domingo, 16 de junho de 2013

No trânsito, 17% dos socorridos em acidentes têm sinal de embriaguez

No trânsito, 17% dos socorridos em acidentes têm sinal de embriaguez                                                                                             

O Globo
De segunda a sexta, esse percentual é de 11% em média, e triplica aos sábados e domingos (30%)

O que chama atenção é o percentual de vítimas com essas características entre pedestres e ciclistas
Fábio Vasconcellos

RIO — Todas as semanas, os agentes da Operação Lei Seca realizam 47 blitzes para coibir motoristas que insistem em dirigir após consumir algum tipo de bebida alcoólica. Mesmo assim, há uma proporção de vítimas de acidentes de trânsito com sinais de embriaguez, principalmente nos fins de semana. A terceira reportagem da série “Mutilados de uma outra guerra”, a partir das tabulações de dados de mais de 26 mil acidentes ocorridos no Rio entre 2011 e 2012, mostra que, no geral, 17% das pessoas socorridas pelos bombeiros apresentavam algum sinal de uso de bebida. De segunda a sexta, esse percentual é de 11% em média, e triplica aos sábados e domingos (30%).

O que chama atenção é o percentual de vítimas com essas características entre pedestres e ciclistas. Entre os que estavam pedalando no momento do acidente, o percentual de sinal de consumo de álcool chega a 22%. No caso dos pedestres, é de cerca de 18%. As proporções são semelhantes às registradas por vítimas motoristas (22%) e motociclistas (16%) embriagados. Esse cenário explica, em parte, o crescente número de acidentes nos fins de semanas, como o GLOBO revelou na segunda-feira e que pode estar relacionado também à imprudência dos pedestres e ciclistas.

Especialista em psicologia e segurança do trânsito, Salete Romero explica que o consumo de apenas uma lata de cerveja já é suficiente para alterar a capacidade de julgamento das pessoas. Esse efeito altera a habilidade de condutores e pedestres de avaliarem se estão ou não em alta velocidade ou mesmo se há riscos para atravessar uma rua.

— Com uma lata de cerveja, a capacidade de avaliação já está afetada. No caso dos ciclistas e motociclistas o efeito é pior. Eles precisam ter equilíbrio para manter o veículo em determinada velocidade para que não caiam. Esses dados mostram, portanto, que os acidentes não são apenas culpa dos motoristas de carro. Os pedestres, ciclistas e motociclistas têm também responsabilidade — observa Salete.

Menos acidentes em 2013

Para o coordenador da Lei Seca, major Marco Andrade, o aumento do índice de consumo de álcool nos fins de semana revela que parte dos cariocas estão ainda desrespeita as normas de trânsito. Na maioria das vezes, são motoristas que recorrem às redes sociais para fugir de blitzes. Andrade argumenta, no entanto, que, desde o início da Lei Seca caiu quase à metade do número de motoristas alcoolizados:

— Essas redes sociais prestam um desserviço à sociedade. Quem faz isso não pensa nas consequências para as vidas das pessoas. Apesar disso, temos dados interessantes. Em 2009, quando começamos, cerca de 20% dos motoristas parados nas operações estavam sob o efeito de álcool. Hoje esse percentual é de 8%. E já temos dados do primeiro trimestre deste ano, após o endurecimento da Lei Seca aprovado no fim do ano passado, indicando que o percentual voltou a cair. Está em torno de 6%.

O coordenador da Lei Seca diz ainda que o endurecimento das punições para quem for flagrado começou a aparecer também em outro dado do Corpo de Bombeiros. O número de vítimas atendidas e que apresentavam sinais de consumo de bebida caiu, o que pode ser um indicativo de queda também no número total de acidentes na cidade em 2013, quando comparado com 2012.
Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas

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