Qual o lugar
que você ocupa dentro do Grupo?
Terceira Parte
Pe Otair
Cardoso
Na segunda parte do artigo, abordamos o conceito e o
entendimento de Posição Existencial (PE). Nessa terceira parte, perseguiremos o
caminho de investigação e constatação de atitudes e comportamentos existentes
na dinâmica do grupo, em particular o de adictos.
Quando examinamos as atitudes dos participantes de uma
comunidade, devemos partir do princípio que eles possuem uma visão particular
sobre aquele núcleo social e também sobre as pessoas que fazem parte dele. É,
portanto, esse olhar particular, um dos aspectos mais importantes edeterminantes
para o que se pretende alcançar dentro dele.
O tratamento da adicção exige do participante envolvimento e
comprometimento com a dinâmica disciplinar proposta para a desintoxicação.
Porém, é provável que ao buscar uma instituição de ajuda, o adicto ainda não se
encontreem condições plena para absorver o que é sugerido. Desse modo, o que se
pode esperar são atitudes ou posicionamentos que indicam resistência,
insegurança e medo.
Uma das primeiras características de comportamento a ser
identificada é a posição arredia e de profunda negação. Normalmente, o olhar de
um adicto na fase de inserção é um olhar do exterior para o interior, é como se
o mesmo realizasse um profundo exame daqueles que estão envolvidos no grupo e
fizesse um juízo de valor sobre eles etambémsobre os queassumem funções de
liderança.
Em resumo, ele coloca à prova a eficácia do grupo e a eficiência
de quem lidera. Esse comportamento constitui-se como uma atitude normal e evolutiva
no processo gradativo do tratamento; sua compreensão por parte dos profissionais
é fundamental para que o adicto ultrapasse do estágio inicial para o outro.
O segundo posicionamento constatado, é uma evolução do
primeiro. Depois de resistir à entrada no grupo, aos poucos se percebe que o
olhar do adicto , alcança mudanças significativas. Ele se insere dentro do
núcleo social, mais ainda não consegue realizar o processo de abertura
necessário para progredir na recuperação. Ele ouve os companheiros partilharem,
consegue identificar aspectos semelhantes da sua doença, passa a aceitar melhor
o estado que se encontra, mais não mergulha ou se envolve totalmente na dinâmica
do grupo. Muitos disfarces são utilizados nesse período.
Há certa tentativa de se criar uma imagem positiva no grupo,
e por isso o que é verdadeiro ainda permanece oculto. Essa maneira de se
comportar também é aceitável; visto que o entendimento da necessidade de
tratamentoe a compreensão de que a adicção é uma doença, se dá de maneira
processual.
Já o terceiro posicionamento é o de envolvimento e mergulhona
vida do grupo. Depois de passar por esses estágios comuns do processo de inserção,
o adicto se vê pertencente a este núcleo social e desvela o que de fato o levou
até aquela situação. A necessidade de partilhar, de falar sobre suas questões
passa a ter urgência, seja num espaço coletivo ou individual. O objetivo será
sempre o de querer abandonar os velhos hábitos que o desfiguraram e o desejo
mais pertinente será o de levar uma vida sóbria e de apaziguamento interno.
Sabemos que longo é o caminho a ser percorrido entre o
reconhecimento do problema, a decisão de mudança do problema e as razões que
alimentam o desejo de reorientação da própria vida;no entanto, trazemos
registrado na alma uma certeza traduzida em poesia pelo
poeta espanhol Antonio Machado: “Caminhantes, não há caminho, o caminho se faz
ao caminhar!” .
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