terça-feira, 29 de janeiro de 2013

IMPORTÂNCIA DO QUARTO PASSO...

6.5 O QUARTO PASSO

Mesmo numa idade remota, o álcool não era nenhum estranho para mim.
Recordo-me de rastejar entre meus pais bêbados, pedindo-lhes um gole de
cerveja. À medida em que fui crescendo, a compulsão pela coisa me obrigou a
procurar mais e mais bebida. Jovem demais para conseguir um bom emprego,
voltei-me para o roubo. Era um ladrão bem esperto - acredito. A lei logo
esvaziou esse balão.

Na minha segunda passagem pela cadeia, assisti à minha primeira reunião
de A.A., com calorosas recomendações das autoridades. Todos os membros me
saudaram e disseram como os Doze Passos os haviam ajudado e como, no devido
tempo, deveriam me ajudar. Por alguma razão misteriosa, a conversa
encaminhou-se para Deus, a religião e um inidentificável "Poder
Superior". Epa! Não queria saber nada que estivesse conectado, mesmo
remotamente, à religião. "Além disso", afirmei, "não sou
alcoólico". Eu tinha acabado de completar dezenove anos.

Embora continuasse assistindo às reuniões, não conseguia aceitar o
aspecto religioso. Depois que fui posto em liberdade, o álcool continuou
fluindo pela minha garganta abaixo, até que acordei certa manhã no lugar mais
estranho possível - em casa! Foi a conta. Naquela mesma noite, minha mãe e eu
assistimos juntos a uma reunião de A.A.

A sobriedade era uma novidade e, durante catorze anos, desfrutei-a. O
modesto negócio que iniciei cresceu e prosperou. Havia me tornado parte da raça
humana. Era o máximo.

Então, a pressão dos negócios começou a se acumular e, subitamente, não
conseguia mais enfrentar aqueles simples problemas. Foi então que meu velho
inimigo reapareceu. Não consegui resistir àquele golinho, motivado pelos velhos
tempos. Os lucros despencaram; o álcool avançou firmemente; mais uma vez,
encontrei-me em um tribunal.

Fiquei horrorizado quando o juiz disse: "Você foi acusado de
roubar sessenta e quatro garrafas de uísque. Não tenho outra alternativa senão
sentenciá-lo à penitenciária federal".

"O senhor não pode me mandar para uma penitenciária!", rugi.
"Não tenho tempo para isso!"

Os espectadores riram alto até que o martelo bateu. Mantive a cabeça
baixa, percebendo que eles estavam rindo de mim. Não sei quanto tempo passou
desde aquele embaraçoso dia, antes que eu relembrasse os Doze Passos e fizesse
o Quarto Passo trabalhar por mim. Fiz perguntas a mim mesmo e as respondi
honestamente. Feito isso, ingressei no Grupo de A.A. da prisão.

Para mim, o inventário é um poder superior, Deus e a força de vontade
combinados em um só. O Quarto Passo era tudo o que precisava. Não houve dessa
vez nenhuma menção à religião, para grande alívio meu. Discutimos a força, o
poder ou o objetivo que, para cada um de nós, era nosso poder superior. Vejam
bem, qualquer coisa ligada de alguma forma à religião fazia-nos franzir as
sobrancelhas, para dizer pouco. E todavia testemunhei muitos membros desse
grupo serem libertados e nunca mais retornarem ao álcool ou à prisão.

Agnóstico? Obviamente. Mas também isso foi uma vantagem para mim. Minha
busca por um Deus que não consegui encontrar levou-me ao Quarto Passo. Esse
Passo, tenho certeza, me ajudará a continuar sóbrio.

Waupun, Wisconsin



Do livro: Viemos a acreditar

Força, fé e esperança,
Clayton Bernardes

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