sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Retorno ao fundamental....


Segue um trecho do livro:Viemos A acreditar

6.6 RETORNO AO
FUNDAMENTAL

A.A. estava me pedindo, logo eu, que acreditasse em Deus. E não era só
isso: estava me pedindo que acreditasse tão completamente, que me dispusesse a
entregar minha vontade e minha vida aos cuidados de Deus, na forma em que eu O
concebesse.

Não O compreendia. Não sabia nada a respeito d'Ele. De uma forma ou de
outra, eu havia sido católico, batista, presbiteriano, episcopal, luterano e um
cientista cristão e até mesmo fora exposto, até certo ponto, à crença dos
mórmons, dos menonitas e dos quakers. Quando estive na faculdade,
especializei-me em História Antiga e fiquei muito interessado nas coisas
místicas. Além disso, aprendi alguma coisa a respeito do islamismo, do budismo,
das mitologias vikings, romana e grega e das origens das religiões primitivas e
pagãs. Mas ainda assim não conseguia acreditar.

Tentei ler a Bíblia, porém atolei tão desesperadamente na terminologia,
que o esforço foi patético. Assim, recorri aos pequenos livros escritos pelos
estudiosos da Bíblia. "Talvez eu esteja aprendendo alguma coisa",
pensava, "ou talvez esteja apenas ficando confuso. Mas tenho que continuar
com isso, porque pelo menos estou me mantendo sóbrio".

Continuei indo às reuniões de A.A. e conversando com os membros mais
antigos que se mantinham sóbrios há muito tempo. Muitos deles tinham um sorriso
nos olhos enquanto conversávamos - eles já haviam superado aquilo. Um deles me
aconselhou a voltar à Bíblia, especialmente ao Sermão da Montanha, um resumo da
mensagem de Jesus. Depois que discutimos, consegui extrair dessa leitura três
coisas que me ajudaram - que eu conseguia relacionar à minha vida em A.A.

Amar ao próximo. Onde mais
senão em A.A. você podia encontrar meio milhão de pessoas dedicadas ao amor e
realmente amando umas às outras? O amor de um alcoólico pelo outro é alguma
coisa nunca vista antes na história do mundo.

Proceder com os outros assim como você procede em relação a si mesmo. Em A.A., fazemos com os outros aquilo que já foi
feito em relação a nós, Ajudamos os outros exatamente como fomos ajudados.

Assim como você pensa, assim será você. Passei a acreditar que cada ação que executamos em
toda nossa vida é apenas a manifestação exteriorizada de um raciocínio
interiorizado. Se houver um copo de uísque na minha frente, minha mão não pode
avançar e pegá-lo. Minha mão e meu braço não são capazes de ações
independentes. A única coisa que pode fazer minha mão avançar, pegar o copo e
levá-lo à minha boca é um pensamento existente na minha cabeça: "Mão, avance
e pegue o copo".

Embora estivesse fazendo um certo progresso, ainda não tinha um
conceito de Deus. Assim, voltei ao Livro Grande como havia feito tantas vezes
antes, em relação a outros problemas. A resposta que eu procurava estava na
página 35, nas palavras de Ebby a Bill: "Por que você não escolhe sua
própria concepção de Deus?"

"Já tentei todo o resto", pensei, "e não tenho mais
nenhum lugar para onde ir. Vale a pena tentar". Em meu escritório, peguei
um bloco de papel e um lápis e me perguntei: "Se pudesse escolher o tipo
de Deus no qual você viesse acreditar, como seria Ele?" Mantinha em mente
o fato de ser um alcoólico e de haver sido um perfeccionista durante toda minha
vida. O mundo nunca estava suficientemente perfeito. Tudo aquilo em que eu sempre
acreditara, cada ideal que havia perseguido, revelava-se como tendo pés de
barro. Ali estava minha oportunidade. Pela primeira vez em minha vida, eu
poderia criar algo perfeito. Ótimo!

Escrevi no alto da página: "Deus é a perfeição que venho
procurando a vida toda. Ele é perfeito demais para ter características e falhas
humanas". Foi o começo.

Depois, escrevi: "Deus é a perfeição infinita. Ele é o amor
perfeito, a verdade perfeita, a bondade perfeita, a compreensão, a tolerância,
a misericórdia e o perdão perfeitos. Deus é tão perfeito que, não importa quão
perversos, quão impuros possamos ser, Ele nos perdoará, se pedirmos, e nos
concederá forças para superar nossas deficiências".

Recostei-me na cadeira e disse a mim mesmo: "Você é um gênio! Você
criou alguma coisa totalmente nova aqui". E então percebi que não era
nenhum grande cérebro - era apenas um palerma. Aquele era o Deus sobre o qual
Jesus estivera falando dois mil anos atrás, quando pregou na encosta da
montanha e disse que tinha um Pai no Céu que amava todos os seres humanos.
Pensei: "Qual é o único tema que irá consolidar tudo isso na minha
mente?" Tive uma sensação de que estava chegando perto da resposta.

Perguntaram uma vez ao grande jurista Oliver Wendell Holmes qual era
sua religião. Ele respondeu que todo seu conceito de Deus podia ser encontrado
nas duas primeiras palavras do Pai-Nosso.

Arranjei portanto uma copia do Pai-Nosso e estudei-a. A segunda palavra
era "Nosso". Não era "seu", "meu",
"dele" ou "dela". Dizia "Pai Nosso..." Ele é o Pai
de todos nós. Ele criou cada um de nós.

Acontece também que era um pai e, não importa quão doentio ou ruim
tenha sido nos meus dias de bebida, nunca desejei nenhum mal aos meus próprios
filhos. Para eles, era apenas o melhor! Tenho que aceitar que é isso que nosso
Pai deseja para nós. Ele nos criou e se importa com o que nos acontece. Ele não
nos criou para morrer bêbado na sarjeta.

Não somos apenas uma forma mais elevada de animais que recebeu um
cérebro um pouco melhor e um polegar que pode se unir ao indicador, para
agarrar uma arma ou acender fogo e assim nos tornarmos superiores. Somos uma
espécie totalmente diferente. Somos únicos, devido à lei universal segundo a
qual nada pode gerar algo que seja essencialmente diferente de si - uma roseira
não pode gerar um lírio e uma vaca não pode gerar um potro. Se Deus é uma
entidade espiritual, então também somos seres espirituais.

Warren,
Pensilvânia

Livro: Viemos a Acreditar(pg.79)Editado por: JUNAAB - Junta de serviços Gerais de Alcoólicos Anônimos do Brasil
Força, fé e esperança,
Clayton Brenardes

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