filhos, mas com o ambiente de casa permissivo ao uso frequente e intenso de bebidas pelos adultos não tem efeitos positivos; logo, é preciso agir de acordo com o que é passado aos adolescentes. A desaprovação do uso nocivo de álcool, como o controle do uso por todos dentro de casa, e a evitação de exemplos errados, como beber e dirigir, ou beber sem se alimentar, associa-se a efeitos protetores.



São orientações aos pais ou responsáveis por crianças e adolescentes:

Evitar o consumo de álcool pesado (para tirar dúvidas sobre padrões de consumo, acesse: http://cisa.org.br/artigo/4405/padroes-consumo-alcool.php);

* Não permitir que seus filhos criem o hábito de beber em casa;
* Conhecer as atividades e o ciclo de amizades dos filhos;
* Estabelecer relação afetuosa e de confiança com os filhos;
* Ter cuidado para que os filhos se sintam confortáveis em conversar sobre qualquer assunto, e dessa forma se sintam aceitos e amparados;
* Imposição de disciplina, com estabelecimento de regras claras e consequências para quando são quebradas; com cumprimento do que for estabelecido (muito relevante para a proibição do beber antes dos 18 anos);
* Procurar realizar atividades juntos, em lazer ou no cotidiano (refeições).



A comunicação entre pais e filhos específica sobre o álcool, ou a proibição explícita e coercitiva ao uso de álcool, quando não acompanhadas desses comportamentos protetores, não demonstram ser estratégias efetivas.

Sendo assim, o CISA incentiva fortemente a construção de vínculos familiares saudáveis, com o objetivo de proteger crianças e adolescentes do uso de álcool precoce, assim como do beber intenso, frequente e problemático quando adultos ou em situações mais vulneráveis. Nem sempre esta é uma tarefa simples, e pode ser necessário procurar ajuda de profissionais da área de saúde mental para auxiliar na comunicação. Da mesma forma, os pais podem procurar profissionais da área para o trabalho individual com os adolescentes, com técnicas em habilidades sociais e de recusa ao beber, desenvolvimento de limites, resolução de problemas e resiliência.

Aproveite para ficar ainda mais informado sobre este assunto com nossos materiais educativos: Manual e vídeo "Como falar sobre uso de álcool com seus filhos".
Fonte:CISA - Centro de Informações Sobre Saúde e Álcool

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Pipas ao vento

Pipas ao vento   

Você já viu pipa voar a favor do vento?

Claro que não. Por mais frágil que seja, de papel de seda e taquara, nenhuma se dá ao exercício fácil de voar levada suavemente pelas mãos de alguma corrente. Nunca. Elas metem a cara, vão em frente.

Têm dessa vaidade de abrir mão da brisa e preferir a tempestade. Como se crescer e subir fosse descobrir em cada vento contrário uma oportunidade.

Como se viver e brilhar fosse ter a sabedoria de ver uma lição em cada dificuldade.

No fundo, todo mundo deveria aprender na escola a empinar pipas. Para entender, desde cedo, que Deus só lhes dá um céu imenso porque têm condições de alcançá-lo.

Assim como nos dá sonhos, projetos e desejos, quando possuímos os meios de realizá-los.

* * *

A pipa, também chamada papagaio de papel, pandorga ou raia, é um brinquedo que voa, baseado na oposição entre a força do vento e a força da corda segurada pelo operador.

Ela tem no vento o seu aliado, mesmo quando ele sopra em direção oposta. A pipa precisa do vento contrário para manter-se lá em cima.

Assim são as lutas da vida, companheiras que, tantas vezes, julgamos indesejáveis, que aparentam estar nos puxando para baixo e nos atrapalhando o caminho, quando na verdade, estão nos impulsionando para frente.

Os problemas encontrados na nossa caminhada nos mostram que chegou o momento de lutar ou, caso contrário, não encontraremos as soluções desejadas.

Não tenhamos a ilusão de que alcançaremos a felicidade futura sem esforço. As dificuldades fazem parte do processo de evolução de todos nós.

Problemas de saúde, na família, desentendimentos, desequilíbrios financeiros são mecanismos que as Leis de Deus nos oferecem para estimular-nos ao avanço.

Às vezes, as pequenas aflições encontradas no presente poderão servir de experiência para enfrentarmos uma grande adversidade que nos aguarda no tempo futuro.

Toda a vida é um processo contínuo de ação.

A luta é um desafio abençoado que a lei do progresso nos impõe.
Lutamos contra as nossas imperfeições, pela aquisição de valores morais elevados, por nos superarmos a cada dia no campo moral, ético, físico e intelectual.

Há lutas para defender os fracos, lutas contra preconceitos de diversos tipos, lutas pela paz, lutas para vencermos todos os problemas que nos afligem.

Sejamos como as pipas, que usam a adversidade para subir às alturas. Saibamos usar essas dificuldades para nos elevar e crescer na direção de Deus.

E que o nosso objetivo seja alcançar um céu de felicidade plena.

* * *

É necessário lutar em paz, alegremente, sabendo que os Bons Espíritos estarão lutando ao nosso lado em nome do lutador incessante que é Jesus, que até hoje não descansa nem desanima, embora permanecendo conosco.

Lutemos, pois, com entusiasmo, renovando as nossas energias, antes que as exaurindo, para que, longos, profícuos e abençoados sejam os nossos dias na face da Terra, quando terminar a nossa oportunidade de serviço e luta.
Fonte: (www.momento.com.br)


Diretrizes no tratamento do delirium tremens


 

Embora os sintomas possam ser leves e sem alterações importantes da consciência, casos graves podem ocorrer, inclusive fatais. Dentre as recomendações das diretrizes destacamos as seguintes:

1. A principal classe de drogas a ser usada para o controle da síndrome são os benzodiazepínicos, sendo os mais estudados o diazepam e o lorazepam.

2. Neuroléticos como o Haloperidol não devem ser usados como primeira escolha, pois os trabalhos científicos mostraram que os benzodiazepínicos são mais eficazes e bem tolerados. Podem, no entanto, ser usados em conjunto com os benzodiazepínicos, caso estes não controlem adequadamente a agitação e confusão mental.

3. Antihipertensivos do grupo dos Betabloqueadores como o propranolol e o atenolol não devem ser usados para o tratamento de todos os pacientes, pois não há trabalhos mostrando que o uso rotineiro destes agentes traz benefícios adicionais aos benzodiazepínicos. Estes medicamentos devem ser utilizados principalmente em indivíduos que mantenham hipertensão e taquicardia mesmo com o uso dos benzodiazepínicos.

O artigo cita que outras drogas tem sido estudadas para o tratamento do problema, incluindo carbamazepina, clonidina, dexametasona, anticonvulsivantes, bromoperidol e álcool etílico, mas até o momento não há evidências científicas sólidas que estas drogas são eficazes.
Fonte:CISA - Centro de Informações Sobre Saúde e Álcool 

As drogas que afligem a ONU


 


(Imagem reprodução)
Extra Globo / Rio de Janeiro
Por: Victor Poubel

Segundo um relatório divulgado pelo Conselho Anti-Narcóticos da ONU, o consumo mundial de drogas estabilizou, mas continua sendo um problema global. Estima-se que entre 162 e 324 milhões de pessoas, que corresponde entre 3,5 e 7 por cento da população mundial com idades entre 15 e 64 anos, tenham usado drogas ilícitas pelo menos uma vez.

As principais substâncias consumidas listadas foram a cannabis (maconha), o ópio, a cocaína e o ecstasy, sendo esta última, a segunda droga ilícita mais consumida no mundo, com índice de 23,4%. Um dado positivo do relatório foi ter apontado o Brasil como o país que mais apreendeu ecstasy no mundo, com cerca de 339 mil tabletes da droga sintética.

Um problema persistente é a utilização da "Internet Negra", que movimenta um mercado ilícito e virtual do tráfico e comércio de drogas, gerando dificuldades de rastreamento por parte das autoridades. Os traficantes ali buscam permanecer ocultos através de softwares sofisticados e provedores estabelecidos em países sem qualquer controle da rede.

Apesar de o consumo mundial parecer estável, o de cocaína no Brasil dobrou em quase 10 anos e já é quatro vezes maior que a média mundial. O índice de usuários era de 0,7 da população brasileira entre 12 e 65 anos em 2001, passou para 1,75 no final de 2011, ultrapassando a taxa mundial de 0,4%.

Na contramão do mundo está o Afeganistão que possui o maior cultivo de papoula do mundo, viu ainda aumentar sua área de cultivo de 154 mil hectares em 2012, para 209 mil hectares em 2013. E ainda, o relatório mostra a Bolívia como o maior fornecedor de cocaína do Brasil, além da Colômbia e o Peru.

O relatório também constata ser incipiente o tratamento dos usuários de drogas, diante do estrago que produz à saúde humana. Nos últimos anos, apenas um em cada seis consumidores de drogas a nível mundial teve acesso ou recebeu serviços de tratamento de dependência de drogas a cada ano.

Um outro dado interessante revela que, nos Estados Unidos, o risco percebido inferior do uso de cannabis levou a um aumento do seu consumo. Ao mesmo tempo, mais pessoas que consomem estão procurando tratamento a cada ano, numa clara evidência dos danos provocados à saúde.

Com os meios legais disponíveis no Brasil, não resta outra alternativa senão aliar a repressão aos traficantes com parte preventiva, no que tange à informação. A prevenção necessita estender seus tentáculos em todos os segmentos da sociedade para se criar um ciclo de informações capaz de gerar consciência sobre a questão das drogas e seus malefícios, o que serviria para inibir voluntariamente o consumo. Baixando a procura, reduz a demanda.
Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Saiba mais sobre as Anfetaminas...

Anfetaminas 

As anfetaminas são drogas estimulantes da atividade do sistema nervoso central, isto é, fazem o cérebro trabalhar mais depressa, deixando as pessoas mais “acesas”, “ligadas”, com “menos sono”, “elétricas” etc.

São chamadas de “rebite”, principalmente entre os motoristas que precisam dirigir durante várias horas seguidas sem descanso, a fim de cumprir prazos predeterminados. Também são conhecidas como “bola” por estudantes que passam noites inteiras estudando, ou por pessoas que costumam fazer regimes de emagrecimento sem acompanhamento médico.

        Nos Estados Unidos, a metanfetamina (uma anfetamina) tem sido muito consumida na forma fumada em cachimbos, recebendo o nome de “ICE” (gelo).

       Outra anfetamina, metilenodioximetanfetamina (MDMA), também conhecida pelo nome de “êxtase”, tem sido uma das drogas com maior aceitação pela juventude inglesa e agora, também, apresenta um consumo crescente nos Estados Unidos.


As anfetaminas, são drogas sintéticas, fabricadas em laboratório. Não são, portanto, produtos naturais. Existem várias drogas sintéticas que pertencem ao grupo das anfetaminas, e como cada uma delas pode ser comercializada sob a forma de remédio, por vários laboratórios e com diferentes nomes comerciais, temos um grande número desses medicamentos, conforme mostra a tabela a seguir.

Nomes comerciais de alguns medicamentos à base de drogas tipo anfetamina, vendidos no Brasil.

Dados obtidos do Dicionário de Especialidades Farmacêuticas – DEF – 2002/2003.

AnfetaminaProdutos (nomes comerciais) vendidos em farmácias
Dietilpropiona ou AnfepramonaDualid S®; Hipofagin S®; Inibex S®; Moderine®
FenproporexDesobesil-M®
MazindolFagolipo®; Absten-Plus®
MetanfetaminaPervitin®*
MetilfenidatoRitalin
* Retirado do mercado brasileiro, mas encontrado no Brasil graças à importação ilegal de outros países sul-americanos. Nos Estados Unidos é cada vez mais usado sob o nome de ICE.

Efeitos no cérebro:        

       As anfetaminas agem de maneira ampla afetando vários comportamentos do ser humano. A pessoa sob sua ação tem insônia (isto é, fica com menos sono), inapetência (perde o apetite), sente-se cheia de energia e fala mais rápido, ficando “ligada”.

Assim, o motorista que toma o “rebite” para não dormir, o estudante que ingere “bola” para varar a noite estudando, um gordinho que as engole regularmente para emagrecer ou, ainda, uma pessoa que se injeta com uma ampola de Pervitin® ou com comprimidos dissolvidos em água para ficar “ligadão” ou ter um “baque” estão na realidade tomando drogas anfetamínicas.

       A pessoa que toma anfetaminas é capaz de executar uma atividade qualquer por mais tempo, sentindo menos cansaço. Este só aparece horas mais tarde, quando a droga já se foi do organismo; se nova dose for tomada as energias voltam, embora com menos intensidade. De qualquer maneira, as anfetaminas fazem com que o organismo reaja acima de suas capacidades, esforços excessivos, o que logicamente é prejudicial para a saúde. E, o pior é que a pessoa ao parar de tomar sente uma grande falta de energia (astenia), ficando bastante deprimida, o que também é prejudicial, pois nem consegue realizar as tarefas que normalmente fazia anteriormente ao uso dessas drogas.

Efeitos sobre outras partes do Corpo:

       As anfetaminas não exercem somente efeitos no cérebro. Assim, agem na pupila dos olhos produzindo dilatação (midríase); esse efeito é prejudicial para os motoristas, pois à noite ficam mais ofuscados pelos faróis dos carros em direção contrária. Elas também causam aumento do número de batimentos do coração (taquicardia) e da pressão sangüínea. Também pode haver sérios prejuízos à saúde das pessoas que já têm problemas cardíacos ou de pressão, que façam uso prolongado dessas drogas sem acompanhamento médico, ou ainda que se utilizam de doses excessivas.

Efeitos Tóxicos:

       Se uma pessoa exagera na dose (toma vários comprimidos de uma só vez), todos os efeitos anteriormente descritos ficam mais acentuados e podem surgir comportamentos diferentes do normal: fica mais agressiva, irritadiça, começa a suspeitar de que outros estão tramando contra ela – é o chamado delírio persecutório  Dependendo do excesso da dose e da sensibilidade da pessoa, pode ocorrer um verdadeiro estado de paranóia e até alucinações. É a psicose anfetamínica. Os sinais físicos ficam também muito evidentes: midríase acentuada, pele pálida (devido à contração dos vasos sangüíneos) e taquicardia. Essas intoxicações são graves, e a pessoa geralmente precisa ser internada até a desintoxicação completa. Às vezes, durante a intoxicação, a temperatura aumenta muito e isso é bastante perigoso, pois pode levar a convulsões.

       Finalmente, trabalhos recentes em animais de laboratório mostram que o uso continuado de anfetaminas pode levar à degeneração de determinadas células do cérebro. Esse achado indica a possibilidade de o uso crônico de anfetaminas produzir lesões irreversíveis em pessoas que abusam dessas drogas.

Aspectos Gerais:

       Quando uma anfetamina é continuamente tomada por uma pessoa, esta começa a perceber, com o tempo, que a cada dia a droga produz menos efeito; assim, para obter o que deseja, precisa tomar a cada dia doses maiores. Há até casos que de 1 a 2 comprimidos a pessoa passou a tomar até 40 a 60 comprimidos diariamente. Esse é o fenômeno de tolerância, ou seja, o organismo acaba por se acostumar ou ficar tolerante à droga. Por outro lado, o tempo prolongado de uso também pode trazer uma sensibilização do organismo aos efeitos desagradáveis (paranóia, agressividade etc.), ou seja, com pequenas doses o indivíduo já manifesta esses sintomas.

       Discute-se até hoje se uma pessoa que vinha tomando anfetamina há tempos e pára de tomar apresentaria sinais dessa interrupção da droga, ou seja, se teria uma síndrome de abstinência. Ao que se sabe, algumas podem ficar nessas condições em um estado de grande depressão, difícil de ser suportada; entretanto, não é regra geral.

Informações sobre consumo:

       O consumo dessas drogas no Brasil chega a ser alarmante, tanto que até a Organização das Nações Unidas vem alertando o Governo brasileiro a respeito. Por exemplo, entre estudantes brasileiros do ensino fundamental e do ensino médio das dez maiores capitais do País, 4,4% revelaram já ter experimentado pelo menos uma vez na vida uma droga tipo anfetamina. O uso freqüente (6 ou mais vezes no mês) foi relatado por 0,7% dos estudantes, sendo mais comum entre as meninas.

       Outro dado preocupante diz respeito ao total consumido no Brasil: em 1995atingiu mais de 20 toneladas, o que significa muitos milhões de doses.

Fonte: CEBRID - Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas
Livreto Informativo Sobre Drogas Psicotrópicas - Anfetaminas

Frases para refletir...

... "Creio no riso e nas lágrimas como antídotos contra o ódio e o terror." (Charles Chaplin)
... "Ninguém é igual a ninguém. Todo o ser humano é um estranho ímpar." (Carlos Drummond de Andrade)
... "Todos fecham seu olhos quando morrem, mas nem todos enxergam quando estão vivos." (Augusto Cury)
... "Violência gera violência, os fracos julgam e condenam, porêm os fortes perdoam e compreendem." (Augusto Cury)
... "Construí amigos, enfrentei derrotas, venci obstáculos, bati na porta da vida e disse-lhe: Não tenho medo de vivê-la." (Augusto Cury)
... "Tudo vale a pena quando a alma não é pequena." (Fernando Pessoa)

Cocaína se ´populariza` mais do que crack em usuários de Alagoas


 


(Imagem Reprodução)
Tribuna Hoje
Preço atrai usuários de crack com diferença mínima ofertada por traficantes para uma droga ´mais qualificada`
Ana Paula Omena / Tribuna Independente

São poucas as clínicas especializadas na recuperação de dependentes químicos e os custos são elevados

O número maior de apreensões de cocaína que de crack em Alagoas, observada por profissionais que lidam com a segurança pública e com políticas de prevenção as drogas, reforçou que houve uma migração de usuários de crack para a cocaína no Estado.

Indagado sobre este aumento de apreensões de cocaína, o delegado responsável pela Delegacia de Repressão ao Narcotráfico (DRN), Gustavo Henrique, disse não haver nenhuma pesquisa científica que comprove que o preço ofertado pelos traficantes está atraindo usuários de crack para a droga antes vista somente em áreas nobres.

“O preço do varejo, bem como do atacado da cocaína é quase o mesmo, a diferença é mínima e os usuários tem uma droga de qualidade superior ao crack”, observou. Segundo o delegado, enquanto o quilo da cocaína custa R$ 20 mil, o quilo do crack gira em torno de R$ 15 mil. Ao usuário, um grama de cocaína sai em torno de R$ 50 a 60, enquanto a do crack R$ 40 a 50.

“No passado, o preço da cocaína era o dobro, hoje encontramos com valores semelhantes o que acaba por atrair o usuário de crack por ser um entorpecente de melhor qualidade”, avaliou.

Somente em 2015, a DRN apreendeu 33 quilos de cocaína no Estado, contra 23 quilos e meio em 2014. O crack veio em seguida com uma menor quantidade, foram 31 quilos apreendidos em 2015, contra 25 quilos no em 2014. Em 2013, de acordo com os dados da delegacia especializada, foram apenas nove quilos de cocaína apreendidos e 58 quilos de crack.

“Elementos práticos indicam esta migração do crack para a cocaína quando são tiradas de circulação”, salientou Gustavo Henrique.

Noélia Costa, presidente do Fórum Permanente de Combate às Drogas, ficou surpresa com a informação, e lamentou que políticas públicas fossem frágeis para evitar a situação de dependência química que assola a população alagoana.

“Sentimos dificuldade de encontrar vagas para os dependentes de drogas, têm as comunidades terapêuticas e comunidades acolhedoras, mas o governo terceirizou e só existe hoje o Portugal Ramalho. Existem também as clínicas particulares involuntárias que o governo banca o tratamento que custa R$ 4.600 cada paciente, que estão devendo e algumas pretendem até fechar as portas”, revelou Noélia Costa.

Ex-usuário da cocaína diz que é possível vencer a dependência
Raul Silva (pseudônimo) está há três anos “limpo” da dependência da cocaína. Ele que começou com 34 anos usando a droga, diz que a mesma tem um efeito devastador: “No primeiro momento é puro prazer, depois vem a depressão, você sente vontade de morrer, de se matar, sua autoestima vai a zero”, relembrou.

O ex-usuário disse que usava cerca de seis gramas de cocaína por dia, um gasto médio de R$ 4.500 por mês. “Eu conseguia trabalhar, pagar minhas contas, mas estava comprometendo a minha saúde e a da minha família, por pouco não me separei da minha esposa que na época não sabia do meu uso da droga, embora a cocaína fosse a minha companheira inseparável, quando sentia vontade corria para um banheiro e usava”, revelou.

Raul foi mais além após parar de usar a cocaína, ele fez um curso técnico em dependência química e atualmente ajuda clínicas de recuperação com orientações, acompanhamento e palestras.

Para ele, a ajuda da família foi fundamental na sua luta contra a dependência química, bem como a religião.

“A família sofre ainda mais que a gente que está no uso do entorpecente, fui ao fundo do poço, mas sobrevivi, existe volta, basta querer, não é fácil e nem difícil, mas é possível vencer”, destacou Raul.

Uso da droga pode ser mais incentivado que crack, diz secretário

De acordo com o secretário de Estado de Prevenção à Violência (Seprev/AL), Jardel Aderico, o que pode estar acontecendo, é que o consumo da cocaína esteja sendo mais incentivado do que o consumo de crack.

“Por quê? Ainda não existe uma resposta certa para isso. O que existem são diversas interpretações: uma delas é talvez o próprio tráfico, na sua concepção de negócio, tenha percebido ou avaliado muito mais lucratividade e força no comércio da cocaína. O que se percebeu nos nossos serviços foi um aumento no acolhimento de dependentes químicos de cocaína. Ainda não dá para fechar números exatos sobre isso, mas existe uma percepção da nossa equipe de que há um aumento de usuários de cocaína e uma diminuição dos usuários de crack”, explicou.

O secretário disse ainda que as comunidades acolhedoras não mudaram sua forma de atuação diante desta mudança. Porém há uma clareza de que as consequências do uso da cocaína, no ponto de vista social, não são tão perceptíveis. “A gente consegue conviver com o usuário de cocaína sem perceber que ele é usuário. Nota-se que o dependente de cocaína tem maior dificuldade de perceber que ele precisa de ajuda, leva mais tempo que o usuário de crack. Então há cada vez mais a necessidade do trabalho dos Anjos da Paz para que o serviço se aproxime mais das pessoas e construa nestes ambientes processos de conscientização”, ressaltou.

“Essa talvez seja a diferença entre o usuário de cocaína e de crack: o primeiro consegue disfarçar melhor a relação com a droga, o segundo se afunda socialmente muito mais rápido. É preciso que a gente consiga compreender um pouco essa diferença e entender que a rede de acolhimento vai ter que considerar essa realidade e se preparar para atuar com esse cenário social diferente. Repito, não é a droga, mas sim o entorno social dela. O usuário dessa droga e a forma dele lidar com ela. É sobre isso que vamos atuar”, concluiu.
Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas