sábado, 3 de setembro de 2016

Alcoolismo: 10 danos à saúde


 

O consumo excessivo e continuado de álcool aumenta o risco para complicações de saúde. Os efeitos do álcool sobre cada indivíduo são diferentes e dependem de uma série de fatores, mesmo quando consumido em quantidades iguais. Além disso, ainda que o consumo leve a moderado de álcool - até uma ou duas doses* por dia, respeitando ao menos dois dias de intervalo em uma semana e não ultrapassando este limite - possa contribuir na diminuição do risco de doenças cardiovasculares, maiores quantidades podem elevar esse risco.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), não existe um padrão de consumo de álcool seguro e livre de riscos. Quando o uso de álcool assume um papel de destaque na vida do indivíduo, ocorrendo com muita frequência e em quantidades maiores que planejado, pode-se estar diante de um quadro de alcoolismo (saiba mais em: http://www.cisa.org.br/artigo/4010/-que-alcoolismo.php).

Confira a seguir como o alcoolismo implica aumento do risco para várias complicações de saúde, como doenças do fígado, problemas gastrointestinais, pancreatite, neuropatias periféricas, problemas cardiovasculares, prejuízos cerebrais, imunolóicos, anemias, osteoporose e câncer. Vale lembrar que, para algumas pessoas, de acordo com idade, gênero e aspectos individuais de saúde, o consumo pesado e continuado de bebidas alcoólicas por muitos anos, mesmo que não seja diagnosticado como alcoolismo, pode estar relacionado às doenças mencionadas.

Doenças do fígado
O álcool consumido é metabolizado pelo fígado e, por isso, esse órgão tem grande potencial de ser lesionado. A doença alcoólica de fígado é diretamente influenciada pela quantidade consumida de álcool e pelo uso crônico, isto é, ao longo de vários anos. Estima-se que entre 90% e 100% dos bebedores pesados crônicos desenvolvam doença hepática gordurosa (acúmulo de gordura no fígado) como consequência precoce e ainda reversível. Com a manutenção do consumo, o álcool pode causar inflamação do órgão - hepatite alcóolica. Até 40% desses casos podem evoluir para cirrose - inflamação crônica irreversível do fígado que altera sua capacidade de funcionar adequadamente. Os sintomas da insuficiência hepática, ou seja, do mau funcionamento do fígado, como náuses e vômitos, redução de apetite, amarelamento da parte branca dos olhos e da pele, e maior propensão a sangramentos, só aparecem quando um grande e irreversível dano ao órgão já ocorreu. Já os sinais, que podem ser identificados com exames complementares, como alteração de enzimas hepáticas, e das frações de proteínas, são alterados anteriormente.

Problemas gastrointestinais
O consumo excessivo de álcool pode causar lesões e inflamação no aparelho digestivo, como esôfago e estômago, com sangramentos, vômitos e sintomas de refluxo, como azia e dor na porção superior do abdômen. Além disso, o álcool interfere na secreção do suco gástrico (secreção produzida pelo estômago) e no tempo de esvaziamento estomacal, interferindo na digestão e no risco para desenvolvimento de úlceras.

Pancreatite
A pancreatite (inflamação do pâncreas) aguda é um quadro grave e muitas vezes exige que o indivíduo se dirija a serviço de pronto-atendimento para controle dos sintomas, como dor abdominal intensa. A repetição de quadros de pancreatite aguda pode levar à pancreatite crônica, com mau funcionamento do pâncreas de forma irreversível, o que causa outros problemas para a saúde. O abuso de álcool é a principal causa de pancreatite. Em geral, ocorre com o passar de 5 a 10 anos de consumo pesado e mantido. Como consequência, sabe-se que a taxa de mortalidade de pacientes com pancreatite alcoólica é cerca de 36% mais elevada do que para a população geral.

Neuropatia periférica
Aproximadamente 10% dos indivíduos alcoolistas desenvolvem um quadro de deterioração do funcionamento dos nervos dos pés e das mãos, resultando em sintomas de dormência, formigamento e outras alterações de sensibilidade. Os sintomas podem melhorar com a abstinência do álcool.

Problemas cardíacos e vasculares
O uso pesado de álcool aumenta a liberação de hormônios relacionados ao estresse que atuam na contração de vasos sanguíneos e influenciam na pressão arterial, podendo causar hipertensão. Além disso, o consumo pesado por período prolongado de álcool também leva ao aumento da fração nociva do colesterol (conhecido como LDL), triglicerídeos, e à alteração no funcionamento de plaquetas. Assim sendo, eventos como arritmias, inflamação do músculo cardíaco (miocardiopatia) e infartos agudos são consequências possíveis do alcoolismo. A mesma lógica que funciona para o prejuízo das artérias do coração, chamadas de coronárias, também existe para artérias de outros órgãos do corpo, como o cérebro; portanto, o beber pesado e crônico também aumenta o risco para acidente vascular cerebral (AVC).

Prejuízos cerebrais 
O álcool atua como depressor do sistema nervoso central, interferindo diretamente em mecanismos cerebrais. Seu uso excessivo pode causar dificuldades no raciocínio, como resolução de problemas simples, além de alterar o senso de perigo e o comportamento. Problemas de insônia e má qualidade do sono, com sensação de um sono “fragmentado”, são queixas comumente associadas ao uso abusivo de bebidas alcoólicas. O uso pesado e crônico pode prejudicar ainda o equilíbrio e a coordenação motora, devido ao seu efeito tóxico no cerebelo, além da diminuição dos reflexos, aumentando as chances de acontecerem quedas. Ainda, em indivíduos alcoolistas existe o risco de quadros de demência. Deficiências vitamínicas, como a da vitamina B1 (tiamina), contribuem para o risco de demência alcoólica, um quadro grave e irreversível.

Disfunções imunológicas
Pode ocorrer enfraquecimento e prejuízo no funcionamento do sistema imunológico com o uso pesado crônico de álcool, aumentando o risco de infecções, como pneumonia e tuberculose. Tal padrão de consumo de álcool interfere na contagem de células brancas no sangue e altera a capacidade de combater infecções. Além disso, durante o período inicial de intoxicação alcoólica pode ocorrer um estado pró-inflamatório, o que aumenta a chance de complicações se houver algum acidente ou lesão, ou se o indivíduo apresentar alguma doença pré-existente.

Anemia
Quadros de desnutrição relacionados ao uso pesado de álcool (o uso crônico de 4 a 8 doses ao dia, em média), e por muito tempo, podem ocorrer tanto por adotarem dieta nutricionalmente pobre como pela diminuída absorção de nutrientes no trato gastrointestinal. A deficiência de vitamina B12 ou ácido fólico, somada ao efeito tóxico do álcool, pode levar à anemia macrocítica ou megaloblástica. Neste quadro, a formação de glóbulos vermelhos (hemácias) fica alterada, levando a pior funcionamento e capacidade de levar o oxigênio às células do corpo.

Osteoporose
O consumo crônico de álcool ao longo da vida pode influenciar na saúde dos ossos, especialmente no processo de mineralização óssea, aumentando o risco de desenvolvimento de osteoporose em idades mais avançadas. O grande perigo da osteoporose é o maior risco de fraturas. Sabe-se ainda que o álcool pode interferir no equilíbrio metabólico do cálcio e na produção de vitamina D, o que pode contribuir para complicações ósseas. Para as mulheres, o consumo excessivo de álcool está relacionado ao maior aumento da perda óssea em todas idades.

Câncer
O consumo pesado de álcool está associado a vários tipos de câncer, como de boca, esôfago, laringe, estômago, fígado, colón, reto e de mama. Os agentes causadores não são todos conhecidos, mas sabe-se que especificamente o acetaldeído – um produto do metabolismo do álcool - pode ter efeitos cancerígenos (saiba mais em: http://www.cisa.org.br/artigo/6320/padroes-consumo-alcool-risco-para-desenvolvimento.php).
Fonte:CISA - Centro de Informações Sobre Saúde e Álcool 

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