terça-feira, 13 de setembro de 2016

UNICAMP descobre novas drogas sintéticas que podem matar usuários


 


Substâncias vêm disfarçadas em outros tipos de droga, como LSD e bala.

Perita criminal alerta para o perigo das drogas, cujo uso pode ser fatal.
Do G1 Campinas e Região

O Laboratório de Toxicologia da Faculdade de Medicina (FCM) da Unicamp, em Campinas (SP), identificou novas drogas sintéticas após casos de intoxicação em jovens na região: o fentanil e a butilona. Em agosto deste ano, durante uma semana, seis pessoas de Campinas (SP), Sumaré (SP) e Indaiatuba (SP) deram entrada em pronto-socorros com suspeita de intoxicação por drogas.

Segundo o toxicologista do Centro de Intoxicação da Unicamp (CCI), Rafael Lanaro, apesar de terem consequências mais graves, as drogas aparecem disfarçadas em outras, como LSD e bala. Devido a isso, o jovem pode consumi-las sem saber.

(...) pode levar à depressão do centro respiratório e neurológico e, consequentemente, à parada cardiorrespiratória"
Rafael Lanaro, toxicologista da Unicamp

Pior que heroína

De acordo com a forma que o fentanil é utilizado, o efeito pode ser 50 vezes maior que o da heroína. "É preocupante porque pode levar à depressão do centro respiratório e neurológico e, consequentemente, à parada cardiorrespiratória", explica Lanaro.

Já a butilona, produzida em laboratório, tem efeito estimulante e alucinógeno.

"Pode levar a um quadro de aumento da pressão arterial e dos batimentos cardíacos, estimulação elevada, convulsão e surto psicótico, além da morte. A interação dessas substâncias é uma incógnita, mas isso pode levar a um desfecho fatal".


Fentanil e butilona podem vir disfarçados em outras drogas, como LSD e bala (Foto: Reprodução/EPTV)

Lucro

A perita criminal, Sílvia Cazenave, explica que a utilização das substâncias pode ser explicada por aumento de lucro.

"Elas podem ser substituídas por vários motivos, um deles pode ser para aumento de lucro, porque a aquisição de uma substância nova pode ser mais fácil. Às vezes o traficante encontra algo com volume menor no uso e muitas vezes ela não é proibida, o que é melhor para a comercialização (...) Isso pode levar a uma intoxicação aguda, problemas crônicos de algo que se desconhece", explica.

O CCI emitiu alertas para todos os pronto-socorros da região com os sintomas que o uso dessas drogas pode causar nos usuários.
Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas

O risco de morrer em um acidente de carro relacionado ao uso de álcoo


 

Acidentes envolvendo veículos são a principal causa de morte nos Estados Unidos em pessoas de 1 a 34 anos de idade. Praticamente metade das fatalidades no trânsito (17.700 em 1992) tem relação com o consumo de álcool. Mais, 2 de cada 5 pessoas naquele país terão algum grau de envolvimento com acidentes de veículo motorizados em algum momento de suas vidas. O risco de um acidente fatal aumenta rapidamente à medida que a concentração de álcool no sangue de um motorista aumenta. Uma concentração de 100 mg/dL aumenta em 7 vezes a chance daquele envolver-se em um acidente fatal. Caso a concentração de álcool seja de 150 mg/dL, este risco será 25 vezes maior.

Relatos mostram que pessoas que dirigem intoxicadas por álcool o fazem repetidamente. Para confirmar esta hipótese e a de que tais motoristas estariam sujeitos a um risco maior de acidentes fatais, pesquisadores estudaram as mortes em acidentes de carros por 10 anos no estado da Carolina do Norte, nos Estados Unidos. Os estudiosos compararam indivíduos com concentrações de álcool no sangue de 20 mg/dL ou mais (casos) com indivíduos com concentrações de álcool no sangue abaixo daquele valor (controles).

Um total de 1646 casos e 1474 controles foi comparado (todos estes faleceram em acidentes de carro). Quando comparados, os indivíduos de 21 a 34 anos do grupo de casos (concentração de álcool no sangue de no mínimo 20 mg/dL), tiveram chance 4,3 vezes maior de serem presos enquanto dirigiam. No total, houve 26% de prisões no grupo dos casos e 3% no grupo dos controles.

Os autores concluíram que o fato de dirigir sob efeito do álcool aumenta o risco de eventual morte por acidente de carro. Intervenção agressiva nos casos de prisões de pessoas que dirigem embriagadas poderia diminuir a chance de um futuro acidente com fatalidade.
Fonte:CISA - Centro de Informações Sobre Saúde e Álcool

sábado, 3 de setembro de 2016

Alcoolismo: 10 danos à saúde


 

O consumo excessivo e continuado de álcool aumenta o risco para complicações de saúde. Os efeitos do álcool sobre cada indivíduo são diferentes e dependem de uma série de fatores, mesmo quando consumido em quantidades iguais. Além disso, ainda que o consumo leve a moderado de álcool - até uma ou duas doses* por dia, respeitando ao menos dois dias de intervalo em uma semana e não ultrapassando este limite - possa contribuir na diminuição do risco de doenças cardiovasculares, maiores quantidades podem elevar esse risco.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), não existe um padrão de consumo de álcool seguro e livre de riscos. Quando o uso de álcool assume um papel de destaque na vida do indivíduo, ocorrendo com muita frequência e em quantidades maiores que planejado, pode-se estar diante de um quadro de alcoolismo (saiba mais em: http://www.cisa.org.br/artigo/4010/-que-alcoolismo.php).

Confira a seguir como o alcoolismo implica aumento do risco para várias complicações de saúde, como doenças do fígado, problemas gastrointestinais, pancreatite, neuropatias periféricas, problemas cardiovasculares, prejuízos cerebrais, imunolóicos, anemias, osteoporose e câncer. Vale lembrar que, para algumas pessoas, de acordo com idade, gênero e aspectos individuais de saúde, o consumo pesado e continuado de bebidas alcoólicas por muitos anos, mesmo que não seja diagnosticado como alcoolismo, pode estar relacionado às doenças mencionadas.

Doenças do fígado
O álcool consumido é metabolizado pelo fígado e, por isso, esse órgão tem grande potencial de ser lesionado. A doença alcoólica de fígado é diretamente influenciada pela quantidade consumida de álcool e pelo uso crônico, isto é, ao longo de vários anos. Estima-se que entre 90% e 100% dos bebedores pesados crônicos desenvolvam doença hepática gordurosa (acúmulo de gordura no fígado) como consequência precoce e ainda reversível. Com a manutenção do consumo, o álcool pode causar inflamação do órgão - hepatite alcóolica. Até 40% desses casos podem evoluir para cirrose - inflamação crônica irreversível do fígado que altera sua capacidade de funcionar adequadamente. Os sintomas da insuficiência hepática, ou seja, do mau funcionamento do fígado, como náuses e vômitos, redução de apetite, amarelamento da parte branca dos olhos e da pele, e maior propensão a sangramentos, só aparecem quando um grande e irreversível dano ao órgão já ocorreu. Já os sinais, que podem ser identificados com exames complementares, como alteração de enzimas hepáticas, e das frações de proteínas, são alterados anteriormente.

Problemas gastrointestinais
O consumo excessivo de álcool pode causar lesões e inflamação no aparelho digestivo, como esôfago e estômago, com sangramentos, vômitos e sintomas de refluxo, como azia e dor na porção superior do abdômen. Além disso, o álcool interfere na secreção do suco gástrico (secreção produzida pelo estômago) e no tempo de esvaziamento estomacal, interferindo na digestão e no risco para desenvolvimento de úlceras.

Pancreatite
A pancreatite (inflamação do pâncreas) aguda é um quadro grave e muitas vezes exige que o indivíduo se dirija a serviço de pronto-atendimento para controle dos sintomas, como dor abdominal intensa. A repetição de quadros de pancreatite aguda pode levar à pancreatite crônica, com mau funcionamento do pâncreas de forma irreversível, o que causa outros problemas para a saúde. O abuso de álcool é a principal causa de pancreatite. Em geral, ocorre com o passar de 5 a 10 anos de consumo pesado e mantido. Como consequência, sabe-se que a taxa de mortalidade de pacientes com pancreatite alcoólica é cerca de 36% mais elevada do que para a população geral.

Neuropatia periférica
Aproximadamente 10% dos indivíduos alcoolistas desenvolvem um quadro de deterioração do funcionamento dos nervos dos pés e das mãos, resultando em sintomas de dormência, formigamento e outras alterações de sensibilidade. Os sintomas podem melhorar com a abstinência do álcool.

Problemas cardíacos e vasculares
O uso pesado de álcool aumenta a liberação de hormônios relacionados ao estresse que atuam na contração de vasos sanguíneos e influenciam na pressão arterial, podendo causar hipertensão. Além disso, o consumo pesado por período prolongado de álcool também leva ao aumento da fração nociva do colesterol (conhecido como LDL), triglicerídeos, e à alteração no funcionamento de plaquetas. Assim sendo, eventos como arritmias, inflamação do músculo cardíaco (miocardiopatia) e infartos agudos são consequências possíveis do alcoolismo. A mesma lógica que funciona para o prejuízo das artérias do coração, chamadas de coronárias, também existe para artérias de outros órgãos do corpo, como o cérebro; portanto, o beber pesado e crônico também aumenta o risco para acidente vascular cerebral (AVC).

Prejuízos cerebrais 
O álcool atua como depressor do sistema nervoso central, interferindo diretamente em mecanismos cerebrais. Seu uso excessivo pode causar dificuldades no raciocínio, como resolução de problemas simples, além de alterar o senso de perigo e o comportamento. Problemas de insônia e má qualidade do sono, com sensação de um sono “fragmentado”, são queixas comumente associadas ao uso abusivo de bebidas alcoólicas. O uso pesado e crônico pode prejudicar ainda o equilíbrio e a coordenação motora, devido ao seu efeito tóxico no cerebelo, além da diminuição dos reflexos, aumentando as chances de acontecerem quedas. Ainda, em indivíduos alcoolistas existe o risco de quadros de demência. Deficiências vitamínicas, como a da vitamina B1 (tiamina), contribuem para o risco de demência alcoólica, um quadro grave e irreversível.

Disfunções imunológicas
Pode ocorrer enfraquecimento e prejuízo no funcionamento do sistema imunológico com o uso pesado crônico de álcool, aumentando o risco de infecções, como pneumonia e tuberculose. Tal padrão de consumo de álcool interfere na contagem de células brancas no sangue e altera a capacidade de combater infecções. Além disso, durante o período inicial de intoxicação alcoólica pode ocorrer um estado pró-inflamatório, o que aumenta a chance de complicações se houver algum acidente ou lesão, ou se o indivíduo apresentar alguma doença pré-existente.

Anemia
Quadros de desnutrição relacionados ao uso pesado de álcool (o uso crônico de 4 a 8 doses ao dia, em média), e por muito tempo, podem ocorrer tanto por adotarem dieta nutricionalmente pobre como pela diminuída absorção de nutrientes no trato gastrointestinal. A deficiência de vitamina B12 ou ácido fólico, somada ao efeito tóxico do álcool, pode levar à anemia macrocítica ou megaloblástica. Neste quadro, a formação de glóbulos vermelhos (hemácias) fica alterada, levando a pior funcionamento e capacidade de levar o oxigênio às células do corpo.

Osteoporose
O consumo crônico de álcool ao longo da vida pode influenciar na saúde dos ossos, especialmente no processo de mineralização óssea, aumentando o risco de desenvolvimento de osteoporose em idades mais avançadas. O grande perigo da osteoporose é o maior risco de fraturas. Sabe-se ainda que o álcool pode interferir no equilíbrio metabólico do cálcio e na produção de vitamina D, o que pode contribuir para complicações ósseas. Para as mulheres, o consumo excessivo de álcool está relacionado ao maior aumento da perda óssea em todas idades.

Câncer
O consumo pesado de álcool está associado a vários tipos de câncer, como de boca, esôfago, laringe, estômago, fígado, colón, reto e de mama. Os agentes causadores não são todos conhecidos, mas sabe-se que especificamente o acetaldeído – um produto do metabolismo do álcool - pode ter efeitos cancerígenos (saiba mais em: http://www.cisa.org.br/artigo/6320/padroes-consumo-alcool-risco-para-desenvolvimento.php).
Fonte:CISA - Centro de Informações Sobre Saúde e Álcool 

Metade dos alunos do 9º ano já provou álcool, aponta IBGE


 

Do total, 21,4% revelaram já ter sofrido algum episódio de embriaguez na vida
LeiaJá - Escrito em 27/08/2016
por Pernambuco Ig

Uma pesquisa divulgada nesta última sexta-feira (26), pelo Instituto Brasileiro de Geografias Estatísticas (IBGE), apontou que, mesmo sendo menores de idade, 55,5% dos estudantes brasileiros do último ano do ensino fundamental já experimentaram bebidas alcoólicas. Do total, 21,4% revelaram já ter sofrido algum episódio de embriaguez na vida.

Os dados são da Pesquisa Nacional de Saúde Escolar do Escolar (Pense), realizada em 2015, em parceria dos ministérios da Saúde e Educação. O estudo avaliou cerca de 102 mil questionários de alunos do país, de escolas públicas e privadas, com faixa etária entre 13 a 15 anos.

O levantamento apontou ainda que a alimentação dos estudantes também é preocupante, pois 41,6% dos entrevistados possuem o hábito de consumir em cinco dias ou mais, em uma semana normal, guloseimas (balas, confeitos, doces, chocolates, sorvetes e outros). O maior percentual foi registrado no Estado de São Paulo com 47,7%, que superou a média nacional. Por outro lado, Piauí apresentou o menor índice, com 31,2%.

Além disso, um número de 62,3% dos consultados não comiam legumes, nem tampouco consumiam frutas frescas com frequência durante a semana. O hábito de comer salgados fritos resultou em 31,3%, bem como beber refrigerantes semanalmente ou todos os dias, 26,7%.

Segundo o relatório, o resultado da pesquisa acende uma alerta sobre a falta de normas que estabeleçam a proibição desses tipos de alimentos dentro das escolas, resulta no comprometimento dos hábitos alimentares saudáveis para os estudantes.

Suicídio e uso de álcool entre adolescentes


 

O suicídio é a terceira causa de morte entre adolescentes na faixa etária dos 14 aos 18 anos. Estudos epidemiológicos identificaram alguns fatores que mostram associação estatisticamente significante com o suicídio. Entre eles estão a depressão, desesperança, impulsividade e o consumo de álcool e outras substâncias psicoativas.

Os modelos utilizados para a compreensão do suicídio, no geral, assumem que as relações entre este comportamento e seus fatores causais não variam de acordo com a idade. Como alternativa a esta compreensão, o modelo conceptual da psicopatologia do desenvolvimento permite a investigação de como e se a relação entre o suicídio e o consumo de álcool varia através das faixas etárias durante a vida das pessoas.

As informações utilizadas nesta pesquisa foram coletadas entre 1216 estudantes de segundo-grau de escolas públicas da cidade de Búfalo, estado de Nova York, EUA.

Os autores concluíram que a associação entre o consumo excessivo de álcool e o suicídio não é exclusiva e nem se constitui numa relação de causalidade linear e direta. Outros fatores, como dificuldades emocionais, beber para lidar com emoções desagradáveis e stress, fraco suporte familiar e porcentagem alta de amigos que usam álcool, também exercem influência importante nesta associação. A presença destes fatores influencia o desenvolvimento de depressão, experimentar situações estressantes e beber de maneira prejudicial, que por sua vez, são preditores do suicídio.

Os cientistas ponderam, ainda, que o consumo de álcool deve ser considerado um fator de risco geral para o suicídio, contrariamente ao beber até embriagar-se, que deve ser considerado um fator de risco específico, tanto para as tentativas de suicídio, quanto para as mortes por suicídio.
Fonte:CISA - Centro de Informações Sobre Saúde e Álcool 

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Crise econômica provoca aumento do número de dependentes de álcoo


 


Jornal Folha de S. Paulo
LUCILENE OLIVEIRA
DO "AGORA"

A alta taxa de desemprego aliada aos graves problemas financeiros causados pela crise econômica do país são combinações perigosas, que têm levado cada vez mais pessoas à dependência do álcool. A situação é ainda mais crítica entre pessoas que tenham alguma doença associada, como depressão ou quadros de ansiedade, alertam especialistas.

Levantamento feito a pedido da reportagem pela Secretaria Municipal da Saúde, sob a gestão Fernando Haddad (PT), mostra que, no ano passado, o número de pessoas que procurou ajuda nos Caps AD (Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas) aumentou 7%. A média diária de atendimento neste ano já é quase o dobro do que a do ano passado. Enquanto em 2015, cerca de 13 pessoas eram atendidas por dia nos Caps, até junho deste ano o número chegou a 25 pacientes diariamente.

O AA (Alcoólicos Anônimos) também disse ter verificado aumento no número de dependentes que buscaram ajuda nos grupos de apoio. As pessoas que dão prosseguimento ao tratamento, no entanto, continua o mesmo, em torno de 5%. "A perda de um emprego pode desencadear [o alcoolismo] de alguém que tenha algo associado, como uma depressão e a crise de ansiedade que não é tratada", explicou Liamar Ferreira, psiquiatra da equipe de Saúde Mental da Secretaria Municipal da Saúde.

SEM SAÍDA

A taxa de desemprego do país do último trimestre é de 11,2%, o equivalente a 11,4 milhões de pessoas. É a maior taxa da série histórica do IBGE, iniciada em 2012.

Foi justamente a conta bancária no vermelho que levou o empresário J.B., 52 anos, a se entregar à bebida há cerca de 18 anos, período em que resolveu buscar ajuda no AA (Alcoólicos Anônimos).

"Eu não via saída e bebia para me livrar daquilo que não tinha como resolver", disse J.B. Por ser regra do AA, a sua identidade não pode ser divulgada. "Eu só fui buscar ajuda após sofrer dois graves acidentes de carro", conta.

´SEMPRE ESTAREI EM TRATAMENTO`

A primeira internação para dependentes químicos do professor V.C.S., 42 anos, ocorreu quando ele ainda tinha 36 anos e diante do risco de perder o emprego decidiu pedir ajuda na empresa em que trabalhava. "Apesar de ficar um mês internado na clínica sem colocar uma gota de álcool na boca, a primeira coisa que eu fiz quando saí foi beber e voltar à rotina de antes. Eu fui convidado a sair da empresa", disse.

Com a perda do emprego e o agravamento da doença, o professor se entregou ainda mais à bebida. A luz no fim do túnel só veio depois de voltar para a casa dos pais, já sem condições financeiras de se manter sozinho. "A minha mãe disse que eu teria que buscar tratamento. Só assim ela me ajudaria. Foi quando eu procurei o AA", disse o professor, que está há 1 ano e 4 meses em tratamento.

"O alcoolismo é uma doença da qual eu sempre estarei em tratamento. Se eu parar de frequentar as reuniões hoje, pode ser que amanhã eu já esteja na mesma situação em que eu estava há dois anos", disse.

FAMILIARES DEVEM BUSCAR AJUDA

Para cada alcoólatra, estima-se que outras quatro pessoas (parentes ou amigos) próximas sejam atingidas diretamente. É por isso que os familiares também devem buscar ajuda. O Al-Anon, braço do AA (Alcoólicos Anônimos) destinado a parentes de alcoólatras, também consiste em um tratamento de 12 passos para que a pessoa possa se livrar do trauma e auxiliar o dependente a se livrar do vício em bebida. "Eu fui buscar ajuda antes do meu marido. Só dois anos depois de eu começar a participar das reuniões é que ele se deu conta de que precisava de ajuda", disse a aposentada C.D., 69 anos.

Ela diz que o principal ponto desenvolvido no trabalho do grupo é a tolerância com os dependentes. "Antes de entrar para o grupo, ele chegava em casa e a gente só brigava. Foi a minha mudança de comportamento que o transformou", disse a idosa.

Há dez anos o seu marido faz tratamento no AA e ela continua frequentando os grupos de apoio.

POR SER MAIS BARATA, PINGA VIRA OPÇÃO

O diretor do Proad (Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes) da Unifesp, Dartiu Xavier da Silveira, explica que uma das principais dificuldades para o combate ao alcoolismo é o fácil acesso à bebida. "É um vício muito tolerado pela sociedade, por isso é difícil que as pessoas reconheçam que estão doentes", disse.

Além do fácil acesso, o baixo custo da cachaça é um outro ponto que pode incentivar o uso. "Em qualquer esquina a pessoa pode comprar uma dose de cachaça com trocados", afirma Liamar Ferreira, psiquiatra da equipe de Saúde Mental da Secretaria Municipal da Saúde. Um exemplo dado pelos profissionais é a cachaça conhecida como "barrigudinha" —meio litro custa cerca de R$ 5 e seu teor alcoólico é muito alto.

Pesquisa da Ibope Inteligência, com base em dados da Confederação Nacional da Indústria, mostra que quando a expectativa do consumidor em relação a situação econômica do país cai, aumenta o número de venda de garrafas de cachaça.
O psiquiatra Hewdy Lobo Ribeiro, diretor clínico do hospital Lacan, alerta para outro fenômeno neste momento de crise. "É muito comum as pessoas substituírem bebidas caras por opções mais baratas. Essa mudança faz com que a pessoa passe a ingerir uma quantidade de álcool ainda maior."
Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas