segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Como Funciona o Ego.....


Como Funciona o Ego

"Façamos a experiência dizendo em voz alta: - eu não posso beber e - eu não
quero beber! Qual das duas frases tem mais força?"

Ouço com frequência vários companheiros dizerem "eu não posso beber". Não
seria mais interessante dizer "eu não quero beber"?

Façam uma experiência: pronunciem essas duas frases em voz alta; deixem-nas
ecoar na mente e percebam quanto a segunda é mais forte; como ela transmite
certeza, convicção, positivismo, enquanto a primeira deixa transparecer uma
certa dúvida, um quê de incerteza.

Além disso, "eu não quero beber" sugere decisão consciente e firme por parte
de quem emite a frase, ao passo que "eu não posso beber" pode fazer pensar
em uma atitude de fora para dentro, uma decisão que uma pessoa toma por
outra.

Buscando apoio para essa distinção que faço entre querer e poder, procurei
auxílio no dicionário e lá descobri que querer, dentre outras coisas, é "ter
ou manifestar vontade firme e decidida" e que poder é, dentre outras coisas,
"ter força, ou energia, ou calma ou paciência para".

Se analisarmos  atentamente as duas definições, veremos que a primeira, a
priori, não permite falhas nem vacilo, pois parte de um desejo firme e
honesto, o qual, aplicado a nós, se traduz num desejo firme e honesto de não
ingerirmos bebidas alcoólicas. Já a segundo amostra um estado e/ou virtudes
que podem, em determinados momentos de nossa vida, falhar,
constrangendo-nos, fazendo-nos duvidar ou vacilar diante de nossa escolha
inicial. Essa pequena discussão pode parecer inoportuna ou sem propósito,
mas quero lembrar-lhes que, segundo alguns autores (opinião, diga-se de
passagem, compartilhadas por mim), a palavra possui um grande poder, sendo
capaz de derrubar ou erguer qualquer inpíduo.

Partindo dessa premissa e da definição de querer, quando digo "eu não
quero", estou fortalecendo em mim uma ideia que, para a grande maioria de
nós, foi construída sobre uma base de muito sofrimento, tanto pessoal quanto
daqueles que se encontram ou se encontravam conosco.

Para nós, alcoólatras em recuperação, esta vida de abstinência e de busca de
sobriedade é uma construção que se realiza a cada período de 24 horas em que
nos mantemos sóbrios. Sendo uma construção, tem como pedra fundamental a
admissão e a aceitação da nossa impotência perante o álcool.

Quando iniciamos nossa caminhada, é compreensível que utilizemos o verbo
poder, pois ainda temos a nos sondar a mente algumas incertezas e medo que
nos conduzem a duvidar do nosso sucesso na empreitada iniciada.

No decorrer das 24 horas, porém, fortalecemos o nosso ideal, retiramos das
nossas reuniões os materiais de que necessitamos para erguer uma sólida
construção e, então, passamos a utilizar o verbo querer, que traz em si,
como já foi dito, uma fonte de convicção de que conseguimos e de que
conseguiremos vencer este obstáculo, o Alcoolismo.

Responder a alguém que nos pergunta se queremos ou não beber com "não posso"
ou "não quero" dependerá da circunstância, do momento, porém, em minha
opinião, ao dizermos "não quero", estamos afirmando, sem sombra de dúvida,
ao nosso interpelador e a nós mesmos que estamos convictos, da nossa
posição.

(Revista Vivência nº 97,)Fonte: JUNAAB.

Força, Fé e Esperança,

Clayton Bernardes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário